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Orientações para a organização do ciclo inicial de alfabetização ...

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<strong>Orientações</strong> <strong>para</strong> a <strong>organização</strong> <strong>do</strong> <strong>ciclo</strong> <strong>inicial</strong> <strong>de</strong> <strong>alfabetização</strong><br />

Ca<strong>de</strong>rno 3: Pre<strong>para</strong>n<strong>do</strong> a escola e a sala <strong>de</strong> aula


3. O LUGAR DA DISCUSSÃO METODOLÓGICA NO CONJUNTO DE DECISÕES RELACIONADAS À ALFABETIZAÇÃO<br />

Nas últimas décadas, a discussão sobre aspectos meto<strong>do</strong>lógicos da <strong>alfabetização</strong> ce<strong>de</strong>u lugar à discussão <strong>do</strong>s conceitos <strong>de</strong> <strong>alfabetização</strong> e<br />

letramento, com ênfase no processo <strong>de</strong> construção <strong>do</strong> conhecimento pela criança. Os <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramentos <strong>de</strong>ssa mudança <strong>de</strong> pólo exigiram a<br />

ampliação da discussão da didática da <strong>alfabetização</strong>, redimensionada em novas bases teóricas.<br />

As <strong>de</strong>cisões meto<strong>do</strong>lógicas pertinentes à <strong>alfabetização</strong> incluem tomadas <strong>de</strong> posição que vão<br />

além da escolha <strong>de</strong> méto<strong>do</strong>s, envolven<strong>do</strong> um conjunto <strong>de</strong> procedimentos: a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong><br />

capacida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s alunos a serem atingidas, a <strong>organização</strong> da sala <strong>de</strong> aula e <strong>de</strong> um ambiente<br />

<strong>de</strong> letramento, a escolha <strong>de</strong> materiais, <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s pedagógicas e <strong>de</strong> formas <strong>de</strong> avaliar.<br />

Os procedimentos que<br />

precisam ser<br />

consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s nas <strong>de</strong>cisões<br />

meto<strong>do</strong>lógicas são<br />

focaliza<strong>do</strong>s nos ca<strong>de</strong>rnos<br />

2, 3 e 4.<br />

To<strong>do</strong>s os encaminhamentos, nesse campo, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>de</strong> um contexto <strong>de</strong> construção coletiva <strong>do</strong> projeto <strong>de</strong> <strong>alfabetização</strong> <strong>para</strong> a escola e da<br />

política mais ampla <strong>de</strong> <strong>organização</strong> <strong>do</strong> ensino em uma proposta <strong>de</strong> <strong>ciclo</strong>s. Decisões meto<strong>do</strong>lógicas <strong>de</strong>vem ser objeto <strong>de</strong> discussão<br />

permanente <strong>de</strong> professores e têm tanta importância quanto as discussões conceituais.<br />

A referência explícita à escolha <strong>de</strong> méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>alfabetização</strong> não<br />

<strong>de</strong>ve ser interpretada como retrocesso no tempo ou como a<strong>de</strong>são a<br />

práticas anteriores que <strong>de</strong>slocavam <strong>para</strong> a escolha <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o<br />

peso <strong>do</strong> trabalho pedagógico <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> com as crianças. O que se<br />

preten<strong>de</strong> é dar visibilida<strong>de</strong> a <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s princípios organiza<strong>do</strong>res<br />

<strong>de</strong>sse trabalho, capazes <strong>de</strong> conduzir o processo <strong>de</strong><br />

<strong>alfabetização</strong>emuma das suas facetas: a <strong>do</strong> méto<strong>do</strong><br />

Méto<strong>do</strong>, <strong>do</strong> grego<br />

métho<strong>do</strong>s: caminho (o<strong>de</strong>)<br />

<strong>para</strong> se chegar a um fim<br />

(meta).


Três questões centrais orientarão a reflexão sobre o tema <strong>de</strong>sta<br />

seção:<br />

• Quais são os princípios presentes nas concepções sobre méto<strong>do</strong>s<br />

<strong>de</strong> <strong>alfabetização</strong> e o que representam na prática pedagógica?<br />

• Quais são os princípios meto<strong>do</strong>lógicos valoriza<strong>do</strong>s como<br />

permanentes e que, portanto, persistem nas práticas atuais?<br />

• Quais são os critérios mais relevantes <strong>para</strong> as tomadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão<br />

relativas a méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>alfabetização</strong>?<br />

3.1. Os princípios subjacentes aos méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>alfabetização</strong> e seu significa<strong>do</strong> na prática pedagógica<br />

