Análise Numérica - Erros, Extrapolaįão de Richardson e ... - UFMG
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<strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong><br />
<strong>Erros</strong>, Extrapolação <strong>de</strong> <strong>Richardson</strong> e Quadratura Gaussiana<br />
Renato Martins Assunção<br />
DCC - <strong>UFMG</strong><br />
2012<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 1 / 40
<strong>Análise</strong> do erro<br />
Sabemos que a integração numérica fornece um valor aproximado<br />
para a integral.<br />
Po<strong>de</strong>mos ter uma i<strong>de</strong>ia do tamanho MÁXIMO do erro que<br />
po<strong>de</strong>mos cometer com os diversos métodos.<br />
Vamos ver em <strong>de</strong>talhes o erro que cometemos com a quadratura<br />
via trapézios.<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 2 / 40
Regra do trapézio<br />
A reta p(x) formando o trapézio tem<br />
equação igual<br />
p(x) = f <br />
a+b f (b)−f (a) x <br />
a+b<br />
2 + b−a − 2 .<br />
Note que (a + b)/2 é o ponto central do intervalo [a, b].<br />
A expansão <strong>de</strong> Taylor da função f (x) em torno do ponto (a + b)/2<br />
é igual a<br />
f (x) = f a+b<br />
2<br />
em que θ ∈ [a, b].<br />
+ f ′ a+b<br />
2<br />
<br />
a+b f<br />
x − 2 + ′′ (θ)<br />
2<br />
<br />
a+b 2<br />
x − 2 ,<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 3 / 40
Erro - regra do trapézio<br />
A integral da função<br />
<br />
x −<br />
<br />
a + b<br />
no intervalo [a, b] é igual a zero.<br />
2<br />
Assim, tomando a diferença f (x) − p(x) e integrando em [a, b],<br />
obtemos<br />
<br />
b <br />
b b<br />
<br />
1<br />
f (x)dx − p(x)dx<br />
= f<br />
a<br />
a 2 a<br />
′′ 2 a + b<br />
(θ) x − dx.<br />
2<br />
Se |f ′′ (x)| ≤ M para todo x no intervalo, então<br />
<br />
<br />
b<br />
b 2 <br />
M a + b<br />
<br />
p(x)dx<br />
≤ x − dx =<br />
<br />
2<br />
2<br />
M<br />
12 (b−a)3 .<br />
a<br />
b<br />
f (x)dx−<br />
a<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 4 / 40<br />
a
Erro - regra do trapézio<br />
Po<strong>de</strong>mos aplicar esta mesma técnica em cada segmento [xi−1, xi]<br />
b − a<br />
<strong>de</strong> comprimento = h.<br />
n<br />
Se |f ′′ (x)| ≤ M para x ∈ [a, b] (e não somente no segmento<br />
[xi−1, xi]), temos<br />
<br />
b <br />
b <br />
<br />
M<br />
f (x)dx − p(x)dx<br />
≤ n<br />
a<br />
a 12 h3 2 M<br />
= h (b − a).<br />
12<br />
Isto é, a diferença entre a integral e a aproximação pela regra do<br />
trapézio diminui com h 2 (ou com 1/n 2 ).<br />
Se passarmos <strong>de</strong> n para 2n intervalos, a diferença entre a integral e<br />
a sua aproximação pela regra <strong>de</strong> quadratura diminui em 4 vezes<br />
(cai em 1/4 <strong>de</strong> seu valor com n intervalos).<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 5 / 40
Qual o n para obter certa precisão?<br />
Po<strong>de</strong>mos usar estes limites <strong>de</strong> erro para <strong>de</strong>terminar o número n <strong>de</strong><br />
sub-intervalos que garanta uma estimativa da integral menor que<br />
certa precisão.<br />
Por exemplo, queremos <strong>de</strong>terminar n tal que a estimativa da<br />
integral 2 1<br />
0 x+4dx pelo método trapezoidal tenha um erro menor<br />
que 10 −5 .<br />
Temos M = max{2/(x + 4) 3 } = 2/4 3 = 1/32.<br />
Como |erro| ≤ h 2 (2 − 0)/(12 × 32) = h 2 /192 e como queremos<br />
|erro| ≤ 10 −5 , basta tomarmos h tal que h 2 /192 ≤ 10 −5 .<br />
