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BIOGRAFIA DE VLADIMIR CARVALHO

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águas. A narrativa teria que evoluir através de<br />

saltos laterais com essa dominante.<br />

Eu tinha alguns pressupostos para montar esse<br />

meu quarto longa-metragem (a essa altura, já<br />

havia realizado O Homem de Areia e O Evangelho<br />

Segundo Teotônio, além de Saruê). Queria superar<br />

um componente culturalista que predominava nos<br />

meus filmes brasilienses. Em Conterrâneos, eu tinha<br />

ido além do cultural, chegando ao homem e sua<br />

condição. Ao mesmo tempo, queria despedir-me de<br />

uma pretensa etnografia para cair na vida. Sentia<br />

que já dominava meu instrumental sem precisar de<br />

muletas. Em vez de copiar a engrenagem das coisas,<br />

havia colhido uma realidade bruta para descobrir<br />

minha própria ordem na mesa de montagem.<br />

Eduardo Leone viu comigo o material completo<br />

em Brasília e selecionamos cerca de 30 horas<br />

para montar em São Paulo. No próprio campus<br />

da USP, morei durante um ano enquanto trabalhávamos<br />

na ECA, sem custo e tendo à mão a<br />

facilidade de um pequeno estúdio de som.<br />

O que logo saltou aos olhos foi a volumosa presença<br />

de música e poesia: cordelistas, repentistas,<br />

aboiadores, e até mesmo um rock inspirado no<br />

mas sacre e composto por meu aluno Mário Salimon.<br />

Havíamos filmado a apresentação da música<br />

num show de sua banda Fama. Tal abundância de<br />

acordes sugeriu uma estrutura assemelhada a uma

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