Essas vertentes<br />

meto<strong>do</strong>lógicas são também<br />

discutidas no ca<strong>de</strong>rno 1 e<br />

na seção <strong>de</strong> apresentação <strong>do</strong><br />

ca<strong>de</strong>rno 2.<br />

Os méto<strong>do</strong>s volta<strong>do</strong>s <strong>para</strong> a sistematização da prática alfabetiza<strong>do</strong>ra, em nossa tradição pedagógica, têm si<strong>do</strong> organiza<strong>do</strong>s em torno <strong>de</strong> duas<br />

vertentes: os méto<strong>do</strong>s sintéticos e os méto<strong>do</strong>s analíticos.<br />

a) Méto<strong>do</strong>s sintéticos<br />

Os méto<strong>do</strong>s sintéticos partem <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s menores <strong>do</strong> que as palavras, tais como a letra (méto<strong>do</strong> <strong>de</strong> soletração), o fonema (méto<strong>do</strong> fônico) e<br />

as sílabas (méto<strong>do</strong> silábico ). A lógica que organiza cada um <strong>de</strong>stes méto<strong>do</strong>s sintéticos é parecida: ensina-se a ler e a escrever a partir da<br />

apresentação <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s menores, em uma progressão que preten<strong>de</strong> ir <strong>do</strong> mais simples <strong>para</strong> o mais complexo, numa seqüência fixa<br />

estabelecida pelo professor ou pelo livro didático, privilegian<strong>do</strong> o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>codificação.<br />

Estes méto<strong>do</strong>s, em seu conjunto, abordam uma dimensão importante e necessária <strong>para</strong> o<br />

aprendiza<strong>do</strong> da escrita: a análise das relações entre fonemas ("sons" ou unida<strong>de</strong>s<br />

sonoras) e grafemas ("letras" ou grupos <strong>de</strong> letras).<br />

As relações entre fonemas e<br />

grafemas são analisadas <strong>do</strong><br />

ponto <strong>de</strong> vista conceitual e<br />

procedimental na segunda<br />

seção <strong>do</strong> Ca<strong>de</strong>rno 2.<br />

De fato, dificilmente alguém apren<strong>de</strong>rá a ler ou escrever sem que opere com os fonemas e o mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> representá-lo graficamente. É<br />

importante, como já se enfatizou em várias seções <strong>de</strong>sta coleção, que a criança focalize a pauta sonora da língua, observan<strong>do</strong> segmentos


como sílabas, começos ou finais <strong>de</strong> palavras, rimas e outras unida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> sistema fonológico. Somente assim estabelecerá relações entre a<br />

escrita e a ca<strong>de</strong>ia sonora das palavras, apreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> regras <strong>de</strong> correspondência entre grafemas e fonemas.<br />

Em outros termos, a consciência fonológica e os processos <strong>de</strong><br />

codificação e <strong>de</strong>codificação são requisitos essenciais à <strong>alfabetização</strong>.<br />

Para a criança que se inicia nesse processo, o uso da <strong>de</strong>codificação é<br />

mais pertinente e necessário <strong>do</strong> que <strong>para</strong> um leitor avança<strong>do</strong> ou<br />

fluente que, gradualmente, po<strong>de</strong>rá "aban<strong>do</strong>nar" parte da<br />

<strong>de</strong>codificação na leitura.<br />

Reconhecida essa importante dimensão que é valorizada pelos<br />

méto<strong>do</strong>s sintéticos, algumas questões problemáticas <strong>de</strong>vem ser<br />

apontadas. A primeira <strong>de</strong>las é que, apesar <strong>de</strong> focalizarem a pauta<br />

sonora, <strong>de</strong>ten<strong>do</strong>-se nas menores unida<strong>de</strong>s da língua, esses méto<strong>do</strong>s<br />

não resolvem a complicada relação entre a fala e a escrita. Sabe-se<br />

que, em alguns casos, há uma relação direta entre essas duas<br />

modalida<strong>de</strong>s da língua. Em vários outros, porém, a escrita não<br />

representa os sons da fala. Assim, em algum momento, o aprendiz<br />

tem que se <strong>de</strong>svincular da fala <strong>para</strong> codificar (escrever) e <strong>de</strong>codificar<br />

(ler) palavras, frases e textos.<br />

As capacida<strong>de</strong>s<br />

progressivas no campo da<br />

leitura são <strong>de</strong>scritas na<br />

seção 3 <strong>do</strong> ca<strong>de</strong>rno 2.<br />

A discussão das relações<br />

(diferenças e semelhanças)<br />

entre língua oral e língua<br />

escrita é feita nas seções 4 e 5 <strong>do</strong> ca<strong>de</strong>rno 2.<br />

