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educação física escolar: jogos cooperativos como conteúdo ... - Unijuí

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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO<br />

GRANDE DO SUL<br />

DHE – DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO<br />

CURSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA<br />

EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: JOGOS COOPERATIVOS COMO<br />

CONTEÚDO PARA 4ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL<br />

AFRÂNIO PIAIA CANDATEN<br />

Ijuí – RS<br />

2013<br />

0


AFRÂNIO PIAIA CANDATEN<br />

EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: JOGOS COOPERATIVOS COMO<br />

CONTEÚDO PARA 4ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL<br />

Trabalho de Conclusão de Curso<br />

apresentado ao Curso de Educação<br />

Física da Universidade Regional do<br />

Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul<br />

(UNIJUÍ), <strong>como</strong> requisito parcial para a<br />

obtenção do título de Licenciado em<br />

Educação Física.<br />

Orientador: Prof. Dr. Paulo Carlan<br />

Ijuí – RS<br />

2013<br />

1


RESUMO<br />

As manifestações agressivas e os atos de indisciplina nas escolas vêm adquirindo<br />

cada vez mais importância na sociedade brasileira, o que vem deixando os pais e<br />

professores preocupados com o frequente envolvimento dos alunos nas mais<br />

variadas formas de agressão aonde o ambiente <strong>escolar</strong> é diretamente afetado pela<br />

cultura presente na sociedade. Diante dos novos conceitos e da problemática real<br />

nas salas de aula, os conflitos interpessoais entre os alunos, acompanhei um grupo<br />

de crianças da 4ª série da Escola Municipal Machado de Assis do município de Vista<br />

Alegre – RS, observando as aulas de Educação Física diagnosticando o<br />

comportamento e após esse diagnóstico propus em conjunto com o professor de<br />

Educação Física a utilização de um plano de ensino voltado aos <strong>jogos</strong> <strong>cooperativos</strong><br />

buscando contribuir para uma melhora do comportamento desses alunos.<br />

Palavras-chave: Educação Física. Escola. Agressividade. Indisciplina. Ensino<br />

Fundamental. Jogos Cooperativos.<br />

2


SUMÁRIO<br />

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 4<br />

1.1 PROBLEMA ........................................................................................................... 4<br />

1.2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 5<br />

1.2.1 Objetivo Geral .................................................................................................... 5<br />

1.2.2 Objetivos Específicos ....................................................................................... 5<br />

2 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................... 6<br />

2.1 AGRESSIVIDADE E A EDUCAÇÃO FÍSICA .......................................................... 7<br />

2.2 INDISCIPLINA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ................................................................ 9<br />

2.3 JOGOS COOPERATIVOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ......................... 11<br />

2.4 PLANEJAMENTO NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ....................................... 12<br />

3 METODOLOGIA ..................................................................................................... 14<br />

3.1 TIPO DE PESQUISA ............................................................................................ 14<br />

3.2 SUJEITOS DA PESQUISA ................................................................................... 14<br />

3.3 PROCEDIMENTOS .............................................................................................. 15<br />

3.4 COLETA DOS DADOS......................................................................................... 15<br />

3.5 POPULAÇÃO E AMOSTRA ................................................................................. 15<br />

3.6 INSTRUMENTO ................................................................................................... 16<br />

4 DIAGNÓSTICO DA TURMA ................................................................................... 17<br />

5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS ................................................................ 18<br />

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 20<br />

7 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 21<br />

8 ANEXOS ................................................................................................................. 24<br />

3


1 INTRODUÇÃO<br />

A agressividade pode ser entendida <strong>como</strong> um comportamento emocional<br />

que faz parte da afetividade de todas as pessoas, <strong>como</strong> algo natural. No entanto, a<br />

maneira de reagir frente à adversidade, varia muito de acordo com a própria cultura<br />

da comunidade <strong>escolar</strong>, suas leis, valores e crenças. Este tema foi escolhido por sua<br />

importância, iminência dentro do espaço <strong>escolar</strong>. Procura-se descobrir em<br />

específico, de que forma os <strong>jogos</strong> e atividades coletivas na Educação Física Escolar<br />

podem contribuir para diminuir o índice de agressividade, em um estudo de caso<br />

com alunos da 4ª série da Escola Municipal Machado de Assis do município de Vista<br />

Alegre – RS.<br />

A agressividade é uma realidade extremamente forte que permeia o<br />

desenvolvimento de uma cultura da violência, que se alastra na sociedade. Neste<br />

sentido, devem ser buscadas propostas para diminuir as manifestações agressivas<br />

na escola.<br />

Segundo Oliveira (1998), os <strong>jogos</strong> <strong>cooperativos</strong> inseridos na Educação<br />

Física Escolar auxiliam na diminuição da agressividade <strong>escolar</strong>. Outra proposta,<br />

segundo Brown (1995), é evitar a competição nas aulas, incentivar a criação<br />

facilitando a participação e criatividade dos alunos. Cortez (1999) observou que após<br />

um trabalho realizado utilizando somente <strong>jogos</strong> <strong>cooperativos</strong> as crianças envolvidas<br />

demonstraram alegria e vontade de participar das atividades diminuindo também seu<br />

comportamento agressivo no contexto <strong>escolar</strong>.<br />

Esta intervenção tem por foco, acompanhar as aulas de Educação Física na<br />

escola, fazer um diagnóstico da turma e propor os <strong>jogos</strong> <strong>cooperativos</strong> <strong>como</strong> forma de<br />

contribuir com uma melhora no comportamento agressivo e indisciplinado da turma.<br />

1.1 PROBLEMA<br />

Os <strong>jogos</strong> <strong>cooperativos</strong> aplicados de forma planejada, e <strong>como</strong> <strong>conteúdo</strong><br />

didático pedagógico nas aulas de Educação Física Escolar contribui para uma<br />

melhora no comportamento dos alunos da 4ª série do Ensino Fundamental?<br />

4


1.2 OBJETIVOS<br />

1.2.1 Objetivo Geral<br />

Investigar a realidade <strong>escolar</strong> dos alunos da 4ª série do Ensino Fundamental<br />

da Escola Municipal Machado de Assis do município de Vista Alegre – RS, acerca do<br />

comportamento dos alunos, conhecendo <strong>como</strong> os professores de Educação Física<br />

enfrentam esse problema nas aulas e propor alternativas e <strong>conteúdo</strong>s para tentar<br />

contribuir para uma melhora no comportamento da turma.<br />

1.2.2 Objetivos Específicos<br />

- Observar as aulas de Educação Física para diagnosticar o<br />

comportamento da 4ª série da Escola Municipal Machado de Assis do<br />

município de Vista Alegre – RS.<br />

- Montar em conjunto com o professor de Educação Física da turma um<br />

plano de ensino utilizando <strong>como</strong> <strong>conteúdo</strong> os <strong>jogos</strong> <strong>cooperativos</strong>.<br />

- Aplicar o plano de ensino e analisar os resultados se obteve alguma<br />

melhora na questão comportamental da turma.<br />

5


2 REVISÃO DA LITERATURA<br />

Atualmente a sociedade se encontra cercada pela violência, manifestada na<br />

forma <strong>física</strong>, verbal e psicológica. A agressividade é um complemento da violência, e<br />

está muito presente no meio social. Considera-se violência quando as normas ou<br />

regras morais sociais são desrespeitadas.<br />

Nas escolas, é comum principalmente nas aulas de Educação Física, que<br />

surja um ambiente agressivo entre os alunos. A disputa pela bola, o objetivo da<br />

vitória durante os <strong>jogos</strong> leva à competição. Porém, o maior problema é a<br />

agressividade sem motivo aparente, quando emerge no ambiente <strong>escolar</strong> com<br />

tamanha rapidez e faz vítimas (brigas, desentendimentos por motivos extra-<br />

<strong>escolar</strong>es).<br />

A agressão está diretamente ligada à violência. A juventude passa de<br />

inofensiva a ameaçadora num piscar de olhos. O “trote” universitário é um exemplo<br />

arriscado e irresponsável de expor a vida. Desde a <strong>educação</strong> básica, é preciso uma<br />

formação voltada para os direitos humanos, criando novas perspectivas de vida e<br />

convívio social. Já para Ramirez (2001) a violência está associada a um mecanismo<br />

de destruição, de ataque à integridade de abuso de força e poder. A violência<br />

assume-se <strong>como</strong> possuindo uma origem instintiva com intenção de prejudicar o<br />

outro, característica que se enquadraria mais no conceito de agressividade. Na visão<br />

de Moser (1991, p. 12):<br />

Violência é um comportamento, por definição, social, na medida<br />

em que se pressupõe uma relação didática <strong>como</strong> a maioria das condutas<br />

humanas. É uma interação social na medida em que tem sua origem e se<br />

efetiva na relação com o outro, relação que condiciona e modela nosso<br />

comportamento. Existem pelo menos duas pessoas que participam dessa<br />

interação: o autor, isto é, o suposto responsável pelo prejuízo e a vítima.<br />

