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Agradecimentos - Programa de de Pós-Graduação em Engenharia ...

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A Deus<br />

Pois é ele qu<strong>em</strong> guia e ilumina<br />

os meus passos no caminhar.<br />

Dedico aos meus pais, Adir e Marilene;<br />

por s<strong>em</strong>pre estar<strong>em</strong> realmente juntos a tudo que faço;<br />

a minha família e aos meus irmãos Daniela e Heguiberto;<br />

pois também é por vocês que continuo a caminhar.<br />

i


<strong>Agra<strong>de</strong>cimentos</strong><br />

Ao professor Wisley Falco Sales pela confiança, amiza<strong>de</strong>, <strong>de</strong>dicação e a<br />

orientação s<strong>em</strong>pre precisa, neste e outros trabalhos.<br />

Ao professor Jánes Landre Júnior também pela orientação, amiza<strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong>dicação e presteza, que enriqueceu bastante o trabalho.<br />

Agra<strong>de</strong>ço a Fiat Powertrain pela parceria que só v<strong>em</strong> a contribuir a todas as<br />

partes envolvidas. Em especial, ao Engenheiro Antônio Maria <strong>de</strong> Souza Júnior<br />

pela corag<strong>em</strong> <strong>em</strong> apostar neste trabalho e pelo fornecimento <strong>de</strong> todos os<br />

insumos necessários.<br />

Ao Walter Seppe pela parceria direta e por intermediar <strong>de</strong> forma precisa e<br />

eficiente todas as necessida<strong>de</strong>s do projeto.<br />

Agra<strong>de</strong>ço a PUC Minas pela oportunida<strong>de</strong> e disponibilização dos laboratórios e<br />

máquinas para a realização da pesquisa.<br />

Aos professores da PUC Minas pela contínua prontidão <strong>em</strong> ajudar.<br />

Aos funcionários que s<strong>em</strong>pre dão o suporte necessário, <strong>em</strong> especial a Valéria<br />

pela orientação e presteza e ao Jomar que é muito responsável por tudo isto,<br />

pois com ele que tudo começou.<br />

Aos funcionários e amigos do laboratório <strong>de</strong> mecânica que t<strong>em</strong> uma<br />

contribuição muito gran<strong>de</strong> neste trabalho e <strong>em</strong> especial ao Carlos e Ivan, que<br />

me <strong>de</strong>ram suporte todo este t<strong>em</strong>po.<br />

ii


<strong>Agra<strong>de</strong>cimentos</strong> iii<br />

Ao Pablo pela amiza<strong>de</strong> e presteza, que <strong>de</strong> forma diferente <strong>em</strong> etapas distintas<br />

auxiliou e contribuiu para a realização do trabalho.<br />

Ao Cristiano pela imensa prontidão, amiza<strong>de</strong> e por estar, na mais sincera<br />

concepção da palavra, <strong>em</strong> várias etapas <strong>de</strong>sta pesquisa.<br />

Aos amigos e colegas da PUC Minas <strong>em</strong> especial a Camila pela ótima<br />

convivência; que s<strong>em</strong>pre auxiliou, intencionalmente ou não, na totalida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

todo o processo <strong>de</strong> construção <strong>de</strong>sta dissertação.


Resumo<br />

A operação convencional <strong>de</strong> rosqueamento envolve dois distintos processos:<br />

furação e usinag<strong>em</strong> da rosca. Para realizar o rosqueamento, logo após a<br />

conclusão da etapa <strong>de</strong> furação, é necessário que algum t<strong>em</strong>po seja<br />

<strong>de</strong>spendido para a mudança da ferramenta ou para mover a peça <strong>de</strong> trabalho<br />

para uma nova máquina ferramenta. Recent<strong>em</strong>ente, uma ferramenta híbrida foi<br />

<strong>de</strong>senvolvida, <strong>de</strong> forma a ser capaz <strong>de</strong> realizar as duas etapas <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong><br />

<strong>em</strong> um único passo e não há a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inversão da rotação do eixo<br />

árvore. Entretanto, como no processo tradicional, este procedimento <strong>de</strong><br />

usinag<strong>em</strong> exige um alto lead-time para ser impl<strong>em</strong>entado no ambiente fabril, o<br />

qual é necessário para se <strong>de</strong>terminar os parâmetros i<strong>de</strong>ais <strong>de</strong> corte. Assim,<br />

este trabalho apresenta uma proposta <strong>de</strong> impl<strong>em</strong>entação do processo <strong>de</strong> furo-<br />

rosqueamento, indicando suas particularida<strong>de</strong>s, limitações e vida útil da<br />

ferramenta. Para tanto, estudou-se o processo <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> utilizando esta<br />

nova ferramenta e seus reflexos na peça final. A etapa <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> foi<br />

monitorada por meio <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> acelerômetros e a qualida<strong>de</strong> da peça<br />

avaliada por calibrador passa não passa, além disto, utilizou-se a formulação<br />

<strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos finitos para comparar a peça resultante do novo processo com a<br />

do processo tradicional. Também foi realizada uma otimização dos<br />

procedimentos para o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> fixação da peça usando métodos<br />

mat<strong>em</strong>áticos (MEF e ODS) e medições do comportamento dinâmico, visando à<br />

estabilida<strong>de</strong> e aumento da vida útil da ferramenta. No início do trabalho a<br />

ferramenta realizou até três furos antes do colapso e durante o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da metodologia este número passou para 5700 furos. No final<br />

do projeto, após a otimização realizaram-se 30253 furos roscados com<br />

qualida<strong>de</strong> requerida no projeto.<br />

Palavras-chave: rosqueamento, furação, furo-rosqueamento, vida da<br />

ferramenta, método dos el<strong>em</strong>entos finitos, estabilida<strong>de</strong> dinâmica.<br />

iv


Abstract<br />

Conventional threading operations involve two distinct machining processes:<br />

drilling, followed by threading. In or<strong>de</strong>r to machine the thread, just after the<br />

drilling step, some time is nee<strong>de</strong>d to change the tool or to move the work piece<br />

to another machine tool. A combined tool was recently <strong>de</strong>veloped, which is<br />

capable to do these two machining steps at once, and the rotation of the spindle<br />

does not need to be inverted, differing from conventional processes. However,<br />

this process still <strong>de</strong>mands a large lead-time to be started on the shop floor, and<br />

the reasons are attributed to <strong>de</strong>termining the i<strong>de</strong>al cutting parameters. This<br />

work presents an impl<strong>em</strong>entation proposition of the combined process, named<br />

tap milling, indicating limitations, particularities and expected tool life. For this,<br />

the machining process using this new tool was studied, and also the<br />

modifications on the final piece. The machining step was monitored using a set<br />

of accelerometers, and the workpiece quality evaluated using a thread gauge.<br />

Besi<strong>de</strong>s, the finite el<strong>em</strong>ent formulation was used to compare the resulting<br />

pieces of both the traditional and the new processes. In addition, the setup<br />

syst<strong>em</strong> was optimized using math<strong>em</strong>atical methods (FEM and ODS) and<br />

dynamic behaviour measur<strong>em</strong>ents, so as to achieve stability and increase the<br />

tool life. This project started machining up to 3 threads before tool failure, but<br />

during <strong>de</strong>velopment, the tool performed about 5700 threads. After optimization,<br />

the tool could perform 30253 threads within the quality level required.<br />

Keywords: threading, drilling, tap milling, tool life, finite el<strong>em</strong>ent method,<br />

dynamic stability.<br />

v


Sumário<br />

CAPÍTULO 1....................................................................................................................1<br />

INTRODUÇÃO ............................................................................................................1<br />

1.1- Contexto geral........................................................................................................1<br />

1.2- Objetivos................................................................................................................6<br />

1.2.1- Objetivos específicos ......................................................................................6<br />

CAPÍTULO 2....................................................................................................................8<br />

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .....................................................................................8<br />

2.1- Usinabilida<strong>de</strong> .........................................................................................................8<br />

2.1.1- Alumínio: o material ser usinado....................................................................9<br />

2.1.1.1- O processo <strong>de</strong> fundição..........................................................................10<br />

2.1.1.2- A liga Al-Si-Cu: aspectos metalúrgicos.................................................11<br />

2.1.1.3- A usinabilida<strong>de</strong> das ligas <strong>de</strong> alumínio ...................................................13<br />

2.1.2- A usinabilida<strong>de</strong> no processo <strong>de</strong> rosqueamento.............................................15<br />

2.2- Formas <strong>de</strong> avaliação da usinabilida<strong>de</strong>: monitoramento e medição......................17<br />

2.2.1- Vida da ferramenta........................................................................................18<br />

2.2.1.1- Ferramentas do processo <strong>de</strong> rosqueamento ...........................................19<br />

Materiais <strong>de</strong> ferramenta...................................................................................21<br />

2.2.1.2- Retirada <strong>de</strong> material: cavaco..................................................................22<br />

Formação do cavaco........................................................................................22<br />

2.2.1.3- Interface cavaco-ferramenta, <strong>de</strong>sgaste e mecanismos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste........28<br />

2.2.1.4- Esforços na usinag<strong>em</strong> ............................................................................38<br />

2.2.1.5- Fluido <strong>de</strong> corte .......................................................................................39<br />

2.2.1.6- Modo <strong>de</strong> avaliação da vida da ferramenta .............................................40<br />

Implicações dos parâmetros mensuráveis na vida da ferramenta ...................40<br />

Tipos <strong>de</strong> monitoramento .................................................................................42<br />

2.2.2- Avaliação da estabilida<strong>de</strong> dinâmica..............................................................47<br />

2.2.3- Avaliação por meio dos métodos <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos finitos (MEF).....................48<br />

2.2.3.1- Características gerais do MEF aplicados aos sólidos tridimensionais...49<br />

Funções <strong>de</strong> interpolação..................................................................................53<br />

Quadratura <strong>de</strong> Gauss .......................................................................................54<br />

Montag<strong>em</strong> do conjunto <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos finitos ..................................................55<br />

Determinação dos <strong>de</strong>slocamentos, tensões e <strong>de</strong>formações do sist<strong>em</strong>a ...........56<br />

2.2.3.2- Análise não-linear..................................................................................59<br />

Não linearida<strong>de</strong> <strong>de</strong> material ............................................................................59<br />

Relações constitutivas <strong>de</strong> um material não-linear...........................................61<br />

2.2.3.3- Contato...................................................................................................63<br />

Formulação <strong>de</strong> contato ....................................................................................65<br />

Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> atrito ..............................................................................................68<br />

CAPÍTULO 3..................................................................................................................70<br />

MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................70<br />

3.1- Processo <strong>de</strong> caracterização do material da peça usinada .....................................71<br />

3.1.1- Ensaio <strong>de</strong> dureza ...........................................................................................73<br />

3.1.2- Análise <strong>de</strong> Micrografia .................................................................................75<br />

3.2- Preparação dos corpos <strong>de</strong> prova a ser<strong>em</strong> usinados ..............................................76<br />

3.2.1- Processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sbaste ou faceamento dos corpos <strong>de</strong> prova ...........................76<br />

3.2.2- Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> fixação dos corpos <strong>de</strong> prova .......................................................77<br />

3.3- Ferramental do processo <strong>de</strong> furação macho-fresa................................................78<br />

3.4- Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> medição e monitoramento da qualida<strong>de</strong> da peça produzida..............81<br />

vi


Sumário vii<br />

3.4.1- Avaliação da vida da ferramenta macho-fresa..............................................82<br />

3.4.1.1- Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> aquisição..............................................................................84<br />

3.4.1.2- Processamento <strong>de</strong> sinal ..........................................................................86<br />

3.4.2- Otimização da vida da ferramenta ................................................................88<br />

3.4.3- Avaliação da qualida<strong>de</strong> da peça....................................................................90<br />

3.4.3.1- Avaliação por meio do método <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos finitos (MEF).................91<br />

CAPÍTULO 4..................................................................................................................97<br />

RESULTADOS E DISCUSSÕES ..............................................................................97<br />

4.1- Experimentos <strong>de</strong> caracterização do material a ser usinado..................................97<br />

4.1.1- Ensaio <strong>de</strong> dureza ...........................................................................................97<br />

4.1.2- Ensaio <strong>de</strong> micrografia .................................................................................101<br />

4.2- Experimentos <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> ................................................................................104<br />

4.2.1- Pré-testes.....................................................................................................105<br />

4.2.2- Avaliação da vida da primeira ferramenta e qualida<strong>de</strong> dos furos gerados .107<br />

4.2.3- Avaliação da vida da segunda ferramenta e qualida<strong>de</strong> dos furos gerados..110<br />

4.2.4- Avaliação da vida da ferramenta pelo monitoramento <strong>de</strong> sinais ................112<br />

4.2.4.1- Monitoramento da primeira ferramenta...............................................112<br />

Parâmetros elétricos: Corrente, potência e tensão.........................................113<br />

Sinal <strong>de</strong> aceleração: FFT referente à primeira ferramenta............................114<br />

4.2.4.2- Monitoramento da segunda ferramenta ...............................................117<br />

Parâmetros elétricos: Corrente, potência e tensão.........................................118<br />

Sinal <strong>de</strong> aceleração: FFT referente à segunda ferramenta ............................119<br />

4.3- Otimização da vida da ferramenta .....................................................................122<br />

4.3.1- Avaliação da vida da terceira ferramenta e qualida<strong>de</strong> dos furos gerados...129<br />

4.2.4.2- Monitoramento da terceira ferramenta ................................................130<br />

Parâmetros elétricos: Corrente, potência e tensão.........................................131<br />

Sinal <strong>de</strong> aceleração: FFT referente à terceira ferramenta..............................132<br />

4.4- Resultados da avaliação por método dos el<strong>em</strong>entos finitos...............................136<br />

CAPÍTULO 5................................................................................................................142<br />

COMENTÁRIOS E CONCLUSÕES .......................................................................142<br />

Sugestões para trabalhos futuros...............................................................................143<br />

Referências Bibliográficas ............................................................................................145<br />

Anexos ..........................................................................................................................151<br />

Anexo 1 - Composição química da liga Al-Si ..........................................................151<br />

Anexo 2 - Características do fluido <strong>de</strong> corte.............................................................152<br />

Anexo 3 - Características da ferramenta macho-fresa ..............................................157<br />

Anexo 4 - <strong>Programa</strong>ção CNC ...................................................................................158<br />

Anexo 5 - Informações técnicas do acelerômetro.....................................................159<br />

Anexo 6 - Ensaio <strong>de</strong> tração do material do parafuso ................................................160


Lista <strong>de</strong> figuras<br />

Figura 1.1 - Ferramenta do tipo macho-fresa....................................................................3<br />

Figura 1.2 - Diagrama esqu<strong>em</strong>ático da seqüência <strong>de</strong> rosqueamento. ...............................4<br />

