Orientações para a organização do ciclo inicial de alfabetização ...

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01.08.2013 Views

Uma outra vertente que busca superar polarizações anteriores estaria representada pelo ideário construtivista, mais fortemente discutido e incorporado, em nosso contexto, nas últimas duas décadas. Foram anteriormente analisadas, nesta coleção, dimensões positivas e problemas associados à sua apropriação nas práticas de alfabetização, que não serão aqui retomadas, para evitar redundâncias. Veja comentários sobre o Construtivismo no caderno 1 e na Apresentação do caderno 2. Devem ser reconhecidas as contribuições do Construtivismo ao alargamento das concepções de aprendizagem e ensino da alfabetização, ampliada pelo enfoque do letramento. Por outro lado, as dimensões que representam impropriedades, lacunas ou distorções precisam ser depuradas, para que não nos fixemos em novas polarizações. O que interessa refutar, do ponto de vista da abordagem desta seção, é uma certa inferência tão equivocada quanto dominante, na prática da alfabetização: o método estaria identificado com uma postura tradicional de ensino, enquanto uma concepção inovadora ou de vanguarda deveria se identificar com uma teorização ou uma base puramente conceitual para o ensino da língua escrita. Em função da defesa do equilíbrio enfatizado ao longo desta coleção, a reflexão deve revalorizar, portanto, os princípios metodológicos que o professor-alfabetizador não pode ignorar. 3.2. Princípios metodológicos permanentes e sua presença nas práticas "atuais" Tanto o princípio de decodificação, como o princípio da compreensão ou do reconhecimento global são duas faces da mesma moeda. Muitos professores que optam por um método dito "tradicional" precisam saber os aspectos deficitários da abordagem selecionada, para buscar complementá-lo. Por outro lado, os professores que assumem práticas consideradas "alternativas" podem negar a importância da permanência desses princípios, por desconhecerem a sua importância. No entanto, eles estão presentes em suas práticas atuais e nas atividades que realizam. Se fizermos uma análise das práticas de professores inovadores de sucesso, perceberemos uma série de procedimentos metodológicos que se repetem e que configuram um "saber fazer" considerável. Constata-se, a partir de relatos e observações de práticas desses professores, uma valorização das hipóteses e conhecimentos prévios dos alunos. Percebe-se, ainda, uma ênfase nos contextos de produção da escrita e em estratégias ou procedimentos que contribuam para a construção de sentidos do texto pelo aluno (a partir de uma das palavras mais significativas para o aluno, como o próprio nome). Mas também se As fontes desses relatos são contextualizadas no caderno 1 e nelas se

observa a progressão do trabalho em direção a unidades menores, em torno de palavras, sílabas e fonemas. incluem as contribuições do grupo de professoras da rede que discutiram suas práticas com a equipe do CEALE. Nesse caso, identificam-se procedimentos do método global, que supõe, em primeiro lugar, uma aproximação com a totalidade (seja representada por textos, frases ou palavras), para depois se proceder à análise de unidades menores. É comum se identificar, hoje, o trabalho que incentiva a memorização de parlendas, músicas, poemas e a proposição de desafios que supõem o reconhecimento de lacunas (palavras que faltam no texto), o reordenamento de frases do mesmo texto que são recortadas e embaralhadas. Em última instância, são propostas análises, embora ainda limitadas, das relações entre a oralidade e a escrita e entre fonemas e grafemas. Algumas dessas práticas, então, poderiam ser entendidas como aplicações dos princípios analíticos, próprios do método global. Para desconstruir essa classificação, pode-se descrever um movimento inverso, nas práticas atuais de sucesso, que aplicam, simultaneamente, alguns princípios dos métodos sintéticos de alfabetização, privilegiando o trabalho com unidades menores (letras, fonemas e sílabas) na organização do trabalho. Parte-se do alfabeto como unidade significativa (porque seu conhecimento se presta a um aprendizado da escrita), busca-se o reconhecimento de sílabas iniciais e finais (como rimas e outros recursos que favorecem a consciência fonológica). Não se deixa de valorizar, contudo, a contextualização da escrita, a perspectiva de uso da língua. Nesses processos, aqui descritos como bem sucedidos, infere-se que as estratégias metodológicas clássicas estão presentes, no momento certo, para os alunos certos, na ordem estabelecida pela necessidade pedagógica e que são mais bem aproveitadas por quem já tem conhecimento de métodos e possui a memória do sucesso desses procedimentos. Essa é uma reconstrução necessária no coletivo da escola, para que se garanta o desejável equilíbrio metodológico - algo que não deve ser confundido com o esvaziamento procedimental ou com a mera recusa ao método. 3.3. Os critérios mais relevantes para as tomadas de decisão relativas a métodos de alfabetização Em função da discussão anterior, este tópico final retornará à ênfase inicial desta seção. Afinal, já que a discussão sobre métodos de alfabetização ocupou lugar secundário ou irrisório nas últimas décadas, onde e como se poderia voltar a inseri-los na agenda reflexiva da

