Ana Tânia Santos Gonçalves Estilos Parentais e o seu Impacto no ...

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01.08.2013 Views

uma amostra de 489 crianças, distribuídas pelas regiões Norte e Centro do País. A autora concluiu que os valores mais elevados de insucesso atingem sobretudo alunos provenientes do meio camponês e que nas comunidades rurais em geral o trabalho é valorizado e visto como uma forma honrada de educar os filhos. Uma educação baseada no trabalho, configura- se uma condição necessária para se controlar a energia e a liberdade dos mais novos, além disso, as próprias crianças em geral têm uma visão e relação positiva com o trabalho, vendo nele, um meio de aproximação ao papel do adulto, essencial para a construção da sua identidade. Ficar em casa para tomar conta dos irmãos mais novos, dos idosos/doentes e dos afazeres domésticos, substituindo as mães, que assim ficam mais livres para os trabalhos agrícolas são algumas das razões encontradas no estudo de Pinto (2003) que levam algumas pais a não evitar, pontualmente, que seus filhos faltem a escola, indo de encontro com algumas realidades que sucediam-se na escola General Serpa Pinto de Cinfães, onde foi recolhida a amostra da presente investigação. Relativamente a escolas rurais, Griffin e Galassi (2010) referem que estas tendem a ter recursos mais limitados, a interação que os alunos estabelecem com estes recursos demonstra-se mais difícil de aceder e/ou de localizar, ou simplesmente não acessível a própria comunidade escolar. Por outro lado, e em consonância com o que atrás foi dito, muitos pais também preparam suas estratégias familiares relativamente ao investimento escolar em função do nível socioeconómico da família. Nogueira (2004) refere que os pais com elevado capital e proprietários de estabelecimentos/empresas servem-se de estratégias de tipo económico para salvaguardar e/ou elevar a posição do grupo familiar no espaço social, preparando os filhos desde logo muito cedo para a sua sucessão, associando-os a empresa paterna ou abrindo para eles, negócios ainda durante a sua formação. 88

Perante estes resultados parece ser possível concluir que a escola continua a ser um espaço de desigualdade social no que diz respeito ao nível socioeconómico, refletindo-se numa inquietação e numa desaprovação perante o discurso oficial da política educativa, que defende a igualdade de oportunidade para todos. Não se está aqui a idealizar positivamente as culturas familiares e negativamente o currículo escolar mas a defender a diversidade de contextos e culturas existentes que contam com fatores propensos ou nefasto que atingem o comunidade educativa prejudicando a avaliação do aluno e o desempenho dos pais (Abreu et al., 2006; Sapienza et al., 2009; Maiomoni & Bortone, 2001; Leite, 2009; Dessen & Polonia; 2007, Martini & Del Prette, 2005). e) Diferenças entre os níveis de literacia dos pais e o sucesso/insucesso escolar dos alunos Na análise relativa ao nível de literacia dos pais foi utilizado separadamente para cada progenitor a One-Way ANOVA. Como consequência do procedimento anterior obtiveram-se vários resultados que se passam a analisar de seguida. Na tabela 14 apresentam-se os resultados descritivos obtidos para o caso das mães. Estes resultados indicam que na amostra de alunos inquiridos, as mães dos mesmos, apenas se distribuem por quatro dos cinco níveis de literacia familiar considerados para este estudo, observando-se que a média das notas dos alunos é maior para os alunos cujas mães detêm um nível de literacia alto e menor para aqueles em que suas mães detêm um nível de literacia médio baixo, verificando-se valores intermédios para os outros dois níveis de literacia das mães. 89

uma amostra de 489 crianças, distribuídas pelas regiões Norte e Centro do País. A autora<br />

concluiu que os valores mais elevados de insucesso atingem sobretudo alu<strong>no</strong>s provenientes<br />

do meio camponês e que nas comunidades rurais em geral o trabalho é valorizado e visto<br />

como uma forma honrada de educar os filhos. Uma educação baseada <strong>no</strong> trabalho, configura-<br />

se uma condição necessária para se controlar a energia e a liberdade dos mais <strong>no</strong>vos, além<br />

disso, as próprias crianças em geral têm uma visão e relação positiva com o trabalho, vendo<br />

nele, um meio de aproximação ao papel do adulto, essencial para a construção da sua<br />

identidade.<br />

Ficar em casa para tomar conta dos irmãos mais <strong>no</strong>vos, dos idosos/doentes e dos afazeres<br />

domésticos, substituindo as mães, que assim ficam mais livres para os trabalhos agrícolas são<br />

algumas das razões encontradas <strong>no</strong> estudo de Pinto (2003) que levam algumas pais a não<br />

evitar, pontualmente, que <strong>seu</strong>s filhos faltem a escola, indo de encontro com algumas<br />

realidades que sucediam-se na escola General Serpa Pinto de Cinfães, onde foi recolhida a<br />

amostra da presente investigação.<br />

Relativamente a escolas rurais, Griffin e Galassi (2010) referem que estas tendem a ter<br />

recursos mais limitados, a interação que os alu<strong>no</strong>s estabelecem com estes recursos<br />

demonstra-se mais difícil de aceder e/ou de localizar, ou simplesmente não acessível a<br />

própria comunidade escolar.<br />

Por outro lado, e em consonância com o que atrás foi dito, muitos pais também preparam<br />

suas estratégias familiares relativamente ao investimento escolar em função do nível<br />

socioeconómico da família. Nogueira (2004) refere que os pais com elevado capital e<br />

proprietários de estabelecimentos/empresas servem-se de estratégias de tipo económico para<br />

salvaguardar e/ou elevar a posição do grupo familiar <strong>no</strong> espaço social, preparando os filhos<br />

desde logo muito cedo para a sua sucessão, associando-os a empresa paterna ou abrindo para<br />

eles, negócios ainda durante a sua formação.<br />

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