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BIOGRAFIA DE VLADIMIR CARVALHO

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Vitória. Eu vi (e li) os meus primeiros gibis, com<br />

as façanhas do Príncipe Namor, do Tocha Humana<br />

e do Super-Homem se misturando na minha<br />

cabeça aos relatos de heroísmo dos aliados. Eu vi<br />

a presença maciça dos norte-americanos na cidade,<br />

como em todo o litoral do Nordeste naquela<br />

época. Tidos como farristas, eles fervilhavam ao<br />

redor do grande cassino onde brilhava a palavra<br />

U.S.A. Naquele lugar festivo, a entrada de<br />

homens brasileiros era proibida, mas as moças<br />

nativas eram muito bem-vindas. Tema do belo<br />

poema Boletim Sentimental da Guerra no Recife,<br />

de Mauro Mota, esse flagrante histórico é um dos<br />

meus filmes sonhados.<br />

Um dia, na Praça da Águia Fria, eu vi uma pequena<br />

multidão em volta de um homem de peito forte<br />

que discursava com veemência do alto de uma<br />

pilha de paralelepípedos. Logo ouvi dizer que se<br />

tratava do líder comunista Gregório Bezerra.<br />

Muitas coisas ouvia também. Ouvia o noticiário<br />

da guerra e o seriado do Sombra no rádio Philips<br />

Matador do meu padrinho Fagundes. Ouvia<br />

dizer que um dos nossos vizinhos, Wandencock<br />

Wanderley, temido delegado de polícia, era um<br />

célebre perseguidor de comunistas. As histórias<br />

iam se acumulando na minha cabeça e gerando<br />

uma identificação ainda embrionária com as<br />

coisas do Partido, as coisas do meu pai.

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