Figura 2.1 - Etapas do processo <strong>de</strong> rosqueamento. .........................................................15<br />

Figura 2.2 - Broca helicoidal...........................................................................................19<br />

Figura 2.3 - Escareador usado no processo <strong>de</strong> rosqueamento tradicional.......................20<br />

Figura 2.4 - Macho utilizado para a usinag<strong>em</strong> do perfil roscado....................................20<br />

Figura 2.5 - Ferramenta da tecnologia macho-fresa........................................................20<br />

Figura 2.6 - Desenho esqu<strong>em</strong>ático das zonas <strong>de</strong> cisalhamento (Trent, 1991). ...............23<br />

Figura 2.7 - Desenho representativo do processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> cavaco (Trent, 1991).<br />

.................................................................................................................................24<br />

Figura 2.8 - Variação dos ângulos <strong>de</strong> inclinação e saída <strong>em</strong> relação ao raio da broca<br />

(Shaw, 1984). ..........................................................................................................25<br />

Figura 2.9 - Representação esqu<strong>em</strong>ática das formas iniciais do cavaco formado <strong>em</strong> uma<br />

broca (Ke et al., 2005).............................................................................................25<br />

Figura 2.10 - Formação <strong>de</strong> cavaco segundo o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Poulachon e Moisan (Faccio,<br />

2002). ......................................................................................................................26<br />

Figura 2.11 - Evolução do <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> ferramenta (Ertunc e Oysu, 2004).....................28<br />

Figura 2.12 - Atrito sólido entre duas superfícies (Shaw, 1984). ...................................29<br />

Figura 2.13 - Zona <strong>de</strong> fluxo (Trent e Wright, 2000). ......................................................30<br />

Figura 2.14 - Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> tensão na superfície <strong>de</strong> saída, proposto por<br />

Zorev (Machado e Silva, 1999)...............................................................................31<br />

Figura 2.15 - Variação da APC com a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corte (Machado e Silva, 1999)....33<br />

Figura 2.16 - Representação esqu<strong>em</strong>ática dos tipos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste: a) cratera, b) flanco e c)<br />

entalhe (Amorim, 2002)..........................................................................................35<br />

Figura 2.17 - Desenho esqu<strong>em</strong>ático do <strong>de</strong>sgaste na broca helicoidal (Arenas Miranda,<br />

2003). ......................................................................................................................37<br />

Figura 2.18 - Calibrador <strong>de</strong> rosca tipo passa não-passa..................................................44<br />

Figura 2.19 - Barra ij, (g) referencial geral e (l) referencial local (Azevedo, 2003).......51<br />

Figura 2.20 - Desenho esqu<strong>em</strong>ático dos <strong>de</strong>slocamentos generalizados no espaço<br />

(Azevedo, 2003)......................................................................................................52<br />

Figura 2.21 - Curva típica da relação tensão-<strong>de</strong>formação (Marc, 2003). .......................60<br />

Figura 2.22 - Representação esqu<strong>em</strong>ática <strong>de</strong> carregamento e <strong>de</strong>scarregamento <strong>em</strong> um<br />

teste uniaxial (Marc, 2003). ....................................................................................60<br />

Figura 2.23 - Corpos <strong>em</strong> contato por um certo t<strong>em</strong>po t (Bathe, 1996). ..........................66<br />

Figura 3.1 - Fluxograma das etapas do presente trabalho...............................................70<br />

Figura 3.2 - Lote <strong>de</strong> lingotes da liga Al-Si......................................................................71<br />

Figura 3.3 - Barra retangular <strong>de</strong> Al-Si-Cu. .....................................................................71<br />

Figura 3.4 - Corte dos corpos <strong>de</strong> prova: a) Sentido <strong>de</strong> corte <strong>em</strong> relação à barra<br />

retangular; b) Face dos corpos <strong>de</strong> prova no sentido <strong>de</strong> corte. .................................72<br />

Figura 3.5 - Corpos <strong>de</strong> prova enumerados <strong>em</strong> relação as coor<strong>de</strong>nadas espaciais...........73<br />

Figura 3.6 - Pontos <strong>de</strong> medida da dureza <strong>em</strong> cada corpo <strong>de</strong> prova.................................74<br />

Figura 3.7 - Conjunto <strong>de</strong> captação da imag<strong>em</strong> do teste <strong>de</strong> micrografia..........................75<br />

Figura 3.8 - Peças brutas, com variações dimensionas e heterogeneida<strong>de</strong>s superficiais do<br />

corpo <strong>de</strong> prova da liga <strong>de</strong> alumínio.........................................................................76<br />

Figura 3.9 - Corpo <strong>de</strong> prova após o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sbaste. .............................................77<br />

Figura 3.10 - Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> fixação por parafusos e porcas................................................77<br />

Figura 3.11 - Mandril <strong>de</strong> re-direcionamento <strong>de</strong> fluido....................................................78<br />

Figura 3.12 - Refratômetro ótico com indicativo da faixa <strong>de</strong> medição...........................78<br />

viii


Lista <strong>de</strong> figuras ix<br />

Figura 3.13 - Ferramenta do tipo macho-fresa................................................................79<br />

Figura 3.14 - Conjunto mandril hidráulico <strong>de</strong> fixação e ferramenta macho-fresa..........81<br />

Figura 3.15 - Avaliação da usinabilida<strong>de</strong> pela vida da ferramenta.................................82<br />

Figura 3.16 - Acelerômetros que serão montados próximos da ferramenta. ..................84<br />

Figura 3.17 - Fluxograma das etapas <strong>de</strong> funcionamento e entrada do programa ODS...86<br />

Figura 3.18 - Desenho da geometria do conjunto mesa, peça e ferramenta no ambiente<br />

ODS.........................................................................................................................87<br />

Figura 3.19 - Sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> fixação com: a) 2, b) 4 e c) 6 parafusos.................................89<br />

Figura 3.20 - Fluxograma das etapas <strong>de</strong> otimização da vida ferramenta........................90<br />

Figura 3.21 - Calibrador passa não-passa do tipo tampão. .............................................90<br />

Figura 3.22 - Produto final do rosqueamento tradicional e macho-fresa........................92<br />

Figura 3.23 - Protótipo digitalizado do conjunto a ser simulado: (a) parafuso, on<strong>de</strong> é<br />

imposto o carregamento <strong>de</strong> tração; (b) peça roscada. .............................................92<br />

Figura 3.24 - El<strong>em</strong>ento tetraédrico: a) forma composta <strong>de</strong> <strong>de</strong>z nós; b) plano <strong>de</strong><br />

integração (Marc, 2003)..........................................................................................93<br />

Figura 3.25 - Conjunto parafuso-peça malhado com condições iniciais e <strong>de</strong> contorno do<br />

conjunto parafuso-peça. ..........................................................................................94<br />

Figura 4.1 - Perfil <strong>de</strong> dureza Brinell, medido na linha média do corpo <strong>de</strong> prova <strong>em</strong><br />

relação ao eixo y......................................................................................................98<br />

Figura 4.2 - Perfil <strong>de</strong> dureza Brinell, medido na linha média do corpo <strong>de</strong> prova <strong>em</strong><br />

relação ao eixo x......................................................................................................99<br />

Figura 4.3 - Perfil <strong>de</strong> dureza Brinell, medido fora da linha média do corpo <strong>de</strong> prova <strong>em</strong><br />

relação ao eixo y....................................................................................................100<br />

Figura 4.4 - Perfil <strong>de</strong> dureza Brinell, medido fora da linha média do corpo <strong>de</strong> prova <strong>em</strong><br />

relação ao eixo x....................................................................................................100<br />

Figura 4.5 - Indicação das fases presentes na liga <strong>de</strong> alumínio, incluindo a fase <strong>de</strong><br />

intermetálico..........................................................................................................102<br />

Figura 4.6 - Variação dos constintuintes: a) micrografia do corpo <strong>de</strong> prova E, b)<br />

micrografia do corpo <strong>de</strong> prova C. .........................................................................103<br />

Figura 4.7 - Outros constituintes: a) micrografia do corpo <strong>de</strong> prova E, b) micrografia do<br />

corpo <strong>de</strong> prova C. ..................................................................................................103<br />

Figura 4.8 - Fase <strong>de</strong> solubilida<strong>de</strong> do alumínio e el<strong>em</strong>entos da liga presentes no corpo <strong>de</strong><br />

prova E. .................................................................................................................104<br />

Figura 4.9 - Barra roscada sendo calibrada...................................................................107<br />

Figura 4.10 - Aresta transversal <strong>de</strong> corte da ferramenta macho-fresa: a) ferramenta nova,<br />

b) após usinar 3478 furos. .....................................................................................108<br />

Figura 4.11 - Desgaste <strong>de</strong> flanco VBBmax encontrado na primeira ferramenta após 3478<br />

furos. .....................................................................................................................109<br />

Figura 4.12 - Qualida<strong>de</strong> do canal roscado do furo anterior ao colapso da primeira<br />

ferramenta. ............................................................................................................109<br />

Figura 4.13 - Vista <strong>de</strong> cima da ferramenta: a) arestas <strong>de</strong> corte e ponta da ferramenta; b)<br />

<strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> flanco máximo, após colapso.............................................................110<br />

Figura 4.14 - Detalhe da forma do colapso da segunda ferramenta..............................111<br />

Figura 4.15 - Desenvolvimento da usinag<strong>em</strong> da primeira ferramenta, <strong>em</strong> relação à<br />

potência do eixo árvore normalizada. ...................................................................113<br />

Figura 4.16 - FFT do sinal <strong>de</strong> aceleração da fila cinco medido na direção <strong>de</strong> flexão da<br />

primeira ferramenta...............................................................................................115<br />

Figura 4.17 - FFT do sinal <strong>de</strong> aceleração da fila quinze medido na direção <strong>de</strong> flexão da<br />

primeira ferramenta...............................................................................................115<br />

Figura 4.18 - FFT do sinal <strong>de</strong> aceleração da fila cinco medido na direção axial da<br />

primeira ferramenta...............................................................................................116


Lista <strong>de</strong> figuras x<br />

Figura 4.19 - FFT do sinal <strong>de</strong> aceleração da fila quinze medido na direção axial da<br />

primeira ferramenta...............................................................................................116<br />

Figura 4.20 - Saturação do sinal <strong>de</strong> aceleração.............................................................117<br />

Figura 4.21 - Desenvolvimento da usinag<strong>em</strong> da segunda ferramenta, <strong>em</strong> relação à<br />

potência <strong>de</strong> do eixo árvore normalizada................................................................118<br />

Figura 4.22 - FFT do sinal <strong>de</strong> aceleração da fila cinco medido na direção <strong>de</strong> flexão da<br />

segunda ferramenta. ..............................................................................................119<br />

Figura 4.23 - FFT do sinal <strong>de</strong> aceleração da fila quinze medido na direção <strong>de</strong> flexão da<br />

segunda ferramenta. ..............................................................................................120<br />

Figura 4.24 - FFT do sinal <strong>de</strong> aceleração da fila cinco medido na direção axial da<br />

segunda ferramenta. ..............................................................................................121<br />

Figura 4.25 - FFT do sinal <strong>de</strong> aceleração da fila quinze medido na direção axial da<br />

segunda ferramenta. ..............................................................................................121<br />

Figura 4.26 - Deslocamento máximo para uma excitação <strong>de</strong> 7333 rpm.......................123<br />

Figura 4.27 - Deslocamento máximo para uma excitação <strong>de</strong> 8000 rpm.......................123<br />

Figura 4.28 - Deslocamento máximo para uma excitação <strong>de</strong> 9333 rpm.......................124<br />

Figura 4.29 - Deslocamento máximo para a fixação com dois parafusos.....................125<br />

Figura 4.30 - Deslocamento máximo para a fixação com quatro parafusos. ................126<br />

Figura 4.31 - Deslocamento máximo para a fixação com seis parafusos. ....................126<br />

Figura 4.32 - Primeiro modo <strong>de</strong> vibração para a fixação com dois parafusos..............127<br />

Figura 4.33 - Primeiro modo <strong>de</strong> vibração para a fixação com quatro parafusos. .........128<br />

Figura 4.34 - Primeiro modo <strong>de</strong> vibração para a fixação com seis parafusos...............128<br />

Figura 4.35 - Corpos <strong>de</strong> prova após a usinag<strong>em</strong> <strong>de</strong> 30253 furos <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>......129<br />

Figura 4.36 - Comparativo da performance das ferramentas macho-fresa. ..................130<br />

Figura 4.37 - Avaliação da terceira ferramenta macho-fresa após os testes <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong>.<br />

...............................................................................................................................130<br />

Figura 4.38 - Desenvolvimento da usinag<strong>em</strong> da terceira ferramenta, <strong>em</strong> relação à<br />

potência <strong>de</strong> do eixo árvore normalizada................................................................131<br />

Figura 4.39 - FFT do sinal <strong>de</strong> aceleração medido na direção <strong>de</strong> flexão da terceira<br />

ferramenta: primeira parte.....................................................................................132<br />

Figura 4.40 - FFT do sinal <strong>de</strong> aceleração medido na direção <strong>de</strong> flexão da terceira<br />

ferramenta: segunda parte. ....................................................................................133<br />

Figura 4.41 - FFT do sinal <strong>de</strong> aceleração medido na direção <strong>de</strong> flexão da terceira<br />

ferramenta: terceira parte. .....................................................................................133<br />

Figura 4.42 - FFT do sinal <strong>de</strong> aceleração medido na direção <strong>de</strong> flexão da terceira<br />

ferramenta: quarta parte. .......................................................................................134<br />

Figura 4.43 - FFT do sinal <strong>de</strong> aceleração medido na direção axial da terceira ferramenta:<br />

primeira parte. .......................................................................................................134<br />

Figura 4.44 - FFT do sinal <strong>de</strong> aceleração medido na direção axial da terceira ferramenta:<br />

segunda parte.........................................................................................................135<br />

Figura 4.45 - FFT do sinal <strong>de</strong> aceleração medido na direção axial da terceira ferramenta:<br />

terceira parte..........................................................................................................135<br />

Figura 4.46 - FFT do sinal <strong>de</strong> aceleração medido na direção axial da terceira ferramenta:<br />

quarta parte............................................................................................................136<br />

Figura 4.47 - Deslocamento nodal do campo <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação para o processo tradicional.<br />

...............................................................................................................................137<br />

Figura 4.48 - Deslocamento nodal do campo <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação para o processo <strong>de</strong> furorosqueamento.<br />

.......................................................................................................137<br />

Figura 4.49 - Corte do conjunto usinado pelo processo tradicional..............................138<br />

Figura 4.50 - Corte do conjunto usinado pelo processo <strong>de</strong> furo-rosqueamento............138<br />

Figura 4.51 - Resultado nodal para a peça usinada pelo processo tradicional..............139


