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26.07.2013 Views

produção de supérfluos, sob a justificativa de promover o bem-estar eqüitativo do povo e proporcionar a satisfação de necessidades básicas. Contudo, há uma contradição, pois o acesso aos bens e serviços fundamentais às necessidades básicas da maioria humana, quando não é negado, é restrito e/ou precário, e mais recentemente, privatizado. Portanto, essa idéia de minimizar desigualdades via crescimento econômico e produção de supérfluos é falsa, mas permanece como verdade absoluta e “promessa tecnológica”. Para Latres et al (1998, p.1): Para Lessa (2003, p.17): [...] a emergência de um novo paradigma tecnológico e a globalização financeira são os traços mais marcantes da economia mundial nos últimos 15 anos, contudo, a expectativa de que a entrada maciça do capital estrangeiro pudesse acelerar a difusão das novas tecnologias e a integração das economias locais com um mercado global frustrou-se e a crise social tornou-se mais aguda. A globalização está produzindo um terremoto social e atrofiando a capacidade do setor público para administrar políticas compensatórias, enquanto a pobreza ajusta-se e ganha crescente visibilidade nas ruas. Há uma tendência dos ricos criarem suas próprias “cidades”: em São Paulo, o Alphaville; no Rio, Barra da Tijuca, etc.; no coração do seu desejo elas aspiram estar em Miami/Nova York. Enquanto isso, a pobreza organiza “outra cidade”, complexamente imbricada [...]. A co-existência de “cidades ricas” e “cidades pobres” num mesmo espaço geográfico evidencia as contradições do próprio sistema capitalista, que nos nossos tempos, degrada as condições de vida das maiorias humanas, segrega e acentua desigualdades. Conforme observamos em Abreu (2001), alguns ricos do Brasil são até mais ricos que milionários do “primeiro mundo” e há brasileiros em piores condições que miseráveis das regiões mais pobres do planeta. Zaneti (2006, p.67) nos traz reflexão complementar: A concentração de renda se acentua, pois os ricos aumentaram o seu rendimento, enquanto os mais pobres diminuíram. Isto indica que o tipo de desenvolvimento que está sendo produzido tende a se inviabilizar porque é injusto. Ao gerar concentração de renda, cada vez mais serão ampliadas as diferenças sociais entre uma minoria, cada vez menor, que possui cada vez mais e uma imensa maioria, cada vez maior, que possui cada vez menos. O resultado não será outro, senão a gigantesca explosão social, que já estamos assistindo nos dias de hoje. 25

Assim, “a grave crise social existente no país tem levado um número cada vez maior de pessoas a buscar a sua sobrevivência através da catação de materiais recicláveis existentes no lixo domiciliar” (IBAM, 2001, p.127). Estima-se que haja mais de 200 mil catadores no Brasil e mais de 45 mil crianças que trabalham nos resíduos, conforme dados do Programa Lixo e Cidadania da UNICEF divulgados no seu sítio eletrônico 17 . Já Medeiros e Macêdo (2006, p.65) apontam que “no Brasil, estima-se que o número de catadores de materiais recicláveis seja de aproximadamente 500.000 (quinhentos mil), estando 2/3 deles no Estado de São Paulo”. Dados do IBAM (2001) indicam ainda que em 68% dos municípios brasileiros há catadores nas ruas, em 66% há catadores nos aterros e em 36% também há crianças catando “lixo” nos aterros. Sobre esses dados, Valle Mota (2005, p.5) alerta que: [...] tais números, ainda que sejam oficiais, são considerados subestimados pelo Fórum Nacional Lixo e Cidadania, uma instância organizada de discussão que reúne organizações não-governamentais, instituições religiosas, órgãos governamentais e instituições de ensino e pesquisa que atuam nas áreas relacionadas à gestão dos resíduos sólidos e também na área social. O Movimento Nacional dos Catadores, órgão criado por catadores e catadoras do Brasil em 1999, que conta com representantes em quase todos os estados brasileiros, também considera que o número de pessoas que trabalham atualmente em lixões é maior do que o apurado pela PNSB. O Instituto de Pesquisa Tecnológica - IPT (2003) apud Medeiros e Macêdo (2006) relaciona o crescimento do número de catadores de materiais recicláveis com as crescentes exigências para o acesso ao mercado formal de trabalho e também ao aumento do desemprego. Para o referido instituto, “alguns trabalhadores da catação constituem uma massa de desempregados que, por sua idade, condição social e baixa escolaridade, não encontram lugar no mercado formal de trabalho”. O estudo de Loiola Ferreira (2007) traz que 45% dos seus entrevistados afirmaram que estão na catação por causa do desemprego e que as necessidades 17 www.lixoecidadania.org.br 26

