centro federal de educação tecnológica do ceará – cefet/ce
centro federal de educação tecnológica do ceará – cefet/ce
centro federal de educação tecnológica do ceará – cefet/ce
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
A forma <strong>de</strong> vida e a economia oci<strong>de</strong>ntal sustentam-se sobre o baluarte da<br />
produção <strong>de</strong> bens a cada dia mais rotativos, mais breves, para que a<br />
ca<strong>de</strong>ia produção-consumo possa sustentar a subsistência das socieda<strong>de</strong>s<br />
e, principalmente, o status quo das socieda<strong>de</strong>s industriais.<br />
De forma complementar, Lessa (2003, p.15) nos traz que “[...] na pós-<br />
mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, as coisas são <strong>de</strong>svalorizadas no momento da compra, estimulan<strong>do</strong> a<br />
idéia <strong>do</strong> <strong>de</strong>scartável como comportamento a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> e <strong>de</strong>sejável <strong>do</strong> consumi<strong>do</strong>r”.<br />
Portanto, ao vivenciarmos a era <strong>do</strong> <strong>de</strong>sperdício, o tema “consumo” toma corpo nos<br />
<strong>de</strong>bates ambientais, políticos e sociais, manten<strong>do</strong> íntima relação com a questão da<br />
geração <strong>de</strong> resíduos sóli<strong>do</strong>s.<br />
Herculano (2005, p.10) vai um pouco mais além, ao acreditar que “[...] as<br />
socieda<strong>de</strong>s humanas não apenas produzem e consomem; elas criam um conjunto<br />
<strong>de</strong> idéias, <strong>de</strong> valores e <strong>de</strong> significa<strong>do</strong>s sobre sua produção e seu consumo”. Para a<br />
autora, “[...] hierarquias sociais se arranjam ten<strong>do</strong> por base não apenas a posse <strong>de</strong><br />
riquezas, mas o seu uso distintivo e os significa<strong>do</strong>s <strong>de</strong>stes usos”.<br />
Bernar<strong>de</strong>s e Ferreira (2005, p.25) nos trazem uma reflexão complementar<br />
sobre essa temática. Para os autores, “a produção em massa cria novos problemas,<br />
significa merca<strong>do</strong>, comprar e ven<strong>de</strong>r; a<strong>ce</strong>sso a lugares distintos e não basta<br />
produzir; é preciso colocar a produção em movimento”.<br />
A produção em massa <strong>de</strong> bens é, ao mesmo tempo, causa e conseqüência<br />
<strong>do</strong> consumo em massa, e esta relação engendrou modificações na maneira<br />
<strong>de</strong> se pensar os objetos. Diariamente são cria<strong>do</strong>s tantos tipos <strong>de</strong><br />
ne<strong>ce</strong>ssida<strong>de</strong>s quanto aquelas que a indústria resolve <strong>de</strong>terminar,<br />
caracterizan<strong>do</strong> o que a Associação <strong>do</strong>s Ex-Bolsistas da Alemanha (1989)<br />
consi<strong>de</strong>rou <strong>de</strong> um aprimoramento da “engenharia <strong>de</strong> obsolescência”<br />
(DAGNINO, 2004, p.21).<br />
Pelo apresenta<strong>do</strong> acima, “a dita socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> consumo pauta-se pelo<br />
momentâneo, pelo fugaz, pelo imediato, pelo fruir <strong>de</strong> merca<strong>do</strong>rias e serviços e pela<br />
ausência <strong>de</strong> senti<strong>do</strong> final” (HERCULANO, 2005, p.13) e, esta lógica, tem contribuí<strong>do</strong><br />
fortemente para levar as socieda<strong>de</strong>s <strong>do</strong> Século XXI (filhas da racionalida<strong>de</strong> mo<strong>de</strong>rna<br />
e da obsolescência programada 13 ) à uma condição insustentável e próxima <strong>de</strong> uma<br />
13 No nosso enten<strong>de</strong>r, a obsolescência programada é a maior “arma” <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> para ven<strong>de</strong>r cada vez mais, crian<strong>do</strong><br />
“ne<strong>ce</strong>ssida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>sne<strong>ce</strong>ssárias” (FREIRE DIAS, 2003) via lançamento programa<strong>do</strong> <strong>de</strong> um novo produto, que por ser mais<br />
“mo<strong>de</strong>rno” <strong>de</strong>ve ser adquiri<strong>do</strong> para que cada consumi<strong>do</strong>r esteja “atualiza<strong>do</strong>” ou mesmo “inseri<strong>do</strong>”.<br />
20