Substituindo h = (b − a)/n = 2/n ⇒ n = 91.2871<br />
Assim, se tomarmos n = 92, teremos o resultado <strong>de</strong>sejado.<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 6 / 40
Erro - regra <strong>de</strong> Simpson<br />
Cálculos similares permitem calcular o erro MÁXIMO que<br />
po<strong>de</strong>mos cometer usando o método <strong>de</strong> Simpson.<br />
Encontramos um erro máximo igual a (b − a)/180h 4 max{f (4) (x)},<br />
on<strong>de</strong> f (4) é a quarta <strong>de</strong>rivada <strong>de</strong> f (x).<br />
Assim, este erro cai com n 4 .<br />
Ele envolve a 4 a <strong>de</strong>rivada , mais trabalhosa <strong>de</strong> se obter.<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 7 / 40
Extrapolação <strong>de</strong> <strong>Richardson</strong><br />
Esta é uma técnica muito simples que melhora muito a precisão <strong>de</strong><br />
vários métodos numéricos.<br />
A i<strong>de</strong>ia no caso <strong>de</strong> integração numérica usando uma regra qualquer<br />
(Simpson ou trapézio, por exemplo) é a seguinte:<br />
Faça uma 1 a aproximação usando n subintervalos (cada um com<br />
comprimento h).<br />
Faça uma 2 a aproximação usando 2n subintervalos (cada um com<br />
comprimento h/2).<br />
Use as duas aproximações para obter uma aproximação melhor que<br />
qualquer uma das duas individualmente.<br />
Vamos ver como isto é feito.<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 8 / 40
<strong>Richardson</strong>: o princípio geral<br />
Consi<strong>de</strong>re um método <strong>de</strong> quadratura cuja saída Fh fornece uma<br />
aproximação para a integral F com erro <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m h p , on<strong>de</strong> p > 1.<br />
Isto é , F ≈ Fh + c h p on<strong>de</strong> c é uma constante positiva.<br />
Por exemplo, a regra do trapézio tem F ≈ Fh + c h 2 e a regra <strong>de</strong><br />
Simpson tem F ≈ Fh + c h 4 .<br />
Vamos <strong>de</strong>notar Eh = c h p .<br />
Consi<strong>de</strong>re a aproximação com 2n intervalos <strong>de</strong> comprimento h/2:<br />
F ≈ F h/2 + c(h/2) p .<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 9 / 40
Repetindo:<br />
Temos<br />
F ≈ Fh + ch p = Fh + Eh<br />
F ≈ F h/2 + c(h/2) p = F h/2 + E h/2<br />
(A).<br />
E h/2 ≈ c(h/2) p = ch p /2 p ≈ 1/2 p · Eh.<br />
Portanto, <strong>de</strong> (B) tiramos que<br />
Isto é,<br />
(B).<br />
F − F h/2 ≈ E h/2 ≈ 1/2 p · Eh ≈ 1/2 p · (F − Fh).<br />
F − F h/2 ≈ 1/2 p · (F − Fh).<br />
O que po<strong>de</strong>mos fazer com isto?<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 10 / 40
Então: F − F h/2 ≈ 1/2 p · (F − Fh).<br />
O que po<strong>de</strong>mos fazer com isto?<br />
Isolando F no lado esquerdo, encontramos<br />
Ou ainda<br />
F ≈ 2p<br />
2 p − 1<br />
<br />
F h/2 − Fh<br />
2 p<br />
<br />
.<br />
F ≈ F h/2 + 1<br />
2 p − 1 [F h/2 − Fh].<br />
Esta é a fórmula <strong>de</strong> extrapolação <strong>de</strong> <strong>Richardson</strong>. Ela produz<br />
resultados muito melhores que Fh ou F h/2 ⇒ erro ≈ c h p+1 .<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 11 / 40
Exemplo<br />
Regra do trapézio tem p = 2.<br />
A extrapolação <strong>de</strong> <strong>Richardson</strong> fica<br />
F ≈ F h/2 + 1<br />
3 [F h/2 − Fh]<br />
Usando o Scilab com f (x) = 4<br />
entre 0 e 1 (integral = π) e<br />
1 + x 2<br />
com n = 10 e n = 20 intervalos.<br />
Fh erra na terceirra casa <strong>de</strong>cimal. F h/2 erra na quarta casa <strong>de</strong>cimal.<br />