A agressividade <strong>como</strong> violência, pode ser desencadeada por motivos<br />

religiosos ou culturais, <strong>como</strong> reação a uma disputa, uma competição. O maior fator<br />

gerador da violência é o desrespeito. Este é causador das injustiças e<br />

afrontamentos, sejam sociais, econômicos ou de relacionamentos. A irreverência e o<br />

excesso de liberdade, também produzem desrespeito, e isso produz desejos de<br />

vingança que se transformam em violências. Para prevenir a violência, é necessário<br />

agir com o máximo de respeito diante de toda e qualquer situação e, principalmente,<br />

6


diminuir a ilusão de direitos (que causam rebeldia, desrespeito e vingança) e<br />

reafirmar os deveres (valores, <strong>educação</strong> e respeito).<br />

Cada contexto exige uma intervenção. Cada violência se configura de uma<br />

forma onde um estudo da realidade, suas causas, fontes e fatores causadores. É<br />

preciso empenho governamental e <strong>educação</strong>. Numa tradução literal, “a palavra<br />

violência vem do latim vil, que significa força, vigor, potência, violência, emprego de<br />

força <strong>física</strong>, mas também quantidade, abundância [...]” (MICHAUD, 1989, p. 57).<br />

A violência cresceu junto com a população na sociedade. É algo novo, que<br />

assusta pela sua complexidade e afeta a sociedade, a escola e a família. Não se<br />

restringe a um único ambiente, mas ao contrário, se prolifera em todas as camadas<br />

sociais.<br />

2.1 AGRESSIVIDADE E A EDUCAÇÃO FÍSICA<br />

O professor de Educação Física pode diagnosticar a agressividade por um<br />

ataque físico, <strong>como</strong> pontapés, mordidas, arranhões, ou mesmo ataque verbal, <strong>como</strong><br />

gritos, xingamentos e ameaças. Essa agressão pode causar traumas, danos e<br />

preocupa pelo fato da criança estar consciente que pode machucar alguém.<br />

O jogo cooperativo é uma forma de desenvolvimento a participação dos<br />

alunos, compartilhando dos mesmos objetivos e metas assumindo uma<br />

característica de atividade cooperativa. Ele possui várias características, que se<br />

reflete em possibilidades de trabalhos em grupo, libertam da competição, da<br />

eliminação e da agressão <strong>física</strong> (BROWN, 1994).<br />

Nos <strong>jogos</strong> <strong>cooperativos</strong> os alunos aprendem que a realização de uma<br />

atividade, só é possível, em parte, em consequência das ações dos outros<br />

participantes. Os objetivos são comuns a um grupo e cada participante precisa se<br />

doar para que o grupo todo alcance, os cooperadores ajudam-se mutuamente, numa<br />

coordenação de esforços.<br />

Os <strong>jogos</strong> podem colaborar muito para a integração entre as crianças,<br />

quando bem direcionados e com uma intenção pedagógica. Dessa forma, as<br />

crianças estarão unidas por um objetivo em comum.<br />

Para Brown (1994) itens <strong>como</strong> a sensibilidade, a ajuda mútua, a<br />

coordenação de esforços, a valorização com a comunidade <strong>escolar</strong>, a cooperação<br />

na <strong>educação</strong> de crianças vai muito além dos <strong>jogos</strong> <strong>cooperativos</strong>. É possível usá-la<br />

7


<strong>como</strong> estratégia nas aulas de Educação Física para buscar a igualdade e a justiça<br />

com o grupo <strong>escolar</strong> e para ajudar a entender <strong>como</strong> tal ajuda pode ser aplicada em<br />

contextos mais amplos. No trabalho com <strong>jogos</strong> <strong>cooperativos</strong> a escola deve<br />

conscientizar-se sobre a importância da cooperação para uma possível mudança na<br />

Educação Física, desde a <strong>educação</strong> básica, apesar da resistência de alguns alunos,<br />

acostumados unicamente com o esporte competitivo e do receio de professores que<br />

se sentem ameaçados pelo novo.<br />

Dessa forma, é fácil entender porque alguns grupos acabam com brigas<br />

entre gangues, torcidas, grupos radicais e sociais através da violência que<br />

disseminam. Um exemplo de grupo é apresentado nacionalmente em rede aberta, o<br />

Big Brother Brasil, que apresenta diversas formações por afinidade e objetivos do<br />

jogo. Nas escolas, isto também acontece.<br />

Uma criança em um ambiente que insinua o amor, carinho,<br />

compreensão, conforto corporal, introjetará confiança básica, em<br />

compensação a criança que conviver em um meio sem carinho, amor,<br />

compreensão, onde sofra cargas negativas constantes, desconforto<br />

corporal, não terá a estabilidade emocional para superar momentos de<br />

desprazer, e não conseguirá se livrar deste sentimento até não repassá-lo<br />

(ERIKSON, 1976, p. 59).<br />

A agressividade pode ser também uma forma de não submissão, ou<br />

inconformidade com as vontades do ser humano.<br />

Além de esportes, as aulas de Educação Física também servem para que a criança<br />

se conheça, encontre seus limites e possibilidades, do corpo e da mente. O trabalho<br />

do professor, se direcionado para trabalhar esses sentimentos, poderá compreender<br />

e diminuir a agressividade. Hacker (1972, p. 85) afirma que a <strong>educação</strong><br />

independentemente dos meios que utiliza, consiste em fazer compreender a criança<br />

que é sim importante que expresse o que está sentindo, e entenda porque isto<br />

acontece. Num olhar apurado sobre a violência <strong>escolar</strong>, percebe-se um ganho na<br />

medida em contexto social, histórico, cultural em que ele se dá, com que professores<br />

e alunos, membros da comunidade <strong>escolar</strong> estão envolvidos, que se dá em meio a<br />

interações entre sujeitos no espaço <strong>escolar</strong>-social que compreende tanto relações<br />

externas <strong>como</strong> internas e atinge relações sociais entre sujeitos diversos (DE<br />

MARCO, 2002).<br />

8


Sobre a agressividade, especificamente nas séries iniciais da <strong>educação</strong><br />

básica, acredita-se que existem várias possibilidades pedagógicas para a<br />

minimização desses problemas, momento de alegria e euforia pela liberdade com<br />

que são estimulados. As crianças permanecem grande parte do seu dia na escola. É<br />

neste ambiente que elas encontram uma preparação para o futuro, mesmo que frágil<br />

ou insegura. Porém é neste espaço que ela internalizará normas e regras para<br />

conviver em sociedade. Diante disso, é fundamental que o professor direcione um<br />

olhar analítico, observador e cuidadoso sobre suas atitudes, na prevenção da<br />

agressividade no comportamento social infantil.<br />

Sendo assim, segundo De Marco (2002, p. 40), a Educação Física “[...] se<br />

torna muito importante para o desenvolvimento de uma criança, externos<br />

simbolicamente vários sentimentos que ela não pode externar na realidade”. As<br />

aulas de Educação Física estimulam, despertam sentimentos, melhoram a saúde,<br />

desvelam personalidades através de exercícios, técnicas, <strong>jogos</strong>, fazendo disso,<br />

trabalham a imaginação, a ludicidade por meio de brincadeiras, por isso a ação do<br />

educador pode se tornar preventiva e pedagógica, porque analisa e revisa a<br />

metodologia nas aulas de Educação Física ao mesmo tempo em que observa<br />

comportamentos e faz diagnósticos de agressividade para serem amenizados e<br />

combatidos.<br />

Projetar a ideia de um aluno menos agressivo é projetar uma ideia de uma<br />

sociedade melhor, mais organizada e pacífica. É necessário que o professor de<br />

Educação Física, em sua função, utilize os bons resultados, que amenize a<br />

agressividade na escola e que facilite a convivência social.<br />

2.2 INDISCIPLINA NA EDUCAÇÃO FÍSICA<br />

Existe uma constante preocupação dos docentes de Educação Física com<br />

relação à indisciplina dos alunos sobre esse assunto, percebe-se a real carência de<br />

material para focalizar e direcionar estes problemas. A sociedade em geral não<br />

tomou consciência do sentido e da importância da Educação Física na vida<br />

educacional dos alunos, tratando aqui de alunos de todas as idades e séries. A<br />

indisciplina acontece em todas as esferas da <strong>educação</strong>, e quando falamos em<br />

