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BIOGRAFIA DE VLADIMIR CARVALHO

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algum dinheiro para os negativos com que eu<br />

começaria a filmar a região.<br />

Não havia um roteiro, mas apenas anotações e a<br />

intenção de espelhar o passado com o presente. Eu<br />

sabia que encontraria fósseis do que aconteceu um<br />

ou dois séculos atrás. O Sertão do Rio do Peixe resultou<br />

de duas viagens, nos verões de 1966 e 1967.<br />

Na primeira, durante o clímax de uma grande seca,<br />

a pauta era simplesmente o que – ou quem – encontrasse,<br />

levado por informações esparsas e pelo<br />

que conhecia dos livros. As próprias filmagens iam<br />

gerando pauta para as seguintes.<br />

Filmávamos do jeito que fosse possível, ora com<br />

negativos de várias marcas e procedências, ora<br />

com película sem qualquer indicação. Um lote<br />

que comprei, soube depois, era de filmes vencidos<br />

do consulado dos EUA em Recife. Isso resultou<br />

numa imagem muito precária, que, bem ou mal,<br />

assumimos como dado estético. Eu não diferenciava<br />

muito o filme de um certo artesanato que<br />

no Nordeste é feito do lixo industrial. Certa feita,<br />

esquecemos por algumas horas várias latas de<br />

filme sobre um lajedo, expostas ao sol, resultando<br />

na alteração química do material já filmado.<br />

No Rio do Peixe inaugurei o que chamava de som<br />

indireto. Como não dispunha de equipamento para<br />

gravação de som sincrônico, elegia os personagens<br />

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