centro federal de educação tecnológica do ceará – cefet/ce
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implica experiência <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas condições <strong>de</strong>sagradáveis <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> psíquico,<br />
sobretu<strong>do</strong> na vida emocional <strong>do</strong>s sujeitos”.<br />
Além <strong>de</strong>sse quadro, alguns entrevista<strong>do</strong>s afirmaram que quan<strong>do</strong> <strong>do</strong>entes por<br />
febre, <strong>do</strong>r <strong>de</strong> cabeça ou tontura, temem levar atesta<strong>do</strong> à empresa para não per<strong>de</strong>r o<br />
emprego ou benefícios, o que nos leva a lembrar a discussão feita anteriormente<br />
sobre o ‘lugar’ <strong>de</strong> on<strong>de</strong> falam os garis, ou seja, <strong>de</strong> um espaço no qual eles foram<br />
contrata<strong>do</strong>s para “coletar resíduos”.<br />
As falas transmitem o sentimento <strong>de</strong> impotência <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r para melhorar<br />
suas condições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e sua insatisfação referente à conduta da empresa quan<strong>do</strong><br />
acometi<strong>do</strong>s por uma <strong>do</strong>ença:<br />
“Se faltar já per<strong>de</strong>. Se botar <strong>do</strong>is atesta<strong>do</strong> médico<br />
elimina a <strong>ce</strong>sta básica, já per<strong>de</strong>. Aqui ninguém tem<br />
direito a nada...” (Entrevista<strong>do</strong> 3, Gari)<br />
“...ela (a empresa) fica com raiva se você tá <strong>do</strong>ente,<br />
achan<strong>do</strong> que você tá levan<strong>do</strong> vantagem, que não quer<br />
trabalhar. Estan<strong>do</strong> <strong>de</strong> atesta<strong>do</strong> a empresa dá as costas<br />
pra você totalmente...” (Entrevista<strong>do</strong> 1, Gari)<br />
Os trabalha<strong>do</strong>res praticamente vêem a empresa como “algo vivo”, pois a<br />
personificam. É como se eles não per<strong>ce</strong>bessem que fazem parte <strong>de</strong>la, que eles<br />
também a fazem existir. Pare<strong>ce</strong> haver uma condição <strong>de</strong> distanciamento, com<br />
conflitos <strong>de</strong> interesses ou mesmo direitos.<br />
Esse clima <strong>de</strong> “<strong>de</strong>samparo” foi per<strong>ce</strong>bi<strong>do</strong> também por Velloso, Valadares e<br />
Santos (1998), quan<strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>res da coleta <strong>do</strong>miciliar enfatizaram sua falta <strong>de</strong><br />
participação nas <strong>de</strong>cisões sobre o trabalho e na preservação <strong>de</strong> direitos, no âmbito<br />
da empresa, ou mediante à negligência da mesma no que diz respeito à sua saú<strong>de</strong>,<br />
ao baixo salário e à falta <strong>de</strong> in<strong>ce</strong>ntivos e/ou gratificação pessoal para <strong>de</strong>sempenhar<br />
um serviço altamente penoso.<br />
No estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Nunes e Cunha (2004) 63,6% <strong>do</strong>s coletores <strong>de</strong> lixo afirmaram<br />
não re<strong>ce</strong>ber qualquer orientação ou informação sobre saú<strong>de</strong>, oferecida pelo órgão<br />
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