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DISSERTACAO ABANDONO ESCOLAR MARIA - 2 (1).pdf

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<strong>ABANDONO</strong> E ABSENTISMO <strong>ESCOLAR</strong> NO CONCELHO DE PONTA DELGADA<br />

Por isso, a tendência é de se imputar a responsabilidade do aproveitamento escolar dos<br />

alunos ao seu meio de proveniência, nomeadamente a família, tendo-se constatado que<br />

quer a oportunidade de acesso aos estudos quer o próprio sucesso escolar dependiam<br />

mais da pertença social do que do talento individual (Mendonça, 2007).<br />

“É que os indivíduos chegam à escola em condições intelectuais desiguais, porque tiveram uma<br />

educação familiar diferente; porque tiveram condições culturais e ambientes diferentes; porque<br />

têm estatutos socioeconómicos diferentes; porque uns vivem numa cidade e outros numa aldeia;<br />

uns têm televisão e lêem jornais e outros não (…)” (Formosinho, 1991, pp. 169)<br />

A desigualdade de sucesso não depende apenas das diferenças individuais de mérito,<br />

mas de diferenças sociais. Ao abandono escolares estão associadas trajetórias de<br />

inserção socioprofissional mais precárias, fazendo-se aqui a ponte para o trabalho<br />

infantil. Também situações escolares com reprovações e atrasos sucessivos, conflitos de<br />

aspirações entre o ambiente familiar e o contexto escolar acabam por traduzir-se em<br />

desinteresse pela escola, por dificuldades de integração e de aprendizagem<br />

(Formosinho, 1991).<br />

As elevadas taxas de insucesso escolar são geralmente associadas ao abandono (Justino,<br />

2007). O senso comum consagrou a relação entre as duas variáveis, em muitos casos<br />

como uma relação de causa e efeito. Ou seja, o insucesso precedia o abandono e a sua<br />

acumulação empurraria os alunos para fora do sistema de ensino. Assim, o perfil do<br />

jovem “abandonador” pode desenhar-se como alguém que:<br />

“(…) tem um fraco rendimento escolar, sente ausência de empatia, tem professores pouco<br />

motivados, não se sente bem na pele de aluno, não tem confiança em si, veicula consigo<br />

perspectivas de fracasso e não se concentra no trabalho.” (Azevedo, 1999, pp. 20)<br />

Os indicadores das últimas décadas posicionam Portugal na cauda da Europa em relação<br />

ao abandono escolar. Apenas 27% (por oposição aos 61% europeus) dos jovens ativos com<br />

idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos concluíram o Ensino Secundário ou um<br />

Curso Profissional e 3% não chegaram sequer a concluir o Ensino Básico (Caetano, 2005).<br />

Ao retratar a evolução da escolaridade dos portugueses nos últimos cinquenta anos,<br />

Caetano (2005) refere uma taxa de analfabetismo da ordem dos 9% na população<br />

portuguesa com mais de 10 anos em 2001, e uma percentagem de apenas 15,7% da<br />

população com o ensino secundário, sendo que a maior fatia, de 35%, tem apenas o 1º.<br />

Ciclo do Ensino Básico. Os números revelam ainda que este abandono se dá sobretudo<br />

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