Um segun<strong>do</strong> problema que se po<strong>de</strong> apontar é que essas abordagens meto<strong>do</strong>lógicas <strong>de</strong>scontextualizam a escrita, <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> seus usos<br />

e funções sociais. Para o adulto, a escrita po<strong>de</strong> parecer simples, se for pensada <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista das relações fonema/grafema.<br />

Para uma criança, aprendiz iniciante <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> escrita, po<strong>de</strong> ser uma gran<strong>de</strong> abstração<br />

<strong>de</strong>ter-se em fonemas e ca<strong>de</strong>ias sonoras apenas aparentemente fáceis, como ai, oi, au, ua. Da<br />

mesma forma, se os livros ou professores se concentram somente em sílabas, palavras, frases<br />

ou textos <strong>para</strong> o mero treinamento <strong>de</strong> letras, fonemas ou sílabas já estudadas ou conhecidas,<br />

O caso <strong>de</strong> Débora po<strong>de</strong> ser<br />

relembra<strong>do</strong> nesta seção,<br />

pois continua sen<strong>do</strong> um<br />

bom exemplo <strong>do</strong>s efeitos


os textos per<strong>de</strong>m sua unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> senti<strong>do</strong> e a escrita se esvazia <strong>de</strong> suas funções comunicativas.<br />

b) Méto<strong>do</strong>s analíticos<br />

<strong>de</strong>ssa postura meto<strong>do</strong>lógica<br />

parcial.<br />

O conjunto <strong>de</strong> méto<strong>do</strong>s analíticos conheci<strong>do</strong>s como palavração, sentenciação ou palavração, sentenciação representa uma inversão na<br />

concepção <strong>de</strong> ensino da leitura e da escrita, em relação à abordagem anterior. Os méto<strong>do</strong>s analíticos são assim chama<strong>do</strong>s porque elegem,<br />

como ponto <strong>de</strong> partida, um ou uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> senti<strong>do</strong> mais ampla e significativa, que po<strong>de</strong> aparecer na forma <strong>de</strong> palavra, frase ou texto.<br />

Essas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> senti<strong>do</strong> são progressivamente <strong>de</strong>compostas em unida<strong>de</strong>s menores, até o trabalho em torno <strong>de</strong> sílabas, grafemas e<br />

fonemas.<br />

A dimensão mais <strong>de</strong>stacada nessa abordagem é, portanto, a ênfase na compreensão e no<br />

senti<strong>do</strong>, valorizan<strong>do</strong>-se a natureza i<strong>de</strong>ovisual <strong>do</strong> aprendiza<strong>do</strong> da escrita e da leitura: é o que<br />

ocorre quan<strong>do</strong> uma criança que ainda não <strong>de</strong>senvolveu capacida<strong>de</strong>s mais elaboradas <strong>de</strong> leitura,<br />

consegue i<strong>de</strong>ntificar a silhueta <strong>do</strong> próprio nome, <strong>de</strong> uma logomarca familiar (já associada a um<br />

refrigerante ou a um brinque<strong>do</strong>, por exemplo), ou <strong>de</strong> um texto inseri<strong>do</strong> em um porta<strong>do</strong>r bem<br />

<strong>de</strong>limita<strong>do</strong>, exposto com regularida<strong>de</strong>, como nomes <strong>de</strong> jornais ou revistas.<br />

A abordagem i<strong>de</strong>ovisual<br />

indica que uma idéia é<br />

representada a partir <strong>de</strong><br />

uma percepção ou<br />

visualização global, ou<br />

seja, pela silhueta da<br />

palavra ou da frase.<br />

As vantagens <strong>de</strong>sses méto<strong>do</strong>s é que trabalham com uma habilida<strong>de</strong> muito importante na leitura: o reconhecimento global e mais rápi<strong>do</strong> das<br />

palavras. Leitores adultos ou fluentes que têm um repertório i<strong>de</strong>ovisual muito amplo, não necessitam <strong>de</strong>codificar tu<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> já conhecem as<br />

palavras que lêem. Uma das vantagens <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s analíticos é exatamente o estímulo <strong>para</strong> que as crianças possam ler unida<strong>de</strong>s com<br />

senti<strong>do</strong> mesmo que apenas pelo reconhecimento global <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início <strong>de</strong> sua escolarização.<br />

Um problema <strong>de</strong>sses méto<strong>do</strong>s é que essas estratégias são muito<br />

boas <strong>para</strong> textos conheci<strong>do</strong>s, mas po<strong>de</strong>m não ser suficientes quan<strong>do</strong><br />