Lista <strong>de</strong> figuras xi<br />

Figura 4.52 - Resultado nodal para a peça usinada pelo processo <strong>de</strong> furo-rosqueamento.<br />

...............................................................................................................................139<br />

Figura 4.53 - Resultado nodal <strong>de</strong> tensão para a peça usinada pelo processo tradicional.<br />

...............................................................................................................................140<br />

Figura 4.54 - Resultado nodal <strong>de</strong> tensão para a peça usinada pelo processo <strong>de</strong> furorosqueamento.<br />

.......................................................................................................141


Lista <strong>de</strong> tabelas<br />

Tabela 3.1 - Proprieda<strong>de</strong>s dos materiais presentes na simulação ODS...........................88<br />

Tabela 4.1 - Determinação <strong>de</strong> dureza Brinell da liga <strong>de</strong> alumínio..................................97<br />

xii


Nomenclatura<br />

6H Qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalho do calibrador<br />

A Área <strong>de</strong> contato (m 2 )<br />

ai Deslocamentos (m)<br />

Al-Si-Cu Liga alumínio silício cobre<br />

APC Aresta postiça <strong>de</strong> corte<br />

AR Área <strong>de</strong> contato real (m 2 )<br />

C Matriz <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong><br />

CNC Comando numericamente computadorizado<br />

[D] Matriz constitutiva<br />

ε Deformação do conjunto (m)<br />

ε e Deformação elástica (m)<br />

ε p Deformação não-elástica ou plástica (m)<br />

E Módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> (Pa)<br />

φ Ângulo <strong>de</strong> cisalhamento (º)<br />

{F} Vetor <strong>de</strong> carregamento global<br />

Ff Força <strong>de</strong> avanço (N)<br />

FFT Transformada fast <strong>de</strong> Fourier<br />

t f c i Componentes trativas <strong>de</strong> contato<br />

t f s i Componentes trativas externamente aplicadas<br />

γ Ângulo <strong>de</strong> saída (º)<br />

H Coeficiente <strong>de</strong> encruamento<br />

h’ Espessura do cavaco (m)<br />

HSS High Speed Steel<br />

[K] Matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z<br />

λ Ângulo <strong>de</strong> inclinação da broca (º)<br />

L ep Módulo elastoplástico<br />

µ Coeficiente <strong>de</strong> atrito<br />

M6 Diâmetro métrico <strong>de</strong> 6 mm<br />

MEF Método dos el<strong>em</strong>entos finitos<br />

MT Momento torçor (Nm)<br />

ν Coeficiente <strong>de</strong> Poisson<br />

νr Velocida<strong>de</strong> relativa <strong>de</strong> escorregamento<br />

xiii


Nomenclatura xiv<br />

N Funções <strong>de</strong> forma<br />

NbC Carboneto <strong>de</strong> nióbio<br />

ODS Operating Deflection Shapes ou Operational Deflection Shapes<br />

Π Funcional <strong>de</strong> energia<br />

Pa Pascal<br />

θi Rotações<br />

R Restrições<br />

Ri-1 Resíduos baseados no <strong>de</strong>slocamento<br />

rpm Rotações por minuto<br />

t Sc Áreas on<strong>de</strong> ag<strong>em</strong> as componentes trativas <strong>de</strong> contato (m 2 )<br />

t Sf Áreas on<strong>de</strong> ag<strong>em</strong> as componentes trativas externamente<br />

aplicadas (m 2 )<br />

σ Tensão do conjunto (Pa)<br />

σ n Tensão normal (Pa)<br />

σ t Tensão tangencial (Pa)<br />

t Vetor tangencial na direção da velocida<strong>de</strong> relativa <strong>de</strong><br />

escorregamento<br />

TaC Carboneto <strong>de</strong> tântalo<br />

Tc Torque <strong>de</strong> corte (Nm)<br />

Td Torque <strong>de</strong> distúrbio (Nm)<br />

TiC Carboneto <strong>de</strong> titânio<br />

U * i Deslocamento do grau <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> (m)<br />

Ui Deslocamento do el<strong>em</strong>ento da posição i (m)<br />

VBBmax<br />

Desgaste <strong>de</strong> flanco máximo (mm)<br />

W Carga entre duas superfícies (N)<br />

WC Carboneto <strong>de</strong> tungstênio<br />

x, y, z Coor<strong>de</strong>nadas cartesianas<br />

ξi Coor<strong>de</strong>nadas <strong>de</strong> volume


1.1- Contexto geral<br />

CAPÍTULO 1<br />

INTRODUÇÃO<br />

Na atual realida<strong>de</strong> brasileira, <strong>em</strong> face da globalização e pela crescente<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> impl<strong>em</strong>entação <strong>de</strong> novas formas para conseguir driblar a<br />

situação imposta pela economia, torna-se importante o papel da tecnologia<br />

para viabilizar modos <strong>de</strong> melhoria na performance das <strong>em</strong>presas. Deve-se<br />

levar s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração o modo <strong>de</strong> impl<strong>em</strong>entação da mesma, ou seja,<br />

<strong>de</strong> forma ética e responsável.<br />

Qualquer ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção po<strong>de</strong> ser vista conforme o mo<strong>de</strong>lo input –<br />

transformação – output (Slack et al., 1997). Nos processos <strong>de</strong> fabricação a<br />

produtivida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser medida como a razão entre o input e o output.<br />

Desta forma, po<strong>de</strong>-se consi<strong>de</strong>rar que o input é um conjunto <strong>de</strong> recursos<br />

disponíveis para a ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção. O output é basicamente o que é<br />

produzido durante o t<strong>em</strong>po disponível para a fabricação. Enquanto a fase <strong>de</strong><br />

transformação é a forma que um produto da fase input é manipulado para se<br />

transformar <strong>em</strong> produto final. Esta fase <strong>em</strong> questão é mais conhecida pela<br />

produção como procedimento <strong>de</strong> fabricação.<br />

A eficiência da ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção é melhorada consi<strong>de</strong>rando-se a<br />

otimização <strong>de</strong> cada fase da mesma, mas é fato que cada modificação po<strong>de</strong><br />

levar uma conseqüência para a fase <strong>de</strong> output.<br />

Muitas vezes, a mudança do produto final é “impossível”, pois acarreta<br />

alterações drásticas na ca<strong>de</strong>ia produtiva. Além disto, na fase <strong>de</strong> input t<strong>em</strong>-se<br />

um conjunto <strong>de</strong> procedimentos a ser executado que po<strong>de</strong> sair do âmbito da<br />

<strong>em</strong>presa produtora, pois atinge mudanças <strong>de</strong> fornecedores e mão <strong>de</strong> obra.<br />

Logo, uma avaliação da fase <strong>de</strong> transformação po<strong>de</strong> ser a melhor saída e é<br />

alvo <strong>de</strong>ste trabalho, mais especificamente o processo <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong><br />

<strong>de</strong>nominado por rosqueamento.<br />

1


Introdução 2<br />

A otimização <strong>de</strong>sta etapa é uma realida<strong>de</strong> possível consi<strong>de</strong>rando que os<br />

processos <strong>de</strong> fabricação são modulares e muitas vezes seriais, ou seja, t<strong>em</strong>-se<br />

uma restrição na capacida<strong>de</strong> produtiva limitada pelo t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> cada processo,<br />

além <strong>de</strong> outros parâmetros que po<strong>de</strong>m ser investigados.<br />

O rosqueamento, como <strong>de</strong>finido por Brandão (2001), é uma etapa do processo<br />

<strong>de</strong> fabricação da aparafusag<strong>em</strong> que promove união entre componentes, a fim<br />

<strong>de</strong> conferir forma com <strong>de</strong>terminada geometria e dimensão. Assim a união é dita<br />

autógena, ou seja, s<strong>em</strong> adição <strong>de</strong> metal base para acoplamento.<br />

Este procedimento <strong>de</strong> fabricação é bastante simples <strong>em</strong> relação a outros,<br />

<strong>em</strong>bora muito comumente utilizado. Ertunc e Oysu (2004) reportam que a<br />

furação é responsável por aproximadamente 40% <strong>de</strong> toda operação <strong>de</strong><br />

r<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> metal na industria aeroespacial. Enquanto, Furness et al. (1999)<br />

afirmam <strong>em</strong> seu estudo que esta operação é responsável por mais <strong>de</strong> 50% <strong>de</strong><br />

toda usinag<strong>em</strong> praticada nos Estados Unidos. Consi<strong>de</strong>rando que este país é<br />

um dos mais industrializados do mundo t<strong>em</strong>-se a dimensão da importância do<br />

processo <strong>de</strong> furação.<br />

O total controle da operação <strong>de</strong> rosqueamento é um <strong>de</strong>safio a ser perseguido.<br />

Depen<strong>de</strong>ndo do tipo <strong>de</strong> material, profundida<strong>de</strong> da rosca, tolerância da peça,<br />

entre outros quesitos, esse tipo <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong>, quase s<strong>em</strong>pre feito na peça<br />

quando ela já está no final do processo <strong>de</strong> produção, po<strong>de</strong> causar gran<strong>de</strong><br />

prejuízo <strong>em</strong> caso <strong>de</strong> refugo. Assim sendo, a ferramenta <strong>de</strong> corte e os<br />

parâmetros <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> <strong>de</strong>v<strong>em</strong> seguir um padrão <strong>de</strong> elevada confiabilida<strong>de</strong>.<br />

A usinag<strong>em</strong> <strong>de</strong> roscas internas normalmente pelo método convencional<br />

envolve duas operações distintas: usinag<strong>em</strong> do furo por meio <strong>de</strong> brocas e na<br />

seqüência a usinag<strong>em</strong> do filete roscado, por meio <strong>de</strong> machos. Dessa forma,<br />

necessita-se <strong>de</strong> duas diferentes ferramentas e normalmente, as duas<br />

operações po<strong>de</strong>m ser realizadas na mesma máquina.<br />

A utilização <strong>de</strong> máquinas <strong>em</strong> linha <strong>de</strong> produção seriada com troca automática<br />

<strong>de</strong> ferramenta é uma realida<strong>de</strong>. Embora a troca seja aparent<strong>em</strong>ente realizada<br />

rapidamente, isso po<strong>de</strong> <strong>de</strong>mandar <strong>em</strong> média 5 segundos, o que <strong>em</strong> simples<br />

análise po<strong>de</strong> parecer insignificante. Mas, no final <strong>de</strong> um dia <strong>de</strong> trabalho, após a<br />

usinag<strong>em</strong> <strong>de</strong> milhares <strong>de</strong> peças esse t<strong>em</strong>po é significativo.


Introdução 3<br />

Outro lay-out <strong>de</strong> fabricação, para evitar a excessiva troca <strong>de</strong> ferramentas po<strong>de</strong><br />

ser utilizado. São usadas duas máquinas: a primeira realiza somente a<br />

operação <strong>de</strong> furação enquanto o rosqueamento é realizado pela segunda<br />

máquina. Com esta configuração, o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> troca <strong>de</strong> ferramentas é eliminado,<br />

mas <strong>em</strong> contrapartida, surge outro, que é o <strong>de</strong> se retirar à peça <strong>de</strong> uma<br />

máquina e <strong>de</strong> se instalar na seguinte. Embora, isso possa ser realizado por<br />

meio <strong>de</strong> procedimentos automatizados, utilizando robôs, novamente t<strong>em</strong>-se um<br />

t<strong>em</strong>po consumido, além dos novos investimentos <strong>em</strong> automatização da<br />

operação.<br />

Outro ponto a ser observado no método convencional é que as ferramentas<br />

utilizadas são diferentes, broca e macho. Cada uma <strong>de</strong>las t<strong>em</strong> as suas<br />

características típicas operacionais relacionadas a parâmetros <strong>de</strong> corte<br />

(velocida<strong>de</strong>, profundida<strong>de</strong> e avanço) e fluido <strong>de</strong> corte, além <strong>de</strong> apresentar<strong>em</strong><br />

diferenças na vida útil, <strong>em</strong> relação ao tamanho do lote produzido, aten<strong>de</strong>ndo às<br />

características requisitadas no projeto. Isso torna necessário que a gestão do<br />

estoque <strong>de</strong> ferramentas seja <strong>de</strong> perto administrada e acompanhada.<br />

Como método promissor surge a utilização <strong>de</strong> uma única ferramenta (macho-<br />

fresa, ou tap mill) para a usinag<strong>em</strong> <strong>de</strong> roscas, partindo <strong>de</strong> superfícies virgens.<br />

Este processo é <strong>de</strong>nominado por Schramm (2001) como sendo furo-<br />

fresamento e este utiliza uma ferramenta própria caracterizada como macho-<br />

fresa e po<strong>de</strong> ser visualizada na Fig. 1.1.<br />

Figura 1.1 - Ferramenta do tipo macho-fresa.<br />

O processo foi <strong>de</strong>senvolvido pela <strong>em</strong>presa Turchan Enterprises <strong>de</strong> Dearborn,<br />

Michigan, EUA e foi <strong>de</strong>scrito <strong>em</strong> <strong>de</strong>talhes, pela primeira vez, <strong>em</strong> artigo<br />

publicado na revista al<strong>em</strong>ã Werkstatt und Betrieb, nº 10, 1987, <strong>de</strong> autoria <strong>de</strong><br />

Manuel Turchan (Lima, 1989).<br />

O processo consiste do avanço da ferramenta contra a peça, usinando o furo,<br />

sendo este cego ou passante. No final do curso do furo é realizado


Introdução 4<br />

automaticamente o chanfro na peça, pois a ferramenta mostrada na Fig. 1.1<br />

possui um escareador entre o corpo da broca e a haste <strong>de</strong> fixação. Na<br />

seqüência, o macho-fresa é afastado da linha <strong>de</strong> centro <strong>de</strong> uma distância igual<br />

ao passo da rosca e usina o filete <strong>de</strong>sejado da rosca. De forma representativa<br />

toda a seqüência <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> po<strong>de</strong> ser percebida como indicado na Fig. 1.2.<br />

Figura 1.2 - Diagrama esqu<strong>em</strong>ático da seqüência <strong>de</strong> rosqueamento.<br />

Na Figura 1.2 observa-se que no primeiro estágio, da esquerda para a direita,<br />

t<strong>em</strong>-se a aproximação da ferramenta. Nos dois estágios subseqüentes a<br />

ferramenta atua como uma broca. Já na terceira etapa a mesma retorna da<br />

distância equivalente a 1/3 do passo da rosca. Assim, neste conjunto a furação<br />

é concluída.<br />

Para o processo <strong>de</strong> rosqueamento é notado na Fig. 1.2, precisamente no<br />

quarto estágio. A ferramenta é retirada da linha <strong>de</strong> centro e aproxima-se do<br />

contorno do perfil <strong>de</strong>sejado com dois movimentos relativos: rotação <strong>em</strong> torno<br />

do seu eixo e translação. No estágio seguinte, novamente girando <strong>em</strong> torno do<br />

seu eixo ela translada <strong>em</strong> um passo <strong>de</strong> rosca, contornando o círculo e<br />

<strong>de</strong>finindo o perfil roscado. No penúltimo passo, similar ao quarto, a mesma<br />

retorna gradativamente, girando <strong>em</strong> torno do seu eixo e transladando para a<br />

linha <strong>de</strong> centro do furo e na última etapa, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> concluído o filete <strong>de</strong>sejado,<br />

ela sai da peça.


