SUS: avanços e desafios, 2006. - BVS Ministério da Saúde
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CONASS<br />
A consideração <strong>da</strong> atenção primária à saúde, como atenção básica,<br />
menos complexa que os níveis de média e alta complexi<strong>da</strong>de, não se<br />
sustenta. Não é ver<strong>da</strong>de que os procedimentos <strong>da</strong> atenção primária<br />
à saúde sejam menos complexos que os considerados de média e alta<br />
complexi<strong>da</strong>des. São, por certo, menos densos tecnologicamente, mas<br />
muito complexos.<br />
As tecnologias promocionais e preventivas <strong>da</strong> atenção primária à<br />
saúde e o manejo de 90% dos problemas de saúde não configuram um<br />
conjunto de tecnologias de baixa complexi<strong>da</strong>de. Essa visão ideológica<br />
– característica de uma atenção primária à saúde como programa para<br />
os pobres ou como programa de atenção seletiva – deve ser afasta<strong>da</strong><br />
e substituí<strong>da</strong> por uma concepção contemporânea de estruturação de<br />
redes horizontais de atenção à saúde.<br />
Na concepção de redes, a idéia de hierarquia deve ser substituí<strong>da</strong><br />
pela de poliarquia. Não há hierarquia entre os diferentes nós <strong>da</strong> rede<br />
sanitária, todos são igualmente importantes para os objetivos do<br />
sistema. Entretanto, as redes de atenção à saúde apresentam uma<br />
característica singular: elas devem ter um centro de comunicação que<br />
coordene os fluxos <strong>da</strong>s pessoas e <strong>da</strong>s coisas na rede e que é constituído<br />
pela atenção primária à saúde.<br />
4.6. A implantação <strong>da</strong>s redes de atenção à saúde no <strong>SUS</strong><br />
As redes de atenção à saúde são entendi<strong>da</strong>s como a organização<br />
horizontal dos serviços, com o centro de comunicação na atenção primária<br />
à saúde, que permite prestar uma atenção contínua a determina<strong>da</strong><br />
população – no tempo certo, no lugar certo, com o custo certo<br />
e com a quali<strong>da</strong>de certa – e que se responsabiliza pelos resultados<br />
sanitários e econômicos relativos àquela população.<br />
As redes de atenção à saúde do <strong>SUS</strong> deverão ser estrutura<strong>da</strong>s<br />
segundo alguns princípios fun<strong>da</strong>mentais de organização dos serviços<br />
de saúde e numa relação dialética entre eles. Elas deverão<br />
responder, com eficácia e com eficiência, às condições agu<strong>da</strong>s e<br />
crônicas <strong>da</strong> população.<br />
As redes de atenção à saúde, como outras formas de produção econômica,<br />
podem ser organiza<strong>da</strong>s em arranjos híbridos que combinam<br />
a concentração de certos serviços com a dispersão de outros. Os<br />
serviços que devem ser ofertados de forma dispersa são aqueles que<br />
não se beneficiam de economias de escala e de escopo, para os quais<br />
há recursos suficientes e em relação aos quais a distância é fator fun-<br />
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