Educação Física, mais especificamente, abre-se um grande leque sobre esse<br />

assunto, pois é na Educação Física que os alunos conseguem extravasar<br />

9


sentimentos <strong>como</strong> raiva, intolerância, sensação de vencer ou perder. E é aí que<br />

encontramos os mais variados problemas com a indisciplina.<br />

Cabe então, ao professor estar munido de diferentes metodologias para<br />

trabalhar com esses alunos que são mais indisciplinados. O professor terá que ter<br />

muita habilidade e paciência para que não aconteça alguma atitude mais grave por<br />

parte do aluno. Na última década, pesquisas e estudos têm procurado apresentar<br />

propostas alternativas ao modelo tradicional de organização curricular da Educação<br />

Física.<br />

Há experiências bem sucedidas em muitas escolas que foram perspicazes<br />

em perceber especificidades da mesma e estruturaram o trabalho voltado a esse<br />

nível de complexidade. Segundo Tardif e Lessard (2005), a afetividade não é<br />

somente da ordem das coisas sentidas subjetivamente; constitui também, um dos<br />

recursos utilizados por professores e alunos para chegar a seus fins durante suas<br />

diversas interações. “Na realidade, não existe <strong>educação</strong> possível sem um<br />

envolvimento afetivo ou emocional dos alunos na tarefa. O que chamamos de<br />

„motivação‟, não é nada mais do que tal envolvimento” (TARDIF; LESSARD, 2005, p.<br />

159).<br />

Se a relação afetiva com os alunos não se estabelece, se os movimentos<br />

forem bruscos e os passos fora do ritmo, são ilusórios querer acreditar que o<br />

sucesso do educar será completo. Se os alunos não se envolvem, será mais falta de<br />

interesse por parte dos alunos.<br />

Hochschild (apud TARDIF, 2002), usa a expressão emotional labor para<br />

nomear formas de trabalho que requerem grande investimento afetivo do<br />

trabalhador. Assim, a personalidade do aluno, as emoções, a afetividade fazem<br />

parte integrante do processo da <strong>educação</strong>: a própria pessoa, com suas qualidades,<br />

defeitos e sensibilidade, torna-se de certa maneira, um instrumento de <strong>educação</strong>.<br />

Instaurar práticas pedagógicas que envolvam os alunos demanda que<br />

professores e outros profissionais da <strong>educação</strong> que estejam na escola tenham<br />

noção e conhecimento da importância que compõe a complexidade do ser aluno.<br />

Essa reflexão nos remete à primeira infância. “Por isso as lacunas da primeira<br />

infância atrapalham tanto. Sempre as comparo aos alicerces de um prédio. Se a<br />

base for ruim, o edifício desmoronará” (HECKMAN, 2009, p. 24). A atenção à<br />

especificidade desta etapa é essencial, pois as mudanças que se produzem nos<br />

alunos são de uma magnitude sem comparação com outras etapas educativas.<br />

10


Por isso, a indisciplina está sempre associada a algum outro problema, seja<br />

na infância, familiar ou com os próprios colegas da escola. Por isso o educador deve<br />

estar preparado e orientado para agir de maneira correta no tempo correto, sem<br />

causar maiores danos ao que está acontecendo.<br />

2.3 JOGOS COOPERATIVOS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR<br />

Existe hoje, no meio educativo, principalmente no que diz respeito à<br />

disciplina de Educação Física, uma preocupação muito grande por parte dos<br />

professores desta área com relação às atividades recreativas. Para interagir ou para<br />

possibilitar a troca, o jogo, mas <strong>como</strong> uma pessoa de direito pleno.<br />

A cooperação não proporciona apenas conflitos, mas também<br />

suporte ou apoio para resolvê-los. Os aprendizes se proporcionam ajuda, se<br />

corrigem mutuamente, constroem conjuntamente novos argumentos e ideias<br />

que de modo separado dificilmente teriam criado (POZO, 2002, p. 259).<br />

As regras existem para mim na mesma proporção que existem para o outro,<br />

só assim é possível “jogar”. A cooperação não apenas constrói saber sobre si e o<br />

outro, mas também o reconhecimento de que o Eu e o Outro não são idênticos e<br />

que a diferença entre eles precisa ser tratada de forma procedural<br />

(JOVCHELOVITCH, 2008, p. 178). Na escola, mais precisamente nas aulas de<br />

Educação Física, é preciso reconhecer a legitimidade do outro para que haja<br />

reciprocidade nos <strong>jogos</strong>, saber que poderei ter necessidades diferentes, mas estas<br />

devem ser tratadas e compreendidas com respeito e razão de ser do outro. Há os<br />

<strong>jogos</strong> motores, de exploração, simbólicos, didáticos, cabendo ao professor fazer a<br />

sintonia com os objetivos que deseja para desenvolver a interação do grupo. O jogo<br />

é cenário nos quais os alunos podem perder e serem penalizados, ou seja, é uma<br />

forma do aluno administrar sentimentos de frustração, de perda, ou aprender <strong>como</strong><br />

ganhar com integridade, lisura, conhecendo as regras do jogo. Os <strong>jogos</strong> oportunizam<br />

que se reforce a vontade, a determinação, o desejo de cumprir objetivos, atingir<br />

metas, conhecer as próprias limitações; é a oportunidade de autoconhecimento e de<br />

respeito aos pares que também estão jogando, entender que é possível jogar mais e<br />

melhor quando temos parceiros, cooperamos, nos relacionamos, interagimos.<br />

11


A vida somente <strong>como</strong> coerção e competição provocaria a dissipação do ser<br />

humano. Os <strong>jogos</strong> <strong>cooperativos</strong> se sustentam graças às suas conexões com o<br />

coletivo, podendo desenvolver diferentes capacidades. O ser humano é capaz de<br />

produzir, através dos <strong>jogos</strong>, padrões culturais e comportamentais e graças a isso<br />

determina um jeito de ser e de dar sentido ao mundo.<br />

2.4 PLANEJAMENTO NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR<br />

A partir de discussão, produção e formação de professores sobre <strong>conteúdo</strong>s<br />

e atividades educativas deve sempre estar presente no cotidiano do profissional de<br />

Educação Física, principalmente aqueles que ainda não estão cientes do contexto<br />

específico e da necessidade de pensar pedagogicamente essas atividades, da<br />

dinâmica cultural e social em que estamos inseridos.<br />

No entender de Pozo (2002) em situações rotineiras, habituais, optamos por<br />

não fixar metas nem definir nossa sequência de aprendizagem por acreditar na<br />

nossa capacidade de conduzir o trabalho.<br />

O planejamento de uma tarefa de aprendizagem implica fixar,<br />

antes de começá-la, as metas e os meios para alcançá-la [...] Esse plano,<br />

além de fixar metas, costuma estabelecer submetas, pequenos „marcos‟ que<br />

indicam que vamos à direção correta (POZO, 2002, p. 160).<br />

Estes indícios ajudam no controle estratégico da ação pedagógica. O<br />

planejamento deve ser aliado inseparável do professor, é por ele que o professor<br />

determina atividades aonde o trabalho do professor e práticas dos alunos resulte em<br />

aprendizagem, é preciso que ele se pergunte sempre: o que espero que os alunos<br />

aprendam quando proponho determinada atividade?<br />

Arce e Martins (2007, p. 56) são enfáticas quanto à importância do ensino<br />

intencionalmente planejado também no âmbito da Educação Física Escolar. Um<br />

aspecto que merece atenção quando nos referimos ao planejamento diz respeito à<br />

sua articulação com a Proposta Pedagógica da escola. O ato de planejar não pode<br />

ser ação isolada, sem relação com outros professores, mas sim organizar uma<br />

turma, mas que terão que agir conjuntamente pelos princípios norteadores da escola<br />

e pelos projetos comuns que agregam e abriga a complexidade maior chamada<br />

escola.<br />

12


Programar serve para trazer à superfície a intencionalidade<br />

educativa do trabalho, para argumentar e valorizar as diversas<br />

possibilidades de que se dispõe para responder o caminho do ensinar, e<br />

desta visão inteligente, eleger as opções mais adequadas em função das<br />

intenções, dos alunos, do contexto e de nós mesmos, professores<br />

(BASSEDAS; HUGUET; SOLÉ, 2008, p. 131).<br />

Todo planejamento implica em <strong>como</strong> o professor pensa e organiza cada<br />

etapa da sua aula e o tempo de aprender e o tempo de viver e crescer não estão<br />

separados, aprendendo graças à ação educativa das pessoas que o envolvem e às<br />

experiências que tem no seu contexto.<br />

13


3 METODOLOGIA<br />

Pesquisa-ação segundo Gil (2002) é um termo aplicado de maneira a<br />

qualquer tipo de tentativa de melhora da prática de algum ambiente aonde ocorrem<br />

dificuldades. Quando se trata de pesquisa-ação educacional, percebe-se que<br />

professores e pesquisadores possam utilizar suas pesquisas para aprimorar o<br />

ambiente de seus alunos.<br />

Segundo Bracht (2005), a discussão da relação teoria-prática parte de uma<br />

perspectiva dessa relação de modo instrumental e implica que a teoria na prática<br />

