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<strong>Moscas</strong><br />
Ao transformar o ambiente natural em área rural ou<br />
urbana, o homem provoca modificações radicais na flora<br />
e fauna locais. Por um lado, verifica-se a extinção da<br />
maioria das espécies nativas e por outro lado, a<br />
adaptação de algumas espécies ao ambiente<br />
perturbado, onde passam a se beneficiar do material orgânico<br />
acumulado. Entre os insetos de interesse<br />
médico-sanitário que ocorrem, destacam-se os dípteros<br />
muscóides que assumem importante papel não só no<br />
campo da ecologia, como também da saúde pública,<br />
pois os adultos são vetores mecânicos de inúmeros<br />
patógenos para o homem e animais tais como<br />
Salmonella spp, Escherichia coli, Streptococcus spp,<br />
Staphylococcus spp e Bordetella spp, além de doenças<br />
protozoárias.<br />
As moscas são um sério problema em granjas de postura comercial onde as gaiolas ficam distantes do<br />
solo, ocorrendo acúmulo de esterco na parte inferior. Já em galpões de frangos de corte, não são um<br />
problema freqüente. Várias espécies de moscas podem causar problemas nas granjas avícolas; no<br />
entanto, a espécie mais perigosa para a avicultura é a mosca doméstica (Musca domestica).<br />
É muito difícil fazer uma estimativa prática do impacto econômico causado pela infestação de moscas,<br />
devido à ampla margem de flutuação dos parâmetros econômicos no setor da produção animal. Além de<br />
transmitir doenças, as moscas podem ser um problema quando os ovos ficam manchados com seus<br />
excrementos e vômitos delas; muitas vezes os ovos sujos constituem focos de salmonelas. O aumento<br />
da população de moscas pode tornar-se um grande transtorno: os trabalhadores das granjas avícolas<br />
consideram incômoda e muito desagradável a presença delas e isto pode ocasionar problemas nas<br />
relações de trabalho. Quando as urbanizações se expandem em direção às zonas rurais, podem ocorrer<br />
reclamações contra os produtores, que às vezes se transformam em ameaças de fechamento das<br />
unidades por causa das moscas que nascem ali e invadem as áreas residenciais vizinhas.<br />
<strong>Biologia</strong><br />
As moscas adultas vivem apenas cerca de uma semana, mas neste período uma fêmea pode chegar a<br />
pôr cerca de 500 ovos. A mosca põe os seus ovos diretamente sobre o esterco acumulado debaixo das<br />
gaiolas ou no chão, onde levam apenas um dia para<br />
eclodir. As moscas se proliferam também perto das<br />
instalações e construções, naqueles pontos onde se<br />
acumula esterco que permanece úmido durante vários<br />
dias. Os ovos possuem a forma de banana, medindo<br />
cerca de 1mm de comprimento. O tempo mínimo de<br />
desenvolvimento é de 6 a 8 horas, na temperatura de<br />
35 o C.
sua duração: nutrição, umidade e temperatura.<br />
As larvas alimentam-se da matéria orgânica em<br />
decomposição e bactérias presente no esterco. Ao<br />
passar de um estádio a outro, as larvas perdem<br />
sua antiga "pele"(cutícula) e produzem uma nova,<br />
formada por uma substância denominada quitina. E<br />
para que este desenvolvimento ocorra, elas<br />
necessitam que o esterco esteja com alto grau de<br />
umidade e temperatura, em torno de 35oC.<br />
Quando o ovo eclode dando origem a L1, a larva<br />
mede de 12 a 13 mm de comprimento. Ela é<br />
esbranquiçada, sem pés, locomovendo-se<br />
ativamente. As larvas quando completam seu<br />
desenvolvimento, movem-se para as áreas mais<br />
secas do substrato, onde ocorre a transformação<br />
para a fase de pupa. Normalmente a fase larval<br />
dura de 4 a 6 dias e há três fatores que influenciam<br />
Em um quilo de esterco podem desenvolver-se até 10.000 moscas. Quando a larva está completamente<br />
desenvolvida, procura um lugar mais seco, geralmente são as bordas da camada de esterco. A<br />
pele(cutícula) da larva se contrai e endurece, tomando a forma de um barril, denominado pupário, dentro<br />
do qual, irá se desenvolver a fase adulta. No início, o pupário tem a coloração amarelada, mudando<br />
gradativamente para castanho claro a castanho escuro, dentro de 24 horas. A duração da fase pupal<br />
depende da umidade e temperatura. O tempo de duração deste estágio é de 3 a 4 dias na temperatura<br />
de 35 a 40 o C.<br />
Quando a mosca adulta emerge do pupário, ela apresenta o corpo mole, incapaz de voar. Ela move-se<br />
vagarosamente até encontrar um local apropriado para descansar, onde irá esticar inteiramente suas<br />
asas e endurecer sua cutícula. Pode levar várias horas, antes que a mosca possa usar suas asas e voar.<br />
Fatores que afetam as populações<br />
de moscas<br />
Matéria orgânica
Onde existe matéria orgânica de origem vegetal e animal em decomposição ou fermentação é onde se<br />
desenvolvem as moscas. As fezes de suínos e eqüinos são importantes criadores. Entretanto na zona<br />
rural, o excremento de aves em aviários industriais, constitui o mais importante substrato de<br />
