Ana Tânia Santos Gonçalves Estilos Parentais e o seu Impacto no ...
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Algumas mudanças sucederam-se quanto à definição e investigação da avaliação feita ao comportamento parental. E de entre muitas formas de concetualização das relações que se estabelecem entre pais e filhos, foi Diana Baumrind, em 1966, quem impulsionou o estudo dos estilos parentais, ao englobar os aspetos afetivos e comportamentais na educação e criação dos filhos, considerando a autoridade dos pais uma dimensão descontínua, de controlo dos filhos, com base em crenças e valores parentais (Cruz et al., 2011). Baumrind interessou-se pelo estudo da relação entre pais e filhos (Pacheco et al., 2008), analisando o modo como os diferentes padrões de controlo parental poderiam afetar o desenvolvimento dos filhos (Teixeira, Bardagi & Gomes, 2004). Ao longo de todo o trabalho desenvolvido, Baumrind identificou ainda, dois aspetos importantes no que toca ao exercício da parentalidade: a responsividade e o controlo parental (Pacheco et al., 2008). As suas pesquisas evidenciaram a variação normal de controlo parental sobre o desenvolvimento dos mais novos, reformulando assim a visão antiga do controlo, atribuída ao uso de rigidez e punição física (Cecconello et al., 2003). Assim, Baumrind recolheu uma amostra de 103 crianças, do período pré-escolar, procedentes de 95 famílias e foi através das várias entrevistas realizadas, testes e observações em casa, que avaliou o funcionamento das crianças (Papalia et al., 2001) e identificou retomando a pesquisa de Baldwin e com base na tipologia sociológica das lideranças de grupo desenvolvidas por White e Lipitt, três tipos de estilos parentais: o autoritário, autoritativo e o permissivo, que se acreditam serem decisivos no processo de desenvolvimento e formação das crianças/jovens, assumindo os pais como tipos especiais de liderança (Teixeira et al., 2004; Soares & Almeida, 2011). Apresentando uma parte do trabalho de Baumrind e tendo em conta a relevância do mesmo para este estudo, importa descrever e analisar os diferentes estilos parentais, essencialmente, quanto ao comportamento 18
parental associado a cada um, sendo ainda hoje designações de relevância, comummente utilizadas, na literatura portuguesa. Os pais autoritários estimam o controlo e a obediência, modelam e controlam o comportamento da criança em função de regras de conduta instituídas e normalmente incontestáveis, punindo-a violentamente sempre que haja violação de regras ou normas (Weber, Prado, Viezzer & Brandenburg, 2004; Papalia et al., 2001). Os pais permissivos valorizam a auto-expressão e autoregulação, dando a oportunidade à criança de satisfazer os seus desejos, apresentando-se como um recurso disponível e não como um modelo responsável por moldar e direcionar os comportamentos dos mais novos, são calorosos e raramente utilizam medidas punitivas (Weber et al., 2004; Weber, Viezzer & Branderburg, 2003; Papalia et al., 2001). Ainda de acordo com Papalia et al. (2001), os filhos de pais permissivos tendem a revelar-se imaturos, essencialmente durante o período pré- escolar e apresentam dificuldades de autocontrolo e autoregulação. DeHart, Pelham e Tennem (2006) referem que este estilo parental pode resultar em uma baixa autoestima, por não serem aprendidas e desenvolvidas formas adequadas de autoregulação por parte dos seus filhos. Por último, Baumrind (1966) define os pais autoritativos como respeitadores da individualidade da criança mas simultaneamente valorizam os valores sociais. Tentam encaminhar e orientar as crianças nas suas atividades de forma racional, incentivando-as ao diálogo e fornecendo a explicação de muitas das suas ações para que estas percebam alguns dos seus interesses, sendo regularmente sensatos ao utilizarem medidas punitivas, consistentes, afetuosos e confiantes essencialmente face às suas capacidades para orientar (Weber et al., 2004; Papalia et al., 2001; Pellerin, 2005; DeHart et al., 2006). Uma diferença chave entre a educação autoritária e a autoritativa reside no controlo psicológico (Darling, 1999). Segundo o autor, ambos os pais (autoritários e autoritativos) 19
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parental associado a cada um, sendo ainda hoje designações de relevância, comummente<br />
utilizadas, na literatura portuguesa.<br />
Os pais autoritários estimam o controlo e a obediência, modelam e controlam o<br />
comportamento da criança em função de regras de conduta instituídas e <strong>no</strong>rmalmente<br />
incontestáveis, punindo-a violentamente sempre que haja violação de regras ou <strong>no</strong>rmas<br />
(Weber, Prado, Viezzer & Brandenburg, 2004; Papalia et al., 2001).<br />
Os pais permissivos valorizam a auto-expressão e autoregulação, dando a oportunidade à<br />
criança de satisfazer os <strong>seu</strong>s desejos, apresentando-se como um recurso disponível e não<br />
como um modelo responsável por moldar e direcionar os comportamentos dos mais <strong>no</strong>vos,<br />
são calorosos e raramente utilizam medidas punitivas (Weber et al., 2004; Weber, Viezzer &<br />
Branderburg, 2003; Papalia et al., 2001). Ainda de acordo com Papalia et al. (2001), os filhos<br />
de pais permissivos tendem a revelar-se imaturos, essencialmente durante o período pré-<br />
escolar e apresentam dificuldades de autocontrolo e autoregulação. DeHart, Pelham e<br />
Tennem (2006) referem que este estilo parental pode resultar em uma baixa autoestima, por<br />
não serem aprendidas e desenvolvidas formas adequadas de autoregulação por parte dos <strong>seu</strong>s<br />
filhos.<br />
Por último, Baumrind (1966) define os pais autoritativos como respeitadores da<br />
individualidade da criança mas simultaneamente valorizam os valores sociais. Tentam<br />
encaminhar e orientar as crianças nas suas atividades de forma racional, incentivando-as ao<br />
diálogo e fornecendo a explicação de muitas das suas ações para que estas percebam alguns<br />
dos <strong>seu</strong>s interesses, sendo regularmente sensatos ao utilizarem medidas punitivas,<br />
consistentes, afetuosos e confiantes essencialmente face às suas capacidades para orientar<br />
(Weber et al., 2004; Papalia et al., 2001; Pellerin, 2005; DeHart et al., 2006).<br />
Uma diferença chave entre a educação autoritária e a autoritativa reside <strong>no</strong> controlo<br />
psicológico (Darling, 1999). Segundo o autor, ambos os pais (autoritários e autoritativos)<br />
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