seria outra, sujeito de sua ação e não <strong>como</strong> objeto. Contudo, a perspectiva da teoria-<br />

prática <strong>como</strong> aplicação de conhecimento, tem <strong>como</strong> finalidade a resolução dos<br />

problemas imediatos das aulas, ou seja, há uma busca pelo melhor método para que<br />

os alunos aprendam as práticas corporais, através da execução correta dos<br />

movimentos. Porém, ao analisar a prática, esta ocorre num meio complexo, em<br />

constante mudança e os problemas que enfrentamos prioritariamente dependem da<br />

intuição, da criatividade.<br />

3.1 TIPO DE PESQUISA<br />

Para que se possam atingir os objetivos propostos, foi feito um diagnóstico<br />

da turma, envolvendo pesquisa e observação intensiva num ambiente <strong>escolar</strong> e da<br />

turma especificamente, com registro, com a interpretação e a análise de dados<br />

utilizando descrições e narrativas, <strong>como</strong> uma maneira de interação e apreensão dos<br />

significados da realidade <strong>escolar</strong>, social e cultural a ser pesquisada, passível de ser<br />

utilizada também na pesquisa-ação (GIL, 2002).<br />

3.2 SUJEITOS DA PESQUISA<br />

O estudo foi realizado na Escola Municipal Machado de Assis do município<br />

de Vista Alegre – RS, com a 4ª série do Ensino Fundamental que conta com um total<br />

de 15 alunos, sendo oito do sexo masculino e sete do sexo feminino. Para tanto, a<br />

amostra corresponde ao universo dos referidos alunos, igualando-se à população.<br />

As crianças da turma possuem uma média de nove anos de idade.<br />

14


3.3 PROCEDIMENTOS<br />

O primeiro passo foi conversar com a direção e o professor de Educação<br />

Física da Escola Municipal Machado de Assis do município de Vista Alegre – RS,<br />

após esse contato apresentei minha intenção de trabalho, aonde logo foi aceito, foi<br />

apresentado também ao professor o termo de consentimento livre e esclarecido<br />

(ANEXO D).<br />

3.4 COLETA DOS DADOS<br />

Os dados foram coletados a partir do dia 23 de agosto de 2012, as aulas<br />

foram todas planejadas com o professor de Educação Física da Escola Municipal<br />

Machado de Assis do município de Vista Alegre – RS, com duração de quatro meses<br />

de observação e aplicação das aulas e finalizando a coleta dos dados até dia 17 de<br />

dezembro de 2012.<br />

3.5 POPULAÇÃO E AMOSTRA<br />

O estudo foi realizado na Escola Municipal Machado de Assis do município<br />

de Vista Alegre – RS, com a 4ª série do Ensino Fundamental que conta com um total<br />

de 15 alunos, sendo oito do sexo masculino e sete do sexo feminino. A escola está<br />

inserida num meio rural. As ruas que dão acesso à Escola são boas. Existe<br />

transporte <strong>escolar</strong> que pega os alunos em suas casas e deixam na porta da Escola.<br />

A Escola fica à face da rua com algum movimento. A turma possui uma média de<br />

nove anos.<br />

A formação <strong>escolar</strong> da população da Vila é baixa, tendo em média a 3ª e 4ª<br />

série. As famílias são, no geral, compostas por quatro a seis pessoas. A maioria das<br />

habitações possui razoáveis condições de habitabilidade, contudo ainda existem<br />

casas em estado degradante. Algumas crianças vivem em moradias térreas e bi-<br />

familiares. Todos os alunos têm procedência da zona rural, filhos de pequenos<br />

agricultores que vivem da agricultura familiar de sobrevivência, todos os dados<br />

coletados nos arquivos da escola e conjunto com a secretária municipal da<br />

<strong>educação</strong>.<br />

15


3.6 INSTRUMENTO<br />

Como instrumento de pesquisa foi utilizado questionário com 3 (três)<br />

questões abertas e <strong>conteúdo</strong>s semi-estruturados para o professor da turma, o<br />

<strong>conteúdo</strong> do questionário foi de ordem comportamental da turma, resultados dos<br />

<strong>conteúdo</strong>s utilizados nas aulas de Educação Física (ANEXO C).<br />

16


4 DIAGNÓSTICO DA TURMA<br />

Após a observação das 10 aulas de Educação Física da 4ª série do Ensino<br />

Fundamental da Escola Municipal Machado de Assis do município de Vista Alegre –<br />

RS, no período de 23 de agosto ate o dia 29 de setembro de 2012, aonde as aulas<br />

duravam o período de 40 minutos, pude verificar que a turma tem um grande<br />

problema comportamental nas aulas aonde atos agressivos e indisciplinares são os<br />

principais problemas. A ausência de limites, atenção dispersa, dividida, voltada para<br />

as brigas, não cumprimento de tarefas passadas pelo professor, condutas violentas,<br />

esta aparece <strong>como</strong> única forma de solução dos conflitos. Esses problemas são<br />

frequentes nas meninas e nos meninos dessa turma, aonde muitas vezes o<br />

professor tomou medidas para tentar coibir esses atos nas suas aulas, mas sem<br />

muito sucesso, os principais motivos desse comportamento podem ser analisados<br />

pelo excesso de liberdade, pois muitos deles desinteressados no aprendizado do<br />

seu filho, muitos nunca chegaram a ir até a escola saber <strong>como</strong> o filho anda se<br />

comportando, outro fator importante são as aulas desinteressadas por parte do<br />

professor que não tem controle da turma, então não se preocupa muito com a<br />

questão do <strong>conteúdo</strong>.<br />

Esses comportamentos agressivos e indisciplinares não acontecem somente<br />

nas aulas de Educação Física, pude observar que em outras disciplinas da escola<br />

ocorrem problemas com essa turma, são na maioria crianças pobres sem estrutura<br />

familiar e sem nenhum apoio, aonde pode estar a causa de tantos problemas<br />

comportamentais dentro do ambiente <strong>escolar</strong>, por isso os <strong>jogos</strong> <strong>cooperativos</strong> podem<br />

ser uma proposta pedagógica de ensino aonde poderia mudar a visão de<br />

individualismo, mudar a questão dos confrontos nas aulas, ou seja, pode ser um<br />

divisor de águas para uma tentativa de melhora desse comportamento dessa turma<br />

de Ensino Fundamental (ANEXO A).<br />

17


5 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS<br />

Essa pesquisa foi desenvolvida observando a realidade e os problemas<br />

comportamentais dos alunos da 4ª série da Escola Municipal Machado de Assis do<br />

município de Vista Alegre – RS durante as aulas de Educação Física da escola.<br />

Aonde em conjunto com o professor de Educação Física da turma elaboramos um<br />

cronograma aonde constam 10 aulas de observação de 23 de agosto ate dia 29 de<br />

setembro e as 10 aulas práticas no período de 23 de outubro ate o dia 11 de<br />

dezembro de 2012 com <strong>conteúdo</strong> dos <strong>jogos</strong> <strong>cooperativos</strong>.<br />

Antes da aplicação das aulas o comportamento mais observado dos<br />

meninos e meninas era ausência de limites, atenção dispersa, dividida, voltada para<br />

as brigas, o não cumprimento de tarefas passadas pelo professor, atos agressivos,<br />

esta aparece <strong>como</strong> única forma de solução dos conflitos. Muito desse<br />

comportamento está ligado também ao cotidiano da criança fora da escola, onde<br />

muitas delas estão vivendo abaixo da linha da pobreza sem muita perspectiva de<br />

futuro, os pais desinteressados em saber o que seus filhos estão fazendo na escola,<br />

as aulas muitas vezes desinteressadas por parte do professor.<br />

Por isso a Educação Física Escolar deve ser pensada de forma que possa<br />

buscar metodologias e <strong>conteúdo</strong>s adequados com muito planejamento para buscar<br />

uma diminuição desses índices de agressividade e indisciplina não só nas aulas de<br />

Educação Física, mas na escola também.<br />

Durante a aplicação das 10 aulas práticas podemos observar uma<br />

diminuição significativa de atos de indisciplina e agressividade dos alunos da 4ª série<br />

do Ensino Fundamental da Escola Municipal Machado de Assis do município de<br />

Vista Alegre – RS, nas aulas de Educação Física, aonde o professor entendeu a<br />

proposta e se desafiou para tentar mudar a realidade dessa turma sempre buscando<br />

se motivar e trazendo sempre novidades nas aulas para não cairmos na mesmice de<br />

sempre, para motivar os alunos com <strong>conteúdo</strong>s que possam atrair esse aluno para<br />

participar das aulas e para que possa respeitar seus colegas e seus professores, os<br />

<strong>jogos</strong> <strong>cooperativos</strong> vêm de encontro com essa mudança.<br />

