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DISSERTACAO ABANDONO ESCOLAR MARIA - 2 (1).pdf

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<strong>ABANDONO</strong> E ABSENTISMO <strong>ESCOLAR</strong> NO CONCELHO DE PONTA DELGADA<br />

manutenção no sistema educativo, cuja estruturação não está adequada a acompanhar<br />

alunos com este tipo de envolvência ou caraterísticas, ao invés de atenuá-los.<br />

Deste modo, os alunos que têm sucessivas reprovações e que abandonam a escola<br />

durante ou após a escolaridade obrigatória provêm habitualmente de famílias em que o<br />

pai desempenha tarefas de carácter manual, quer como operário qualificado, quer como<br />

operário indiferenciado. Esta situação é comum nos alunos cujos pais são analfabetos ou<br />

possuem um baixo nível de escolarização e que, por consequência, evidenciam o<br />

desconhecimento face aos benefícios da escola, uma vez que eles próprios pouco<br />

proveitos tiraram da sua frequência (Mendonça, 2006). Nesta perspetival o abandono da<br />

escola não é sentido como uma coisa negativa pelos pais, porque têm a ideia de que os<br />

estudos não são para eles e nem lhes parecem sequer uma hipótese possível.<br />

Embora a população socialmente mais desfavorecida tenha cada vez mais acesso à<br />

escola e, nesse sentido, as diferenças sociais se tenham esbatido, não quer dizer que<br />

todos tenham as mesmas oportunidades (Mendonça, 2007). Um défice cultural familiar<br />

pressupõe frequentemente a existência de uma distância entre o contexto económico,<br />

social e cultural do aluno e a cultura que a escola propõe. A rede de relações das pessoas<br />

que vivem em pobreza é escassa Balancho (2010), com as consequentes dificuldades em<br />

ter um grupo de suporte, bem como a ausência de laços a instituições como centros de<br />

formação, bancos ou serviços de saúde.<br />

A verificação de que o abandono escolar acontece mais com os rapazes do que com as<br />

raparigas e mais em meios rurais do que em meios urbanos demonstra tendência para se<br />

atenuar (Mendes, 2006). Os estudos analisados pela investigadora revelam o carácter<br />

social do problema do abandono escolar. Este é, de facto, um fenómeno cujas raízes se<br />

encontram na sociedade, na qual a família tem um papel fundamental.<br />

Pereira (2007), faz o enquadramento teórico da problemática do abandono escolar na<br />

sua relação com o trabalho infantil. Este estudo sublinha que as raparigas são quem<br />

mais fica fora da escola por várias razões, não só de ordem económica mas também<br />

cultural: continua a ser mais aceitável uma rapariga não ter estudos do que um rapaz.<br />

Estas são mais frequentemente arredadas da escola, não só para dar conta das tarefas<br />

domésticas, mas também para tratar e tomar conta dos irmãos mais novos ou<br />

acompanhar acamados ou idosos inválidos.<br />

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