Essa forma <strong>de</strong><br />

aprendizagem foi


aparecem palavras completamente novas. Um outro risco é que as<br />

crianças aprendam apenas "<strong>de</strong> cor", por processos <strong>de</strong> memorização<br />

elementares e que, sem orientação <strong>para</strong> a <strong>de</strong>codificação, não<br />

observem que as palavras são compostas <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s menores<br />

como a sílaba, a letra ou sufixos. Assim, quan<strong>do</strong> as propostas <strong>do</strong><br />

professor ou <strong>do</strong> livro didático se valem apenas <strong>de</strong> textos artificiais,<br />

curtos e repetitivos, ten<strong>do</strong> como objetivo apenas a fixação e a<br />

memorização, discriminações importantes e capacida<strong>de</strong>s mais<br />

elaboradas ficam prejudicadas.<br />

Ressalva<strong>do</strong>s esses problemas, uma necessária síntese ou equilíbrio<br />

<strong>de</strong> princípios <strong>de</strong>ve ser registrada. Por um la<strong>do</strong>, o reconhecimento<br />

global leva a uma maior compreensão <strong>do</strong> senti<strong>do</strong> e a uma rapi<strong>de</strong>z e<br />

fluência <strong>de</strong> leitura e na produção da escrita. Por outro la<strong>do</strong>, também a<br />

<strong>de</strong>codificação leva à compreensão <strong>do</strong> princípio <strong>de</strong> síntese ou<br />

equilíbrio <strong>de</strong> princípios <strong>organização</strong> <strong>do</strong> sistema ortográfico da escrita<br />

e confere ao aluno a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ler e escrever qualquer palavra<br />

nova, a partir <strong>do</strong> reconhecimento <strong>de</strong> relações convencionais e<br />

arbitrárias entre fonemas e grafemas.<br />

c) Escolhen<strong>do</strong> méto<strong>do</strong>s: misturar, negar ou integrar princípios meto<strong>do</strong>lógicos?<br />

exemplificada no caso da<br />

aluna Débora, sen<strong>do</strong> mais<br />

um efeito <strong>de</strong> abordagens<br />

meto<strong>do</strong>lógicas consi<strong>de</strong>radas<br />

apenas parcialmente.<br />

As escolhas meto<strong>do</strong>lógicas<br />

<strong>para</strong> a <strong>alfabetização</strong><br />

precisam levar em conta<br />

processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>codificação<br />

e codificação, sem abrir<br />

mão da produção <strong>de</strong><br />

senti<strong>do</strong>s pelos alunos.<br />

Historicamente, os méto<strong>do</strong>s mistos tentam resolver os problemas resultantes da polarização <strong>de</strong> princípios anteriormente focalizada, buscan<strong>do</strong><br />

englobar as dimensões já valorizadas na aprendizagem da escrita e da leitura e tentan<strong>do</strong> estabelecer maior controle sobre as habilida<strong>de</strong>s<br />

pretendidas (consciência fonológica ou reconhecimento global, por exemplo). Embora a intenção possa ser bem justificada, muitas <strong>de</strong>ssas<br />

propostas, quase sempre anunciadas como "ecléticas", po<strong>de</strong>m, contu<strong>do</strong>, gerar contradições e comprometer a prática consistente <strong>do</strong> professor.<br />

Isso ocorre em algumas formulações <strong>de</strong> livros didáticos por exemplo, que anunciam<br />

pressupostos avança<strong>do</strong>s <strong>de</strong> conciliação <strong>do</strong>s referi<strong>do</strong>s princípios, mas não conseguem<br />

A análise <strong>de</strong> critérios <strong>de</strong><br />

consistência relaciona<strong>do</strong>s


operacionalizar uma proposta didática coerente com essa integração, fixan<strong>do</strong>-se em apenas um<br />

<strong>do</strong>s pólos, nas ativida<strong>de</strong>s sugeridas a alunos e professores, ou apenas misturan<strong>do</strong> exercícios<br />

pertinentes às duas orientações meto<strong>do</strong>lógicas.<br />

a escolhas <strong>de</strong> livros<br />

didáticos será objeto da<br />

próxima seção <strong>de</strong>ste<br />

ca<strong>de</strong>rno.<br />

Uma reflexão necessária, portanto, <strong>de</strong>ve se centrar na avaliação da consistência da proposta meto<strong>do</strong>lógica, que não po<strong>de</strong>ria se limitar a uma<br />

soma ou justaposição <strong>de</strong> princípios, sem clareza sobre suas implicações didáticas.<br />

