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centro federal de educação tecnológica do ceará – cefet/ce

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“...o lixo pra mim, pra mim, significa uma fonte <strong>de</strong> renda.<br />

Pra nós aqui que somos da usina significa uma fonte <strong>de</strong><br />

renda pra sustentar a família, pagar conta. Até agora tá<br />

significan<strong>do</strong> muita coisa porque é o único trabalho que<br />

tem pra ofere<strong>ce</strong>r aqui...” (Entrevista<strong>do</strong> 7, Integrante da Usina<br />

<strong>de</strong> Triagem).<br />

Esses relatos são importantes para mostrar o quanto os RSD (para alguns<br />

entendi<strong>do</strong>s como lixo e material imprestável) representam para segmentos sociais<br />

menos favoreci<strong>do</strong>s. Além disso, o trabalho realiza<strong>do</strong> pelos integrantes da usina <strong>de</strong><br />

triagem assume gran<strong>de</strong> importância ambiental por evitar que os resíduos recicláveis<br />

tenham como fim o aterro sanitário.<br />

A importância que os resíduos recicláveis assumem na vida/sobrevivência<br />

<strong>do</strong>s nossos entrevista<strong>do</strong>s emergiu no trabalho <strong>de</strong> Velloso, Valadares e Santos<br />

(1998), quan<strong>do</strong> 75% <strong>do</strong>s entrevista<strong>do</strong>s afirmaram estarem satisfeitos trabalhan<strong>do</strong><br />

com o lixo, sen<strong>do</strong> esse sentimento <strong>de</strong>corrente <strong>do</strong> fato <strong>de</strong> os entrevista<strong>do</strong>s<br />

posicionarem o lixo como meio <strong>de</strong> sobrevivência.<br />

“Ver” os RSD sob essa perspectiva foi observa<strong>do</strong> também por Dall’Agnol e<br />

Fernan<strong>de</strong>s (2007) nos discursos das cata<strong>do</strong>ras entrevistadas. Nas palavras das<br />

autoras:<br />

Enten<strong>de</strong>mos que as cata<strong>do</strong>ras priorizam assegurar a sobrevivência<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente das condições <strong>de</strong> vida e saú<strong>de</strong>. Ter saú<strong>de</strong> na visão das<br />

entrevistadas está muito vincula<strong>do</strong> à possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r trabalhar,<br />

indiferentemente das condições que o trabalho ofereça (DALL’AGNOL e<br />

FERNANDES, 2007, p.4).<br />

O que foi trazi<strong>do</strong> por Dall’Agnol e Fernan<strong>de</strong>s (2007) se assemelha ao já<br />

exposto por Paixão (2005, p.167-168) quan<strong>do</strong> afirma que:<br />

[...] para as cata<strong>do</strong>ras, o hoje sobrepõe-se ao ontem e ao amanhã. O<br />

presente é a referência. Catar hoje para comer amanhã. Sobrevivência dia-adia.<br />

Não há salário no fim <strong>do</strong> mês, não há décimo ter<strong>ce</strong>iro salário, não há<br />

férias remuneradas, não há poupança possível para consumo posterior.<br />

- Me<strong>de</strong>iros e Macê<strong>do</strong> (2006, p.88), quan<strong>do</strong> trazem que “[...] para eles<br />

(referin<strong>do</strong>-se aos cata<strong>do</strong>res), aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> trabalho eram aqueles que geravam<br />

situações críticas que impediam <strong>de</strong> ir ao trabalho”.<br />

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