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BIOGRAFIA DE VLADIMIR CARVALHO

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é justamente o oposto da reportagem pura e<br />

simples. É a transcendência, porque dotado de<br />

carga ideológica e emocional. É a decantação<br />

da realidade, não meramente sua cópia. Documentário<br />

é expressão.<br />

Nisso fica implícito um trabalho delicado de conciliação.<br />

Como qualquer filme, o documentário<br />

é uma construção, mas ao mesmo tempo guarda<br />

um compromisso com a verdade e com o respeito<br />

pelo outro. É preciso estar vigilante com relação<br />

à ética. De outra parte, o documentário não é<br />

alheio às noções de causa e responsabilidade<br />

social. Daí a linha divisória entre causa e compromisso<br />

ético ficar às vezes borrada. A causa<br />

leva à passagem para uma nova ética, uma nova<br />

visão do fato na interação com o seu contexto.<br />

Não há como negar a indução e a persuasão. Elas<br />

existem em vários níveis, cada vez mais.<br />

Não sei se faço um tipo particular de documentário.<br />

Se fui despertado pelo modelo dramatizado<br />

de Flaherty, logo topei com a revolução promovida<br />

por Dziga Vertov, um caminho que, infelizmente,<br />

foi interceptado. Vertov representou<br />

uma experiência vital e riquíssima, interrompida<br />

pelo stalinismo. Basta ver O Homem com a Câmera,<br />

que continua moderníssimo, absolutamente<br />

contemporâneo. Tinha a ver com a música e a<br />

poesia, não com a narração prosaica. Vertov<br />

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