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O discurso injuntivo - Centro de Referência Virtual do Professor

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leigo: interpela o <strong>de</strong>stinatário com interrogações diretas (“Roxa? Azulada? Preta?”); busca sua<br />

cumplicida<strong>de</strong>, representan<strong>do</strong>-se junto com ele por meio <strong>de</strong> formas da 1ª pessoa <strong>do</strong> plural (“Cá, entre nós”,<br />

“nossas artérias”, “nossa pequena”; mistura os tratamentos tu e você ao dirigir-se a ele (“Se ela não te<br />

apetece, apele para o liquidifica<strong>do</strong>r e prepare um <strong>de</strong>licioso suco”); emprega expressões bastante<br />

coloquiais (“um mix pra lá <strong>de</strong> nutritivo”, “não <strong>de</strong>sprezar nadica da fruta”, “nossa pequena”); faz<br />

exclamações enfáticas (“...a jabuticaba ganha até da uva!”) e entoação <strong>de</strong> suspense (“a jabuticaba tem cor<br />

<strong>de</strong>... jabuticaba.”), o que caracteriza uma fala viva e <strong>de</strong>scontraída.<br />

7. a) As vozes sociais que se expressam na fala <strong>do</strong> locutor são o que ele chamou, no texto, <strong>de</strong><br />

“especialistas” , provavelmente os mesmos que realizaram um “estu<strong>do</strong> da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />

Campinas, a Unicamp”. b) O locutor recorre ao <strong>discurso</strong> indireto, por meio <strong>do</strong> qual indica o enuncia<strong>do</strong>r<br />

(pessoa ou instituição) responsável pela informação que passa ao <strong>de</strong>stinatário: “Para não per<strong>de</strong>r tantas<br />

riquezas, a dica <strong>do</strong>s especialistas é não <strong>de</strong>sprezar nadica da fruta. Não vale cuspir a casca.”, “Segun<strong>do</strong><br />

um estu<strong>do</strong> da Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Campinas, a Unicamp, nossa pequena contém 314 mililitros<br />

por grama e o fruto da vi<strong>de</strong>ira só 227”. c) Dessa forma, o locutor respalda o que diz no que dizem<br />

especialistas. Ao mesmo tempo em que a informação ganha cunho <strong>de</strong> “científica”, o locutor se resguarda,<br />

ou seja, <strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser o responsável último pela veracida<strong>de</strong> <strong>do</strong> que informa ao leitor.<br />

8. Ao dizer “A CAIXA”, em vez <strong>de</strong> “eu”, o locutor se i<strong>de</strong>ntifica como uma instituição que tem reconhecimento<br />

legal <strong>de</strong> dizer o que diz, inclusive <strong>de</strong> penalizar clientes infratores. Ao mesmo tempo, A CAIXA é uma forma<br />

mais curta e simpática <strong>do</strong> que A CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, o que por sua vez permite ao locutor<br />

manter certa proximida<strong>de</strong> com o <strong>de</strong>stinatário, o que é reforça<strong>do</strong> pelo tratamento você que lhe atribui.<br />

9. a) Diferentemente <strong>do</strong> que ocorre na versão original, em que o locutor <strong>do</strong> Código fala tanto a consumi<strong>do</strong>res<br />

quanto a fornece<strong>do</strong>res, na versão modificada, em que o imperativo entrou substituin<strong>do</strong> as formas verbais<br />

antes utilizadas, o locutor fala exclusivamente ao fornece<strong>do</strong>r, o que altera substancialmente o Código. Ao<br />

contrário <strong>do</strong> que ocorre em outros gêneros, leis, estatutos e afins <strong>de</strong>vem preferir a fala menos<br />

personalizada, exatamente por seu caráter genérico ou universal. b) Na versão modificada, a i<strong>de</strong>ntificação<br />

explícita <strong>do</strong> alocutário você com o titular da conta torna o texto ameaça<strong>do</strong>r e grosseiro. A versão original<br />

tem sobre essa exatamente a vantagem <strong>de</strong> preservar as faces tanto <strong>do</strong> <strong>de</strong>stinatário, que po<strong>de</strong> tomar<br />

conhecimento das sanções sem se sentir ameaça<strong>do</strong>, quanto <strong>do</strong> locutor, que não po<strong>de</strong> ser acusa<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />

ameaçar ninguém.<br />

13<br />

O O que que que fazer fazer, fazer , como fazer e e por por por que que fazer<br />

fazer<br />

O “fazer agir” <strong>do</strong> <strong>discurso</strong> <strong>injuntivo</strong> está associa<strong>do</strong> ao mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> fazer e à apresentação <strong>do</strong>s<br />

motivos pelos quais o <strong>de</strong>stinatário <strong>de</strong>ve realizar o que é dito. Trata-se, pois, <strong>de</strong> um plano<br />

<strong>de</strong> ação a ser segui<strong>do</strong> — o que fazer, como fazer, por que fazer — para o alcance <strong>de</strong> um<br />

objetivo.<br />

O objetivo visa<strong>do</strong>, <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> macrobjetivo acional, correspon<strong>de</strong> à ação que o locutor<br />

quer que o <strong>de</strong>stinatário realize (o que fazer) e que este <strong>de</strong>seja ou necessita realizar: montar<br />

um equipamento eletrônico ou fazer um bolo; agir <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o regulamento <strong>de</strong> um<br />

con<strong>do</strong>mínio ou com as leis <strong>de</strong> trânsito; saber como gerenciar melhor o seu tempo ou como<br />

encontrar o parceiro i<strong>de</strong>al, por exemplo. Ou ainda, como no texto acima, dizer não ao<br />

fechamento <strong>de</strong> sites <strong>de</strong> <strong>do</strong>wnloads e legendas.<br />

Os coman<strong>do</strong>s correspon<strong>de</strong>m ao “como fazer”: são os passos ou plano <strong>de</strong> execução para<br />

se realizar o macrobjetivo. Em <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s gêneros, os coman<strong>do</strong>s terão <strong>de</strong> ser<br />

apresenta<strong>do</strong>s em or<strong>de</strong>m cronológica, para que o <strong>de</strong>stinatário os execute sucessivamente;<br />

caso contrário, o macrobjetivo não po<strong>de</strong>rá ser realiza<strong>do</strong> <strong>de</strong> forma satisfatória. É o que<br />

acontece, por exemplo, com as receitas culinárias. Em outros gêneros, porém, como os<br />

regulamentos, só a realização simultânea <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os coman<strong>do</strong>s garante a concretização<br />

<strong>do</strong> macrobjetivo e evita possíveis punições. Já em gêneros <strong>injuntivo</strong>s <strong>de</strong> aconselhamento,<br />

muito frequentes em revistas <strong>de</strong>stinadas a a<strong>do</strong>lescentes, ao público feminino ou ao<br />

universo empresarial, não há nem or<strong>de</strong>nação cronológica nem garantia <strong>de</strong> consecução <strong>do</strong><br />

macrobjetivo.

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