Introdução 5<br />

Logo esta tecnologia <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> <strong>de</strong> roscas internas elimina a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

troca <strong>de</strong> ferramenta ou <strong>de</strong> máquina. As duas operações são realizadas pela<br />

mesma ferramenta.<br />

Uma outra vantag<strong>em</strong> operacional está no fato da não necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reversão<br />

da rotação do eixo árvore. No método convencional, como ex<strong>em</strong>plo o macho<br />

avança sobre a peça no sentido horário e retorna no anti-horário <strong>em</strong><br />

movimentos sincronizados. Antes da reversão, o eixo árvore da máquina<br />

necessita ser freado e isso é promovido <strong>em</strong> máquinas CNC (comando<br />

numérico computadorizado), normalmente por sist<strong>em</strong>as eletromecânicos,<br />

utilizando discos <strong>de</strong> fricção. Naturalmente o sist<strong>em</strong>a se <strong>de</strong>sgasta e<br />

freqüent<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>ve sofrer manutenção. Nessas máquinas, para eliminar esse<br />

probl<strong>em</strong>a, utiliza-se <strong>de</strong> mandris reversores e o eixo árvore permanece girando<br />

no mesmo sentido enquanto a reversão é realizada internamente por um<br />

dispositivo mecânico diretamente sobre a ferramenta <strong>de</strong> corte.<br />

Sintetizando, po<strong>de</strong>-se enumerar as seguintes potencialida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ssa tecnologia:<br />

dispensa a segunda máquina; não existe o t<strong>em</strong>po gasto para troca <strong>de</strong><br />

ferramentas e a mesma apresenta uma faixa <strong>de</strong> aplicação quanto a diâmetros<br />

<strong>de</strong> rosca. No caso da especificada para usinar a rosca M6, usina também<br />

roscas até M7.<br />

Levando <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração tais características este novo método <strong>de</strong><br />

rosqueamento aten<strong>de</strong> sabiamente a otimização do processo, pois é <strong>de</strong> se notar<br />

que o atual sist<strong>em</strong>a é um gargalo na fase <strong>de</strong> transformação.<br />

Pensando na mo<strong>de</strong>rnização que agrega baixo custo com alta e eficiente<br />

produtivida<strong>de</strong>, t<strong>em</strong>-se um método que possibilita realizar a mesma tarefa numa<br />

única etapa, minimizando o t<strong>em</strong>po ocioso, número gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> ferramentas e<br />

parâmetros <strong>de</strong> monitoramento. Entretanto, t<strong>em</strong>-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> utilizar<br />

fluido <strong>de</strong> corte <strong>em</strong> abundância e o custo do ferramental para este método ainda<br />

é bastante elevado <strong>em</strong> relação ao tradicional. Assim <strong>de</strong>ve-se fazer um estudo<br />

mais aprofundado para distinguir a melhor usinabilida<strong>de</strong>.<br />

O termo usinabilida<strong>de</strong> é <strong>de</strong> fato bastante subjetivo, pois este não se refere a<br />

uma característica a ser medida, mas talvez um conjunto <strong>de</strong>las. Desta forma,<br />

esta proprieda<strong>de</strong> do material a ser estudado po<strong>de</strong> tomar uma forma particular<br />

para cada ocasião.


Introdução 6<br />

Por experiências próprias, Trent e Wright (2000) diz<strong>em</strong> que a usinabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

um material po<strong>de</strong> ser obtida levando-se <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração o número <strong>de</strong><br />

componentes produzidos por hora, o custo <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> do componente ou a<br />

qualida<strong>de</strong> final da superfície trabalhada. Contudo a proprieda<strong>de</strong>, ainda assim,<br />

não parece b<strong>em</strong> <strong>de</strong>finida, pois algumas características constituintes do<br />

processo não foram levadas <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração. O que faz necessário um maior<br />

aprofundamento do caso aqui estudado, ou seja, a usinabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser<br />

analisada <strong>de</strong> forma particular avaliando também outros parâmetros<br />

operacionais do rosqueamento. Portanto, neste trabalho preten<strong>de</strong>-se investigar<br />

este processo e comparar com o convencional <strong>de</strong> fabricação <strong>de</strong> roscas,<br />

conforme <strong>de</strong>finido no it<strong>em</strong> a seguir.<br />

1.2- Objetivos<br />

O presente trabalho consiste <strong>em</strong> investigar a utilização, <strong>em</strong> ambiente <strong>de</strong><br />

fábrica, da nova tecnologia <strong>de</strong> rosqueamento <strong>de</strong>nominada furo-rosqueamento e<br />

também conhecida na literatura inglesa por Tap Milling. Desta forma, será<br />

possível obter informações relevantes para a nova tecnologia proposta e assim<br />

posteriormente po<strong>de</strong>r estabelecer comparações com a tecnologia tradicional,<br />

atualmente <strong>em</strong> utilização. Os testes <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> para a tecnologia macho-<br />

fresa serão realizados utilizando-se <strong>de</strong> furos M6x1 <strong>em</strong> peças <strong>de</strong> liga Al-Si-Cu.<br />

1.2.1- Objetivos específicos<br />

Avaliar a vida da ferramenta <strong>em</strong>pregada no novo procedimento <strong>de</strong><br />

rosqueamento e i<strong>de</strong>ntificar a(s) forma(s) predominante(s) <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste;<br />

Avaliar a evolução da usinag<strong>em</strong> por meio <strong>de</strong> monitoramento <strong>de</strong> parâmetros<br />

relativos à potência <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> e a estabilida<strong>de</strong> dinâmica do processo;<br />

Avaliar a qualida<strong>de</strong> do perfil roscado, criado pela ferramenta macho-fresa,<br />

quanto à tolerância dimensional;<br />

I<strong>de</strong>ntificar e mapear <strong>de</strong> forma qualitativa e quantitativa a distribuição <strong>de</strong><br />

tensão e <strong>de</strong>formação, por meio da formulação <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos finitos, do<br />

conjunto parafuso-peça, sendo que são comparadas as diferentes formas<br />

das peças usinadas pelo método tradicional e pelo furo-fresamento.


Introdução 7<br />

Neste ponto, far-se-á uma <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong>talhada <strong>de</strong> como o presente trabalho foi<br />

dividido:<br />

No primeiro tópico, Capítulo 1, <strong>de</strong>screve-se o probl<strong>em</strong>a que se propõe estudar,<br />

as justificativas para o seu <strong>de</strong>senvolvimento e como o projeto será dividido,<br />

com o intuito <strong>de</strong> facilitar a compreensão e o alcance pleno <strong>de</strong> todos os<br />

objetivos.<br />

No Capítulo 2, Revisão Bibliográfica, t<strong>em</strong>-se um posicionamento <strong>em</strong> face da<br />

teoria dos aspectos analisados <strong>de</strong>ste estudo. Assim po<strong>de</strong>-se elucidar e explicar<br />

os fenômenos presentes, além <strong>de</strong> mostrar um rumo a ser seguido pela<br />

experiência adquirida <strong>em</strong> outros estudos pertinentes. Pois é fato que as<br />

referências bibliográficas têm a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> agregar conhecimento e formar<br />

um conjunto <strong>de</strong> informações para renovar e <strong>de</strong>senvolver a ciência, neste caso<br />

da usinag<strong>em</strong> dos materiais.<br />

O Capítulo 3, <strong>de</strong>nominado Materiais e Métodos, indica-se a <strong>de</strong>scrição<br />

<strong>de</strong>talhada, para o estudo proposto, do tipo <strong>de</strong> material e os vários insumos<br />

utilizados. Assim, preten<strong>de</strong>-se indicar <strong>de</strong> forma clara toda a metodologia<br />

<strong>em</strong>pregada e <strong>de</strong>sta forma, permitir a sua utilização no ambiente fabril.<br />

No capítulo 4 <strong>de</strong> resultados e discussões será mostrado todo o conjunto <strong>de</strong><br />

dados e resultados que vão ser obtidos pelo <strong>em</strong>prego da metodologia e<br />

posteriormente é realizada a discussão, balizada nos objetivos específicos e<br />

revisão bibliográfica para finalmente conseguir alcançar o objetivo geral<br />

proposto no trabalho.<br />

Enquanto que no capítulo 5, comentários e conclusões, é feito um<br />

posicionamento geral dos resultados obtidos <strong>em</strong> relação aos objetivos<br />

propostos, finalizando com propostas <strong>de</strong> novos trabalhos para a continuação<br />

da pesquisa.<br />

Em seguida, no tópico Bibliografia serão listadas as diversas referências<br />

utilizadas durante o <strong>de</strong>senvolvimento do projeto. Finalmente, nos anexos são<br />

apresentadas informações compl<strong>em</strong>entares <strong>de</strong> alguns pontos usados no<br />

trabalho.


CAPÍTULO 2<br />

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA<br />

A ênfase <strong>de</strong>ste trabalho é verificar a usinabilida<strong>de</strong> ou a aplicabilida<strong>de</strong> do novo<br />

processo <strong>de</strong> rosqueamento <strong>de</strong>nominado furo-rosqueamento, portanto a<br />

presente revisão é direcionada para este assunto e segmentada <strong>de</strong> forma a<br />

facilitar a abrangência dos possíveis fenômenos inerentes ao atual estudo<br />

comparativo da usinabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> fabricação.<br />

2.1- Usinabilida<strong>de</strong><br />

O termo usinabilida<strong>de</strong> é <strong>de</strong> fato bastante subjetivo, pois este não se refere a<br />

uma característica a ser medida, mas talvez a um conjunto <strong>de</strong>las. Desta forma,<br />

esta distinção do caso a ser estudado po<strong>de</strong> tomar uma forma particular para<br />

cada ocasião.<br />

Os estudos indicam que o monitoramento e o controle dos processos <strong>de</strong><br />

usinag<strong>em</strong>, por conseqüência a usinabilida<strong>de</strong>, são muito <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes do tipo <strong>de</strong><br />

processo e seus parâmetros. Assim um a<strong>de</strong>quado sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> medição <strong>de</strong>ve<br />

ser aplicado para se ter uma exatidão dos resultados (Chung e Geddam, 2003).<br />

Por experiências próprias, Trent e Wright (2000) diz<strong>em</strong> que a usinabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

um material po<strong>de</strong> ser obtida levando-se <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração o número <strong>de</strong><br />

componentes produzidos por hora, o custo <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> do componente ou a<br />

qualida<strong>de</strong> final da superfície trabalhada. Ainda assim a usinabilida<strong>de</strong> não<br />

parece b<strong>em</strong> <strong>de</strong>finida. Pois algumas características constituintes do processo<br />

não são levadas <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração na experiência mostrada, o que faz<br />

necessário um maior aprofundamento do caso aqui estudado, ou seja, a<br />

usinabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser analisada <strong>de</strong> forma particular avaliando também outras<br />

características operacionais da fabricação.<br />

Além disto é comum se pensar que a usinabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um certo material é uma<br />

proprieda<strong>de</strong> intrinsecamente ligada à dureza e resistência mecânica do<br />

8


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 9<br />

mesmo. Porém este raciocínio simplista é falso. Valores baixos das gran<strong>de</strong>zas<br />

citadas anteriormente realmente po<strong>de</strong>m favorecer a usinabilida<strong>de</strong>, mas <strong>em</strong><br />

materiais muito dúteis a baixa dureza po<strong>de</strong> causar probl<strong>em</strong>as como a formação<br />

<strong>de</strong> aresta postiça <strong>de</strong> corte (Diniz et al., 2001). O fenômeno da aresta postiça<br />

(APC) será amplamente discutido posteriormente num tópico mais apropriado.<br />

Por outro lado, baixos valores <strong>de</strong> ductilida<strong>de</strong> são benéficos a usinabilida<strong>de</strong>,<br />

pois ocorre formação <strong>de</strong> cavacos curtos e, conseqüent<strong>em</strong>ente, menor perda <strong>de</strong><br />

energia por atrito <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> cavaco com a superfície <strong>de</strong> saída da<br />

ferramenta. Porém uma usinabilida<strong>de</strong> ótima se obtém com um compromisso<br />

entre dureza e ductilida<strong>de</strong>; mas, <strong>em</strong> geral, consegue-se baixa ductilida<strong>de</strong> com<br />

alta dureza e vice-versa (Diniz et al., 2001).<br />

Desta forma, Diniz et al. (2001) <strong>de</strong>fin<strong>em</strong> a usinabilida<strong>de</strong> como uma gran<strong>de</strong>za<br />

tecnológica comparativa, ou seja, que expressa por meio <strong>de</strong> um valor numérico<br />

o confrontamento <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong>. Logo, a<br />

usinabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um material aplicado a um certo processo po<strong>de</strong> ser avaliada<br />

como sendo uma proprieda<strong>de</strong> que sofre influência <strong>de</strong> vários fatores, ou seja,<br />

<strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar aspectos mais gerais e aqueles passíveis <strong>de</strong> se mensurar.<br />

Primeiramente, os parâmetros generalistas do presente trabalho são <strong>de</strong>finidos<br />

como sendo a tecnologia <strong>em</strong>pregada para o rosqueamento <strong>em</strong> geral e a peça<br />

usinada por meio <strong>de</strong> estudos da sua constituição.<br />

Consi<strong>de</strong>rando que estes aspectos não são mensurados, os mesmos são aqui<br />

estudados para servir<strong>em</strong> como uma constante <strong>de</strong> avaliação da usinabilida<strong>de</strong>,<br />

ou seja, estes não <strong>de</strong>fin<strong>em</strong> uma forma comparativa do grau <strong>de</strong> facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

usinar. Entretanto os parâmetros ditos generalistas estão presentes e <strong>de</strong>v<strong>em</strong><br />

ser levados <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração. Posteriormente os termos ditos mensuráveis<br />

serão discutidos, sendo estes usados como ferramenta para qualificar a<br />

usinabilida<strong>de</strong> da operação <strong>de</strong> rosqueamento.<br />

2.1.1- Alumínio: o material ser usinado<br />

A crescente necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> melhoria da tecnologia na industria automobilística<br />

se faz urgente à pesquisa <strong>de</strong> novos materiais e métodos <strong>de</strong> fabricação. Um<br />

objetivo primordial das <strong>em</strong>presas <strong>de</strong>sta área é conseguir um produto que


