DISSERTACAO ABANDONO ESCOLAR MARIA - 2 (1).pdf
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<strong>ABANDONO</strong> E ABSENTISMO <strong>ESCOLAR</strong> NO CONCELHO DE PONTA DELGADA<br />
pessoas não conseguem investir em si próprias pois têm poucos rendimentos e não<br />
conseguem auferir melhores salários porque não têm formação pessoal qualificada<br />
(Clavel, 2004).<br />
Nas entrevistas, por nós realizadas, verificamos que uma maioria significativa das mães<br />
gostaria que os seus filhos estudassem para terem uma vida melhor do que elas. Mas, o que<br />
sentimos foi que estas mães não o conseguem, talvez, por força do seu exemplo, das suas<br />
histórias de vida, transmitir estes valores aos filhos. É como se elas não tivessem poder<br />
sobre os filhos no que diz respeito à educação. Conseguimos sentir em algumas delas uma<br />
grande sensação de impotência, um baixar de braços de quem se resigna e já desistiu.<br />
Deste modo, e respondendo à nossa questão, concluímos que, efetivamente verifica-se<br />
que os alunos com famílias de baixos recursos socioeconómicos e culturais<br />
apresentam maior risco de absentismo escolar. Não verificamos relação entre<br />
abandono escolar e os baixos recursos socioeconómicos e culturais, uma vez que não<br />
existem situações de abandono escolar nas três escolas secundárias do concelho de<br />
Ponta Delgada.<br />
Ao traçarmos o perfil do aluno absentista confirmamos a literatura por nós consultada<br />
que revela o caráter socioeconómico e cultural do absentismo escolar que se confunde<br />
com o perfil do aluno abandonador. Este é, sem dúvida, um fenómeno cujas raízes se<br />
encontram na sociedade e em que a família tem um papel determinante.<br />
Assim, feito o perfil do aluno absentista concluímos que ele pertence a famílias<br />
numerosas, cujos pais têm baixa escolarização e profissões precárias e mal<br />
remuneradas, muitos estão desempregados e são beneficiários de RSI. Vive em<br />
habitação social e quando esta é própria, regra geral, é muito humilde. Está integrado<br />
em bairros sociais e zonas pobres das localidades, tem um baixo contexto social que se<br />
traduz nos grupos de amigos e suas influências. O ambiente social é pouco promotor<br />
da escolaridade e o exemplo dos pais também não estimula nem promove a sua<br />
ambição. O insucesso e as retenções originam desfasamentos entre o nível de<br />
escolaridade e o nível etário.<br />
Por outro lado, confirma-se que a família, ainda, valoriza pouco a escola, e que este tem<br />
um ambiente pouco estimulante intelectual e culturalmente. O encarregado de edução<br />
não se envolve no percurso escolar do seu educando por indiferença ou devido à sua<br />
baixa escolaridade. Este aluno absentista não gosta da escola, tem dificuldades de<br />
inserção e de frequência escolar, manifesta desinteresse pelas atividades escolares e tem<br />
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