Segundo Brotto (2001) “[...] jogando cooperativamente temos a chance de<br />

considerar o outro <strong>como</strong> parceiro, um solidário, em vez de tê-lo <strong>como</strong> adversário,<br />

operando para interesses mútuos e priorizando a integridade de todos”, Nas aulas<br />

não teve mais seleção dos melhores porque cada um era vital para o jogo do<br />

18


momento, aonde não tinha primeiro nem último, não existia adversários porque<br />

todos eram parceiros de uma mesma jornada, a verdadeira conquista durante as<br />

aulas foi poder continuar jogando uns com os outros, ao invés de uns contra os<br />

outros, todos se envolviam nas atividades independentemente de sua habilidade, os<br />

alunos se envolviam nos <strong>jogos</strong> por um período maior, tendo mais tempo para<br />

desenvolver suas capacidades, e evitando as brigas e desentendimentos que eram<br />

comuns nas aulas. Por tudo isso que os <strong>jogos</strong> <strong>cooperativos</strong> aplicado de forma<br />

planejada nas aulas de Educação Física obtiveram sim uma melhora<br />

comportamental considerável dos alunos da 4ª Série da Escola Machado de Assis<br />

no Município de Vista Alegre/RS. Aonde os alunos entenderam que a cooperação é<br />

importante para o desenvolvimento sócio afetivo não só nas aulas de Educação<br />

Física mas na escola e principalmente para a vida (ANEXO B).<br />

19


6 CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Este estudo buscou investigar a realidade da turma da 4ª série do Ensino<br />

Fundamental da Escola Municipal Machado de Assis do município de Vista Alegre –<br />

RS, acerca do comportamento nas aulas de Educação Física, ao término desse<br />

estudo vejo que realizá-lo foi um grande desafio, sempre colocando que não foi um<br />

trabalho que buscou criticar o trabalho do professor envolvido, mas sim tratar de<br />

novas práticas pedagógicas para alcançar resultados importantes na questão da<br />

agressividade e indisciplina dessa turma.<br />

No final podemos constatar que o <strong>conteúdo</strong> dos <strong>jogos</strong> <strong>cooperativos</strong><br />

aplicados de forma planejada nas aulas contribuiu para uma melhora na questão<br />

comportamental dessa turma, salientando sempre a importância do professor estar<br />

motivado para fazer com que seus alunos sintam-se importantes nas aulas<br />

buscando sempre a melhora e nesse caso a cooperação <strong>como</strong> forma de controlar<br />

certos desvios sociais que eram muito observados nos alunos dessa turma em<br />

específico.<br />

Os dados nos mostram que a cooperação ajuda a mudar o pensamento<br />

individualista e de disputas nas aulas, fazendo com que aconteça a cooperação dos<br />

alunos perante um desafio proposto pelo professor durante as aulas.<br />

Dessa maneira é importante realizar novas pesquisas buscando sempre<br />

ampliar o campo de conhecimento, nesse caso buscando novos <strong>conteúdo</strong>s de forma<br />

que os profissionais de <strong>educação</strong> sempre tentem conseguir motivar seus alunos.<br />

Desta forma após realizar este estudo pude verificar que os objetivos foram<br />

concluídos e que o problema da pesquisa foi respondido de forma positiva, claro que<br />

não podemos mudar o comportamento de uma pessoa da noite pro dia mas<br />

podemos trazer ações positivas no contexto <strong>escolar</strong> para mudarmos o pensamento<br />

conteudista que acontece na maioria das escolas.<br />

20


7 REFERÊNCIAS<br />

ABRAMOVAY, M.; RUA, G. M. Violências nas escolas. Brasília, DF: UNESCO,<br />

Instituto Ayrton Senna; UNAIDS; Banco Mundial; USAID; Fundação Ford; CONSED;<br />

UNDIME, 2002.<br />

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EDIPUCRS, 2010.<br />

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prevenir. Porto: Edições ASA, 2002.<br />

ARANHA, M. L. A. Filosofia da <strong>educação</strong>. São Paulo: Moderna, 2006.<br />

ARCE, A.; MARTINS, L. M. (org.). Quem tem medo de ensinar na <strong>educação</strong><br />

infantil?: em defesa do ato de ensinar. São Paulo: Alínea, 2007.<br />

BASSEDAS, E.; HUGUET, T.; SOLÉ, I. Aprender e ensinar na <strong>educação</strong> infantil.<br />

Porto Alegre: Artmed, 2008.<br />

Bracht, Valter. Pesquisa (ação) e prática pedagógica em <strong>educação</strong> <strong>física</strong>. Coleção<br />

cotidiano <strong>escolar</strong> – A <strong>educação</strong> <strong>física</strong> no Ensino Fundamental (5º/8º séries). Natal:<br />

Paidéia, Brasília: MEC, v. 1, n. 1, p.7-22, 2005.<br />

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1979.<br />

BARDIN, L. Análise de <strong>conteúdo</strong>. Lisboa: Edições 70, 2002.<br />

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1995.<br />

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares<br />

nacionais: <strong>educação</strong> <strong>física</strong>. Brasília: MEC/SEF, 1997.<br />

BROWN (1994); ERIKSON (1976); DE MARCO (2002). Agressividade e a<br />

<strong>educação</strong> <strong>física</strong>.<br />

COLL, C. Psicologia e currículo. São Paulo: Ática, 1996.<br />

CHARLOT, B. A relação com o conhecimento: elementos para uma teoria. Rio de<br />

Janeiro: Vozes, 1999.<br />

21


CORTEZ, R. N. C. Sonhando com a magia dos <strong>jogos</strong> <strong>cooperativos</strong>. 1999.<br />

Dissertação (Mestrado), Instituto de Biociências, UNESP, Rio Claro, 1999.<br />

DE MARCO, M. C. Agressividade na <strong>educação</strong> infantil (crianças de 0 a 6 anos):<br />

um estudo de revisão bibliográfica. TCC, Campinas – SP, 2002.<br />

DEBARBIEUX, E. A Escola Vilence: perspectivas comparativas em 86 instituições.<br />

Bordeaux: Universidade de Bordeaux II, 1996.<br />

FURASTÉ, P. A. Normas técnicas para o trabalho científico: explicitação das<br />

normas da ABNT. 15. ed. Porto Alegre: s.n., 2010.<br />

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002.<br />

HECKMAN, J. O bom de educar desde cedo. In: Revista Veja, São Paulo, Ed. Abril,<br />

edição 2116, ano 42, n. 23, 10 jun. 2009.<br />

JOVCHELOVITCH, S. Os contextos do saber: representações, comunidade e<br />

cultura. Rio de Janeiro: Vozes, 2008.<br />

MICHAUD, Y. A violência. São Paulo: Ed. Ática, 1989.<br />

ERIKSON, H. E. Infância e sociedade. 2. ed. São Paulo: Zahar, 1976.<br />

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa.<br />

São Paulo: Paz e Terra, 1996.<br />

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 2002.<br />

LATERMAN, I. Violência e incivilidade na escola. Florianópolis: Letras<br />

Contemporâneas, 2000.<br />

LORENZ. Konrad na agressão. Nova York, 1966.<br />

MOSER, G. A agressão. São Paulo: Ática, 1991.<br />

OLIVEIRA, S. L. Tratado de metodologia científica: projetos de pesquisas, TGI,<br />

TCC, monografias, dissertações e teses. São Paulo: Pioneira, 2005.<br />

POZO, J. I. Aprendizes e mestres: a nova cultura da aprendizagem. Porto Alegre:<br />

Artmed, 2002.<br />

RAMIRES, F. C. Condutas agressivas na idade <strong>escolar</strong>. Amadora: McGraw Hill,<br />

2001.<br />

22


SAMPIERI, R. H.; COLLADO, C. H.; LUCIO, P. B. Metodología de la investigación.<br />

4. ed. México: McGraw Hill, 2006.<br />

SOUZA Jr., O. D. A disciplina rítmica no processo de formação dos alunos do curso<br />

de <strong>educação</strong> <strong>física</strong>. Revista Mackenzie de Educação Física e Esporte, v. 1, n. 1,<br />

p. 56-59, 2002.<br />

VERDERI, E. B. L. P. Encantando a <strong>educação</strong> <strong>física</strong>. 2. ed. Rio de Janeiro: Sprint,<br />

2002.<br />

TARDIF, M.; LESSARD, C. O trabalho docente: elementos para uma teoria da<br />

docência <strong>como</strong> profissão de interações humanas. Rio de Janeiro: Vozes, 2005.<br />

