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pesquisa. Já a segunda, está relacionada à percepção de que existe uma íntima relação entre nós (humanos) e a natureza. Trouxemos ainda os relatos dos entrevistados sobre suas visões em relação ao seu papel no “cuidar” do ambiente: “...eu acho que o que nós faz aqui previne problema para o meio ambiente porque se fosse pro lixão, esses material que nós retira ia levar muito tempo pra se [de]compor, não é?!, pois aqui nós retira, eles recicla, moem e lá faz outra matéria-prima. Acho que nós estamos ajudando um pouco não é?!...” (Entrevistado 6, Integrante da Usina de Triagem). “...meu trabalho com o meio ambiente eu considero bom porque aqui você tá aproveitando PET (garrafa de refrigerante) que demora mais de não sei quantos ano pra ser consumido, se apagar, então, eu acho bom porque você tá evitando que o material vá prejudicar o meio ambiente porque esse material tá vindo e nos tamo reciclando e daí vai se tornar novos PET, novos papel, não é?!...” (Entrevistado 7, Integrante da Usina de Triagem). “...a gente faz a parte que a gente pode porque nós separa os reciclável dos material orgânico e eu acho que isso ajuda pro meio ambiente...” (Entrevistado 9, Membro da Associação de Catadores). “...a partir do momento que a gente tá lutando pra deixar limpo não é?!, pra deixar a cidade limpa, eu acho que o clima vai ficar melhor, o ar, não é?! porque a gente pega os animais que tão morto pra não ficar fedendo e acho que tudo isso aí prejudica o meio ambiene porque é sujeira...” (Entrevistado 1, Gari). Os relatos acima dão um exemplo de responsabilidade ambiental e individual ao resgatarem as ações dos trabalhadores em relação à contribuição que estão dando à favor da preservação do ambiente, embora essas atividades não sejam sustentáveis. É importante notar também, o quanto o trabalho de segregação dos RSD ou de limpeza da cidade é valorizado pelos próprios trabalhadores, possivelmente, na possibilidade de resgatar a dignidade do trabalho, diante do estigma. 119
O reconhecimento da própria atividade representa um primeiro passo no caminho da inserção social e alcance de diretos e cidadania, e para tanto a organização é fundamental. Observamos em Abreu (2001) que a organização dos catadores é considerada como uma necessidade, não apenas do ponto de vista de promoção da cidadania, mas voltada também para a ação cooperativista que valorize esses profissionais como agentes ambientais e econômicos. O estudo de Loiola Ferreira (2007) mostra que 32% dos entrevistados declararam que catam lixo para sobreviver e também porque acreditam que isto preserva o meio ambiente. 4.4.5 - O Trabalho com o Lixo e a Sociedade Nessa categoria apresentamos os relatos onde os entrevistados expuseram um pouco da relação que existe entre o trabalho que desenvolvem e a sociedade. Assim, observamos os seguintes relatos: “...trabalhar com o lixo não é um trabalho digno, é uma necessidade que a gente tem, mais dignidade não é não. Como é que uma pessoa tá trabalhando com o lixo, se matando pra ganhar uma miséria?!. Eu não acho digno não...” (Entrevistado 8, Integrante da Usina de Triagem). “Pra mim, eu acho que meu trabalho não é digno, a não ser para outra pessoa, mas pra mim eu acho que é um trabalho muito tipo trabalho escravo, então, assim eu não considero digno não...” (Entrevistado 7, Integrante da Usina de Triagem). Compreendemos que o trabalho com os RSD não é digno na percepção de alguns entrevistados, especialmente os que estão na Usina de Triagem conforme falas acima. Ao ouvirmos os discursos, interrogamos para saber o que eles consideram um “trabalho digno” e recebemos respostas predominantemente “financeiras”, ou seja, trabalho digno é aquele no qual se ganha dinheiro. 120
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pesquisa. Já a segunda, está relacionada à per<strong>ce</strong>pção <strong>de</strong> que existe uma íntima<br />
relação entre nós (humanos) e a natureza.<br />
Trouxemos ainda os relatos <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s sobre suas visões em relação<br />
ao seu papel no “cuidar” <strong>do</strong> ambiente:<br />
“...eu acho que o que nós faz aqui previne problema<br />
para o meio ambiente porque se fosse pro lixão, esses<br />
material que nós retira ia levar muito tempo pra se<br />
[<strong>de</strong>]compor, não é?!, pois aqui nós retira, eles recicla,<br />
moem e lá faz outra matéria-prima. Acho que nós<br />
estamos ajudan<strong>do</strong> um pouco não é?!...” (Entrevista<strong>do</strong> 6,<br />
Integrante da Usina <strong>de</strong> Triagem).<br />
“...meu trabalho com o meio ambiente eu consi<strong>de</strong>ro<br />
bom porque aqui você tá aproveitan<strong>do</strong> PET (garrafa <strong>de</strong><br />
refrigerante) que <strong>de</strong>mora mais <strong>de</strong> não sei quantos ano<br />
pra ser consumi<strong>do</strong>, se apagar, então, eu acho bom<br />
porque você tá evitan<strong>do</strong> que o material vá prejudicar o<br />
meio ambiente porque esse material tá vin<strong>do</strong> e nos<br />
tamo reciclan<strong>do</strong> e daí vai se tornar novos PET, novos<br />
papel, não é?!...” (Entrevista<strong>do</strong> 7, Integrante da Usina <strong>de</strong><br />
Triagem).<br />
“...a gente faz a parte que a gente po<strong>de</strong> porque nós<br />
separa os reciclável <strong>do</strong>s material orgânico e eu acho<br />
que isso ajuda pro meio ambiente...” (Entrevista<strong>do</strong> 9,<br />
Membro da Associação <strong>de</strong> Cata<strong>do</strong>res).<br />
“...a partir <strong>do</strong> momento que a gente tá lutan<strong>do</strong> pra<br />
<strong>de</strong>ixar limpo não é?!, pra <strong>de</strong>ixar a cida<strong>de</strong> limpa, eu acho<br />
que o clima vai ficar melhor, o ar, não é?! porque a<br />
gente pega os animais que tão morto pra não ficar<br />
fe<strong>de</strong>n<strong>do</strong> e acho que tu<strong>do</strong> isso aí prejudica o meio<br />
ambiene porque é sujeira...” (Entrevista<strong>do</strong> 1, Gari).<br />
Os relatos acima dão um exemplo <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> ambiental e individual<br />
ao resgatarem as ações <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res em relação à contribuição que estão<br />
dan<strong>do</strong> à favor da preservação <strong>do</strong> ambiente, embora essas ativida<strong>de</strong>s não sejam<br />
sustentáveis. É importante notar também, o quanto o trabalho <strong>de</strong> segregação <strong>do</strong>s<br />
RSD ou <strong>de</strong> limpeza da cida<strong>de</strong> é valoriza<strong>do</strong> pelos próprios trabalha<strong>do</strong>res,<br />
possivelmente, na possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> resgatar a dignida<strong>de</strong> <strong>do</strong> trabalho, diante <strong>do</strong><br />
estigma.<br />
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