produção <strong>de</strong> supérfluos, sob a justificativa <strong>de</strong> promover o bem-estar eqüitativo <strong>do</strong><br />

povo e proporcionar a satisfação <strong>de</strong> ne<strong>ce</strong>ssida<strong>de</strong>s básicas. Contu<strong>do</strong>, há uma<br />

contradição, pois o a<strong>ce</strong>sso aos bens e serviços fundamentais às ne<strong>ce</strong>ssida<strong>de</strong>s<br />

básicas da maioria humana, quan<strong>do</strong> não é nega<strong>do</strong>, é restrito e/ou precário, e mais<br />

re<strong>ce</strong>ntemente, privatiza<strong>do</strong>. Portanto, essa idéia <strong>de</strong> minimizar <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s via<br />

crescimento econômico e produção <strong>de</strong> supérfluos é falsa, mas permane<strong>ce</strong> como<br />

verda<strong>de</strong> absoluta e “promessa <strong>tecnológica</strong>”.<br />

Para Latres et al (1998, p.1):<br />

Para Lessa (2003, p.17):<br />

[...] a emergência <strong>de</strong> um novo paradigma tecnológico e a globalização<br />

finan<strong>ce</strong>ira são os traços mais marcantes da economia mundial nos últimos<br />

15 anos, contu<strong>do</strong>, a expectativa <strong>de</strong> que a entrada maciça <strong>do</strong> capital<br />

estrangeiro pu<strong>de</strong>sse a<strong>ce</strong>lerar a difusão das novas tecnologias e a<br />

integração das economias locais com um merca<strong>do</strong> global frustrou-se e a<br />

crise social tornou-se mais aguda.<br />

A globalização está produzin<strong>do</strong> um terremoto social e atrofian<strong>do</strong> a<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>do</strong> setor público para administrar políticas compensatórias,<br />

enquanto a pobreza ajusta-se e ganha cres<strong>ce</strong>nte visibilida<strong>de</strong> nas ruas. Há<br />

uma tendência <strong>do</strong>s ricos criarem suas próprias “cida<strong>de</strong>s”: em São Paulo, o<br />

Alphaville; no Rio, Barra da Tijuca, etc.; no coração <strong>do</strong> seu <strong>de</strong>sejo elas<br />

aspiram estar em Miami/Nova York. Enquanto isso, a pobreza organiza<br />

“outra cida<strong>de</strong>”, complexamente imbricada [...].<br />

A co-existência <strong>de</strong> “cida<strong>de</strong>s ricas” e “cida<strong>de</strong>s pobres” num mesmo espaço<br />

geográfico evi<strong>de</strong>ncia as contradições <strong>do</strong> próprio sistema capitalista, que nos nossos<br />

tempos, <strong>de</strong>grada as condições <strong>de</strong> vida das maiorias humanas, segrega e a<strong>ce</strong>ntua<br />

<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s. Conforme observamos em Abreu (2001), alguns ricos <strong>do</strong> Brasil são<br />

até mais ricos que milionários <strong>do</strong> “primeiro mun<strong>do</strong>” e há brasileiros em piores<br />

condições que miseráveis das regiões mais pobres <strong>do</strong> planeta.<br />

Zaneti (2006, p.67) nos traz reflexão complementar:<br />

A con<strong>ce</strong>ntração <strong>de</strong> renda se a<strong>ce</strong>ntua, pois os ricos aumentaram o seu<br />

rendimento, enquanto os mais pobres diminuíram. Isto indica que o tipo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento que está sen<strong>do</strong> produzi<strong>do</strong> ten<strong>de</strong> a se inviabilizar porque é<br />

injusto. Ao gerar con<strong>ce</strong>ntração <strong>de</strong> renda, cada vez mais serão ampliadas<br />

as diferenças sociais entre uma minoria, cada vez menor, que possui cada<br />

vez mais e uma imensa maioria, cada vez maior, que possui cada vez<br />

menos. O resulta<strong>do</strong> não será outro, senão a gigantesca explosão social,<br />

que já estamos assistin<strong>do</strong> nos dias <strong>de</strong> hoje.<br />

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