Uma outra vertente que busca superar polarizações anteriores estaria representada pelo<br />

i<strong>de</strong>ário construtivista, mais fortemente discuti<strong>do</strong> e incorpora<strong>do</strong>, em nosso contexto, nas últimas<br />

duas décadas. Foram anteriormente analisadas, nesta coleção, dimensões positivas e<br />

problemas associa<strong>do</strong>s à sua apropriação nas práticas <strong>de</strong> <strong>alfabetização</strong>, que não serão aqui<br />

retomadas, <strong>para</strong> evitar redundâncias.<br />

Veja comentários sobre<br />

o Construtivismo no<br />

ca<strong>de</strong>rno 1 e na<br />

Apresentação <strong>do</strong><br />

ca<strong>de</strong>rno 2.<br />

Devem ser reconhecidas as contribuições <strong>do</strong> Construtivismo ao alargamento das concepções <strong>de</strong> aprendizagem e ensino da <strong>alfabetização</strong>,<br />

ampliada pelo enfoque <strong>do</strong> letramento. Por outro la<strong>do</strong>, as dimensões que representam improprieda<strong>de</strong>s, lacunas ou distorções precisam ser<br />

<strong>de</strong>puradas, <strong>para</strong> que não nos fixemos em novas polarizações. O que interessa refutar, <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista da abordagem <strong>de</strong>sta seção, é uma<br />

certa inferência tão equivocada quanto <strong>do</strong>minante, na prática da <strong>alfabetização</strong>: o méto<strong>do</strong> estaria i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> com uma postura tradicional <strong>de</strong><br />

ensino, enquanto uma concepção inova<strong>do</strong>ra ou <strong>de</strong> vanguarda <strong>de</strong>veria se i<strong>de</strong>ntificar com uma teorização ou uma base puramente conceitual<br />

<strong>para</strong> o ensino da língua escrita. Em função da <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong> equilíbrio enfatiza<strong>do</strong> ao longo <strong>de</strong>sta coleção, a reflexão <strong>de</strong>ve revalorizar, portanto, os<br />

princípios meto<strong>do</strong>lógicos que o professor-alfabetiza<strong>do</strong>r não po<strong>de</strong> ignorar.<br />

3.2. Princípios meto<strong>do</strong>lógicos permanentes e sua presença nas práticas "atuais"<br />

Tanto o princípio <strong>de</strong> <strong>de</strong>codificação, como o princípio da compreensão ou <strong>do</strong> reconhecimento global são duas faces da mesma moeda. Muitos<br />

professores que optam por um méto<strong>do</strong> dito "tradicional" precisam saber os aspectos <strong>de</strong>ficitários da abordagem selecionada, <strong>para</strong> buscar<br />

complementá-lo. Por outro la<strong>do</strong>, os professores que assumem práticas consi<strong>de</strong>radas "alternativas" po<strong>de</strong>m negar a importância da<br />

permanência <strong>de</strong>sses princípios, por <strong>de</strong>sconhecerem a sua importância. No entanto, eles estão presentes em suas práticas atuais e nas<br />

ativida<strong>de</strong>s que realizam.<br />

Se fizermos uma análise das práticas <strong>de</strong> professores inova<strong>do</strong>res <strong>de</strong> sucesso, perceberemos uma série <strong>de</strong> procedimentos meto<strong>do</strong>lógicos que<br />

se repetem e que configuram um "saber fazer" consi<strong>de</strong>rável. Constata-se, a partir <strong>de</strong> relatos e observações <strong>de</strong> práticas <strong>de</strong>sses professores,<br />

uma valorização das hipóteses e conhecimentos prévios <strong>do</strong>s alunos.<br />

Percebe-se, ainda, uma ênfase nos contextos <strong>de</strong> produção da escrita e em estratégias ou<br />

procedimentos que contribuam <strong>para</strong> a construção <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s <strong>do</strong> texto pelo aluno (a partir <strong>de</strong><br />

uma das palavras mais significativas <strong>para</strong> o aluno, como o próprio nome). Mas também se<br />

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