23


ANEXOS<br />

24


ANEXO A – Observação das Aulas<br />

Primeira aula dia 23/08<br />

Duração: 40 minutos<br />

Tema: Iniciação ao Voleibol<br />

O professor começa a aula explicando <strong>como</strong> será conduzida até o final, já se cria<br />

uma inquietude dos meninos por saber que a aula não vai ter futsal.<br />

A relação aluno x professor: os alunos após saberem que não terão aula de futsal<br />

começam a conversar e não prestar atenção na aula, as meninas ficam se<br />

empurrando enquanto o professor explica.<br />

A relação professor x aluno: o professor a todo o momento tenta chamar atenção<br />

dos alunos para que prestem atenção nas suas explicações, às vezes chama a<br />

atenção com certa dureza, ameaça de levar na direção se não pararem de<br />

“in<strong>como</strong>dar”.<br />

Relação aluno x aluno: os alunos se empurram e chamam uns aos outros de<br />

apelido, conversam entre eles e parece não querer prestar atenção na aula. Não<br />

realizam as atividades propostas e a todo o momento querendo futsal.<br />

Aula dia 28/08<br />

Duração: 40 minutos<br />

Tema: Iniciação ao Voleibol<br />

O professor começa a aula organizando a turma em dois grupos mistos, começa o<br />

aquecimento, e após o aquecimento coloca os dois grupos em cada lado da quadra<br />

divididos pela rede de vôlei, começa a explicação do posicionamento na quadra,<br />

sempre no esquema 6-0 de rodízio.<br />

Relação aluno x professor: os alunos conversam muito durante as explicações,<br />

parecendo que não querem realizar a atividade, saem do lugar aonde o professor<br />

posicionou, gritam muito.<br />

Relação professor x aluno: o professor manda todos ficarem quietos para<br />

entenderem a atividade, vendo que não tem muito sucesso ameaça terminar a aula<br />

e levá-los para sala de aula, o professor parece um pouco nervoso com a situação,<br />

vendo que a sua aula está quase acabando.<br />

Relação aluno x aluno: os alunos se empurram muito, conversam uns com os outros<br />

sem se importar com a aula, algumas meninas não querem participar das atividades,<br />

25


os meninos querem a todo o momento jogar futsal, muitos se chamam de apelidos,<br />

alguns até insultam os colegas.<br />

Aula dia 30/08<br />

Duração: 40 minutos<br />

Tema: Iniciação ao Voleibol<br />

O professor inicia a aula com um aquecimento de 10 minutos, após o aquecimento<br />

ele explica <strong>como</strong> vai trabalhar a aula do dia. Ele pretende trabalhar fundamentos do<br />

voleibol, toque, manchete.<br />

Relação aluno x professor: os alunos estão inquietos, sempre conversando nas<br />

explicações, alguns gritam, as meninas não estão interessadas nas aulas, a todo o<br />

momento uma reclamação por parte dos alunos que não terá futsal na aula.<br />

Relação professor x aluno: o professor parece estar nervoso, muito alterado com os<br />

alunos, a todo o momento manda todos pararem de falar, nessa aula ele leva três<br />

alunos para a direção por incômodos na aula, mesmo assim os alunos ainda<br />

continuam provocando o professor.<br />

Relação aluno x aluno: os alunos chamam uns aos outros de apelido a todo o<br />

momento, ficam se empurrando, as meninas não mostram nenhum interesse em<br />

participar das aulas, todo momento saindo do ginásio, sem consentimento do<br />

professor.<br />

Aula dia 04/09<br />

Duração: 40 minutos<br />

Tema: Iniciação ao Voleibol<br />

O professor inicia a aula com aquecimento de 5 minutos e após o aquecimento ele<br />

explicou que atividades ele ia realizar no dia. Aonde ele pretende trabalhar<br />

posicionamento na quadra.<br />

Relação aluno x professor: os alunos demonstram pouco interesse em fazer a<br />

atividade e começam a conversar e falar alto sem respeitar a figura do professor.<br />

Relação professor x aluno: o professor a todo o momento pede para turma prestar<br />

atenção no que ele tenta explicar, mas sem muito sucesso, perde um pouco a<br />

paciência com os alunos e ameaça terminar a aula e levar todos para sala de aula.<br />

26


Relação aluno x aluno: os alunos não querem realizar as atividades e começam<br />

gritar uns com os outros e se empurrarem, as meninas ficam todo momento<br />

conversando e dando risada sem interesse em participar.<br />

Aula dia 06/09<br />

Duração: 40 minutos<br />

Tema: Passeio Ecológico<br />

O professor leva a turma para um passeio em redor da escola e do ginásio aonde a<br />

turma vai recolhendo lixo que ali está acumulado.<br />

Relação aluno x professor: os alunos começaram correr e rasgar os sacos plásticos<br />

deixando o professor muito irritado com as atitudes, parece que querem ver o<br />

professor irritado a todo custo.<br />

Relação professor x aluno: o professor cansado não tem mais o controle da turma,<br />

sendo que suas palavras não atingem mais os alunos que tomam conta do passeio<br />

sem recolher o lixo e ficam brincando a aula toda.<br />

Relação aluno x aluno: nessa aula ocorreu uma briga entre dois meninos que<br />

queriam segurar as sacolas plásticas aonde se empurraram e teve alguns chutes. As<br />

meninas ficaram sentadas no banco da escola sem participar da atividade de<br />

recolhimento do lixo.<br />

Aula dia 11/09<br />

Duração: 40 minutos<br />

Tema: Futsal<br />

Nessa aula o professor inicia com aquecimento breve e explica que a aula será de<br />

futsal, mas com tempo dividido entre meninos e meninas.<br />

Relação aluno x professor: ocorre uma euforia entre os meninos por causa do jogo<br />

de futsal, todos ficam felizes com o professor.<br />

Relação professor x alunos: mas essa felicidade acaba quando professor decide<br />

escolher os times, os alunos ficam irritados e começam gritar, não concordando com<br />

a atitude do professor, isso se acalma quando o professor ameaça terminar com a<br />

aula.<br />

Relação aluno x aluno: quando começa o jogo logo ocorre uma discussão entre os<br />

alunos que não conseguem jogar o futsal sem discussão por qualquer jogada,<br />

27


enquanto o professor tem dificuldades de controlar as meninas que começaram a<br />

correr em volta da quadra deixando o professor de cabelos em pé.<br />

Aula dia 13/09<br />

Duração: 40 minutos<br />

Tema: Caçador<br />

Nessa aula o professor realizou a atividade de caçador misturando meninos e<br />

meninas, entre três equipes para a disputa.<br />

Relação aluno x professor: alguns alunos mostram resistência para a atividade<br />

querendo não participar, e pergunta para o professor se terá futsal depois.<br />

Relação professor x aluno: o professor a todo o momento tenta controlar os alunos,<br />

com muita dificuldade de explicar <strong>como</strong> serão as regras da atividade, nesse<br />

momento ele leva uma aluna até a direção porque puxou o cabelo de outra colega.<br />

Relação aluno x aluno: os alunos gritam uns com os outros, jogam a bola em direção<br />

da cabeça dos colegas, tentam acertar as meninas, isso gera revolta da turma que<br />

começa discutir e alguns saem da atividade chorando.<br />

Aula dia 18/09<br />

Duração: 1 hora 40 minutos<br />

Tema: Filme – Para Sempre Vencedor<br />

Nesta aula o professor resolveu passar um filme sobre relação entre treinador e<br />

atletas indisciplinados, buscando tocar seus alunos de alguma forma com o filme.<br />

Relação aluno x professor: os alunos estão inquietos não conseguem prestar<br />

atenção no início do filme, ficam dando risada do professor quando ele explica,<br />

sempre debochando do professor.<br />

Relação professor x aluno: o professor fica irritado e ameaça levá-los até a direção<br />

da escola e não passar mais o filme, tentando de alguma forma acalmar seus alunos<br />

para poder passar o filme.<br />

Relação aluno x aluno: os alunos não param de conversar e de arrastar as cadeiras<br />

pela sala de vídeo, duas meninas começam gritar querendo mudar de lugar, outros<br />

dois alunos começam a se empurrar porque não querem assistir o filme.<br />

28


Aula dia 25/09 e 27/09<br />

Duração: 3 horas<br />

Tema: Palestra sobre higiene bucal com dentista e palestra sobre sexualidade com<br />

a psicóloga do município<br />

O professor encaminha sua turma para palestra no salão de principal da escola<br />

aonde acontecerá a palestra com o dentista.<br />

Relação aluno x professor: os alunos começam a gritar e discutir não querendo<br />

participar da palestra, os meninos começam correr nos corredores e as meninas<br />

gritam e se empurram não obedecendo às ordens do professor.<br />

Relação professor x aluno: o professor fica desesperado com medo que a turma<br />

comece a atrapalhar a palestra e ameaça deixá-los o ano todo sem Educação Física<br />

e chama o diretor da escola para dar uma conversada com esses alunos.<br />

Relação aluno x aluno: os alunos não param de conversar e gritar, in<strong>como</strong>dando<br />

outros alunos que participam da palestra deixando o professor e a direção da escola<br />

muito irritada, as meninas arrastam as cadeiras mudando de lugar todo momento, já<br />

os meninos começam provocar os alunos das outras turmas.<br />

29


ANEXO B – Aplicação do Plano e Relato das Aulas<br />

1. Jogo dos espelhos (caminhada da confiança) – 23/10 – Duração 40 minutos<br />

Material necessário: espelho.<br />

Objetivo: trabalha confiança, ver o mundo sob outra perspectiva.<br />

- Formar duplas.<br />

- Cada dupla ganha um espelho.<br />

- Uma das pessoas vai conduzir a outra, que estará com o espelho posicionado<br />

exatamente embaixo do nariz e encima do lábio, na posição horizontal, e com a face<br />

do espelho virada para cima.<br />

- A pessoa que estiver sendo conduzida deve olhar somente para o espelho e para<br />

mais nenhum lugar se não a atividade perde o valor.<br />

- A pessoa que estiver conduzindo, deve fazê-lo sem encostar-se à pessoa que<br />

estiver sendo conduzida.<br />

- Esse processo deve levar em média 10 minutos, até que os papéis são invertidos.<br />