FR só erra na décima casa <strong>de</strong>cimal!!<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 12 / 40
Mais um exemplo<br />
Ainda com a regra do trapézio (p = 2) e a extrapolação <strong>de</strong><br />
<strong>Richardson</strong><br />
F ≈ F h/2 + 1<br />
2 2 − 1 [F h/2 − Fh] = F h/2 + 1<br />
3 [F h/2 − Fh]<br />
Vamos obter uma aproximação para<br />
π/4<br />
sec 2 (x) dx = tan(π/4) − tan(0) = 1 .<br />
0<br />
Usando o Scilab com n = 10 e n = 20 intervalos:<br />
Fh = 1.002052, F h/2 = 1.0005138.<br />
Já a estimativa <strong>de</strong> <strong>Richardson</strong> fica FR = 1.000001.<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 13 / 40
Exemplo com Simpson<br />
Consi<strong>de</strong>re agora a regra <strong>de</strong> Simpson. Neste caso p = 4 e a<br />
extrapolação <strong>de</strong> <strong>Richardson</strong> é dada por<br />
F ≈ F h/2 + 1<br />
2 4 − 1 [F h/2 − Fh] = F h/2 + 1<br />
15 [F h/2 − Fh]<br />
Vamos consi<strong>de</strong>rar <strong>de</strong> novo com f (x) = 4<br />
entre 0 e 1 (integral<br />
1 + x 2<br />
= π) e com n = 10 e n = 20 intervalos.<br />
As diferenças <strong>de</strong> Fh, Fh/2 e FR em relação a π foram,<br />
respectivamente, iguais a<br />
10 ( − 8) × (−3.9650577, −0.0620008, 0.1982030). Assim, neste<br />
caso, A extrapolação <strong>de</strong> <strong>Richardson</strong> não melhorou a estimativa <strong>de</strong><br />
Fh/2, o que é incomum.<br />
Com f (x) = sec 2 (x) entre 0 e π/4 (integral = 1) e n = 10 e<br />
n = 20, temos os erros <strong>de</strong> Fh, F h/2, FR iguais a 10 −5 , 10 −6 , 10 −8 ,<br />
respectivamente.<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 14 / 40
Estimativa do erro com <strong>Richardson</strong><br />
Existe uma outra coisa que po<strong>de</strong>mos fazer com a extrapolação <strong>de</strong><br />
<strong>Richardson</strong>.<br />
Po<strong>de</strong>mos ter uma estimativa do tamanho do erro que esta sendo<br />
cometido com uma <strong>de</strong>terminada regra (e não apenas do erro<br />
maximo).<br />
Como<br />
F ≈ Fh/2 + 1<br />
22 − 1 [Fh/2 − Fh] = Fh/2 + 1<br />
3 [Fh/2 − Fh]<br />
po<strong>de</strong>mos então escrever<br />
Eh/2 ≈ F − Fh/2 ≈ 1<br />
2p <br />
Fh/2 − Fh<br />
− 1<br />
Convém ser conservador e usar a medida <strong>de</strong> erro acima para Eh ao<br />
invés <strong>de</strong> Eh/2. No primeiro exemplo com a regra do trapézio, teríamos<br />
Eh ≈ 0.0004167.<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 15 / 40
QUADRATURA GAUSSIANA<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 16 / 40
Quadratura, erros e polinômios<br />
b<br />
Consi<strong>de</strong>re a integral f (x)dx.<br />
a<br />
Todas as regras <strong>de</strong> quadratura são da seguinte forma:<br />
I ≈ w1f (x1) + w2f (x2) + . . . + wnf (xn).<br />
As regras que vimos até agora escolhem os pontos x1, x2, . . . , xn <strong>de</strong><br />
antemão, sem qualquer consi<strong>de</strong>ração pela função especifica que vai<br />
ser integrada.<br />
As regras do trapézio e <strong>de</strong> Simpson geram pesos muito simples:<br />
Trapézio: h<br />
2<br />
Simpson: h<br />
3<br />
× (1 2 2 2 2 2 2 2 . . . 2 2 1)<br />
× (1 4 2 4 2 4 2 4 . . . 2 4 1)<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 17 / 40
Quadratura gaussiana - introdução<br />
Gauss teve um insight genial.<br />
Nossas regras são do seguinte tipo:<br />
I ≈ w1f (x1) + w2f (x2) + . . . + wnf (xn).<br />