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 10<br />

consiga um <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho otimizado, ou seja, com o menor consumo <strong>de</strong><br />

combustível e um baixo nível <strong>de</strong> <strong>em</strong>issão <strong>de</strong> poluentes.<br />

O alumínio torna-se um el<strong>em</strong>ento que po<strong>de</strong> viabilizar a diminuição <strong>de</strong> consumo<br />

<strong>de</strong> combustível, pois o mesmo possui uma <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 2,7 g/cm³,<br />

aproximadamente 1/3 da do aço, o que somado a outras características o torna<br />

bastante útil na construção <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos mais leves.<br />

O tipo <strong>de</strong> material a ser estudado no presente trabalho é uma liga consi<strong>de</strong>rada<br />

complexa, pois possui vários el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> liga na sua composição. Assim a<br />

seguir é feito um <strong>de</strong>talhamento do tipo <strong>de</strong> liga a ser avaliada, entretanto<br />

anteriormente é feito um posicionamento sobre o processo <strong>de</strong> fundição no qual<br />

o material é previamente trabalhado para conferir uma forma mais apropriada<br />

para a posterior usinag<strong>em</strong>.<br />

2.1.1.1- O processo <strong>de</strong> fundição<br />

A base <strong>de</strong> todos os processos <strong>de</strong> fundição consiste do princípio clássico <strong>de</strong><br />

Arquime<strong>de</strong>s, ou seja, o material líquido é vertido na cavida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um mol<strong>de</strong> com<br />

o formato requerido, seguindo-se um resfriamento, on<strong>de</strong> o próprio mol<strong>de</strong> é<br />

responsável pela retirada do calor a fim <strong>de</strong> produzir um objeto sólido resultante<br />

da solidificação (Campos Filho e Davies, 1978).<br />

Alguns fenômenos, que ocorr<strong>em</strong> na fase <strong>de</strong> solidificação, são <strong>de</strong> suma<br />

importância para que se tenha um produto final com as características<br />

<strong>de</strong>sejadas.<br />

O primeiro fenômeno é a cristalização que consiste no aparecimento das<br />

primeiras células cristalinas unitárias, que serv<strong>em</strong> como núcleos, para o<br />

posterior <strong>de</strong>senvolvimento ou crescimento dos cristais; dando, finalmente,<br />

orig<strong>em</strong> aos grãos <strong>de</strong>finitivos e à estrutura granular típica. Esse crescimento não<br />

se dá <strong>de</strong> maneira uniforme <strong>em</strong> todas as direções, variando <strong>de</strong> acordo com os<br />

diferentes eixos cristalográficos; no interior do mol<strong>de</strong>, o crescimento é limitado<br />

pelas pare<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ste (Chiaverini, 1977).<br />

Um tipo <strong>de</strong> cristal é originado pelo <strong>de</strong>senvolvimento e expansão <strong>de</strong> cada núcleo<br />

<strong>de</strong> cristalização, que po<strong>de</strong>ria ser comparado a uma árvore com seus ramos; a<br />

esse tipo dá-se o nome <strong>de</strong> <strong>de</strong>ndrita. Com o <strong>de</strong>senvolvimento da solidificação<br />

ocorre o aparecimento <strong>de</strong> vários núcleos <strong>de</strong> cristais que se <strong>de</strong>senvolv<strong>em</strong> <strong>em</strong>


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 11<br />

forma competitiva, ou seja, uma <strong>de</strong>ndrita é impedida <strong>de</strong> crescer pelo<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> outra com maior energia. Logo é originado os grãos e os<br />

contornos <strong>de</strong> grãos, que <strong>de</strong>limitam cada grão cristalino, formando-se a massa<br />

sólida (Chiaverini, 1977).<br />

A maioria dos materiais, inclusive o alumínio, apresenta aumento significativo<br />

<strong>de</strong> volume durante a sua fusão. Essa variação na fundição manifesta-se como<br />

uma contração durante a transformação inversa, do líquido para o sólido. Se<br />

áreas <strong>de</strong> líquido ficar<strong>em</strong> isoladas, ocorre então a contração sob a forma <strong>de</strong><br />

cavida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> formato irregular e freqüent<strong>em</strong>ente dispersa, localizada abaixo da<br />

superfície (Campos Filho e Davies, 1978).<br />

Um caso similar, mas b<strong>em</strong> próxima à superfície, é a gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão cônica<br />

observada no topo dos lingotes, conhecida como rechupe e sua maior causa<br />

<strong>de</strong> aparecimento é o insucesso na obtenção <strong>de</strong> solidificação direcional, na<br />

direção dos pontos quentes da peça (Campos Filho e Davies, 1978).<br />

Campos Filho e Davies (1978) diz<strong>em</strong> que trincas <strong>de</strong> contração são bastante<br />

comuns quando ocorre a impossibilida<strong>de</strong> da peça fundida contrair-se<br />

livr<strong>em</strong>ente, o que produz tensões internas complexas. Trincas <strong>de</strong> contração<br />

são formadas quando o material se <strong>de</strong>staca por si só, ou após a r<strong>em</strong>oção do<br />

mol<strong>de</strong> e normalmente aparec<strong>em</strong> durante o último estágio da solidificação.<br />

Um outro fenômeno que po<strong>de</strong> ocorrer durante o processo <strong>de</strong> fundição é<br />

chamado <strong>de</strong> bolha e vazio. As bolhas ocorr<strong>em</strong> na superfície do fundido ou logo<br />

abaixo <strong>de</strong>la <strong>de</strong>vido a uma série <strong>de</strong> causas (Campos Filho e Davies, 1978).<br />

Segundo Chiaverini (1977), <strong>em</strong> peças fundidas, o alumínio e suas ligas têm-se<br />

um gran<strong>de</strong> <strong>em</strong>prego <strong>de</strong>vido às suas características. Na fundição <strong>de</strong> peças <strong>de</strong><br />

alumínio, po<strong>de</strong>-se utilizar os métodos <strong>de</strong> fundição <strong>em</strong> areia, fundição sob<br />

pressão e <strong>de</strong> precisão.<br />

2.1.1.2- A liga Al-Si-Cu: aspectos metalúrgicos<br />

O alumínio puro possui algumas limitações, o que impossibilita o seu uso <strong>em</strong><br />

algumas aplicações <strong>de</strong>vido à baixa resistência mecânica. Para a solução <strong>de</strong>ste<br />

probl<strong>em</strong>a é comum o agrupamento <strong>de</strong> outros el<strong>em</strong>entos formando ligas, que<br />

<strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser criadas com o critério <strong>de</strong> somar as características <strong>de</strong> interesse, ou


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 12<br />

seja, o el<strong>em</strong>ento formado pela liga po<strong>de</strong> melhorar algumas proprieda<strong>de</strong>s,<br />

entretanto po<strong>de</strong> ocorrer uma modificação maléfica <strong>em</strong> outras.<br />

As ligas <strong>de</strong> alumínio para fundição po<strong>de</strong>m ser do tipo binária, ou seja, com um<br />

único el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong> liga adicionado; ou ligas complexas, com dois ou mais<br />

el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> liga adicionados (Chiaverini, 1986). Para o seguinte trabalho t<strong>em</strong>-<br />

se uma liga complexa, como po<strong>de</strong> ser avaliado no anexo I. Entretanto esta liga<br />

é classificada como sendo Al-Si-Cu <strong>de</strong>vido à pequena porção percentual dos<br />

outros el<strong>em</strong>entos presentes.<br />

Nestas ligas o silício aumenta a flui<strong>de</strong>z do alumínio líquido através das<br />

cavida<strong>de</strong>s do mol<strong>de</strong> <strong>de</strong> fundição, permitindo a obtenção <strong>de</strong> produtos com<br />

formatos mais complexos. Também propicia a redução da contração durante o<br />

resfriamento, reduz a porosida<strong>de</strong> nas peças fundidas, reduz o coeficiente <strong>de</strong><br />

expansão térmica e melhora a soldabilida<strong>de</strong> (Gomes et al., 1987).<br />

O silício ao ser combinado com o magnésio torna a liga tratável termicamente.<br />

Dev<strong>em</strong> estar dispersos na liga <strong>de</strong> alumínio, o que po<strong>de</strong> ser obtido pelo<br />

tratamento <strong>de</strong> "modificação", que consiste na adição <strong>de</strong> um pequeno teor <strong>de</strong><br />

sódio às ligas Al-Si. Este altera a microestrutura da liga favoravelmente sob o<br />

ponto <strong>de</strong> vista das proprieda<strong>de</strong>s mecânicas (Gomes et al., 1987). Em teores<br />

baixos, o ferro minimiza a tendência da liga Al-Si soldar-se ao mol<strong>de</strong> metálico<br />

na fundição <strong>em</strong> mol<strong>de</strong> permanente (Gomes et al., 1987 e www.infomet.com.br).<br />

A principal virtu<strong>de</strong> da adição <strong>de</strong> cobre, como nas ligas Al-Cu, é aumentar a<br />

resistência mecânica da liga, tanto antes como após tratamento térmico. Sendo<br />

assim, o cobre torna as ligas Al-Si-Cu tratáveis termicamente (Gomes et al.,<br />

1987 e www.infomet.com.br).<br />

O cobre <strong>de</strong>ve estar totalmente ou parcialmente solúvel no alumínio <strong>em</strong><br />

t<strong>em</strong>peraturas logo abaixo do ponto <strong>de</strong> fusão. Isto favorece a diminuição da<br />

contração interna durante o resfriamento e a melhoria da usinabilida<strong>de</strong> das<br />

peças fundidas. Entretanto, ao contrário do silício, acarreta fragilida<strong>de</strong> a quente<br />

e menor flui<strong>de</strong>z, além <strong>de</strong> reduzir a resistência à corrosão (Gomes et al., 1987 e<br />

www.infomet.com.br).<br />

O magnésio, ao ser adicionado às ligas Al-Si, torna as mesmas termicamente<br />

tratáveis. Entretanto, no caso das ligas Al-Si o teor <strong>de</strong> magnésio não po<strong>de</strong>r ser<br />

muito elevado a ponto <strong>de</strong> dificultar a fundição. Por outro lado, o magnésio


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 13<br />

melhora a resistência à corrosão e a usinabilida<strong>de</strong> (Gomes et al., 1987 e<br />

www.infomet.com.br).<br />

O zinco, especialmente quando adicionado conjuntamente com o magnésio,<br />

resulta <strong>em</strong> maior resistência ao impacto, alta resistência à tração e ótima<br />

ductilida<strong>de</strong>. Em ligas que contêm cobre, pequenos teores <strong>de</strong> zinco<br />

proporcionam melhor usinabilida<strong>de</strong> (Gomes et al., 1987 e www.infomet.com.br).<br />

O titânio é adicionado <strong>em</strong> pequenos teores como refinador <strong>de</strong> grão, tendo<br />

como conseqüência o aumento da resistência à tração e da ductilida<strong>de</strong>,<br />

reduzindo, porém a condutivida<strong>de</strong> térmica. O boro é <strong>em</strong>pregado <strong>em</strong> teores<br />

ainda mais baixos, juntamente com o titânio t<strong>em</strong> por finalida<strong>de</strong> reforçar o efeito<br />

<strong>de</strong>ste e torná-lo mais duradouro <strong>em</strong> caso <strong>de</strong> re-fusão (Gomes et al., 1987 e<br />

www.infomet.com.br).<br />

O cromo também é utilizado como refinador <strong>de</strong> grão, ao ser adicionado<br />

juntamente como o titânio. Além disso, é usado para diminuir a incidência <strong>de</strong><br />

trincas resultantes <strong>de</strong> tensões e <strong>de</strong> corrosão sob tensão, ainda proporciona<br />

aumento <strong>de</strong> resistência mecânica <strong>em</strong> t<strong>em</strong>peraturas elevadas (Gomes et al.,<br />

1987 e www.infomet.com.br).<br />

O manganês age como refinador <strong>de</strong> grão e permite reduzir a contração durante<br />

o resfriamento/solidificação, além <strong>de</strong> proporcionar melhoria na resistência à<br />

tração <strong>em</strong> alta t<strong>em</strong>peratura. O níquel permite melhorar a estabilida<strong>de</strong><br />

dimensional e a resistência mecânica <strong>em</strong> t<strong>em</strong>peraturas elevadas, <strong>em</strong> teores<br />

que vão até 3% (Gomes et al., 1987 e www.infomet.com.br).<br />

Uma vez conhecido os constituintes da liga usada na usinag<strong>em</strong> e a implicação<br />

<strong>de</strong> cada el<strong>em</strong>ento no conjunto t<strong>em</strong>-se um primeiro passo para um processo<br />

otimizado, mas na seqüência é feito um aprofundamento do estudo <strong>de</strong>ste<br />

material que é usado como corpo <strong>de</strong> prova para avaliação dos processos <strong>de</strong><br />

rosqueamento.<br />

2.1.1.3- A usinabilida<strong>de</strong> das ligas <strong>de</strong> alumínio<br />

Em geral, ligas <strong>de</strong> alumínio são ditas <strong>de</strong> boa usinabilida<strong>de</strong> para vários tipos <strong>de</strong><br />

critério <strong>de</strong> avaliação. Por ex<strong>em</strong>plo, se consi<strong>de</strong>rado a t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong><br />

que não ultrapassará o patamar estabelecido pelo ponto <strong>de</strong> fusão baixo, <strong>em</strong><br />

relação a outras ligas, assim a transferência <strong>de</strong> calor entre ferramenta e peça


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 14<br />

também não alcançará níveis elevados; que po<strong>de</strong>riam comprometer as<br />

dimensões da peça usinada, a vida da ferramenta ou até mesmo promover<br />

mecanismos termicamente ativados (Trent e Wright, 2000).<br />

Entretanto a presença <strong>de</strong> mais que 10% <strong>de</strong> silício como reforço na liga <strong>de</strong><br />

alumínio resulta <strong>em</strong> baixa usinabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vido a uma aceleração da razão <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sgaste da ferramenta causada principalmente por abrasão (Reis e Abrão,<br />

2005). Em adição, o silício possui maior ponto <strong>de</strong> fusão e dureza, <strong>em</strong> relação<br />

ao alumínio, logo o efeito drástico dos largos cristais <strong>de</strong> Si resulta numa<br />

usinag<strong>em</strong> com maiores tensões e t<strong>em</strong>peratura presente na interface a ser<br />

cortada (Trent e Wright, 2000).<br />

Também é piorada a taxa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste quando usina-se esta liga utilizando<br />

ferramenta composta <strong>de</strong> carbonetos, <strong>de</strong>sta forma, a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corte fica<br />

limitada pelo <strong>de</strong>sgaste do tipo “attrition”, provocado pelos largos cristais <strong>de</strong><br />

silício sobre a ferramenta (Trent e Wright, 2000).<br />

Apesar <strong>de</strong> que a liga alumínio-silício analisada neste trabalho é do tipo hipo-<br />

eutética, ou seja, o silício presente está na or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 8%, a mesma possui<br />

outros el<strong>em</strong>entos tornando-se uma liga complexa.<br />

É sabido que, <strong>de</strong>vido ao processo <strong>de</strong> fundição a liga avaliada possui uma<br />

heterogeneida<strong>de</strong> da distribuição dos el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> sua composição química.<br />

Trent e Wright (2000) afirmam que o <strong>de</strong>sgaste do tipo “attrition” não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong><br />

apenas das fases presentes na peça, mas também da sua quantida<strong>de</strong> e<br />

distribuição. Sendo assim po<strong>de</strong>ndo também aparecer na liga hipo-eutética.<br />

O <strong>de</strong>sgaste por “attrition” possui uma forte ligação com a composição química<br />

da liga <strong>de</strong> alumínio, mas outros tipos <strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste também<br />

ocorr<strong>em</strong> neste tipo <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong>. Logo, num segundo momento este e outros<br />

mecanismos serão <strong>de</strong>talhados <strong>de</strong> forma mais apropriada.<br />

Um outro aspecto da liga <strong>de</strong> alumínio a ser analisado é a interação da peça a<br />

ser usinada e a força <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong>, que como citado anteriormente altera <strong>de</strong><br />

forma <strong>de</strong>cisiva na usinabilida<strong>de</strong> do processo. Trent e Wright (2000) afirmam<br />

que, <strong>em</strong> geral, é baixa a força exigida na ferramenta quando usina-se ligas <strong>de</strong><br />

alumínio e esta ten<strong>de</strong> a diminuir lev<strong>em</strong>ente enquanto a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corte é<br />

aumentada.


