DISSERTACAO ABANDONO ESCOLAR MARIA - 2 (1).pdf
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<strong>ABANDONO</strong> E ABSENTISMO <strong>ESCOLAR</strong> NO CONCELHO DE PONTA DELGADA<br />
Neste sentido, podemos falar de absentismo escolar no concelho de Ponta Delgada, que<br />
se encontra intimamente relacionado com as condições socioeconómicas e culturais dos<br />
seus progenitores.<br />
Efetivamente, os alunos absentistas são provenientes de famílias com baixos<br />
rendimentos económicos, baixas qualificações, pais desempregados ou com profissões<br />
precárias e mal remuneradas e muitos beneficiários do RSI. Deste modo, pudemos<br />
constatar que a existência de um ambiente pouco estimulante quer ao nível intelectual,<br />
quer cultural e a falta de apoio familiar nas atividades escolares associada a uma pouca<br />
valorização da escola são outros fatores apontados pelos alunos entrevistados. Contudo,<br />
é notório que os pais apontam para uma maior valorização da escola e da sua<br />
importância para que os filhos possam ter uma vida melhor.<br />
Conhecendo os alunos absentistas, procurando conhecer as razões porque não gostam<br />
da escola, as suas condições de vida e expetativas, talvez possamos contribuir para que<br />
escola e alunos se aproximem mais, esperando que a escola se torne mais eficaz e mais<br />
próxima do aluno, e que o aluno, por sua vez, sinta a escola como sua e reconheça a<br />
importância de estudar.<br />
Fatores fortemente associados ao desempenho escolar e ao absentismo são<br />
comprovadamente:<br />
Estes alunos parecem não se sentirem integrados nem na escola nem na sociedade,<br />
parecendo aceitar com resignação que os estudos e os bons empregos não são para eles.<br />
No seu dia-a-dia, não se regista interação social com grupos diferentes nem se<br />
vislumbra a possibilidade de mobilidade social. Estes alunos e suas famílias, regra geral,<br />
têm agora melhores condições habitacionais e de vida mas, a verdade é que socialmente<br />
mantêm os mesmos padrões de vida, os exemplos que têm são os mesmos e muitas<br />
vezes piores que os seus. Materialmente poderão estar melhores, mas a nível pessoal,<br />
afetivo e social continuam num limbo, do qual parece muito difícil poder sair. O mundo<br />
acaba por ser o bairro social onde vivem, as dificuldades do dia-a-dia, as “exigências da<br />
escola”, da segurança social, o medo do tribunal de menores e o medo de perder os<br />
apoios sociais. Nestas vidas parece não haver lugar para a construção da autoestima ou<br />
da ambição de uma vida melhor.<br />
Confirmamos que as possibilidades económicas das famílias condicionam a frequência<br />
escolar dos filhos, assim como, as atividades profissionais desenvolvidas pelos pais.<br />
Poder-se-á dizer que o fenómeno da pobreza e da exclusão social pressupõe um ciclo: as<br />
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