Fixamos os pontos xi e buscamos os pesos wi.<br />
Será que não po<strong>de</strong>mos fazer um trabalho melhor se buscarmos<br />
TAMBÉM os pontos xi , e não apenas os pesos wi?<br />
A resposta é um surpreen<strong>de</strong>nte SIM, nós po<strong>de</strong>mos. Nós po<strong>de</strong>mos<br />
fazer MUITO melhor!!<br />
Quadradura gaussiana é o método mais usado hoje em dia.<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 18 / 40
Quadratura gaussiana - 2 pontos<br />
Vamos imaginar que queremos escolher apenas DOIS pontos em<br />
[a, b] para aproximar a integral da função f (x).<br />
Isto é, queremos achar<br />
I ≈ w1f (x1) + w2f (x2).<br />
Uma opção é a regra do trapézio que escolhe x1 = a e x2 = b,<br />
aproxima a função f (x) por uma reta e obtém os pesos<br />
w1 = w2 = h/2<br />
Verifique isto...<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 19 / 40
Deixando xi variável<br />
A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Gauss foi buscar dois pontos x1 e x2 em [a, b] e os seus<br />
pesos correspon<strong>de</strong>ntes w1 e w2 tal que a aproximação<br />
fosse a melhor possível.<br />
I ≈ w1f (x1) + w2f (x2)<br />
Com a regra do trapézio po<strong>de</strong>mos aproximar com erro zero uma<br />
função linear f (x).<br />
Se f (x) for uma reta, a regra do trapézio tem erro zero.<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 20 / 40
Na prática, as funções não são exatamanente lineares nos<br />
sub-intervalos.<br />
Se é assim, para que então este comentário sobre o erro = 0 num<br />
caso que não ocorre na prática?<br />
Se a função for APROXIMADAMENTE linear em cada<br />
segmento, po<strong>de</strong>mos esperar um erro pequeno usando a regra do<br />
trapezoi<strong>de</strong>.<br />
Realmente, nós já vimos que<br />
<br />
b <br />
b <br />
<br />
<br />
f (x)dx − p(x)dx<br />
a<br />
a <br />
≤ n M<br />
12 h3 = h<br />
2 M<br />
(b − a).<br />
12<br />
On<strong>de</strong> é o máximo da <strong>de</strong>rivada segunda. Se a função for linear em<br />
cada segmento, a <strong>de</strong>rivada segunda é zero e o erro é zero.<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 21 / 40
Erro da regra <strong>de</strong> Simpson<br />
Na regra <strong>de</strong> Simpson, ajustamos uma parábola usando três pontos.<br />
3 pontos ⇒ polinômio do 2 o grau.<br />
Os pontos no eixo x estão fixos e o ajuste usa os 3 pontos variáveis<br />
(yi−1, yi, yi+1).<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 22 / 40
Suponha que a função f (x) seja REALMENTE uma parábola em<br />
cada dois sub-intervalos [xi−1, xi] e [xi, xi+1].<br />
Neste caso, o método <strong>de</strong> Simpson terá um erro = ZERO.<br />
Fixamos os TRÊS pontos xi−1, xi e xi+1 a priori e obtemos os<br />
pesos h<br />
3 × (1 4 1) associados com yi−1, yi e yi+1.<br />
Se a função for aproximadamente um polinômio <strong>de</strong> segundo grau<br />
em cada sub-intervalo, po<strong>de</strong>mos esperar um erro pequeno.<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 23 / 40
Gauss - quadratura<br />
Gauss imaginou que tivesse uma cúbica em [a, b] (um polinômio <strong>de</strong><br />
3 o grau).<br />
Uma cúbica possui 4 parâmetros:<br />
p(x) = a0 + a1x + a2x 2 + a3x 3 .<br />
Com 4 valores para manipular: x1, x2, w1, w2, ele se perguntou se<br />
não conseguiria estimar SEM ERRO NENHUM a integral <strong>de</strong>sta<br />
cúbica.<br />
Isto é, obter<br />
I − [w1f (x1) + w2f (x2)] = 0<br />
quando f (x) fosse um polinômio <strong>de</strong> 3 o grau.<br />