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 15<br />

Uma vez conhecido os fenômenos relativos a usinabilida<strong>de</strong> das ligas <strong>de</strong><br />

alumínio, <strong>em</strong> geral, é possível <strong>de</strong>terminar um material otimizado para o dado<br />

processo <strong>de</strong> fabricação, entretanto exist<strong>em</strong> outros aspectos que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser<br />

levados <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração e estes são discutidos a seguir.<br />

2.1.2- A usinabilida<strong>de</strong> no processo <strong>de</strong> rosqueamento<br />

A operação <strong>de</strong> furação é um processo <strong>de</strong> r<strong>em</strong>oção <strong>de</strong> material que t<strong>em</strong> sido<br />

fort<strong>em</strong>ente usado <strong>em</strong> usinag<strong>em</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a revolução industrial. Quando a<br />

repetição do processo é consi<strong>de</strong>rada, a furação é uma das operações mais<br />

comuns <strong>de</strong>ntre os procedimentos <strong>de</strong> corte; como o torneamento, fresamento e<br />

retifica (Ertunc e Oysu, 2004). Desta forma, a falha <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> t<strong>em</strong><br />

recebido uma atenção significativa com respeito para o numeroso potencial<br />

benéfico do controle <strong>de</strong>ste processo (Furness et al., 1999). Assim a motivação<br />

<strong>de</strong>ste estudo é a análise da usinabilida<strong>de</strong> sob vários aspectos da operação <strong>de</strong><br />

rosqueamento.<br />

O procedimento <strong>de</strong> fabricação <strong>de</strong> peças roscadas consiste <strong>de</strong> módulos que são<br />

impl<strong>em</strong>entados consi<strong>de</strong>rando uma or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> execução. Num primeiro momento<br />

t<strong>em</strong>-se a furação da peça, seguida <strong>de</strong> uma etapa <strong>de</strong> escareação e<br />

posteriormente a confecção dos canais <strong>de</strong> rosca, como se observa na Fig 2.1.<br />

Figura 2.1 - Etapas do processo <strong>de</strong> rosqueamento.<br />

Na figura 2.1 percebe-se que <strong>em</strong> cada etapa necessita-se um tipo <strong>de</strong><br />

ferramenta e procedimento próprio. Desta forma, t<strong>em</strong>-se a restrição <strong>de</strong> cada<br />

fase, pois cada ferramenta comporta-se <strong>de</strong> forma particular possuindo uma<br />

vida <strong>de</strong> trabalho in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. Em adição a este fato, o t<strong>em</strong>po entre cada<br />

etapa é um intervalo <strong>de</strong> ociosida<strong>de</strong> que encarece o processo, sendo mais<br />

relevante quando a produção é realizada <strong>em</strong> lotes gran<strong>de</strong>s. Assim a análise <strong>de</strong><br />

cada parâmetro dos módulos aumenta o custo <strong>de</strong> monitoramento, como por<br />

ex<strong>em</strong>plo, o tipo <strong>de</strong> fluido usado <strong>em</strong> cada operação ou até mesmo o <strong>de</strong>sgaste<br />

<strong>de</strong> cada ferramenta.


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 16<br />

Pelos motivos apresentados anteriormente, a operação <strong>de</strong> rosqueamento não é<br />

tão simples como po<strong>de</strong> parecer. Levando <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração os possíveis<br />

prejuízos esta etapa po<strong>de</strong> ser bastante complicada.<br />

A perda <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po <strong>de</strong>vido à quebra da ferramenta é critica na economia da<br />

operação <strong>de</strong> furação. A quebra <strong>de</strong>ntro do furo po<strong>de</strong> além <strong>de</strong> resultar numa<br />

rejeição da peça <strong>de</strong> trabalho, mas também <strong>em</strong> alguns casos t<strong>em</strong>-se um alto<br />

custo para reparo da mesma, ou seja, para a retirada da ferramenta <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro<br />

da peça (Noori-khajavi e Komanduri, 1995).<br />

Além disto, o processo <strong>de</strong> rosqueamento comumente é consi<strong>de</strong>rado gargalo <strong>de</strong><br />

produção, ou seja, esta fase limita e ca<strong>de</strong>ncia o ritmo <strong>de</strong> fabricação, pois o<br />

t<strong>em</strong>po perdido entre os vários módulos faz com que o t<strong>em</strong>po total seja alto, o<br />

que restringe a fabricação <strong>de</strong> outros produtos <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>ste ou cria um<br />

estoque mínimo <strong>de</strong> proteção que acaba gerando custos adicionais.<br />

A usinabilida<strong>de</strong> da tecnologia <strong>de</strong> rosqueamento é comprometida se for<strong>em</strong><br />

consi<strong>de</strong>radas as características antes analisadas. Pois, o procedimento possui<br />

pontos <strong>de</strong> ociosida<strong>de</strong> além <strong>de</strong> gerar muitos parâmetros que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser<br />

controlados para uma melhor previsibilida<strong>de</strong> do processo. Avaliando tais<br />

necessida<strong>de</strong>s um novo método <strong>de</strong> rosqueamento, <strong>de</strong>nominado tap milling ou<br />

macho-fresa e <strong>de</strong>scrito por Schramm (2001); v<strong>em</strong> mudar esta realida<strong>de</strong> e<br />

otimizar a usinabilida<strong>de</strong>.<br />

No processo convencional t<strong>em</strong>-se uma ferramenta para furar, outra para<br />

escariar e mais uma para usinar o perfil roscado, on<strong>de</strong> <strong>em</strong> cada operação<br />

<strong>de</strong>ve-se analisar o melhor pacote <strong>de</strong> parâmetros usado para otimizar o<br />

procedimento. Enquanto que no macho-fresa, como apresentado no capítulo<br />

anterior, se t<strong>em</strong> somente uma ferramenta que realiza todas as operações <strong>em</strong><br />

um único passe, assim não ocorre perda <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po entre etapas, sendo<br />

também os parâmetros utilizados apenas com referência a esta ferramenta.<br />

Pelos motivos expostos anteriormente é visto que o método macho-fresa<br />

possui um alto potencial <strong>de</strong> benefícios que se espera melhorar muito a<br />

usinabilida<strong>de</strong> do processo <strong>de</strong> rosqueamento e para tal avaliação é feita uma<br />

revisão das formas <strong>de</strong> quantificar este ganho e suas implicações nos processos<br />

<strong>em</strong> geral, ou seja, não bastando apenas avaliar as etapas <strong>de</strong> forma<br />

individualizada.


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 17<br />

2.2- Formas <strong>de</strong> avaliação da usinabilida<strong>de</strong>: monitoramento e<br />

medição<br />

A utilização <strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> múltiplos sensores para o monitoramento dos<br />

processos <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> está tornando-se muito comum para a otimização da<br />

produtivida<strong>de</strong>, automatização e confiabilida<strong>de</strong> dos processos (Chung e<br />

Geddam, 2003).<br />

A usinabilida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser avaliada sob vários aspectos, então, no presente<br />

trabalho é feita uma escolha dos parâmetros mais relevantes, on<strong>de</strong> estes são<br />

escolhidos consi<strong>de</strong>rando a bibliografia existente e a experiência adquirida neste<br />

tipo <strong>de</strong> operação.<br />

Os objetivos do monitoramento dos processos <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong>, usualmente, são<br />

relatados para a performance da ferramenta <strong>de</strong> corte, progresso do <strong>de</strong>sgaste<br />

da ferramenta, tolerância dimensional, rugosida<strong>de</strong> superficial e outras<br />

características da peça, a energia usada ou a formação do cavaco (Chung e<br />

Geddam, 2003).<br />

Sendo assim, a usinabilida<strong>de</strong> é monitorada e medida por duas gran<strong>de</strong>s<br />

vertentes no presente trabalho; on<strong>de</strong> a primeira é a ferramenta e a outra é a<br />

peça. Cada vertente é divida <strong>em</strong> subitens que além <strong>de</strong> influenciar<strong>em</strong><br />

diretamente na variação do parâmetro correspon<strong>de</strong>nte, torna possível a<br />

medição das mesmas e assim possibilitam uma avaliação da usinabilida<strong>de</strong>.<br />

O segundo conjunto formado pela peça ou o produto acabado é capaz <strong>de</strong><br />

distinguir o grau <strong>de</strong> usinabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado processo <strong>de</strong> fabricação<br />

por meio da avaliação <strong>de</strong> sua qualida<strong>de</strong> final. Logo esta é uma forma elegante<br />

<strong>de</strong> se avaliar a usinabilida<strong>de</strong>, ou seja, o fim justificando o meio.<br />

Já na primeira vertente t<strong>em</strong>-se a forma pela qual a energia <strong>de</strong> transformação é<br />

<strong>em</strong>pregada para que se tenha o produto final. On<strong>de</strong> é sabido que muitos<br />

fatores po<strong>de</strong>m influenciar a fase <strong>de</strong> transformação e a <strong>de</strong> output. Na usinag<strong>em</strong><br />

a ferramenta <strong>de</strong> corte é o meio transformador para a etapa <strong>de</strong> fabricação e esta<br />

é <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte dos parâmetros <strong>de</strong> corte, fluido e máquina, on<strong>de</strong> o último fornece<br />

a energia e o conjunto <strong>de</strong>fine o contato íntimo entre ferramenta e peça.


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 18<br />

Logo os mensurandos <strong>de</strong>ste estudo são <strong>de</strong>finidos, ou seja, a ferramenta po<strong>de</strong><br />

ser avaliada <strong>de</strong> forma direta pela chamada vida da ferramenta, além dos<br />

parâmetros que indicam <strong>de</strong> forma indireta o final da mesma. Compl<strong>em</strong>entando,<br />

o produto acabado também é consi<strong>de</strong>rado, ou seja, por meio da qualida<strong>de</strong> dos<br />

furos roscados e simulação da solicitação <strong>de</strong> trabalho utilizando-se o MEF.<br />

Em suma a usinabilida<strong>de</strong>, que é uma característica bastante ampla, fica<br />

justificada pelos parâmetros indicados anteriormente e a seguir é feito um<br />

aprofundamento dos possíveis fenômenos envolvidos no processo <strong>de</strong> medição<br />

e monitoramento para o conjunto <strong>de</strong> mensurandos proposto.<br />

2.2.1- Vida da ferramenta<br />

Vida da ferramenta é uma analogia <strong>de</strong> quanto t<strong>em</strong>po ou número <strong>de</strong> peças<br />

trabalhadas que uma <strong>de</strong>terminada ferramenta po<strong>de</strong> processar s<strong>em</strong> que a<br />

mesma atinja um nível <strong>de</strong> corte. On<strong>de</strong> este estado po<strong>de</strong> se configurar por um<br />

grau previamente estabelecido <strong>de</strong> uma forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste <strong>em</strong> uma aresta <strong>de</strong><br />

corte, pela falha catastrófica da ferramenta ou quando a peça atingir um nível<br />

<strong>de</strong> tolerância dimensional previamente <strong>de</strong>finido.<br />

A razão pelo interesse <strong>de</strong> muitos pesquisadores no monitoramento da condição<br />

da ferramenta dos processos <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> se <strong>de</strong>ve pelos seguintes fatos<br />

(Jantunen, 2002):<br />

Automatização somente é possível se existir um método <strong>de</strong> avaliação do<br />

<strong>de</strong>sgaste da ferramenta e a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> quebra da mesma;<br />

O <strong>de</strong>sgaste da ferramenta influencia a qualida<strong>de</strong> da superfície final e<br />

também na dimensão da peça a ser fabricada;<br />

A vida da ferramenta dita economicamente viável <strong>de</strong>ve ser avaliada, pois<br />

há uma variação entre as diferentes ferramentas;<br />

Estimar a hora certa da troca por falha, pois atualmente esta é feita <strong>de</strong><br />

forma conservativa o que ten<strong>de</strong> a aumentar as trocas <strong>de</strong>snecessárias<br />

além <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po perdido para este setup, conseqüent<strong>em</strong>ente alterando o<br />

t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> produção.<br />

Desta forma, só é possível a total automatização do processo quando se t<strong>em</strong><br />

um eficiente monitoramento da vida da ferramenta (Jantunen, 2002).


