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centro federal de educação tecnológica do ceará – cefet/ce

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Observamos em Paixão (2005) que esse “encurtamento etário” é bem<br />

característico no grupo <strong>do</strong>s cata<strong>do</strong>res. Para termos uma noção, nos traz a autora,<br />

que as cata<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> 40 anos se consi<strong>de</strong>ram velhas e que estão “no fim da vida”.<br />

Crianças <strong>de</strong> 10 e 11 anos foram i<strong>de</strong>ntificadas como “surradinhas” e <strong>de</strong> 14 e 15 anos,<br />

como “burros-velhos”. É como se a ida<strong>de</strong> se constituísse em obstáculo para a re-<br />

ingresso no merca<strong>do</strong> formal <strong>de</strong> trabalho. Segun<strong>do</strong> uma entrevistada da autora, a<br />

criança é pequena até os 6 ou 7 anos (PAIXÃO, 2005).<br />

Quan<strong>do</strong> Araújo (2003) diz que “as crianças pobres tem que <strong>de</strong>ixar as escolas<br />

para complementar a renda familiar”, aparentemente, estamos diante <strong>de</strong> um “jargão”,<br />

mas esse quadro se manifesta claramente quan<strong>do</strong> analisamos a história <strong>de</strong> vida <strong>do</strong>s<br />

cidadãos que vivem da segregação <strong>de</strong> recicláveis em Fortaleza/CE, pois a maioria<br />

<strong>do</strong>s integrantes da Usina <strong>de</strong> Triagem e da Associação <strong>de</strong> Cata<strong>do</strong>res não teve<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> entrar ou permane<strong>ce</strong>r na escola porque as condições finan<strong>ce</strong>iras <strong>de</strong><br />

suas famílias não permitiam e os relatos mostraram isso.<br />

O estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros e Macê<strong>do</strong> (2006) trouxe alguns <strong>de</strong>poimentos on<strong>de</strong> os<br />

cata<strong>do</strong>res relacionam sua baixa escolarida<strong>de</strong> com o conseqüente trabalho com o<br />

lixo. Além <strong>de</strong>ssa constatação, afirmam os autores (p.85), “a baixa escolarida<strong>de</strong><br />

também está associada à auto-imagem que os cata<strong>do</strong>res fazem <strong>de</strong> sua profissão e<br />

posição social, que representa humilhação e vergonha”. Quan<strong>do</strong> essa Associação<br />

ocorre na nossa pesquisa, acreditamos que os próprios cata<strong>do</strong>res têm <strong>de</strong>scrédito em<br />

relação à profissão que exer<strong>ce</strong>m.<br />

Já no estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Paixão (2005) observamos que a questão da escolarização<br />

assume distintos significa<strong>do</strong>s para as cata<strong>do</strong>ras. Nas palavras da autora (p.150), “ter<br />

aprendi<strong>do</strong> a escrever o nome é um ganho que evita a humilhação <strong>de</strong> ‘assinar’ com o<br />

polegar”. Para elas (referin<strong>do</strong>-se as cata<strong>do</strong>ras) “há uma gradação entre ser<br />

analfabeta, saber escrever o nome, saber ler, saber ler e escrever. A escala é outra<br />

[...]”.<br />

Nessa perspectiva, um integrante da Usina <strong>de</strong> Triagem relatou:<br />

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