Como obter fórmulas gerais para x1, x2, w1, w2?<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 24 / 40
Gauss - quadratura<br />
Se isto é possível, <strong>de</strong>vemos ter uma integral estimada sem erro<br />
para qualquer polinômio <strong>de</strong> grau 3 o usando apenas DOIS pontos.<br />
Em particular, o polinômio<br />
I = w1f (x1) + w2f (x2).<br />
p(x) = 1 + 0 · x + 0 · x 2 + 0 · x 3<br />
<strong>de</strong>ve ter sua integral calculada sem erro.<br />
b<br />
Mas neste caso I = 1dx = (b − a) <strong>de</strong>ve ser igual a<br />
a<br />
w1f (x1) + w2f (x2) = w1 × 1 + w2 × 1 = w1 + w2.<br />
Isto é, <strong>de</strong>vemos ter b − a = w1 + w2. Esta é a primeira restrição<br />
nos valores dos pesos.<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 25 / 40
Gauss - quadratura<br />
a + b<br />
Seja m = , o ponto médio do intervalo.<br />
2<br />
Se a conjectura <strong>de</strong> Gauss está correta, ao tomarmos o polinômio<br />
p(x) = −m + 1 · x + 0 · x 2 + 0 · x 3 = x − m<br />
também <strong>de</strong>vemos ter sua integral estimada sem erro nenhum.<br />
b<br />
Temos I = (x − m)dx = 0 que <strong>de</strong>ve ser igual a<br />
a<br />
w1f (x1) + w2f (x2) = w1 × (x1 − m) + w2 × (x2 − m).<br />
Isto é, <strong>de</strong>vemos ter 0 = w1 × (x1 − m) + w2 × (x2 − m) junto com<br />
a 1 a restrição: b − a = w1 + w2.<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 26 / 40
Gauss - quadratura<br />
Continuando, consi<strong>de</strong>re agora o polinômio<br />
p(x) = (x − m) 2 = m 2 − 2mx + x 2 + 0x 3<br />
a + b<br />
on<strong>de</strong> m = , o ponto médio do intervalo.<br />
2<br />
Se a conjectura <strong>de</strong> Gauss está correta, também <strong>de</strong>vemos ter a<br />
integral <strong>de</strong> p(x) estimada sem erro nenhum pois ele é <strong>de</strong> 3o grau.<br />
b<br />
Temos I = (x − m) 2 dx que <strong>de</strong>ve ser igual a<br />
a<br />
w1f (x1) + w2f (x2) = w1 × (x1 − m) 2 + w2 × (x2 − m) 2 .<br />
Esta é a 3 a restrição.<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 27 / 40
Gauss - quadratura<br />
Terminando, consi<strong>de</strong>re agora o polinômio<br />
p(x) = (x − m) 3 .<br />
b<br />
Temos I = (x − m) 3 dx que <strong>de</strong>ve ser igual a<br />
a<br />
w1f (x1) + w2f (x2) = w1 × (x1 − m) 3 + w2 × (x2 − m) 3 .<br />
Esta é a 4 a restrição.<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 28 / 40
Sistema não-linear<br />
O problema <strong>de</strong> Gauss é o seguinte: se existir x1, x2, w1, w2 tal que<br />
w1f (x1) + w2f (x2)<br />
aproxime com ERRO ZERO qualquer polinômio até 3 o grau em<br />
[a, b] então os valores x1, x2, w1, w2 <strong>de</strong>vem obe<strong>de</strong>cer NO MINIMO<br />
às seguintes 4 restrições:<br />
⎧<br />
⎪⎨<br />
⎪⎩<br />
w1 + w2 = b − a<br />
w1(x1 − m) + w2(x2 − m) = 0<br />
w1(x1 − m) 2 + w2(x2 − m) 2 w1(x1 − m)<br />
=<br />
(b − a)3<br />
12<br />
3 + w2(x2 − m) 3 = 0<br />
Elas são equações NÃO-LINEARES em x1, x2, w1, w2.<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 29 / 40
O problema <strong>de</strong> Gauss<br />
O sistema não-linear é o seguinte<br />
⎧<br />
w1 + w2<br />
⎪⎨ w1(x1 − m) + w2(x2 − m)<br />
w1(x1 − m)<br />
⎪⎩<br />
=<br />
=<br />
b − a<br />
0<br />
2 + w2(x2 − m) 2 w1(x1 − m)<br />
=<br />
(b − a)3<br />
12<br />
3 + w2(x2 − m) 3 = 0<br />
O sistema po<strong>de</strong> não ter soluções ou ter várias soluções.<br />
O sistema po<strong>de</strong>ria ter uma solução única mas com xi complexo.<br />
