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BIOGRAFIA DE VLADIMIR CARVALHO

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traduzimos como fantasia compensatória, a mania<br />

de quem conta um conto aumenta um ponto.<br />

Talvez involuntariamente, ao longo da minha<br />

carreira nordestina, elaborei um tipo de imagem<br />

oscilante, de baixa freqüência, sobretudo nos<br />

filmes ampliados de 16 para 35mm. A relativa<br />

imprecisão, esse caráter pouco fixo da minha<br />

imagem, vira uma espécie de terceira ou quarta<br />

via do que seja realidade. Termina por espelhar<br />

uma coisa meio fantasmagórica – ou melhor,<br />

pantasmagórica – como os fogos fátuos, no limite<br />

entre o natural e o sobrenatural. A imagem<br />

como algo que se evola.<br />

Além disso, muitos desses filmes retratam mundos<br />

evanescentes, em vias de desaparecimento.<br />

Pantasmas de romeiros, de engenhos e trenzinhos,<br />

de tangerinos, de garimpeiros cobertos<br />

de pó, de riquezas inatingíveis, de santos e<br />

bonecos de vitalinos, de gado morto na terra<br />

esturricada. Resolvi aplicar essa palavra-síntese<br />

ao conjunto de meus filmes ligados ao Nordeste,<br />

para distingui-los dos filmes brasilienses.<br />

Já em outubro de 1974, uma mostra em Brasília<br />

com o título de Pantasmas reuniu cinco filmes:<br />

Romeiros da Guia, A Bolandeira, A Pedra da<br />

Riqueza, Incelência para um Trem de Ferro e O<br />

Espírito Criador do Povo Brasileiro. Este último,

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