centro federal de educação tecnológica do ceará – cefet/ce
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Os resíduos sóli<strong>do</strong>s contêm espécies químicas que po<strong>de</strong>m ser carreadas<br />
pelas chuvas e entrar em contato com os cursos d’água superficiais e<br />
subterrâneos através <strong>de</strong> escoamento superficial e infiltração. Dessa forma,<br />
po<strong>de</strong>rá haver o comprometimento <strong>do</strong> uso <strong>de</strong>ssas fontes e da biota<br />
aquática, com risco <strong>de</strong> ocorrer intoxicações em um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong><br />
pessoas (SISINNO, 2002, p.33).<br />
Os impactos advin<strong>do</strong>s <strong>do</strong> RSD à fauna e à flora são mais representativos<br />
quan<strong>do</strong> observamos a poluição <strong>do</strong>s ambientes naturais das cida<strong>de</strong>s. O “ver<strong>de</strong>” <strong>de</strong><br />
remanes<strong>ce</strong>ntes áreas <strong>do</strong> meio urbano, por exemplo, contrasta com a multiplicida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> cores <strong>do</strong>s mais diversos tipos <strong>de</strong> resíduos <strong>de</strong>posita<strong>do</strong>s (papel, papelão, PET,<br />
metais, vidros, alumínios, <strong>ce</strong>râmicas, trapos, plásticos, borrachas, etc). Já <strong>do</strong> ponto<br />
<strong>de</strong> vista da fauna, per<strong>ce</strong>bemos que os RSD po<strong>de</strong>m pren<strong>de</strong>r aves, répteis e felinos e<br />
levá-los a morte por sufocamento, emaranhamento e/ou ingestão conjunta com<br />
alimentos existentes nos resíduos.<br />
Alguns problemas provoca<strong>do</strong>s pelos RSD no ambiente foram relata<strong>do</strong>s nas<br />
entrevistas feitas por Rêgo, Barreto e Killinger (2002), quais sejam: contaminação da<br />
água <strong>de</strong> consumo, <strong>de</strong>slizamento <strong>de</strong> encostas, alagamentos, enchentes, poluição<br />
atmosférica e <strong>de</strong>gradação <strong>do</strong> solo.<br />
Os relatos apontam que o somatório <strong>do</strong>s problemas <strong>de</strong> drenagem, acúmulo<br />
<strong>de</strong> lixo, eleva<strong>do</strong> índi<strong>ce</strong> pluviométrico e topografia da cida<strong>de</strong> expõem as<br />
populações que resi<strong>de</strong>m em áreas <strong>de</strong> encostas e baixadas às mais<br />
variadas situações <strong>de</strong> <strong>de</strong>slizamento <strong>de</strong> terra e enchentes provocan<strong>do</strong>, por<br />
vezes, vítimas fatais nessas localida<strong>de</strong>s, ou seja, os pobres “pagam” o<br />
“preço” (RÊGO, BARRETO e KILLINGER, 2002, p.1588), num níti<strong>do</strong><br />
<strong>ce</strong>nário <strong>de</strong> Injustiça Ambiental.<br />
Em termos <strong>de</strong> Injustiça Ambiental observamos em Rigotto (2003, p.393) que o<br />
quadro é bem mais complexo:<br />
Os países “<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s” <strong>do</strong> hemisfério Norte - pressiona<strong>do</strong>s pela<br />
socieda<strong>de</strong> e pelo Esta<strong>do</strong> a uma reforma ecológica - estariam exportan<strong>do</strong><br />
riscos para os países “sub<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s” ou “emergentes” <strong>do</strong> Sul. Aqueles<br />
pro<strong>ce</strong>ssos mais consumi<strong>do</strong>res <strong>de</strong> recursos naturais, mais gera<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />
poluentes e que se caracterizam por pro<strong>ce</strong>ssos <strong>de</strong> trabalho mais insalubres<br />
e perigosos - a “indústria suja” - ten<strong>de</strong>riam a se localizar em alguns locais:<br />
os que apresentem legislações ambientais e trabalhistas menos rigorosas;<br />
em que o aparato institucional <strong>de</strong> vigilância não tenha condições <strong>de</strong> fazer<br />
valer as políticas consensadas; em que a população e os trabalha<strong>do</strong>res<br />
estejam fragiliza<strong>do</strong>s pelas precárias condições <strong>de</strong> vida e dispostos a<br />
“a<strong>ce</strong>itar qualquer coisa” em troca <strong>de</strong> uma fonte <strong>de</strong> renda.<br />
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