E se existir uma solução real, os valores x1 e x2 po<strong>de</strong>riam estar fora<br />
do intervalo [a, b].<br />
Gauss mostrou que nada disso ocorre.<br />
Nosso sistema acima possui solução única (não é difícil obtê-la,<br />
veja a lista <strong>de</strong> exercício).<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 30 / 40
Solução para 2 pontos<br />
A solução é a seguinte:<br />
⎧<br />
⎪⎨<br />
⎪⎩<br />
x1 =<br />
x2 =<br />
w1 =<br />
w2 =<br />
a + b b − a<br />
+<br />
2 2 √ 3<br />
a + b b − a<br />
−<br />
2 2 √ 3<br />
b − a<br />
2<br />
b − a<br />
2<br />
E a quadratura gaussiana com DOIS pontos para qualquer função<br />
f (x) é<br />
<br />
b − a a + b b − a<br />
I ≈ G2 = f −<br />
2 2 2 √ <br />
a + b b − a<br />
+ f +<br />
3 2 2 √ <br />
3<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 31 / 40
Exemplo<br />
Quadratura gaussiana <strong>de</strong> dois pontos para<br />
é dada por<br />
G2 = 1<br />
√ π<br />
<br />
exp<br />
<br />
2<br />
√ π<br />
− 1<br />
4<br />
1<br />
0<br />
e −x2<br />
dx = 0.8427007929<br />
<br />
1 − 1<br />
<br />
2<br />
√ + exp −<br />
3<br />
1<br />
<br />
1 −<br />
4<br />
1<br />
<br />
2<br />
√ = 0.84244189.<br />
3<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 32 / 40
Resumo<br />
Quadratura gaussiana com dois pontos:<br />
Seja n = 2.<br />
Vamos fazer quadratura escolhendo n = 2 pontos em [a, b].<br />
Se f (x) for QUALQUER polinômio com grau ≤ 2n − 1 = 3 então<br />
a quadratura gaussiana terá um erro igual a ZERO.<br />
NENHUMA outra regra <strong>de</strong> quadradtura po<strong>de</strong> ter erro zero com<br />
grau = 4 e, neste sentido, a quadratura gaussiana é o melhor que<br />
po<strong>de</strong>mos fazer.<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 33 / 40
Quadratura gaussiana: n pontos<br />
É claro que aproximar bem uma integral vai exigir mais que 2<br />
pontos apenas.<br />
O que GAUSS <strong>de</strong>monstrou é um teorema muito bonito e geral.<br />
Vamos fazer quadratura gaussiana escolhendo n ≥ 2 pontos em<br />
[a, b].<br />
Se f (x) for QUALQUER polinômio com grau igual a 2n − 1 então<br />
a quadratura gaussiana terá um erro igual a ZERO.<br />
Nenhuma outra regra <strong>de</strong> quadratura po<strong>de</strong> ter erro zero em todos<br />
os polinômios com grau igual a 2n.<br />
Neste sentido, a quadratura gaussiana é o melhor que po<strong>de</strong>mos<br />
fazer com n pontos.<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 34 / 40
Quadratura gaussiana: n pontos<br />
O problema é como encontrar os n pontos x1, x2, . . . , xn e os pesos<br />
associados w1, w2, . . . , wn.<br />
A solução po<strong>de</strong> ser encontrada escolhendo 2n polinômios<br />
específicos <strong>de</strong> grau no máximo 2n − 1 e montar um sistema<br />
não-linear com 2n equações.<br />
A preferência para escolher estes polinômios específicos tem sido<br />
pelos polinômios <strong>de</strong> Legendre, que facilitam o cálculo da solução<br />
dos sistema não-linear.<br />
Os polinômios <strong>de</strong> Legendre são <strong>de</strong>finidos recursivamente da<br />
seguinte forma:<br />
P0(x) = 1 e P1(x) = x)<br />
Para n ≥ 2, temos (n + 1)Pn+1(x) = (2n + 1)xPn(x) − nPn−1(x).<br />
Isto implica que P2(x) = (3x 2 − 1)/2, P3(x) = (5x 3 − 3x)/2,<br />
P4(x) = (35x 4 − 30x 2 + 3)/8, etc.<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 35 / 40
Quadratura gaussiana: n pontos<br />
