DISSERTACAO ABANDONO ESCOLAR MARIA - 2 (1).pdf
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<strong>ABANDONO</strong> E ABSENTISMO <strong>ESCOLAR</strong> NO CONCELHO DE PONTA DELGADA<br />
Em prol dos fatores sociais do sucesso e do insucesso escolar, a investigação<br />
sociológica tem demonstrado que o fracasso na escola não atinge de igual modo todas<br />
as classes e grupos sociais. As taxas são mais elevadas e de forma bem diferenciada<br />
junto dos alunos pertencentes aos sectores sociais convencionalmente designados por<br />
classes desfavorecidas (Gomes, 1987). Este investigador defende uma teoria que<br />
procura explicar este fenómeno é a denominada teoria da socialização deficiente das<br />
classes populares, segundo a qual o fracasso escolar dos referidos grupos sociais<br />
explicava-se por uma inadequada socialização familiar, nomeadamente baixas<br />
aspirações e expectativas de sucesso escolar<br />
Cabe, portanto, à família, mas sobretudo aos pais, que são, como vimos, uma das fontes<br />
mais importantes de socialização e de educação, a responsabilidade de proporcionar um<br />
harmonioso e integral desenvolvimento físico, intelectual, social e moral à criança<br />
(Melo, 2008). Na opinião de Monteiro (2004), os pais tornam-se, pois, nos primeiros<br />
modelos sociais dos filhos é com eles que primeiramente se identificam e fazem<br />
comparações. É desta forma que a família adquire um papel fundamental na educação<br />
das crianças, adolescentes e jovens bem como na sua formação enquanto indivíduos.<br />
Segundo Azevedo (1999), o fenómeno do abandono escolar prematuro é um complexo<br />
problema social, tanto nas suas causas como nas formas como se concretiza e ainda nas<br />
suas consequências sociais e profissionais. Não sendo um fenómeno novo, ele requer hoje<br />
uma reavaliação, devido às mudanças profundas que as sociedades têm vindo a registar,<br />
quer na socialização dos jovens, quer nas exigências que estas fazem à participação destes<br />
em diferentes esferas do social. Benavente (1994) acredita que o abandono da<br />
escolaridade obrigatória é um dos mais extremos fenómenos de exclusão e que constitui a<br />
face visível duma situação mais vasta que atinge crianças e jovens em rutura declarada ou<br />
silenciosa com uma escola obrigatória que não é de direitos, mas tão só dever.<br />
“Sai da escola precoce ou antecipadamente quem nela teve um percurso sinuoso, quem nela já<br />
experimentou o sabor do fracasso, quem nela acumulou uma história de insucessos. É o progresso a<br />
custo que faz com que a vontade de estudar se rarefaça gradualmente e o nível de investimento que<br />
se está disposto a fazer na subida ao nível seguinte se dilua.” (Guerreiro, 2010, p.76)<br />
Desde que foi implementada a escolaridade obrigatória o insucesso e o abandono têm<br />
atingido proporções preocupantes, quer pela repercussão que têm na vida dos jovens<br />
abandonadores, quer pela extensão que adquiriu. A massificação do ensino não se tem<br />
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