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centro federal de educação tecnológica do ceará – cefet/ce

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Interessante notar que o “me<strong>do</strong>” que os RSD traz para os garis e para os<br />

cata<strong>do</strong>res da Usina <strong>de</strong> Triagem não emergiu nas falas <strong>do</strong>s integrantes da ASCAJAN,<br />

evi<strong>de</strong>ncian<strong>do</strong> um pouco <strong>de</strong> cada um <strong>do</strong>s “mun<strong>do</strong>s”.<br />

4.4.2.2 - O Lixo como Meio <strong>de</strong> Sobrevivência<br />

Nessa categoria alguns entrevista<strong>do</strong>s a<strong>ce</strong>ntuaram que o trabalho com os RSD<br />

é uma questão <strong>de</strong> sobrevivência em <strong>de</strong>corrência da falta <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> e/ou<br />

oportunida<strong>de</strong>, como ilustram os pronunciamentos a seguir:<br />

“...nós não somos mal agra<strong>de</strong>ci<strong>do</strong>s por ter um emprego,<br />

mas a gente tem que trabalhar, a gente vive daqui, tem<br />

que sustentar os filhos, vive daqui. Tem que ir, não tem<br />

uma outra opção porque nós não tem muito estu<strong>do</strong> a<br />

não ser trabalhar com isso...” (Entrevista<strong>do</strong> 3, Gari).<br />

“...o lixo pra mim é uma forma <strong>de</strong> sustentar minha<br />

família não é?!, porque eu não estu<strong>de</strong>i muito...”<br />

(Entrevista<strong>do</strong> 10, Membro da Associação <strong>de</strong> Cata<strong>do</strong>res).<br />

Os <strong>de</strong>poimentos trazem a idéia <strong>de</strong> que há uma falta <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> com o<br />

trabalho e segurem uma auto-culpabilização pela exclusão social. Além disso, os<br />

RSD são eleva<strong>do</strong>s ao patamar <strong>de</strong> “meio <strong>de</strong> sobrevivência”, sen<strong>do</strong> esta, uma<br />

característica muito comum a esses grupos sociais conforme David <strong>de</strong> Oliveira<br />

(2003) e Zaneti (2006).<br />

Segun<strong>do</strong> David <strong>de</strong> Oliveira (2003, p.176), “a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sobreviver <strong>do</strong><br />

lixo leva várias pessoas, que o autor chama <strong>de</strong> migrantes, a tentarem “a vida” na<br />

cida<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>, mesmo saben<strong>do</strong> da condição <strong>de</strong>sumana que a ativida<strong>de</strong><br />

proporcionará”. Para os opera<strong>do</strong>res da Usina <strong>de</strong> Triagem entrevista<strong>do</strong>s pela autora<br />

estes resíduos que os mesmos passam a chamá-los <strong>de</strong> “melhor ou pior lixo” que<br />

passam a ter significa<strong>do</strong>s diferentes.<br />

Os <strong>de</strong>poimentos aqui construí<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>m ser compreendi<strong>do</strong>s também sob a<br />

discussão que existe entre a questão da escolarida<strong>de</strong>, as condições<br />

socioeconômicas e a inserção no merca<strong>do</strong> <strong>de</strong> trabalho formal, da qual observamos,<br />

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