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 19<br />

Antes <strong>de</strong> fazer uma exposição do monitoramento e medição da vida da<br />

ferramenta é necessário uma explanação sobre as ferramentas do processo <strong>de</strong><br />

rosqueamento, além disto é feita uma <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> fenômenos relativos à<br />

formação do cavaco, mecanismos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> ferramenta, esforços <strong>de</strong><br />

usinag<strong>em</strong> e fluido <strong>de</strong> corte.<br />

2.2.1.1- Ferramentas do processo <strong>de</strong> rosqueamento<br />

Todos os processos <strong>de</strong> fabricação <strong>de</strong> roscas internas; como macho-máquina,<br />

macho <strong>de</strong> laminação e fresamento <strong>de</strong> roscas; necessitam um furo prévio para<br />

ser<strong>em</strong> realizados (Schramm, 2001). Portanto, são necessárias no mínimo duas<br />

ferramentas distintas, uma broca e um macho ou fresa, mas se houver a<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um rebaixo ainda há o escareador. On<strong>de</strong> cada uma é<br />

responsável por uma etapa do processo, como visualizado na Fig. 2.1.<br />

A broca é a ferramenta responsável por realizar a usinag<strong>em</strong> do furo prévio para<br />

as outras etapas. As brocas mais amplamente usadas são as helicoidais, como<br />

mostrado na Fig. 2.2, que possu<strong>em</strong> <strong>de</strong> duas até quatro arestas <strong>de</strong> corte.<br />

Figura 2.2 - Broca helicoidal.<br />

As primeiras brocas helicoidais foram <strong>de</strong>senvolvidas <strong>em</strong> 1820, pela Moses<br />

Twist Drill and Machine Company e atualmente ainda é a ferramenta mais<br />

utilizada para a execução <strong>de</strong> furos cilíndricos ou alargamento <strong>de</strong> furos já<br />

existentes. A geometria das brocas helicoidais é <strong>de</strong>finida pela norma ABNT<br />

NBR 6163/80 (Santos, 1999).<br />

Para a etapa <strong>de</strong> escareamento t<strong>em</strong>-se uma ferramenta específica <strong>de</strong>nominada<br />

escareador. Esta operação gera um rebaixo cônico no início <strong>de</strong> um furo<br />

previamente aberto, normalmente este furo irá receber a cabeça do parafuso. A<br />

Fig. 2.3 apresenta o aspecto geral <strong>de</strong> um escareador (Gorgulho Jr., 2002).


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 20<br />

Figura 2.3 - Escareador usado no processo <strong>de</strong> rosqueamento tradicional.<br />

Para a última etapa do rosqueamento tradicional é usada uma ferramenta<br />

conhecida como macho, sendo seu corpo composto do perfil roscado que é<br />

impresso na peça pela ação da ferramenta. Um ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> um tipo <strong>de</strong> macho<br />

é visualizado pela Fig. 2.4.<br />

Figura 2.4 - Macho utilizado para a usinag<strong>em</strong> do perfil roscado.<br />

A broca-fresa <strong>de</strong> roscas, como se <strong>de</strong>nomina a ferramenta da tecnologia <strong>de</strong><br />

rosqueamento macho-fresa, é uma ferramenta construída <strong>em</strong> metal duro que<br />

possui dois ou três gumes cortantes, sendo visualizada na Fig. 2.5.<br />

Figura 2.5 - Ferramenta da tecnologia macho-fresa.<br />

Esta é composta por uma ponta correspon<strong>de</strong>nte a uma broca helicoidal, por<br />

uma parte do seu corpo configurada como uma fresa com o perfil da rosca e<br />

um escareador que liga este corpo com a haste, enquanto o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong><br />

lubrificação e refrigeração é feito por canais internos ao corpo da ferramenta e<br />

possui como função principal à redução do atrito entre material e a ferramenta<br />

auxiliando na expulsão do cavaco gerado (Schramm, 2001).<br />

Para se reduzir o tamanho da fixação e alcançar uma elevada resistência à<br />

flexão da ferramenta, o diâmetro da haste cilíndrica foi <strong>de</strong>terminado conforme a


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 21<br />

norma DIN 1835 e o comprimento total da ferramenta segundo a norma DIN<br />

1897. O diâmetro da parte da broca, correspon<strong>de</strong>nte ao valor médio do furo da<br />

rosca métrica ISO, é normalizado segundo DIN 13. Consi<strong>de</strong>rando a norma DIN<br />

6581 o gume secundário da broca passa a exercer a função <strong>de</strong> gume principal<br />

durante o fresamento da rosca. Analogamente o gume principal da etapa <strong>de</strong><br />

furação passa a atuar como gume secundário no fresamento. Esta ferramenta<br />

po<strong>de</strong> ser fabricada para todas as roscas correntes (Schramm, 2001).<br />

Materiais <strong>de</strong> ferramenta<br />

O processo <strong>de</strong> furação é um dos processos mais utilizados na indústria<br />

manufatureira. Entretanto, tal processo recebeu poucos avanços <strong>em</strong> pesquisas.<br />

Um dos fatores é o fato <strong>de</strong> não haver muita variação do tipo <strong>de</strong> ferramenta<br />

usada, sendo que a broca helicoidal <strong>de</strong> aço-rápido é responsável por mais da<br />

meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> toda a operação <strong>de</strong> furação no Brasil (Diniz et al., 2001).<br />

O aço-rápido também conhecido pelas iniciais HSS, <strong>de</strong>vido à literatura inglesa<br />

que o <strong>de</strong>nomina como High Speed Steel é formado por teor <strong>de</strong> carbono entre<br />

0,7 a 1,2 %C al<strong>em</strong> <strong>de</strong> outras ligas. Os principais el<strong>em</strong>entos químicos,<br />

formadores <strong>de</strong> carbonetos são: W, Mo, V e Cr. Além <strong>de</strong>stes, o Co também é<br />

adicionado freqüent<strong>em</strong>ente (Sales e Santos, 2003).<br />

Os carbonetos formados na composição da ferramenta <strong>de</strong> HSS são<br />

extr<strong>em</strong>amente duros o que confere ao aço elevadas resistências ao<br />

escoamento e à tração, somada com a <strong>de</strong>sejada dureza a quente. Entretanto, a<br />

utilização <strong>de</strong>sta ferramenta está limitada a baixas velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> corte<br />

relativas, on<strong>de</strong> este parâmetro é inferior à velocida<strong>de</strong> econômica <strong>de</strong> corte dos<br />

materiais <strong>de</strong> ferramentas mais resistentes (Sales e Santos, 2003).<br />

Com a utilização <strong>de</strong> centros <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> CNC é possível trabalhar com<br />

rotações consi<strong>de</strong>radas altas para este tipo <strong>de</strong> operação. Com isto, alguns<br />

<strong>de</strong>senvolvimentos têm ocorrido com os materiais das ferramentas <strong>de</strong> furação,<br />

sendo os mais pro<strong>em</strong>inentes o revestimento da broca, o uso <strong>de</strong> pastilhas<br />

intercambiáveis entre outros (Diniz et al., 2001).<br />

Logo, com o aumento da velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corte a ferramenta <strong>de</strong> metal duro está<br />

tomando cada vez mais espaço nas operações <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong>, inclusive na<br />

furação. Este tipo <strong>de</strong> ferramenta é composto <strong>de</strong> um carboneto <strong>de</strong> tungstênio


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 22<br />

(WC) <strong>em</strong> pó disposto <strong>em</strong> uma base aglomerante também <strong>em</strong> pó <strong>de</strong> cobalto<br />

(Co). Sales e Santos (2003) afirmam que o gran<strong>de</strong> sucesso do metal duro é o<br />

fato <strong>de</strong>ste possuir a combinação <strong>de</strong> resistência ao <strong>de</strong>sgaste, resistência<br />

mecânica e tenacida<strong>de</strong> <strong>em</strong> altos níveis. Para melhorar outras características,<br />

também, adiciona-se el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> liga como TiC, TaC e/ou NbC; que<br />

principalmente reduz os probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> craterização na usinag<strong>em</strong> <strong>de</strong> aços<br />

(Sales e Santos, 2003).<br />

Determinada às implicações das ferramentas <strong>de</strong> corte para a operação <strong>de</strong><br />

rosqueamento t<strong>em</strong>-se a seguir uma <strong>de</strong>scrição sobre a formação do cavaco e<br />

como estas duas gran<strong>de</strong>zas influenciam nas variáveis mensuráveis que serv<strong>em</strong><br />

para quantificar a usinabilida<strong>de</strong> do processo.<br />

2.2.1.2- Retirada <strong>de</strong> material: cavaco<br />

Enten<strong>de</strong>-se por cavaco a porção <strong>de</strong> material que é r<strong>em</strong>ovida da peça. A<br />

formação do cavaco influencia diversos fatores ligados a usinag<strong>em</strong>, tais como o<br />

<strong>de</strong>sgaste da ferramenta, os esforços <strong>de</strong> corte, o calor gerado na usinag<strong>em</strong>, a<br />

penetração do fluido <strong>de</strong> corte, entre outros. Em suma, o processo <strong>de</strong> formação<br />

do cavaco está diretamente envolvido com aspectos econômicos e <strong>de</strong><br />

qualida<strong>de</strong> da peça (Diniz et al., 2001). Por conseqüência este parâmetro é<br />

<strong>de</strong>cisivo na usinabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um processo e o mesmo será amplamente<br />

discutido a seguir.<br />

Formação do cavaco<br />

O cavaco é o resultado final da imposição da ferramenta cortante sob um<br />

<strong>de</strong>terminado material. Esta ação t<strong>em</strong> por objetivo dar formas finais à peça para<br />

que assim a mesma tenha possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cumprir um <strong>de</strong>terminado propósito.<br />

Neste ponto será utilizada a <strong>de</strong>scrição do mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> cavaco<br />

proposto por Trent e <strong>de</strong>scrito por Sales e Santos (2003) além <strong>de</strong> Machado e<br />

Silva (1999) por se tratar <strong>de</strong> uma teoria mais fundamentada e <strong>de</strong> aplicação<br />

geral.<br />

Com a ação da ferramenta e <strong>de</strong>vido à ação da força <strong>de</strong> atrito, o metal começa<br />

a sofrer <strong>de</strong>formações elásticas. O avanço faz com que as tensões aument<strong>em</strong><br />

até que o limite <strong>de</strong> escoamento seja vencido, conseqüent<strong>em</strong>ente o material se


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 23<br />

<strong>de</strong>forma plasticamente. Como o movimento relativo entre peça e ferramenta<br />

não pára, as tensões vão aumentando continuamente, assim fica <strong>de</strong>finida uma<br />

zona <strong>de</strong> cisalhamento primária (Machado e Silva, 1999).<br />

O material passa pela região <strong>de</strong> cisalhamento primária e movimenta-se por<br />

sobre a superfície <strong>de</strong> saída da ferramenta como uma componente ou lamela do<br />

cavaco numa pequena região junto à interface com a ferramenta. Esta região é<br />

<strong>de</strong>finida como zona <strong>de</strong> cisalhamento secundária (Machado e Silva, 1999).<br />

As zonas <strong>de</strong> cisalhamento são representadas esqu<strong>em</strong>aticamente na Fig. 2.6.<br />

Nesta também é indicado o ângulo <strong>de</strong> cisalhamento, que é <strong>de</strong>finido como<br />

sendo o ângulo formado entre o plano <strong>de</strong> cisalhamento primário e o plano <strong>de</strong><br />

corte. Ainda t<strong>em</strong>-se a indicação da espessura do cavaco h’.<br />

Figura 2.6 - Desenho esqu<strong>em</strong>ático das zonas <strong>de</strong> cisalhamento (Trent, 1991).<br />

A posição da região <strong>de</strong> máxima tensão <strong>de</strong> cisalhamento é indicada pelo<br />

chamado ângulo <strong>de</strong> cisalhamento, sendo este s<strong>em</strong>pre menor que 45º e é tanto<br />

menor quanto maior for a resistência ao cisalhamento do material na zona <strong>de</strong><br />

cisalhamento secundária. Além disto, a intensida<strong>de</strong> da tensão <strong>de</strong> compressão<br />

sobre o plano <strong>de</strong> cisalhamento primário é influenciada pelo ângulo <strong>de</strong><br />

cisalhamento, que por sua vez <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> das condições da interface cavaco-<br />

ferramenta (Sales e Santos, 2003).


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 24<br />

Figura 2.7 - Desenho representativo do processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> cavaco (Trent, 1991).<br />

Na figura 2.7 t<strong>em</strong>-se uma representação das etapas <strong>de</strong> geração do cavaco,<br />

on<strong>de</strong> num primeiro momento observa-se um volume <strong>de</strong> material, representado<br />

por “klmn”, anterior a zona <strong>de</strong> cisalhamento primária.<br />

Ao passar pela zona <strong>de</strong> cisalhamento primária o volume é submetido aos<br />

fenômenos indicados anteriormente e característicos <strong>de</strong>sta região, até sofrer<br />

ruptura por cisalhamento no ponto “O”, localizado na ponta da ferramenta<br />

(Sales e Santos, 2003). Como dito anteriormente, com o <strong>de</strong>senvolvimento da<br />

usinag<strong>em</strong> as tensões ultrapassam o limite <strong>de</strong> resistência do material<br />

promovendo a ruptura, que se inicia com a abertura <strong>de</strong> uma trinca que se<br />

propaga <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da ductilida<strong>de</strong> do material da peça e <strong>de</strong>termina também o<br />

tipo <strong>de</strong> cavaco (Machado e Silva, 1999).<br />

Assim, o volume <strong>de</strong> referência é <strong>de</strong>formado e passa a assumir a configuração<br />

representada por “pqrs”. A partir <strong>de</strong> então t<strong>em</strong> início a quarta etapa que é o<br />

movimento do cavaco sobre a superfície <strong>de</strong> saída da ferramenta (Sales e<br />

Santos, 2003). Esta última sofre influência <strong>de</strong> vários fenômenos que vão ser<br />

mais <strong>de</strong>talhados no próximo tópico referente à interface cavaco-ferramenta.<br />

O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> cavaco <strong>de</strong>scrito anteriormente é formulado por meio<br />

<strong>de</strong> algumas simplificações, assim para a forma peculiar da broca que será<br />

utilizada no presente trabalho têm-se algumas características que contrapõe as<br />

condições <strong>de</strong> contorno iniciais. Um ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong>ste fato é indicado por meio da<br />

Fig. 2.8, on<strong>de</strong> se t<strong>em</strong> a variação do ângulo <strong>de</strong> inclinação (λ) e do ângulo <strong>de</strong><br />

saída (γ) <strong>em</strong> função da distância do centro da broca para a sua extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong>.


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 25<br />

Figura 2.8 - Variação dos ângulos <strong>de</strong> inclinação e saída <strong>em</strong> relação ao raio da broca (Shaw,<br />

1984).<br />

Quando os cavacos são inicialmente gerados, <strong>de</strong>vido ao movimento mais lento<br />

do interior da face <strong>de</strong> corte <strong>em</strong> relação a sua extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong> e a variação dos<br />

ângulos indicados na Fig. 2.8, o cavaco formado na região mais próxima do<br />

centro da ferramenta é inerent<strong>em</strong>ente mais curto do que aquele formado na<br />

região externa da broca. Esta diferença no comprimento do cavaco força o seu<br />

fluxo para o centro da ferramenta <strong>em</strong> vez <strong>de</strong> ser perpendicular a face <strong>de</strong> corte.<br />

Além disto, a parte central da hélice da broca força o enrolamento do cavaco,<br />

formando a forma espiral. Estas etapas po<strong>de</strong>m ser percebidas na<br />

representação esqu<strong>em</strong>ática indicada na Fig. 2.9 (Ke et al., 2005).<br />

Figura 2.9 - Representação esqu<strong>em</strong>ática das formas iniciais do cavaco formado <strong>em</strong> uma broca<br />

(Ke et al., 2005).<br />

Entretanto, quando o cavaco espiral mover-se por sobre a hélice, esta forma só<br />

se manterá se houver uma rotação constante <strong>em</strong> relação ao seu próprio eixo.<br />

Este movimento rotacional é dificultado com o <strong>de</strong>senvolvimento da usinag<strong>em</strong>,<br />

ou seja, <strong>em</strong> relação à profundida<strong>de</strong> do furo e a interação da hélice da broca<br />

com a pare<strong>de</strong> do furo. Assim, se o movimento rotacional não se mantiver o<br />

cavaco po<strong>de</strong> se quebrar ou mudar <strong>de</strong> forma (Ke et al., 2005).