Relato da aula: nessa primeira aula houve certa curiosidade dos alunos com esse<br />

novo <strong>conteúdo</strong> trazido pelo professor, a participação na aula foi muito boa, aonde os<br />

alunos prestaram atenção, houve pequenas discussões e alguns alunos ainda<br />

tinham resistência em querer só o futsal.<br />

2. Olhos de águia – 25/10 – duração 40 minutos<br />

Material necessário: nenhum / rádio e música.<br />

Objetivo: fortalecer vínculos; trabalhar a importância e o significado do “olhar nos<br />

olhos”, a verdade, a honestidade e a segurança.<br />

- Formar duas filas (um de frente para o outro).<br />

- Os olhos devem estar fixos uns nos outros.<br />

Relato da aula: nessa segunda aula o professor começa enxergar alguma melhora<br />

na questão comportamental dos alunos, quando chega a hora de começar a aula<br />

todos estão em círculos esperando a orientação do professor para começar a<br />

atividade.<br />

30


3. Comunicações de mãos – 30/10 – duração 40 minutos<br />

Objetivo: trabalhar a comunicação não verbal parceiro realizador / parceiro<br />

empreendedor.<br />

- O focalizador passa a seguinte mensagem: “Este é um jogo de comunicação não<br />

verbal e que requer silêncio absoluto”. Permaneçam onde estão. Retirem seus anéis,<br />

pulseiras e relógios. Fechem os olhos. Andem (de olhos fechados) um pouco até<br />

que recebam o sinal de encontrar uma pessoa. Ao sinal, compartilhem com seu<br />

parceiro, por 5 minutos, o que vocês sentiram (sentimentos, sensações, reações –<br />

diante dessa experiência de andar de olhos fechados até encontrar esse alguém).<br />

Mantenha os olhos fechados e estabeleça comunicação somente através dos toques<br />

de mãos.<br />

Relato da aula: para terminar, o professor abriu para compartilhar sensações, ideias<br />

e deixar os alunos falarem do que mais gostaram na aula. Aonde o professor<br />

começou observar uma melhora significativa no comportamento da turma.<br />

4. Salva vidas – 06/11 – duração 40 minutos<br />

Material necessário: fita crepe ou barbante para fazer uma divisória no chão.<br />

Objetivo: se colocar no lugar do outro. Agilidade, responsabilidade e ação.<br />

Estratégia, diálogo e comunicação com o outro.<br />

- O focalizador comunica que o lugar está pegando fogo e ¾ das pessoas estarão<br />

em apuros. De forma que os outros, ou seja, ¼ será salva vidas.<br />

Objetivo é que as pessoas “salva vidas” levem os que estão em apuros para o outro<br />

lado da linha, sem deixar as partes do corpo de quem está sendo salvo encostar-se<br />

ao chão.<br />

Relato das aulas: o professor abriu para o diálogo no final, aonde todos os alunos<br />

comentaram o quanto estavam gostando das aulas.<br />

5. Futpar – 08/11 – duração 30 minutos<br />

Material necessário: bola e espaço amplo.<br />

Objetivo: trabalha limites físicos e cooperação com o outro.<br />

- Formar duplas.<br />

- O jogo deve acontecer com as duplas amarradas por uma corda, ou com a mesma<br />

camisa, ou de mãos dadas.<br />

OBS.: o jogo é <strong>como</strong> o futebol tradicional, só que com algumas adaptações.<br />

31


- As duplas devem jogar juntas (de mãos dadas, amarradas ou com a mesma<br />

camisa) o tempo todo. Se as duplas se soltarem vale um gol para o outro time.<br />

- Quando for gol, a dupla que o fez deve passar para o time adversário.<br />

- O jogo dura o tempo que o grupo achar que deve durar.<br />

Relato da aula: nessa aula houve muita euforia por parte dos alunos por saberem<br />

que seria futsal, mas após descobrirem que seria uma atividade parecida com futsal<br />

eles adoraram e participaram com muita dedicação.<br />

6. Salve-se com um abraço (pega pega tradicional porém adaptado) – 13/11 –<br />

duração 40 minutos<br />

Material necessário: bexiga de gás e espaço amplo.<br />

Objetivo: todos salvarem todos. Contato físico. Pensar no outro. Prática de atividade<br />

<strong>física</strong>.<br />

- Uma pessoa do grupo deverá ser eleita “pegador”.<br />

- O pegador segura uma bexiga, e sai correndo atrás das outras pessoas. O pega<br />

pega transcorre normalmente, mas se elas se abraçarem não poderão ser pegas.<br />

- Os que estão correndo do “pegador” devem se abraçar primeiramente em duplas e<br />

depois em 3, 4, 5 de acordo com o sinal do focalizador. Ou seja, de tempos em<br />

tempos, o focalizador vai dizer que para se salvar, as pessoas deverão se abraçar<br />

em duplas, e depois de um tempo só poderá ser em trios e assim por diante.<br />

- Para terminar, abrir para compartilhar sensações, ideias, etc.<br />

7. Cadeira humana – 20/11 – duração 40 minutos<br />

Material necessário: cadeiras.<br />

Objetivo: conhecimento grupal e identificação.<br />

- O grupo em roda, sentado.<br />

- O focalizador faz uma pergunta dirigida a todos e cada um. Exemplo: Você mora no<br />

rio? Você é homem? Você gosta de praia? etc.<br />

- Se há resposta positiva, a pessoa passa a cadeira à sua direita. Se na cadeira<br />

houver alguém, senta nos joelhos.<br />

- Quem não tem resposta positiva, ficará no seu lugar.<br />

- O jogo termina quando todos estiverem sentados na mesma cadeira, ou seja, todos<br />

responderam uma vez positivamente.<br />

- Para terminar, abrir para compartilhar sensações, ideias, etc.<br />

32


8. Robô – 22/11 – duração 40 minutos<br />

Material necessário: obstáculos (objetos <strong>como</strong> cadeira, mesa, tênis, bolsa, etc.) no<br />

meio do caminho.<br />

Objetivo: estabelecer confiança, respeitar ritmos diferentes, criatividade,<br />

fundamentos do esporte e responsabilidade grupal.<br />

- Formar trios sendo duas pessoas “robôs” e um “programador”.<br />

- Os robôs só poderão se lo<strong>como</strong>ver através dos códigos combinados com o seu<br />

programador.<br />

OBS.: esses códigos poderão ser de acordo com os objetivos do encontro, mas o<br />

ideal é que sejam utilizados fundamentos esportivos tais <strong>como</strong> drible de basquete,<br />

fazendo toques de voleibol, condução do futebol...<br />

- O programador será responsável por todo o percurso dos robôs.<br />

Desafio: programados fazer os robôs ultrapassarem todos os objetos e chegar em<br />

um local predefinido.<br />

Relato das aulas 6, 7 e 8: o professor animado com o plano de aula e com a melhora<br />

visível no comportamento, dois alunos sem novos atos de indisciplina e<br />

agressividade passa o <strong>conteúdo</strong> com naturalidade e percebe o empenho e a ajuda<br />

coletiva que os <strong>jogos</strong> <strong>cooperativos</strong> trazem para a aula.<br />

9. João bobo – 26/11 – duração 40 minutos<br />

Material necessário: nenhum.<br />

Objetivo: diluir limites, fortalecer a autoestima, superação de limites. Desprendimento<br />

a confiança mútua e o trabalho em equipe.<br />

- Formar trios.<br />

- Um de frente pro outro e um no meio.<br />

- O do meio deve deixar o corpo cair (mesmo) sutilmente na direção dos outros dois.<br />