No contexto <strong>de</strong>ssas contradições, acentuou-se, nos últimos anos, a crítica a diversos componentes<br />

<strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>alfabetização</strong>, por vezes radicalizada em uma ampla rejeição aos méto<strong>do</strong>s, sob<br />

alegação <strong>de</strong> que eles:<br />

Essa tendência é<br />

problematizada no<br />

ca<strong>de</strong>rno 1. Ver também<br />

SOARES, 2002.<br />

• Estariam <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> as formas <strong>de</strong> raciocínio <strong>do</strong> aprendiz, não valorizan<strong>do</strong> suas tentativas espontâneas <strong>de</strong> representar relações entre<br />

fonemas e grafemas ou <strong>de</strong> chegar, por outras vias, a elaborações conceituais sobre a palavra, a frase ou o texto;<br />

• Estariam, como conseqüência da razão anterior, prescreven<strong>do</strong> e controlan<strong>do</strong> o processo <strong>de</strong> aprendizagem <strong>do</strong>s alunos, não permitin<strong>do</strong> a<br />

progressão e a autonomia no uso <strong>de</strong> suas capacida<strong>de</strong>s;<br />

• Impediriam a autonomia <strong>do</strong> próprio professor, protagonista principal nas <strong>de</strong>cisões sobre a condução <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> <strong>alfabetização</strong>;<br />

• Estariam restringin<strong>do</strong> o estu<strong>do</strong> <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> escrita à fixação, ora em uma unida<strong>de</strong> da língua, ora em uma seqüência repetitiva, ora em um<br />

padrão textual artificial;<br />

• Apresentariam a língua escrita ao aprendiz iniciante <strong>de</strong> forma controlada, não abordan<strong>do</strong> contextos e usos sociais que escapem ao padrão<br />

ou mo<strong>de</strong>lo previsto.<br />

Uma das perspectivas críticas mais contun<strong>de</strong>ntes po<strong>de</strong> ser situada na oposição entre os méto<strong>do</strong>s consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s tradicionais e os méto<strong>do</strong>s<br />

naturais ou <strong>de</strong> imersão na língua. Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a vertente "tradicional" excessivamente diretiva, os méto<strong>do</strong>s naturais <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>riam uma<br />

perspectiva mais espontânea, ou não diretiva, no ensino-aprendizagem da escrita e da leitura, valorizan<strong>do</strong> a busca <strong>de</strong> significa<strong>do</strong>s, em<br />

situações em que haja necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escrever ou ler, regida pelas circunstâncias <strong>do</strong> trabalho e pelos interesses <strong>do</strong>s alunos, com pouca<br />

intervenção <strong>do</strong> professor. Apesar <strong>de</strong>ssa valorização da ativida<strong>de</strong> da criança, a ausência <strong>de</strong> sistematização no ensino oferece riscos <strong>de</strong> um<br />

"espontaneísmo" excessivo, que certamente compromete a aquisição <strong>de</strong> um sistema complexo como o da escrita.


Uma outra vertente que busca superar polarizações anteriores estaria representada pelo<br />

i<strong>de</strong>ário construtivista, mais fortemente discuti<strong>do</strong> e incorpora<strong>do</strong>, em nosso contexto, nas últimas<br />

duas décadas. Foram anteriormente analisadas, nesta coleção, dimensões positivas e<br />

problemas associa<strong>do</strong>s à sua apropriação nas práticas <strong>de</strong> <strong>alfabetização</strong>, que não serão aqui<br />

retomadas, <strong>para</strong> evitar redundâncias.<br />

Veja comentários sobre<br />

o Construtivismo no<br />

ca<strong>de</strong>rno 1 e na<br />

Apresentação <strong>do</strong><br />

ca<strong>de</strong>rno 2.<br />

Devem ser reconhecidas as contribuições <strong>do</strong> Construtivismo ao alargamento das concepções <strong>de</strong> aprendizagem e ensino da <strong>alfabetização</strong>,<br />

ampliada pelo enfoque <strong>do</strong> letramento. Por outro la<strong>do</strong>, as dimensões que representam improprieda<strong>de</strong>s, lacunas ou distorções precisam ser<br />

<strong>de</strong>puradas, <strong>para</strong> que não nos fixemos em novas polarizações. O que interessa refutar, <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista da abordagem <strong>de</strong>sta seção, é uma<br />

certa inferência tão equivocada quanto <strong>do</strong>minante, na prática da <strong>alfabetização</strong>: o méto<strong>do</strong> estaria i<strong>de</strong>ntifica<strong>do</strong> com uma postura tradicional <strong>de</strong><br />

ensino, enquanto uma concepção inova<strong>do</strong>ra ou <strong>de</strong> vanguarda <strong>de</strong>veria se i<strong>de</strong>ntificar com uma teorização ou uma base puramente conceitual<br />

