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BIOGRAFIA DE VLADIMIR CARVALHO

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trabalho de um camponês se complete, equivale<br />

a pintar rápido, antes que a camada absorvente<br />

seque. Concilio precariamente essas duas formas<br />

de expressão quando faço xilogravuras para títulos,<br />

créditos, logotipos e cartazes dos filmes. Já<br />

incursionei também por capas de livros, como a<br />

do meu Cinema Candango e do romance Flauta<br />

Rústica, de Clóvis Sena.<br />

Faço tudo isso para desafogar. Da mesma forma,<br />

costumo escrever um bocado nos longos<br />

intervalos da produção de um filme. A tensão<br />

se esvai, não vejo o tempo passar. As peças vão<br />

se acumulando, pois não consigo me desfazer<br />

delas. Não vendo, nem dou. Gosto de vê-las<br />

juntas. Exceção foi uma série de jóias de cajá<br />

que certa vez, à beira da indigência, deixei em<br />

consignação numa butique de Ipanema.<br />

Às vezes me perguntam por que gosto de esculpir<br />

imagens de santos. Além dos que faço,<br />

coleciono santos, aprecio as madonas barrocas.<br />

Tenho uma certa inclinação pela imagem de<br />

São Miguel Arcanjo, que volta e meia aparece<br />

em meus filmes, com a espada numa mão e<br />

a balança na outra. Ele está em Vila Boa de<br />

Goyaz, O País de São Saruê, O Evangelho Segundo<br />

Teotônio, Conterrâneos Velhos de Guerra<br />

e estará em O Engenho de Zé Lins. Talvez<br />

como um reflexo da dicotomia dos meus pais,

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