desenvolvimento de moscas. Na zona urbana, o lixo doméstico é o principal substrato.<br />
Umidade<br />
As larvas de mosca precisam de umidade, e o acúmulo de esterco úmido aparece como um lugar<br />
propício para o seu desenvolvimento. Ainda mais se houver bebedouros que vazam, escuridão ou<br />
alagamento. Os ovos quebrados e as cascas deixadas no esterco tornam-no ainda mais atraentes para<br />
as moscas. Inversamente, se o esterco secar rapidamente, as larvas não poderão desenvolver-se<br />
totalmente e morrerão.<br />
Temperatura<br />
As larvas de mosca desenvolvem-se mais rapidamente em temperaturas elevadas. No entanto, em<br />
temperaturas baixas este desenvolvimento é praticamente interrompido, nos galpões avícolas onde a<br />
temperatura é controlada, elas podem ser um problema durante todo o ano todo. A uma temperatura de<br />
30 o C, por exemplo, elas podem desenvolver-se totalmente em apenas seis dias.<br />
Predadores<br />
No esterco há muitos predadores e parasitas que se alimentam dos ovos, das larvas e das pupas. Entre<br />
eles, incluem-se muitas espécies de ácaros que se alimentam dos ovos, besouros que se alimentam de<br />
larvas e vespas que põem seus ovos dentro das pupas, as quais servem de alimento para as suas<br />
próprias larvas. É conveniente deixar uma base de esterco seco para ajudar a absorver a umidade das<br />
fezes frescas, formando assim um substrato para a criação e preservação destes insetos benéficos.<br />
Controle<br />
Um controle completo e prolongado das moscas somente pode ser obtido mediante um controle<br />
integrado das pragas, que geralmente é realizado conforme as características de cada granja avícola.<br />
Além disso, as moscas adultas que costumam ser vistas representam apenas uma pequena<br />
porcentagem da população total de moscas presentes numa granja avícola. O adulto é somente a etapa<br />
final de uma série de estádios juvenis (ovos, larvas e pupas). Se as medidas de controle forem dirigidas<br />
somente contra as moscas adultas, será difícil conseguir dominar o problema na sua totalidade.<br />
As seguintes medidas, entre outras, deveriam ser implementadas:<br />
1. Manejo do esterco, incluindo métodos e freqüência de coleta, proces-samento e utilização como<br />
fertilizante;
2. Correto fornecimento de água nos aviários;<br />
3. Práticas sanitárias gerais, envolvendo a correta eliminação dos refu-gos(ovos quebrados, carcaças de<br />
aves, penas, etc.);<br />
4. Controle biológico.<br />
5. Utilização correta dos inseticidas pertencentes a diferentes grupos químicos, por exemplo piretróides<br />
(Solfac CE 5) e reguladores de crescimento dos insetos - IGRs (Starycide SC480), de forma simultânea<br />
ou rotativa.<br />
Resistência<br />
Alguns inseticidas têm sido usados em muitas granjas sem interrupção durante anos a fio. Estes produtos<br />
químicos foram tão eficientes que outros importantes métodos para limitar as populações de moscas<br />
foram sendo abandonados. Mas essa prática com o tempo tem seu preço já que o uso contínuo de tais<br />
produtos pode acelerar o aparecimento de resistência. O inseticida elimina a geração de moscas<br />
sensíveis ao produto, mas as moscas resistentes conseguem sobreviver, assim sendo, a geração<br />
seguinte será ainda mais resistente. O resultado quase inevitável é que elas desenvolvem uma<br />
capacidade ainda maior para resistir à ação do produto químico. Essa resistência muitas vezes passa a<br />
abranger todos os princípios ativos de determinado grupo químico.<br />
Para evitar os problemas de resistência ou pelo menos, retardar o seu aparecimento, é preciso<br />
implementar práticas de manejo visando não confiar apenas na ação dos produtos químicos ou de<br />
determinado produto em particular. De qualquer forma, o mais importante é usar uma série de produtos<br />
de diferentes grupos químicos fazendo um programa de revezamento, para evitar que as moscas<br />
desenvolvam resistência a determinado produto.<br />
Programa sugerido<br />
Podem ser introduzidas variações a este programa dependendo das circunstâncias locais, como por<br />
exemplo a resistência a determinados inseticidas, o grau de infestação de moscas, etc. No entanto, o<br />
programa anteriormente sugerido pode servir como diretriz geral para se estabelecer um programa de<br />
controle de moscas.<br />
Nos ensaios de campo realizados em granjas alemãs, onde a resistência a diversos inseticidas é muito<br />
elevada, ficou demonstrado que se pode atingir um excelente controle de moscas usando o Starycide<br />
SC480 e o Solfac CE 5, especialmente quando estes produtos são aplicados no início da temporada de<br />
moscas.<br />
De qualquer modo, recomenda-se a aplicação conjunta destes produtos a cada 2 semanas, podendo-se<br />
diminuir a freqüência depois de alcançado um controle; este programa de aplicação permite um ótimo<br />
controle das moscas durante toda a temporada.<br />
* * *