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Compreendemos que o lidar com os RSD em Fortaleza/CE envolve um quadro repleto de cortes, tensões permanentes, contato com materiais biológicos, ruídos, vibrações, desgaste do corpo, riscos de atropelamentos, dores e inchaços que implicam no estado psíquico, físico e na vida dos sujeitos, revelando que tais cargas de trabalho precisam, no mínimo, serem avaliadas e controladas. Não podemos esquecer que os impactos provocados pelos resíduos sólidos municipais podem estender-se para a população em geral, por meio da poluição e contaminação dos corpos d’água e dos lençóis subterrâneos, direta ou indiretamente, dependendo do uso da água e da absorção de material tóxico ou contaminado. A intenção na escolha deste tema foi de contribuir para que uma maior atenção seja dispensada as pessoas que estão na condição de garis e catadores de materiais recicláveis em Fortaleza/CE, sem esquecer que tal atenção também deve emergir nos contextos vividos por tais trabalhadores em outras cidades para que se busque uma nova condição de trabalho para os garis e, quem sabe, a elevação dos catadores à condição de incluídos. Em Fortaleza/CE seria conveniente a introdução de medidas práticas, objetivas e inadiáveis - como a implementação de programas de incentivo à nãogeração, minimização, reuso e reciclagem - para gerarmos uma “cadeia positiva”, ou seja, uma cidade que produz menos resíduos, que aproveita o máximo possível aqueles que gerou, que diminui progressivamente os impactos ambientais e à saúde pública e que expõe um menor número de pessoas aos rejeitos. Portanto, precisamos de um outro olhar sobre o que descartamos, sobre os seres humanos que “estão do outro lado” e de um novo Sistema de Gestão de Resíduos Sólidos Domiciliares. Sugerimos pesquisas futuras sobre: i) a visão dos outros segmentos relacionados à gestão dos RSD como gestores, usuários ou trabalhadores do aterro sanitário, ii) os impactos dos lixões inativos de Fortaleza na qualidade das águas subterrâneas e na saúde das comunidades e iii) a realidade de vida, trabalho ou doença/saúde dos catadores “informais” de Fortaleza. 131
6. REFERÊNCIAS ABREU, M. de F. Do Lixo à Cidadania: estratégias para a ação. Brasília, Caixa/UNICEF, 2001. ACURIO, G.; ROSSIN, A.; TEIXEIRA, P. F.; ZEPEDA, F. Diagnóstico de La Situación del Manejo de Resíduos Sólidos Municipales en América Latina y el Caribe. Lima: BID/OPS, 1997. Disponível em: http://www.bvsde.paho.org/bvsars/fullt ext/diagnostico.pdf. Acesso: 06 abr. 2008. ALVES, C de B.; SANTOS, G. O.; OLIVEIRA SANTOS, G. BRASILEIRO FILHO, S. Resíduos Sólidos Urbanos Como Insumo à Produção de Energia. In: VIIII Seminário Nacional de Resíduos Sólidos. Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental - ABES, São Luiz - MA, CD-ROM, 2006. ALVES-MAZZOTTI, A. J.; GEWANDSZNAJDER, F. O Método nas Ciências Naturais e Sociais: pesquisa quantitativa e qualitativa. Pioneira Thomson Learning, São Paulo, 2002. ANJOS, L. A.; FERREIRA, J. A. A Avaliação da Carga Fisiológica de Trabalho na Legislação Brasileira Deve Ser Revista!. O Caso da Coleta de Lixo Domiciliar no Rio de Janeiro. Cad. Saúde Pública. Rio de Janeiro, jul./set., v.16, n.3, p.785-790, 2000. ARAGÃO, L. G. T. As Trilhas da Cidade pelas Memórias dos Trabalhadores do Lixo de Fortaleza. Dissertação. Universidade Federal do Ceará, 2002. ARAÚJO, C. H. Migrações e vida nas ruas. In: BURSZTYN, M. (Orgs.). No Meio da Rua - nômades, excluídos e viradores. Rio de Janeiro: Garamond, 2003. ASSEMBLÉIA GERAL DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Adotada e proclamada pela resolução 217A(III), 10 de dezembro,1948. 132
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