<strong>para</strong> o ensino da língua escrita. Em função da <strong>de</strong>fesa <strong>do</strong> equilíbrio enfatiza<strong>do</strong> ao longo <strong>de</strong>sta coleção, a reflexão <strong>de</strong>ve revalorizar, portanto, os<br />

princípios meto<strong>do</strong>lógicos que o professor-alfabetiza<strong>do</strong>r não po<strong>de</strong> ignorar.<br />

3.2. Princípios meto<strong>do</strong>lógicos permanentes e sua presença nas práticas "atuais"<br />

Tanto o princípio <strong>de</strong> <strong>de</strong>codificação, como o princípio da compreensão ou <strong>do</strong> reconhecimento global são duas faces da mesma moeda. Muitos<br />

professores que optam por um méto<strong>do</strong> dito "tradicional" precisam saber os aspectos <strong>de</strong>ficitários da abordagem selecionada, <strong>para</strong> buscar<br />

complementá-lo. Por outro la<strong>do</strong>, os professores que assumem práticas consi<strong>de</strong>radas "alternativas" po<strong>de</strong>m negar a importância da<br />

permanência <strong>de</strong>sses princípios, por <strong>de</strong>sconhecerem a sua importância. No entanto, eles estão presentes em suas práticas atuais e nas<br />

ativida<strong>de</strong>s que realizam.<br />

Se fizermos uma análise das práticas <strong>de</strong> professores inova<strong>do</strong>res <strong>de</strong> sucesso, perceberemos uma série <strong>de</strong> procedimentos meto<strong>do</strong>lógicos que<br />

se repetem e que configuram um "saber fazer" consi<strong>de</strong>rável. Constata-se, a partir <strong>de</strong> relatos e observações <strong>de</strong> práticas <strong>de</strong>sses professores,<br />

uma valorização das hipóteses e conhecimentos prévios <strong>do</strong>s alunos.<br />

Percebe-se, ainda, uma ênfase nos contextos <strong>de</strong> produção da escrita e em estratégias ou<br />

procedimentos que contribuam <strong>para</strong> a construção <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s <strong>do</strong> texto pelo aluno (a partir <strong>de</strong><br />

uma das palavras mais significativas <strong>para</strong> o aluno, como o próprio nome). Mas também se<br />

As fontes <strong>de</strong>sses relatos<br />

são contextualizadas no<br />

ca<strong>de</strong>rno 1 e nelas se


observa a progressão <strong>do</strong> trabalho em direção a unida<strong>de</strong>s menores, em torno <strong>de</strong> palavras,<br />

sílabas e fonemas.<br />

incluem as contribuições<br />

<strong>do</strong> grupo <strong>de</strong> professoras da<br />

re<strong>de</strong> que discutiram suas<br />

práticas com a equipe <strong>do</strong><br />

CEALE.<br />

Nesse caso, i<strong>de</strong>ntificam-se procedimentos <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> global, que supõe, em primeiro lugar, uma aproximação com a totalida<strong>de</strong> (seja<br />

representada por textos, frases ou palavras), <strong>para</strong> <strong>de</strong>pois se proce<strong>de</strong>r à análise <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s menores. É comum se i<strong>de</strong>ntificar, hoje, o trabalho<br />

que incentiva a memorização <strong>de</strong> parlendas, músicas, poemas e a proposição <strong>de</strong> <strong>de</strong>safios que supõem o reconhecimento <strong>de</strong> lacunas (palavras<br />

que faltam no texto), o reor<strong>de</strong>namento <strong>de</strong> frases <strong>do</strong> mesmo texto que são recortadas e embaralhadas. Em última instância, são propostas<br />

análises, embora ainda limitadas, das relações entre a oralida<strong>de</strong> e a escrita e entre fonemas e grafemas. Algumas <strong>de</strong>ssas práticas, então,<br />

po<strong>de</strong>riam ser entendidas como aplicações <strong>do</strong>s princípios analíticos, próprios <strong>do</strong> méto<strong>do</strong> global.<br />

Para <strong>de</strong>sconstruir essa classificação, po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>screver um movimento inverso, nas práticas atuais <strong>de</strong> sucesso, que aplicam,<br />

simultaneamente, alguns princípios <strong>do</strong>s méto<strong>do</strong>s sintéticos <strong>de</strong> <strong>alfabetização</strong>, privilegian<strong>do</strong> o trabalho com unida<strong>de</strong>s menores (letras, fonemas<br />

e sílabas) na <strong>organização</strong> <strong>do</strong> trabalho. Parte-se <strong>do</strong> alfabeto como unida<strong>de</strong> significativa (porque seu conhecimento se presta a um aprendiza<strong>do</strong><br />

da escrita), busca-se o reconhecimento <strong>de</strong> sílabas iniciais e finais (como rimas e outros recursos que favorecem a consciência fonológica).<br />

