centro federal de educação tecnológica do ceará – cefet/ce
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(2005), quan<strong>do</strong> analisa <strong>ce</strong>nário semelhante, diz que a busca por tal reconhecimento<br />
é “material e simbólica”.<br />
Resgatamos ainda o <strong>de</strong>poimento on<strong>de</strong> um entrevista<strong>do</strong> afirma que o trabalho<br />
com os RSD é motivo para “não-reconhecimentos”:<br />
“...são poucas as pessoas que agra<strong>de</strong><strong>ce</strong> e reconhe<strong>ce</strong><br />
que a gente <strong>de</strong>ixa a cida<strong>de</strong> limpa...” (Entrevista<strong>do</strong> 2, Gari).<br />
Na perspectiva <strong>de</strong> Nascimento (2003), o não-reconhecimento é uma das<br />
características <strong>do</strong> pro<strong>ce</strong>sso da exclusão social, ou seja, que se refere a um pro<strong>ce</strong>sso<br />
<strong>de</strong> “negação” social <strong>do</strong> outro. Na visão <strong>do</strong> autor (2003, p.61-62):<br />
Há três a<strong>ce</strong>pções, <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista sociológico, <strong>do</strong> termo exclusão social.<br />
O primeiro é uma <strong>de</strong>corrência <strong>do</strong> con<strong>ce</strong>ito <strong>de</strong> anomia [...] que se aproxima<br />
da discriminação racial, sexual, religiosa, ou outra. Assim, toda forma <strong>de</strong><br />
discriminação racial ou rejeição social seria uma forma <strong>de</strong> exclusão [...]. Na<br />
segunda a<strong>ce</strong>pção, o não-reconhecimento se traduz numa clara exclusão <strong>de</strong><br />
direitos. São grupos sociais - trabalha<strong>do</strong>res pobres, mendigos, biscateiros -<br />
que não tem uma clara integração no mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho, não possuin<strong>do</strong><br />
em <strong>de</strong>corrência, condições mínimas <strong>de</strong> vida. Por vezes, esta nãointegração<br />
produz efeitos <strong>de</strong> não inserção social [...]. A ter<strong>ce</strong>ira a<strong>ce</strong>pção<br />
<strong>de</strong>nomina-se “nova exclusão”, on<strong>de</strong> o não-reconhecimento vai além da<br />
negação ou recusa <strong>de</strong> direitos. Assim, esses grupos sociais [...] passam “a<br />
não ter direito a ter direito”. Sem serem reconheci<strong>do</strong>s como semelhantes, a<br />
tendência é expulsá-los da orbita da humanida<strong>de</strong>. Passam, assim, a ser<br />
objeto <strong>de</strong> extermínio [...].<br />
Já no “mun<strong>do</strong>” vivi<strong>do</strong> pelos cata<strong>do</strong>res entrevista<strong>do</strong>s, alguns <strong>de</strong>poimentos<br />
trazem a per<strong>ce</strong>pção <strong>de</strong>les em relação às posturas que a socieda<strong>de</strong> ainda a<strong>do</strong>ta em<br />
relação ao seu trabalho:<br />
“O precon<strong>ce</strong>ito, a gente sofre <strong>de</strong>mais. Tem uma<br />
Associação aqui que um rapaz foi espanca<strong>do</strong> por 3<br />
pessoa. Ele era cata<strong>do</strong>r e as 3 pessoas confundiram ele<br />
com um marginal. Ele tava para<strong>do</strong> num ponto <strong>de</strong><br />
ônibus; eles meteram a peia nele e saíram corren<strong>do</strong> e<br />
<strong>de</strong>ixaram o coita<strong>do</strong> lá...” (Entrevista<strong>do</strong> 9, Membro da<br />
Associação <strong>de</strong> Cata<strong>do</strong>res).<br />
“Aos olhos da socieda<strong>de</strong>, a catação <strong>de</strong> lixo é uma ativida<strong>de</strong> bastante<br />
estigmatizada”’ (PAIXÃO, 2005, p.145). O “lidar” com os RSD ainda en<strong>ce</strong>rra uma<br />
dimensão simbólica negativa, objeto <strong>de</strong> sofrimento por parte <strong>de</strong> alguns <strong>do</strong>s nossos<br />
entrevista<strong>do</strong>s e que emergiu em seus relatos.<br />
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