A solução do sistema não-linear para integrais no intervalo [−1, 1]<br />
é dada na tabela abaixo:<br />
n pesos wi pontos xi<br />
2 w1 = 1.000000000 x1 = −0.577350269<br />
w2 = 1.000000000 x2 = −0.577350269<br />
3 w1 = 0.555555556 x1 = x1 = −0.774596669<br />
w2 = 0.888888889 x2 = 0.000000000<br />
w3 = 0.555555556 x3 = 0.774596669<br />
4 w1 = 0.347854845 x1 = −0.861136312<br />
w1 = 0.652145155 x1 = −0.339981044<br />
w1 = 0.652145155 x1 = 0.339981044<br />
w1 = 0.347854845 x1 = 0.861136312<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 36 / 40
Passando <strong>de</strong> [−1, 1] para [a, b]<br />
Os avlores <strong>de</strong> w1, . . . , wn e x1, . . . , xn da quadratura gaussiana são<br />
calculados sempre assumindo que o intervalo <strong>de</strong> integração seja<br />
[−1, 1].<br />
Como passar para o caso geral <strong>de</strong> integrar num intervalo [a, b]<br />
qualquer?<br />
A resposta é que qualquer integral em [a, b] po<strong>de</strong> ser transformada<br />
numa integral em [−1, 1] por uma substituição <strong>de</strong> variével.<br />
Se tomarmos<br />
b − a b + a<br />
x = t +<br />
2 2<br />
e portanto com dx = (b − a)/2 dt, teremos<br />
b 1 <br />
b − a b + a b − a<br />
f (x)dx = f t + dt .<br />
2 2 2<br />
a<br />
−1<br />
Esta integral tem limites −1 e 1 e po<strong>de</strong>mos usar os coeficientes da<br />
quadratura gaussiana calculados para este intervalo <strong>de</strong> integração.<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 37 / 40
Intervalos infinitos<br />
Como integrar numericamente uma função em um intervalo<br />
infinito?<br />
Por exemplo, no intervalo [0, ∞) ou no intervalo (−∞, ∞).<br />
Temos duas soluções possíveis.<br />
Truncamento: fazer a integral num intervalo [0, A] on<strong>de</strong> A é<br />
gran<strong>de</strong> o suficiente para que o resto da integral em [A, ∞) possa<br />
ser ignorado.<br />
Substituição: substituição <strong>de</strong> variáveis para colocar a integral num<br />
intervalo finito.<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 38 / 40
Intervalo infinito: truncamento<br />
Suponha que nosso objetico é obter uma aproximação para a<br />
integral ∞ ∞<br />
I = f (x) dx = e −x cos 2 (x 2 ) dx<br />
0<br />
Sabemos quanto vale esta integral: 0.70260.<br />
Como<br />
∞ A ∞<br />
I = f (x) dx = f (x) dx + f (x) dx<br />
0<br />
0<br />
e como 0 ≤ cos ( x 2 ) ≤ 1, se nós ignorarmos a segunda integral<br />
estaremos cometendo um erro <strong>de</strong> truncamento que é igual a<br />
∞<br />
e −x cos 2 (x 2 ∞<br />
) dx < e −x dx = exp(−A)<br />
A<br />
Se tomarmos A = 20, por exemplo, então nosso erro por<br />
truncamwnto será no máximo <strong>de</strong> 2.07 × 10 −9 .<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 39 / 40<br />
0<br />
A<br />
A
Intervalo infinito: substituição<br />
Vamos ver outra opção para aproximar o valor <strong>de</strong><br />
∞ ∞<br />
I = f (x) dx = e −x cos 2 (x 2 ) dx<br />
0<br />
Tome x = − log(t) e portanto dx = −dt/t. Isto implica que a<br />
integral fica<br />
∞<br />
I = f (x) dx = −<br />
0<br />
1<br />
0<br />
0<br />
f (− log(t)) dt<br />
t =<br />
1<br />
0<br />
cos 2 (log 2 (t)) dt<br />
Esta nova integral não possui primitiva e portanto não po<strong>de</strong> ser<br />
calculada analisticamente.<br />
Mas po<strong>de</strong> ser calculada numericamente por qualquer dos métodos<br />
que estudamos.<br />
Renato Martins Assunção (DCC - <strong>UFMG</strong>) <strong>Análise</strong> <strong>Numérica</strong> 2012 40 / 40