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BIOGRAFIA DE VLADIMIR CARVALHO

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valorizou o que era intrínseco ao cinema, deixando<br />

um inesgotável manancial de avanços em<br />

matéria de linguagem. Hoje estamos aquém de<br />

Vertov. O cinema ficou escravo de contar uma<br />

história, na tradição do teatro.<br />

Para exprimir minha admiração por Vertov,<br />

criei o selo Vertovisão, que antecede vários dos<br />

meus filmes.<br />

Ao contrário do que normalmente ocorre na<br />

obra de ficção, o documentário se gesta à mercê<br />

da matéria filmada e gravada. O próprio filme<br />

encaminha soluções na sua estrutura, sujeito à<br />

atração da realidade.<br />

Não tenho o menor preconceito contra a utilização<br />

de poesia e música no documentário. Uso a<br />

poesia com certa parcimônia, seguindo o conselho<br />

de João Cabral para não perfumar a flor. O que<br />

está filmado já tem sua poesia própria, uma magia<br />

que as pessoas intuem. Quanto à música, ela<br />

muitas vezes funciona como indutora de narratividade<br />

e de sentidos. Se o cinema é uma música<br />

congelada que depende do ritmo para viver, uma<br />

trilha sonora pode bem ressaltar essa correlação<br />

das duas artes. Música, para mim, é conteúdo. Em<br />

muitos casos, narro coisas a partir da inclusão da<br />

música. Ela ajuda a compreender não o fato em<br />

si, mas o que eu quero dizer do fato.

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