Não se <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> valorizar, contu<strong>do</strong>, a contextualização da escrita, a perspectiva <strong>de</strong> uso da língua.<br />

Nesses processos, aqui <strong>de</strong>scritos como bem sucedi<strong>do</strong>s, infere-se que as estratégias meto<strong>do</strong>lógicas clássicas estão presentes, no momento<br />

certo, <strong>para</strong> os alunos certos, na or<strong>de</strong>m estabelecida pela necessida<strong>de</strong> pedagógica e que são mais bem aproveitadas por quem já tem<br />

conhecimento <strong>de</strong> méto<strong>do</strong>s e possui a memória <strong>do</strong> sucesso <strong>de</strong>sses procedimentos. Essa é uma reconstrução necessária no coletivo da escola,<br />

<strong>para</strong> que se garanta o <strong>de</strong>sejável equilíbrio meto<strong>do</strong>lógico - algo que não <strong>de</strong>ve ser confundi<strong>do</strong> com o esvaziamento procedimental ou com a<br />

mera recusa ao méto<strong>do</strong>.<br />

3.3. Os critérios mais relevantes <strong>para</strong> as tomadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão relativas a méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>alfabetização</strong><br />

Em função da discussão anterior, este tópico final retornará à ênfase <strong>inicial</strong> <strong>de</strong>sta seção. Afinal, já que a discussão sobre méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

<strong>alfabetização</strong> ocupou lugar secundário ou irrisório nas últimas décadas, on<strong>de</strong> e como se po<strong>de</strong>ria voltar a inseri-los na agenda reflexiva da


escola?<br />

Como um primeiro nível <strong>de</strong>sta síntese, consi<strong>de</strong>ra-se que a concepção <strong>de</strong> méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>alfabetização</strong> po<strong>de</strong> referir-se a:<br />

• um méto<strong>do</strong> específico, como o silábico, o fônico, o global, por exemplo, proposto ou elabora<strong>do</strong> por um autor <strong>de</strong> manual <strong>de</strong> professor ou <strong>de</strong><br />

livro didático;<br />

• um conjunto <strong>de</strong> princípios teórico-procedimentais que organizam o trabalho pedagógico em torno da <strong>alfabetização</strong>, nem sempre filia<strong>do</strong> a uma<br />

vertente teórica explícita ou única; um conjunto <strong>de</strong> saberes práticos ou <strong>de</strong> princípios organiza<strong>do</strong>res <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> <strong>alfabetização</strong>, (re)cria<strong>do</strong>s<br />

pelo professor em seu trabalho pedagógico.<br />

Assim, po<strong>de</strong>mos dizer que o que acontece na sala <strong>de</strong> aula é muito mais <strong>do</strong> que imaginamos, porque os professores não se apropriam da<br />

mesma maneira das prescrições existentes em <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> méto<strong>do</strong>. Usam <strong>de</strong> competências, <strong>de</strong> conhecimento e <strong>de</strong> intuição, advin<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

suas práticas <strong>de</strong> sucesso. Po<strong>de</strong>ríamos dizer que existem tantos méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>alfabetização</strong> quantos são os professores alfabetiza<strong>do</strong>res.<br />

Um segun<strong>do</strong> nível <strong>de</strong> síntese <strong>de</strong>veria, então, estar relaciona<strong>do</strong> a alguns critérios que po<strong>de</strong>riam orientar as escolhas relativas aos méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />

<strong>alfabetização</strong>. Tais escolhas po<strong>de</strong>riam se fundamentar:<br />

