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centro federal de educação tecnológica do ceará – cefet/ce

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Dupas (1999, p.9), que esse “êxo<strong>do</strong>” se manifestava como um fenômeno nacional,<br />

ao afirmar que:<br />

[...] nos últimos cinqüenta anos, em virtu<strong>de</strong> da mudança <strong>do</strong> padrão<br />

tecnológico no campo, das migrações e da dinâmica populacional, as<br />

cida<strong>de</strong>s brasileiras passaram <strong>de</strong> 12 milhões para 130 milhões <strong>de</strong> pessoas,<br />

constituin<strong>do</strong>-se em um <strong>do</strong>s mais maciços pro<strong>ce</strong>ssos <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento<br />

populacional da história mundial.<br />

A ilusão por melhores condições <strong>de</strong> vida na cida<strong>de</strong>, que leva muitas pessoas<br />

a aban<strong>do</strong>narem o campo, foi objeto das reflexões <strong>de</strong> Lessa (2003) e Bursztyn<br />

(2003). Segun<strong>do</strong> o primeiro autor, “no teci<strong>do</strong> urbano, em contraste com o interior,<br />

existe - ainda que em embrião - a idéia <strong>do</strong> público. Além disso, a cida<strong>de</strong> é per<strong>ce</strong>bida<br />

como um espaço <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s lotéricas, ainda que ínfimas; <strong>de</strong> prosperida<strong>de</strong><br />

individual”.<br />

Aproximan<strong>do</strong> essas consi<strong>de</strong>rações da realida<strong>de</strong> brasileira, o segun<strong>do</strong> autor<br />

(p.29) nos traz que “[...] em países como o Brasil, impasses na relação campocida<strong>de</strong><br />

servem <strong>de</strong> combustível ao agravamento das possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> inserção na<br />

vida urbana”. Ainda segun<strong>do</strong> Bursztyn (2003, p.44), “a dinâmica populacional <strong>do</strong><br />

Brasil configurou, na segunda meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> nosso século, uma fantástica inversão <strong>do</strong><br />

índi<strong>ce</strong> <strong>de</strong> urbanização que passa <strong>de</strong> algo em torno <strong>de</strong> 30% em 1950, para 80% na<br />

virada <strong>do</strong> século”.<br />

A cida<strong>de</strong> brasileira atravessou intensas transformações econômicas,<br />

sempre reproduzin<strong>do</strong> a difícil inserção <strong>de</strong> pobre na produção, no consumo<br />

e na cidadania. Ao mesmo tempo, ela foi a “universida<strong>de</strong>” que ensinou a<br />

esse mesmo pobre a sobrevivência nas brechas da socieda<strong>de</strong> e a<br />

prospectar estas transformações, adaptan<strong>do</strong>-se a elas (LESSA, 2003,<br />

p.13).<br />

Exatamente nas lacunas da socieda<strong>de</strong>, citadas pelo autor, estão os cata<strong>do</strong>res<br />

<strong>de</strong> recicláveis, que cada vez mais se multiplicam e continuam à margem. Conforme<br />

Abreu (2001, p.33),<br />

“os cata<strong>do</strong>res <strong>de</strong> materiais estão presentes em 3.800 municípios <strong>do</strong> Brasil,<br />

atuan<strong>do</strong> ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s serviços municipais <strong>de</strong> limpeza urbana e <strong>de</strong>svian<strong>do</strong><br />

entre 10 e 20% <strong>do</strong>s resíduos urbanos para um circuito econômico<br />

complexo, que passa por intermediários e termina nas empresas <strong>de</strong><br />

reciclagem <strong>de</strong> plástico, vidro, papel, alumínio e ferro”.<br />

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