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SUS: avanços e desafios, 2006. - BVS Ministério da Saúde

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<strong>SUS</strong>: AVANÇOS E DESAFIOS<br />

4. O DESAFIO DO MODELO DE ATENÇÃO À SAÚDE<br />

DO <strong>SUS</strong><br />

O modelo de atenção à saúde do <strong>SUS</strong> caracteriza-se, à semelhança<br />

de quase todos os sistemas de saúde universais, por ser voltado<br />

para o atendimento às condições agu<strong>da</strong>s. Esse modelo de atenção<br />

à saúde não se presta para responder, com eficiência e efetivi<strong>da</strong>de, a<br />

uma situação epidemiológica marca<strong>da</strong> pelo predomínio relativo <strong>da</strong>s<br />

condições crônicas.<br />

O modelo de atenção à saúde do <strong>SUS</strong> vive, portanto, uma grave crise,<br />

representa<strong>da</strong> pela incoerência entre a situação de saúde do Brasil<br />

e a resposta social organiza<strong>da</strong> para responder a essa situação. Esse<br />

desafio só será superado por uma mu<strong>da</strong>nça no modelo de atenção à<br />

saúde vigente no sistema público brasileiro.<br />

4.1. As condições agu<strong>da</strong>s e crônicas<br />

Tradicionalmente, as doenças e agravos de saúde têm sido divididos<br />

em doenças transmissíveis e doenças não transmissíveis. Ain<strong>da</strong><br />

que essa tipologia seja útil do ponto de vista dos estudos epidemiológicos,<br />

ela é insuficiente para <strong>da</strong>r conta <strong>da</strong> organização dos sistemas<br />

de saúde. A razão é simples: há doenças transmissíveis que, por sua<br />

natureza, comportam-se, na resposta social que exigem dos serviços<br />

de saúde, como as doenças crônicas.<br />

Por isso, recentemente, a Organização Mundial <strong>da</strong> <strong>Saúde</strong> (2003) propôs<br />

uma nova tipologia de doenças, dirigi<strong>da</strong> à organização dos sistemas<br />

de atenção à saúde: as condições agu<strong>da</strong>s e as condições crônicas.<br />

As condições agu<strong>da</strong>s caracterizam-se por: a duração <strong>da</strong> condição<br />

é limita<strong>da</strong>; a manifestação é abrupta; a causa é usualmente simples; o<br />

diagnóstico e o prognóstico são usualmente precisos; as intervenções<br />

tecnológicas são usualmente efetivas; e o resultado <strong>da</strong>s intervenções<br />

leva normalmente à cura.<br />

Diversamente, as condições crônicas caracterizam-se por: o início<br />

<strong>da</strong> manifestação é usualmente gradual; a duração <strong>da</strong> doença é longa<br />

ou indefini<strong>da</strong>; as causas são múltiplas e mu<strong>da</strong>m ao longo do tempo;<br />

o diagnóstico e o prognóstico são usualmente incertos; as intervenções<br />

tecnológicas são usualmente não decisivas e, muitas vezes, com<br />

efeitos adversos; o resultado não é a cura, mas o cui<strong>da</strong>do; as incertezas<br />

são muito presentes; e o conhecimento deve ser compartilhado<br />

por profissionais e usuários de forma complementar (Holman e Lorig,

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