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BIOGRAFIA DE VLADIMIR CARVALHO

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cinematográfica de Brasília mantinha-se unida<br />

e alerta contra os desmandos da censura e da<br />

Fundação Cultural. Tampouco admiti fazer concessões<br />

contra a integridade do filme – como a<br />

sugerida por um amigo conciliador, no sentido<br />

de introduzir um discurso do Presidente Médici<br />

em Recife. Recusei-me também a fazer uso das<br />

abomináveis sessões privadas para figurões da<br />

República, em troca de promessas de cumplicidade<br />

para liberar. Ao próprio Glauber Rocha<br />

neguei procuração para interceder em meu<br />

nome, em 1977, quando ele enchia páginas do<br />

Correio Braziliense com sua apologia de Geisel<br />

e Golbery.<br />

Por fim, a distensão chegou no ano de 1979. No<br />

empenho de popularização do governo Figueiredo,<br />

passaram pela estreita porta da concessão,<br />

uma certa liberdade de imprensa, músicas de Chico<br />

Buarque, a peça Rasga Coração, de Vianinha<br />

e, de quebra, O País de São Saruê. Na Censura, fui<br />

recebido afavelmente, peguei meu certificado<br />

e saí feliz. Alegrou-me principalmente a noção<br />

de que não era uma vitória pessoal isolada, mas<br />

parte de uma onda reprimida, sinal microscópico<br />

da volta do país ao estado de direito.<br />

Na edição de 1979 do Festival de Brasília, o filme<br />

foi recebido como o resgate de uma antiga<br />

dívida. O júri oficial optou por criar um prêmio

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