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geografia crítica e geografia escolar - Observatorio Geográfico

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Anais do X Encontro de Geógrafos da América Latina – 20 a 26 de março de 2005 – Universidade de São Paulo<br />

neoliberalismo para manter a hegemonia liberal-burguesa na Educação 15 . Assim, o<br />

construtivismo, tendo no interacionismo piagetiano sua principal referência teórica e<br />

legitimação científica da psicologia experimental, corresponderia hoje a uma concepção<br />

mais conservadora do que progressista da Educação. Seria o velho travestido de novo.<br />

Mizukami (1986, p. 111) já apontava as relações entre a Escola Nova centrada na atividade<br />

do aluno e no aprender a aprender; o cognitivismo piagetiano centrado no desenvolvimento<br />

das operações mentais às quais, pelo determinismo biológico, chegaria o aluno desde que<br />

em condições normais do funcionamento psíquico e que solicitado pelo ambiente; e a visão<br />

liberal da Educação que traz a idéia de que o desenvolvimento pleno é atingido pelo mérito<br />

individual. Isto dito há quase vinte anos atrás.<br />

O professor Ariovaldo U. de Oliveira (1999) na análise rigorosa, <strong>crítica</strong> e de<br />

conjunto que fez dos PCNs de Geografia para o ensino fundamental, colocou em relação à<br />

concepção de Geografia, ou a falta dela que, “ao que se saiba, o ecletismo revela mais a<br />

ausência do que a presença de uma concepção filosófica” (p. 50) e que o tratamento<br />

teórico-conceitual é um “verdadeiro samba do crioulo doido” (p. 62). Apontando a concepção<br />

subjetivista da fenomenologia na Geografia dos PCNs, o professor Ariovaldo a identificou<br />

como objetivo ideológico dos PCNs a apresentação aos professores de uma concepção de<br />

Geografia “capaz de quebrar a visão de totalidade que a concepção dialética trouxe para o<br />

interior do pensamento geográfico” que “possibilita ao sujeito pensar o mundo em que vive e<br />

a sua superação”, substituindo-a pela visão de sociedade como “uma reunião de indivíduos,<br />

e não a união contraditória de classes sociais em luta” e formar “cidadãos que apenas se<br />

enxerguem como indivíduos, não conseguindo, portanto, enxergarem-se como classe” (p.<br />

54). O objetivo maior seria combater a concepção marxista e dialética da Geografia, de<br />

acordo com a ideologia neoliberal do governo Fernando Henrique Cardoso. Qualquer<br />

semelhança entre essas conclusões e a <strong>crítica</strong> marxista ao construtivismo-interacionismo na<br />

Educação não é mera coincidência.<br />

O professor Ariovaldo, centrando sua análise no volume dos PCNs de Geografia<br />

para o ensino fundamental, não identificou uma concepção pedagógica explícita no<br />

documento, mas apenas uma concepção implícita “que adota uma visão conteudista e<br />

individualista”, afirmando que “os autores [dos PCNs] ignoraram a necessidade premente de<br />

mostrar uma concepção pedagógica” (idem, p. 63) e reafirmando a pedagogia de Paulo<br />

Freire como opção ideológica para uma Educação <strong>crítica</strong> e transformadora. No entanto, os<br />

PCNs têm uma concepção explícita de ensino e de aprendizagem que, de fato, não aparece<br />

no volume específico de Geografia. Essa concepção é explicitada em outro volume da obra,<br />

na “Introdução aos PCNs” (BRASIL, 1998, p.71), que corresponde à concepção de ensino e<br />

15 Sobre a relação entre construtivismo e neoliberalismo nos PCNs e nas reformas educacionais, ver o<br />

excelente artigo de Alessandra Arce (2001). Sobre a relação entre construtivismo e pós-modernismo<br />

ver o capítulo escrito por Newton Duarte (2000) no livro por ele organizado.<br />

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