centro federal de educação tecnológica do ceará – cefet/ce

centro federal de educação tecnológica do ceará – cefet/ce centro federal de educação tecnológica do ceará – cefet/ce

repositorio.ufc.br
from repositorio.ufc.br More from this publisher
26.07.2013 Views

[...] uma fonte de informação importante referente a opiniões, a fatos, a crenças, à maneira de pensar, a sentimentos, à maneira de atuar e de se comportar frente a um dado objeto real ou imaginário. Por outro lado, também serve como um meio de coleta de informações sobre um determinado tema científico (CRUZ NETO, 1994, p.57). A entrevista não significa uma conversa despretensiosa e neutra, uma vez que se insere como meio de coleta dos fatos relatados pelos atores, enquanto sujeitos-objeto da pesquisa, que vivenciam uma determinada realidade que está sendo focalizada (CRUZ NETO, 1994, p.57). O quinto momento da pesquisa envolveu a análise dos depoimentos. Para o processamento das entrevistas realizamos, inicialmente, as transcrições e leitura livre das falas, anotando as primeiras observações em relação ao tema estudado. Em seguida, procedemos a categorização interna das mesmas utilizando o roteiro de entrevista como um guia de sistematização de informações, sem impedir o aprofundamento de aspectos relevantes ao entendimento do fenômeno. Esse quinto momento foi importante por possibilitar um esforço analítico que ampliou a compreensão do universo cultural dos diferentes grupos de entrevistados e dos significados que eles produzem a partir de um cotidiano de trabalho. De toda uma complexidade que se abre no estudo das relações RSDambiente-saúde foram selecionadas algumas informações relevantes para a compreensão do universo de sentidos emergido das conversas. Assim, o que apresentamos aqui é também passível de aprofundamento e estudos posteriores, porém as “nossas costuras” contribuem para começarmos a contar a história de alguns seres humanos que lidam com RSD: os garis e os catadores de recicláveis de Fortaleza/CE. 17

3. A QUESTÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS 3.1 - Considerações Iniciais Para melhor compreender a questão dos resíduos sólidos traçamos nessa seção breves considerações sobre o modelo de desenvolvimento 12 adotado pela grande maioria das nações, considerando seus paradigmas e posturas sobre o patrimônio vivo (e não vivo) existente na Terra e distribuído nos espaços nacionais. Nesse sentido, buscamos compreender aspectos do modelo de desenvolvimento adotado pelo Brasil situando nele a temática dos Resíduos Sólidos Domiciliares (RSD) para nos remeter à discussão - mesmo que de forma resumida - de alguns aspectos da modernidade, na perspectiva de construir um cenário que esboce algumas forças motrizes responsáveis pela degradação dos ambientes naturais, geração de resíduos e decréscimo na qualidade de vida das maiorias humanas. Assim, o que será apresentado aqui não tem o propósito de “ser algo fechado”, mas uma “costura de idéias” que subsidiam melhor entender a relação RSD-ambiente-saúde e compreender que a problemática socioambiental dos RSD é fruto também dessa “modernidade sem limites”, que para Robert Moraes (2005, p.17) é “[...] a experiência de viver nesse mundo em constante mutação”. O termo “mutação”, utilizado pelo autor, traz uma idéia intrínseca de mudanças, alterações, etc. que nos parece muito adequada aos nossos dias, pois as transformações tecnológicas e ambientais são cada vez mais enérgicas e freqüentes, com conseqüências às mais diversas instâncias da vida humana e não humana. A internacionalização da produção, distribuição e consumo, juntamente com o avanço das tecnologias da informação, tem como resultado a globalização da economia e suas conseqüências macroeconômicas: transnacionalização empresarial, desterritorialização da força de trabalho, desemprego estrutural, entre outras. Ao mesmo tempo, verifica-se aumento das desigualdades entre os povos e os grupos sociais, a eclosão de 12 Rigotto (2003, p.393) trás que o desenvolvimento veio a se constituir como ideologia do capitalismo, a qual nasceu e se expandiu junto com a burguesia, a partir do século XIV. 18

[...] uma fonte <strong>de</strong> informação importante referente a opiniões, a fatos, a<br />

crenças, à maneira <strong>de</strong> pensar, a sentimentos, à maneira <strong>de</strong> atuar e <strong>de</strong> se<br />

comportar frente a um da<strong>do</strong> objeto real ou imaginário. Por outro la<strong>do</strong>,<br />

também serve como um meio <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> informações sobre um<br />

<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> tema científico (CRUZ NETO, 1994, p.57).<br />

A entrevista não significa uma conversa <strong>de</strong>spretensiosa e neutra, uma vez<br />

que se insere como meio <strong>de</strong> coleta <strong>do</strong>s fatos relata<strong>do</strong>s pelos atores,<br />

enquanto sujeitos-objeto da pesquisa, que vivenciam uma <strong>de</strong>terminada<br />

realida<strong>de</strong> que está sen<strong>do</strong> focalizada (CRUZ NETO, 1994, p.57).<br />

O quinto momento da pesquisa envolveu a análise <strong>do</strong>s <strong>de</strong>poimentos. Para o<br />

pro<strong>ce</strong>ssamento das entrevistas realizamos, inicialmente, as transcrições e leitura<br />

livre das falas, anotan<strong>do</strong> as primeiras observações em relação ao tema estuda<strong>do</strong>.<br />

Em seguida, pro<strong>ce</strong><strong>de</strong>mos a categorização interna das mesmas utilizan<strong>do</strong> o roteiro <strong>de</strong><br />

entrevista como um guia <strong>de</strong> sistematização <strong>de</strong> informações, sem impedir o<br />

aprofundamento <strong>de</strong> aspectos relevantes ao entendimento <strong>do</strong> fenômeno. Esse quinto<br />

momento foi importante por possibilitar um esforço analítico que ampliou a<br />

compreensão <strong>do</strong> universo cultural <strong>do</strong>s diferentes grupos <strong>de</strong> entrevista<strong>do</strong>s e <strong>do</strong>s<br />

significa<strong>do</strong>s que eles produzem a partir <strong>de</strong> um cotidiano <strong>de</strong> trabalho.<br />

De toda uma complexida<strong>de</strong> que se abre no estu<strong>do</strong> das relações RSDambiente-saú<strong>de</strong><br />

foram selecionadas algumas informações relevantes para a<br />

compreensão <strong>do</strong> universo <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s emergi<strong>do</strong> das conversas. Assim, o que<br />

apresentamos aqui é também passível <strong>de</strong> aprofundamento e estu<strong>do</strong>s posteriores,<br />

porém as “nossas costuras” contribuem para começarmos a contar a história <strong>de</strong><br />

alguns seres humanos que lidam com RSD: os garis e os cata<strong>do</strong>res <strong>de</strong> recicláveis<br />

<strong>de</strong> Fortaleza/CE.<br />

17

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!