centro federal de educação tecnológica do ceará – cefet/ce
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uma praga ou uma epi<strong>de</strong>mia que já havia si<strong>do</strong> controlada e que, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />
muito tempo, retorna, com vigor (BURSZTYN, 2003, p.38).<br />
Entretanto, um entrevista<strong>do</strong> acredita que o trabalho com os RSD é motivo<br />
para reconhecimento social, conforme se observa no relato:<br />
“...a socieda<strong>de</strong> tá ten<strong>do</strong> mais consciência que o serviço<br />
que a gente faz é ruim mas a população também se<br />
olha pelo la<strong>do</strong> <strong>de</strong>les também. Que estamos ajudan<strong>do</strong><br />
eles também. Hoje, tá tu<strong>do</strong> tranqüilo. Hoje, você passa<br />
num canto ninguém não discrimina. Hoje, o pessoal já<br />
fala com você como um cidadão, uma pessoa boa,<br />
trabalha<strong>do</strong>r...” (Entrevista<strong>do</strong> 1, Gari).<br />
O <strong>de</strong>poimento aponta que o trabalha<strong>do</strong>r per<strong>ce</strong>be algumas melhorias na<br />
relação trabalho-socieda<strong>de</strong> e, aparentemente, seu relato comporta um “tom” <strong>de</strong><br />
superação próximo ao que conhe<strong>ce</strong>mos por “resiliência”, ou seja, capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
ven<strong>ce</strong>r as dificulda<strong>de</strong>s por mais fortes e traumáticas que elas sejam (FLACH, 1991;<br />
MELILO, NESTOR e OJEDA, 2006).<br />
Cyrulnik (1995) nos apresenta um con<strong>ce</strong>ito <strong>de</strong> “resiliência” que po<strong>de</strong> ser<br />
potencialmente interessante para melhor explicar o que falamos acima. Segun<strong>do</strong> o<br />
autor, “la résilien<strong>ce</strong>” (<strong>do</strong> francês) é uma expressão utilizada no campo da física para<br />
<strong>de</strong>signar a resistência <strong>de</strong> uma estrutura à absorção <strong>de</strong> uma energia cinética sem se<br />
romper. Em outras palavras - e fazen<strong>do</strong> uma metáfora à <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> Cyrulnik - a<br />
resiliência apontada para os entrevista<strong>do</strong>s consiste em compreen<strong>de</strong>r como eles, que<br />
passaram (e passam) por uma dura realida<strong>de</strong>, conseguem encontrar alguma forma<br />
<strong>de</strong> adaptar-se, habituar-se, a<strong>de</strong>quar-se na medida <strong>do</strong> possível, ou seja, como ser<br />
“resiliente” frente a um contexto <strong>de</strong> precárias condições <strong>de</strong> trabalho e vida.<br />
4.4.6 - Do Lixo a um Novo Horizonte<br />
Essa categoria traz os <strong>de</strong>sejos e/ou sonhos <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong><br />
suas respectivas realida<strong>de</strong>s sociais e <strong>de</strong> trabalho. Assim, emergiram perspectivas<br />
a<strong>ce</strong>rca da vonta<strong>de</strong> que alguns entrevista<strong>do</strong>s têm <strong>de</strong> aban<strong>do</strong>nar o trabalho com os<br />
RSD:<br />
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