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centro federal de educação tecnológica do ceará – cefet/ce

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Não “prover bons estu<strong>do</strong>s aos filhos” tem ressurgi<strong>do</strong> como algo que preocupa<br />

esses trabalha<strong>do</strong>res. Observamos em Zaneti (2006) e em Velloso (2005), por<br />

exemplo, que um cata<strong>do</strong>r <strong>de</strong> papel - ao refletir sobre suas condições finan<strong>ce</strong>iras -<br />

expressa claramente que não po<strong>de</strong>rá financiar os estu<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s seus filhos e que<br />

teme um futuro bem pior <strong>do</strong> que a vida atual para eles.<br />

O estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Salama e Destremau (1999) apud Paixão (2005), sobre a<br />

situação <strong>de</strong> pobreza em vários países, mostra que:<br />

[...] as crianças indigentes (pobreza extrema) têm pouca chan<strong>ce</strong> <strong>de</strong> sair <strong>do</strong><br />

esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> miséria. Há aquelas que nas<strong>ce</strong>m <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> famílias pobres, mas<br />

não indigentes, e que têm alguma chan<strong>ce</strong> <strong>de</strong> conhe<strong>ce</strong>r melhorias em sua<br />

condição. Algumas <strong>de</strong>ssas po<strong>de</strong>rão atravessar a fronteira da linha da<br />

pobreza, sem, no entanto, se afastar muito <strong>de</strong>la.<br />

Os da<strong>do</strong>s, para esses autores, levam a concluir que “nas<strong>ce</strong>r pobre significa<br />

amiú<strong>de</strong> ser pobre por toda a vida e colocar no mun<strong>do</strong> crianças pobres” (SALAMA e<br />

DESTREMAU, 1999 apud PAIXÃO, 2005, p.166) e, quan<strong>do</strong> lembramos <strong>do</strong>s nossos<br />

entrevista<strong>do</strong>s, per<strong>ce</strong>bemos que além da pobreza, eles têm <strong>de</strong> enfrentar o estigma da<br />

ativida<strong>de</strong> que lhes permite a sobrevivência, especialmente numa socieda<strong>de</strong> que, ao<br />

invés <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver, aprofunda <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s e exclusão.<br />

Araújo (2003) traz uma reflexão que, a nosso ver, se encaixa no <strong>ce</strong>nário<br />

trazi<strong>do</strong> pelos entrevista<strong>do</strong>s. O autor faz uma relação entre as condições<br />

socioeconômicas e o tempo <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> nos diversos estratos sociais, chegan<strong>do</strong><br />

a seguinte consi<strong>de</strong>ração (p.94): “as crianças pobres têm que <strong>de</strong>ixar as escolas para<br />

complementar a renda familiar, ou, até mesmo, prover o sustento da família”. Ainda<br />

segun<strong>do</strong> o autor (p.94), “esse trabalho se dá nas ruas sob a forma <strong>de</strong> “bicos” e, por<br />

vezes, a catação <strong>de</strong> lixo é alternativa encontrada”.<br />

Apesar <strong>de</strong> o autor ter se referi<strong>do</strong> às crianças, não po<strong>de</strong>mos dissociar essa<br />

fase da vida com a realida<strong>de</strong> vivida pelos “adultos pobres” <strong>do</strong> nosso país, pois<br />

pare<strong>ce</strong> que há uma espécie <strong>de</strong> “continuísmo” - on<strong>de</strong> a criança passa a jovem e<br />

adulto trabalha<strong>do</strong>r num curto intervalo <strong>de</strong> tempo, não vivencian<strong>do</strong> como <strong>de</strong>veria seu<br />

momento “como criança” e seu momento “como jovem”.<br />

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