• Na escolha <strong>de</strong> livros e materiais didáticos, consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong>-se seu caráter <strong>de</strong> <strong>organização</strong> e sistematização <strong>do</strong> trabalho pedagógico. Embora a<br />

perspectiva <strong>de</strong>sse processo <strong>de</strong> produção esteja vinculada a uma autoria externa ao contexto concretamente visa<strong>do</strong>, o livro didático tanto<br />

po<strong>de</strong>rá ser assumi<strong>do</strong> como eixo condutor <strong>do</strong> trabalho, como po<strong>de</strong>rá ser um material <strong>de</strong> apoio pontual e instrumental, utiliza<strong>do</strong> em momentos<br />

específicos e diversifica<strong>do</strong>s, seja <strong>para</strong> introduzir conteú<strong>do</strong>s e explorar certas capacida<strong>de</strong>s <strong>do</strong>s alunos, seja <strong>para</strong> sistematizar ativida<strong>de</strong>s e<br />

consolidar aprendizagens.<br />

• Em qualquer uma <strong>de</strong>ssas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uso, é possível que o professor venha a assumir o lugar <strong>de</strong> co-autor <strong>de</strong>ssa apropriação e<br />

sistematização, articulan<strong>do</strong> suas escolhas com os filtros seletivos <strong>de</strong> sua prática. Isso significa, em síntese, uma dimensão meto<strong>do</strong>lógica <strong>de</strong><br />

seu trabalho.<br />

• Na seleção <strong>de</strong> princípios gerais organiza<strong>do</strong>res <strong>do</strong> trabalho pedagógico, sustenta<strong>do</strong>s pela produção teórica e pela pesquisa na área. Incluem-<br />

se, nesse caso, as sistematizações encontradas em textos teóricos e estu<strong>do</strong>s sobre <strong>alfabetização</strong>, leitura e escrita, que po<strong>de</strong>m fundamentar<br />

a <strong>organização</strong> <strong>do</strong>s caminhos que o professor irá trilhar na condução meto<strong>do</strong>lógica: pontos <strong>de</strong> partida, eixos integra<strong>do</strong>res, contextos <strong>de</strong> uso da<br />

escrita e mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ler que po<strong>de</strong>m gerar novas aprendizagens, formas <strong>de</strong> trabalho com esses processos e <strong>de</strong> monitoramento <strong>do</strong><br />

<strong>de</strong>sempenho da criança nessa aquisição.<br />

•<br />

No mapeamento e na sistematização <strong>de</strong> experiências ou práticas <strong>de</strong> sucesso <strong>de</strong>senvolvidas por professores, sinaliza<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> um conjunto


<strong>de</strong> ações, procedimentos ou ativida<strong>de</strong>s que, em diferentes contextos, têm ajuda<strong>do</strong> a realizar intervenções a<strong>de</strong>quadas. Este é um repertório<br />

<strong>de</strong> ações digno <strong>de</strong> se tornar conheci<strong>do</strong> no interior das escolas e ser socializa<strong>do</strong> nas re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trocas entre instituições, como se<br />

<strong>de</strong>stacouemseções anteriores.<br />

A escolha por um ou outro critério não supõe exclusivida<strong>de</strong>. O importante é que os professores questionem e reflitam sempre sobre suas<br />

escolhas e ações, <strong>para</strong> ampliar seu repertório. Assim, não seria nenhum contra-senso a opção por um méto<strong>do</strong>, por um livro didático, por ações<br />

ou procedimentos retira<strong>do</strong>s <strong>de</strong> um repertório <strong>de</strong> experiências, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o professor alfabetiza<strong>do</strong>r compreenda as <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong><br />

complementação, ampliação ou mesmo correção e eliminação <strong>de</strong> aspectos contraditórios e inoperantes, em função <strong>de</strong> seu processo concreto<br />

<strong>de</strong> ensino.<br />

Os profissionais <strong>do</strong> <strong>ciclo</strong>, envolvi<strong>do</strong>s na "escolha" <strong>de</strong> méto<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>alfabetização</strong>, precisam consi<strong>de</strong>rar as permanências sólidas construídas na<br />

história pedagógica, bem como conhecer outros movimentos que impelem <strong>para</strong> inovações. Po<strong>de</strong>riam ser aproveita<strong>do</strong>s, <strong>para</strong> estas <strong>de</strong>finições,<br />

os momentos <strong>de</strong> escolha <strong>de</strong> materiais didáticos (sobretu<strong>do</strong> <strong>de</strong> livros didáticos) e <strong>de</strong> <strong>organização</strong> curricular <strong>para</strong> <strong>de</strong>finir melhor seus princípios e<br />

caminhos. Nos momentos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> professores po<strong>de</strong>riam ser evi<strong>de</strong>ncia<strong>do</strong>s os procedimentos meto<strong>do</strong>lógicos que dão certo. A<br />

instituição e o coletivo <strong>do</strong>s professores não estariam polariza<strong>do</strong>s entre o tradicional e o novo, e sim centra<strong>do</strong>s em um trabalho <strong>de</strong> sucesso.<br />

Afinal, a meta da escola, sobretu<strong>do</strong> no <strong>ciclo</strong> <strong>inicial</strong>, é alfabetizar as crianças.<br />

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