- Os dois da ponta, devem “empurrá-lo” de volta ao centro.<br />

10. Orquestra humana – 29/11 – duração 40 minutos<br />

Material necessário: nenhum.<br />

Objetivo: sintonia do grupo, criatividade e agilidade.<br />

- Dividir o grupo em pequenos grupos de seis pessoas.<br />

- Um é o maestro e os outros são instrumentos musicais e humanos.<br />

- Todos os “instrumentos” devem levantar as mãos com a palma virada para o chão.<br />

33


- O maestro deve tocar as mãos <strong>como</strong> teclas de piano.<br />

- Cada vez que a mão de um dos “instrumentos” for tocada, este deve emitir um<br />

som.<br />

- O maestro pode se divertir construindo as músicas que quiser.<br />

- Para terminar, abrir para compartilhar sensações, ideais, etc.<br />

OBS.: todos devem viver as duas experiências (maestro e instrumento).<br />

OBS2.: cada mão deve ter um som diferente.<br />

11. Nó humano – 04/12 – duração 40 minutos<br />

Material necessário: nenhum.<br />

Objetivo: trabalhar comunicação, comportamento em situação de tensão, respeito<br />

pelo espaço do outro.<br />

- O focalizador coloca uma música bem alta e pede que todos dancem.<br />

- Quando a música parar todos deverão imediatamente dar as mãos.<br />

- Cada mão deve ser dada para uma pessoa diferente e todos devem estar ligados<br />

entre si.<br />

Desafio: desatar o nó. SEM SOLTAR as mãos.<br />

- Para terminar, abrir para compartilhar sensações, ideias, etc.<br />

OBS.: os participantes não podem dar as mãos à pessoa que estiver ao lado.<br />

12. A fortaleza – 06/12 – duração 40 minutos<br />

Material necessário: nenhum.<br />

Objetivo: trabalhar o sentimento de equipe e o trabalho em grupo.<br />

- Formam-se dois círculos concêntricos de participantes.<br />

- Cada círculo tem idêntico número de participantes.<br />

- No círculo de fora, os integrantes ficam de mãos dadas.<br />

- O jogo implica em que o círculo de dentro ultrapasse o círculo de fora e, para isso,<br />

contará com um minuto (ou tempo definido pelo grupo).<br />

- O círculo de fora, naturalmente, tratará de impedir a saída dos adversários.<br />

- Terminado o minuto, contam-se quantos conseguiram sair.<br />

- Depois invertem-se os papéis.<br />

- Para terminar, o professor convida os alunos para que possam falar sobre as aulas<br />

até aquele momento.<br />

34


13. Voleibol divertido – 11/12 – duração 40 minutos<br />

Material necessário: uma corda elástica ou uma corda feita com tiras de tecido<br />

colorido e uma bola que poderá ser de voleibol ou outra mais leve, dependendo do<br />

grupo.<br />

Objetivo: este jogo permite o exercício da visão sistêmica, do voleibol, da<br />

cooperação e da alegria. O focalizador e um auxiliar, ou mesmo dois auxiliares<br />

seguram uma corda atravessada na quadra e os times se colocam um de cada lado<br />

da corda.<br />

Desafio: jogar voleibol, modificando as regras para que se torne um jogo<br />

cooperativo. Não deixar a bola cair no chão. É um jogo de voleibol, respeitando-se<br />

as regras do jogo, os dois times juntos devem atingir os 25 pontos. Ao mesmo tempo<br />

em que os participantes jogam, o focalizador e o auxiliar devem movimentar-se pela<br />

quadra afim de que a quadra se modifique a cada instante, ou seja, os jogadores<br />

além de se movimentarem pelo jogo, agora precisam estar atentos às mudanças<br />

<strong>física</strong>s que a quadra vai sofrendo à medida que a corda vai sendo movimentada...<br />

Dicas: podem-se modificar as regras do voleibol, colocando-se regras do tipo, todos<br />

têm que tocar na bola, meninos e meninas tem que tocar na bola alternadamente, ou<br />

outras regras que permitam a participação de todos.<br />

Relato da aula: a última aula foi a experiência mais agradável aonde o professor<br />

percebe que os alunos chegam até o ginásio em ordem sem empurrarem ou<br />

machucarem os colegas, já formando um círculo no meio da quadra, aonde esperam<br />

a chegada do professor para começar a aula, essas mudanças foram visíveis nessa<br />

turma aonde deixaram o professor motivado para continuar procurando estratégias<br />

para novas aulas aonde motivem os alunos e o próprio professor.<br />

CADERNO DE JOGOS COOPERATIVOS. Disponível em: .<br />

35


ANEXO C – Questões para o Professor de Educação Física da 4ª Série do<br />

Ensino Fundamental<br />

1. Professor, após a aplicação do plano de aula para a turma, obteve alguma<br />

melhora na questão comportamental dos alunos? Sim, o plano de aula aonde<br />

envolvia os <strong>jogos</strong> <strong>cooperativos</strong> foi importante para colocar os alunos cooperando em<br />

vez de disputando, isso mudou totalmente a característica da turma, que passou a<br />

respeitar mais a minha figura <strong>como</strong> professor e se envolver muito bem nas aulas.<br />

2. Quais as principais melhoras na questão do comportamento após as aulas?<br />

A questão do respeito com os colegas que antes não existia agora está em<br />

evidência, até mesmo o respeito pela minha figura <strong>como</strong> educador. Ninguém mais<br />

ofende nas aulas, todos trabalham em conjunto, acabaram as brigas, os<br />

xingamentos e também os pedidos toda hora para jogar futsal.<br />

3. O professor continuará aplicando novas propostas de ensino, e continuará<br />

aplicando os <strong>jogos</strong> <strong>cooperativos</strong> <strong>como</strong> trato pedagógico? Sim, vou continuar<br />

aplicando porque começamos um processo didático pedagógico e não podemos<br />

parar pelo caminho, continuarei trazendo novidades e inovações para as aulas, com<br />

muita motivação para continuar transformando essas crianças e tentando buscar<br />

sempre o melhor de cada um.<br />

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ANEXO D – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido<br />

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido<br />

Prezado(a) Senhor(a):<br />

Estou desenvolvendo uma pesquisa denominada “EDUCAÇÃO FÍSICA<br />

ESCOLAR: UMA COMPREENSÃO DA DIMENSÃO COMPORTAMENTAL COM<br />

ALUNOS DA 4ª SÉRIE DE ENSINO FUNDAMENTAL”. Este trabalho é parte dos<br />

estudos da disciplina de Metodologia da Pesquisa da Universidade Regional do<br />

Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ. A pesquisa visa entender os<br />

principais motivos da agressividade dos alunos da 4ª série do Ensino Fundamental,<br />

analisar <strong>como</strong> a escola, a direção e os professores se comportam frente esses<br />

alunos agressivos e também buscar soluções pedagógicas nas aulas de Educação<br />

Física para tentar amenizar esse comportamento agressivo.<br />

Contudo, estudos que abordam o comportamento e suas relações com o<br />

ambiente <strong>escolar</strong>, no contexto de suas atuações pedagógicas, ainda são pouco<br />

explorados, necessitando de mais investigações. Sendo assim, estou convidando<br />

você para participar deste trabalho, sendo realizado através de observações diretas<br />

e entrevistas abertas. O seu anonimato está assegurado e suas informações e<br />

relatos serão tratados com sigilo absoluto, podendo você ter acesso a elas e realizar<br />

qualquer modificação no seu <strong>conteúdo</strong>, se julgar necessário. Você tem liberdade<br />

para recusar participar da pesquisa ou afastar-se dela, em qualquer fase, sem que<br />

isso implique em danos pessoais. Está garantido que você não terá nenhum tipo de<br />

despesa material ou financeira durante o desenvolvimento da pesquisa, <strong>como</strong><br />

também, nenhum constrangimento moral decorrente dela.<br />

Como pesquisador, assumo toda e qualquer responsabilidade no decorrer<br />

da pesquisa e garanto-lhe que suas informações somente serão utilizadas para o<br />

estudo acima mencionado. Se houver dúvidas quanto a sua participação, poderá<br />

pedir esclarecimento.<br />

Eu, ______________________________________________________, RG<br />

_______________ ciente das informações recebidas concordo em participar da<br />

pesquisa, concedendo o espaço da Escola Municipal Machado de Assis do<br />

município de Vista Alegre – RS, para observação e entrevistas o pesquisador Afrânio<br />

Piaia Candaten, autorizando a utilizar as informações, sem restrições de prazos ou<br />

citações, a partir da presente data, desde que seja garantido o sigilo e anonimato.<br />

___________________________________<br />

Nome do entrevistador<br />

___________________________________<br />

Assinatura do entrevistador<br />

Vista Alegre – RS, _____ de ______________ de _______.<br />

37


ANEXO E – Fotos<br />

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