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centro federal de educação tecnológica do ceará – cefet/ce

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<strong>de</strong> aban<strong>do</strong>nar o trabalho com os RSD e melhorar sua “posição” em relação aos seus<br />

familiares:<br />

“O meu sonho era arranjar um trabalho <strong>de</strong> carteira<br />

assinada pra ter mais gosto <strong>de</strong> dizer: meu trabalho é um<br />

trabalho bom. Ter um trabalho mais aconhega<strong>do</strong> pro<br />

meu filho ter orgulho. Os coleguinha <strong>de</strong>le perguntar: teu<br />

pai trabalha com o quê? e ele dizer que trabalha com<br />

isso ou aquilo, e não dizer: meu pai trabalha no lixo. Eu<br />

queria ter esse prazer...” (Entrevista<strong>do</strong> 6, Integrante da Usina<br />

<strong>de</strong> Triagem).<br />

A preocupação <strong>do</strong> nosso entrevista<strong>do</strong> pare<strong>ce</strong> pre<strong>do</strong>minar no cotidiano das<br />

pessoas que realizam esse ofício. No estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Paixão (2005) existem alguns<br />

relatos muito semelhantes ao exposto acima, on<strong>de</strong> uma cata<strong>do</strong>ra <strong>de</strong>clarou escon<strong>de</strong>r<br />

sua condição <strong>de</strong> cata<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> alguns parentes e outra <strong>de</strong>clarou evitar que os colegas<br />

<strong>do</strong>s seus filhos saibam que ela trabalha no lixão, para não <strong>de</strong>ixar seus filhos com<br />

vergonha. Além disso, há sonho da “carteira assinada” e um sentimento <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>scrença sobre as possibilida<strong>de</strong>s reais <strong>de</strong> encontrar a ocupação <strong>de</strong>sejada:<br />

“Meu sonho e objetivo é arrumar um trabalho <strong>de</strong> carteira<br />

assinada nem que seja pra jardineiro, mas por aqui<br />

acho que num tem não” (Entrevista<strong>do</strong> 6, Integrante da Usina<br />

<strong>de</strong> Triagem).<br />

As dificulda<strong>de</strong>s enfrentadas no cotidiano <strong>do</strong>s cata<strong>do</strong>res evi<strong>de</strong>nciam que o<br />

reconhecimento da<strong>do</strong> à categoria pelo Ministério <strong>do</strong> Trabalho <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 2002 “ainda não<br />

saiu <strong>do</strong> papel” - quan<strong>do</strong> estabele<strong>ce</strong>u para os cata<strong>do</strong>res os mesmos direitos e<br />

obrigações <strong>de</strong> um autônomo. Pare<strong>ce</strong>, inclusive, que os trabalha<strong>do</strong>res nem noção<br />

têm <strong>de</strong>sse feito, pois não emergiu nas falas <strong>de</strong> nenhum entrevista<strong>do</strong>.<br />

A categoria profissional foi oficializada na Classificação Brasileira <strong>de</strong><br />

Ocupações (CBO) sob o número 5192-05 e sua ocupação é <strong>de</strong>scrita como cata<strong>do</strong>r<br />

<strong>de</strong> material reciclável, mas <strong>ce</strong>rtamente esse reconhecimento não representa o fim da<br />

luta <strong>do</strong>s cata<strong>do</strong>res, porque ainda observamos o <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> suas ativida<strong>de</strong>s em<br />

condições muito precárias.<br />

A prova mais clara <strong>de</strong>sse <strong>ce</strong>nário é que “[...] no ano <strong>de</strong> 2003, o Governo<br />

Fe<strong>de</strong>ral criou o comitê <strong>de</strong> inclusão social <strong>de</strong> cata<strong>do</strong>res <strong>de</strong> lixo” (MEDEIROS e<br />

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