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 26<br />

Consi<strong>de</strong>rando as características citadas anteriormente t<strong>em</strong>-se uma outra<br />

proposta indicada no mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Poulachon et al. (2002), citado por Faccio<br />

(2002) que po<strong>de</strong> se a<strong>de</strong>quar melhor para esta situação.<br />

Este mo<strong>de</strong>lo foi construído para a <strong>de</strong>scrição da formação do cavaco na<br />

usinag<strong>em</strong> <strong>de</strong> aço <strong>em</strong> High Speed Machining (HSM), on<strong>de</strong> os fenômenos<br />

termicamente ativados são pro<strong>em</strong>inentes. Além disto à ferramenta utilizada é<br />

bastante negativa (γ = -26º), como o centro da broca.<br />

Poulachon et al. (2002) afirmam que os níveis <strong>de</strong> constrição mais elevados se<br />

encontram numa região ao redor do raio da ferramenta. Enquanto que na<br />

superfície da peça antes do “chanfro” gerado pela ferramenta a constrição<br />

<strong>de</strong>saparece, ou seja, esta se submete apenas a pressão atmosférica. Os níveis<br />

baixos <strong>de</strong> tensão <strong>de</strong> compressão logo a baixo da superfície provocam a<br />

abertura <strong>de</strong> uma trinca que se <strong>de</strong>senvolve <strong>em</strong> direção à superfície, on<strong>de</strong> a<br />

constrição crítica <strong>de</strong> cisalhamento alcançou primeiro (Faccio, 2002).<br />

Neste ponto <strong>de</strong> abertura da trinca começa a discrepância entre os dois<br />

mo<strong>de</strong>los, pois Trent e Wright (2000) afirmam que a trinca se inicia na ponta da<br />

ferramenta, <strong>de</strong>vido ao alto nível <strong>de</strong> tensões trativas neste local. Enquanto que<br />

no segundo mo<strong>de</strong>lo, como se percebe na primeira fase da Fig. 2.10, t<strong>em</strong>-se a<br />

nucleação da trinca próximo da superfície externa do cavaco na zona <strong>de</strong><br />

cisalhamento primária.<br />

Figura 2.10 - Formação <strong>de</strong> cavaco segundo o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Poulachon e Moisan (Faccio, 2002).<br />

Para a primeira fase da formação <strong>de</strong> cavaco, como indicado na Fig. 2.10, a<br />

trinca se forma <strong>de</strong> repente e se <strong>de</strong>senvolve seguindo o ataque da ferramenta.<br />

Seu comprimento relativamente importante correspon<strong>de</strong> à parte do cavaco que<br />

não foi submetida à praticamente nenhuma distorção (Faccio, 2002).


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 27<br />

Numa segunda etapa, o volume <strong>de</strong> cavaco AA’BB’, que po<strong>de</strong> ser notado na<br />

Fig. 2.10 e situado entre a trinca e o chanfro da aresta é ejetado para fora<br />

praticamente s<strong>em</strong> <strong>de</strong>formação. Este então se <strong>de</strong>sloca <strong>de</strong> forma que o vão AA’<br />

se feche conforme avança a ferramenta, fazendo neste caso a altura do cavaco<br />

diminuir assim como o vão AA’ (Faccio, 2002).<br />

O vão AA’ está praticamente fechado na terceira fase, <strong>de</strong>ixando pouco espaço<br />

para a evacuação do volume <strong>de</strong> cavaco restante. Neste estágio, visto na Fig.<br />

2.10, verificam-se gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>formações plásticas e altas velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ejeção<br />

do cavaco (Faccio, 2002).<br />

Na última fase do mo<strong>de</strong>lo proposto por Poulachon et al. (2002), esqu<strong>em</strong>atizado<br />

também na Fig. 2.10, o segmento <strong>de</strong> cavaco é formado e é praticamente<br />

barrado no intervalo livre que existia entre a trinca e o interior do cavaco,<br />

<strong>de</strong>vido à <strong>de</strong>formação plástica elevada. Como o campo <strong>de</strong> tensões <strong>de</strong><br />

compressão, que havia diminuído durante as etapas dois e três do mo<strong>de</strong>lo, se<br />

torna máximo novamente na quarta e última fase, é gerada uma nova trinca e o<br />

fenômeno cíclico se repete (Faccio, 2002).<br />

Além <strong>de</strong> diferentes mo<strong>de</strong>los que po<strong>de</strong>m ser <strong>em</strong>pregados na formação do<br />

cavaco <strong>em</strong> furação têm-se outras diferenças citadas por Ke et al. (2005) que<br />

consi<strong>de</strong>ram outras características funcionais da broca. As diferenças são (Ke et<br />

al., 2005):<br />

a) A formação do cavaco não está completa quando o cavaco <strong>de</strong>ixa a face<br />

<strong>de</strong> corte. O cavaco será extr<strong>em</strong>amente <strong>de</strong>formado <strong>de</strong>vido ao resultado<br />

da interação do cavaco com a helicói<strong>de</strong> da ferramenta e a pare<strong>de</strong> do<br />

furo;<br />

b) A direção do fluxo do cavaco é restringida pelas diferentes velocida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> corte ao longo da face <strong>de</strong> corte, ou seja, a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corte é b<strong>em</strong><br />

menor próximo do centro da ferramenta <strong>em</strong> relação à periferia da<br />

mesma, assim os primeiros cavacos vão possuir a forma cônica e<br />

ten<strong>de</strong>ram a escoar para o centro da broca;<br />

c) A interação entre o cavaco e a ferramenta é um efeito combinado da<br />

ponta da broca e o ângulo da hélice. Além disto, esta interação mudará<br />

a <strong>de</strong>formação do cavaco após o mesmo <strong>de</strong>ixar a face <strong>de</strong> corte,<br />

resultando <strong>em</strong> diferentes formas e comprimentos <strong>de</strong> cavaco.


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 28<br />

2.2.1.3- Interface cavaco-ferramenta, <strong>de</strong>sgaste e mecanismos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste<br />

Durante a usinag<strong>em</strong> dos metais a ação <strong>de</strong> cortar muda a forma e, portanto, a<br />

geometria original da ferramenta <strong>de</strong> corte. Assim, Verifica-se um <strong>de</strong>sgaste<br />

progressivo tanto na superfície <strong>de</strong> folga como na superfície <strong>de</strong> saída da<br />

ferramenta (Sales e Santos, 2003). Já na furação, Ertunc e Oysu (2004)<br />

<strong>de</strong>fin<strong>em</strong> o <strong>de</strong>sgaste como uma perda <strong>de</strong> material nas faces <strong>de</strong> corte da broca,<br />

<strong>de</strong>vido à interação física entre a ferramenta <strong>de</strong> corte e a peça <strong>de</strong> trabalho.<br />

Citados por Ertunc e Oysu (2004), Liu e Anantharaman (1994) <strong>de</strong>stacam que o<br />

<strong>de</strong>sgaste da ferramenta <strong>em</strong> furação é um procedimento progressivo, <strong>em</strong>bora<br />

que isto ocorra numa razão acelerada uma vez que a ferramenta estiver cega.<br />

Depois <strong>de</strong> um certo limite, o <strong>de</strong>sgaste da ferramenta po<strong>de</strong> causar uma falha<br />

repentina e catastrófica, s<strong>em</strong> qualquer advertência, este fato po<strong>de</strong> levar a um<br />

consi<strong>de</strong>rável prejuízo na peça e mesmo na máquina ferramenta.<br />

Classificando os estágios <strong>de</strong> evolução do <strong>de</strong>sgaste como função da vida da<br />

ferramenta, como po<strong>de</strong> ser visto na Fig. 2.11; t<strong>em</strong>-se um <strong>de</strong>sgaste inicial na<br />

primeira etapa que se <strong>de</strong>senvolve para uma segunda parte <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste leve<br />

(estágio regular <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste), para um <strong>de</strong>sgaste mo<strong>de</strong>rado (estágio três <strong>de</strong><br />

micro trinca), <strong>de</strong>sgaste severo na quarta parte (estágio <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste rápido) e<br />

para um estágio <strong>de</strong> ferramenta <strong>de</strong>sgastada ou quebrada na quinta etapa<br />

(Ertunc e Oysu, 2004).<br />

Figura 2.11 - Evolução do <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> ferramenta (Ertunc e Oysu, 2004).<br />

Consi<strong>de</strong>rando as últimas etapas <strong>de</strong> formação do cavaco, on<strong>de</strong> ocorre o<br />

movimento <strong>de</strong> saída do mesmo por sobre a superfície <strong>de</strong> saída da ferramenta<br />

caracteriza-se um atrito sólido entre duas superfícies. Como po<strong>de</strong> ser notado<br />

na Fig. 2.12 t<strong>em</strong>-se uma ampliação <strong>de</strong> uma área <strong>de</strong> contato (A) e percebe-se


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 29<br />

que a área <strong>de</strong> contato real (AR) é b<strong>em</strong> menor, isto se <strong>de</strong>ve às irregularida<strong>de</strong>s<br />

das superfícies e é <strong>de</strong>nominado regime I do atrito sólido.<br />

Figura 2.12 - Atrito sólido entre duas superfícies (Shaw, 1984).<br />

Aumentando-se a carga entre as superfícies, W, <strong>de</strong>vido ao avanço do cavaco<br />

por sobre a ferramenta, os pontos <strong>em</strong> contato se <strong>de</strong>formarão plasticamente<br />

aumentando proporcionalmente a área <strong>de</strong> contato real. Esta região foi<br />

<strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> zona <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência, que correspon<strong>de</strong> ao regime III do atrito<br />

sólido, on<strong>de</strong> não existe superfície livre e assim as duas superfícies estão<br />

completamente unidas, ou seja, AR = A (Sales, 1999).<br />

Machado e Silva (1999) afirmam que durante a usinag<strong>em</strong> dos metais, os<br />

regimes I e III ocorr<strong>em</strong> simultaneamente <strong>em</strong> pontos distintos ao longo do<br />

comprimento <strong>de</strong> contato entre o cavaco e a ferramenta. E o regime II <strong>de</strong> atrito<br />

sólido correspon<strong>de</strong> a uma transição entre os outros regimes.<br />

Altas tensões <strong>de</strong> compressão, gran<strong>de</strong>s quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> calor e altas taxas <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>formação e afinida<strong>de</strong>s químicas entre os materiais promov<strong>em</strong> ligações<br />

atômicas na interface entre a ferramenta e a peça, causando a<strong>de</strong>rência. A<br />

t<strong>em</strong>peratura local exerce enorme influência, não só ditando os mecanismos e<br />

as condições <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação na zona <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência, mas também influenciando<br />

diretamente os mecanismos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste da ferramenta (Sales, 1999).<br />

Dentro da zona <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência <strong>de</strong>staca-se ainda uma outra região <strong>de</strong>nominada<br />

zona <strong>de</strong> fluxo, po<strong>de</strong>ndo ser percebida na Fig. 2.13. Esta se localiza numa<br />

camada mais próxima da ferramenta, on<strong>de</strong> para as camadas <strong>em</strong> contato com a<br />

ferramenta existe uma condição estacionária, enquanto a uma certa distância a<br />

camada já possui a mesma velocida<strong>de</strong> da saída do cavaco. Logo, é <strong>de</strong> se<br />

consi<strong>de</strong>rar que as <strong>de</strong>formações alcançadas nesta região sejam muito gran<strong>de</strong>s.<br />

Trent (1991) teoriza que a <strong>de</strong>formação cisalhante po<strong>de</strong>ria ser infinita na


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 30<br />

superfície <strong>de</strong> saída da ferramenta se não fosse a ação das irregularida<strong>de</strong>s<br />

superficiais que interromp<strong>em</strong> o fluxo laminar.<br />

Figura 2.13 - Zona <strong>de</strong> fluxo (Trent e Wright, 2000).<br />

Em concordância com a teoria aqui apresentada, uma outra zona <strong>de</strong>nominada<br />

<strong>de</strong> escorregamento também está presente na periferia da área <strong>de</strong> contato entre<br />

o cavaco e a ferramenta.<br />

Em condições <strong>de</strong> escorregamento a área real é muito menor que a área<br />

aparente e isto é a constatação da presença do regime I <strong>de</strong> atrito sólido.<br />

Nestas condições, a zona <strong>de</strong> fluxo <strong>de</strong>saparece, já que as ligações que se<br />

formam são mais fracas que as ligações internas entre o material da peça e<br />

ferramenta. Isto não quer dizer que não existam ligações na interface. Elas<br />

exist<strong>em</strong> e é exatamente a resistência <strong>de</strong>stas ligações que irá estabelecer se<br />

irão prevalecer as condições <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência ou escorregamento (Sales, 1999).<br />

Zorev (1963), citado por Machado e Silva (1999) apresentou um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

distribuição <strong>de</strong> tensão na superfície <strong>de</strong> saída da ferramenta e este po<strong>de</strong> <strong>de</strong>finir<br />

o alcance <strong>de</strong> cada zona pertencente à interface cavaco-ferramenta.<br />

Na Figura 2.14 t<strong>em</strong>-se um <strong>de</strong>senho esqu<strong>em</strong>ático <strong>de</strong>ste mo<strong>de</strong>lo, on<strong>de</strong> o<br />

comprimento <strong>de</strong> contato cavaco-ferramenta é dividido <strong>em</strong> duas regiões<br />

distintas: a região <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência e a região <strong>de</strong> escorregamento. Segundo este<br />

mo<strong>de</strong>lo, a tensão normal é máxima na ponta da ferramenta e <strong>de</strong>cresce<br />

exponencialmente até zero, no ponto on<strong>de</strong> o cavaco per<strong>de</strong> contato com a<br />

superfície <strong>de</strong> saída. A tensão cisalhante é constante na zona <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência e<br />

assume o valor do limite <strong>de</strong> resistência ao cisalhamento do material naquela<br />

região. Ela <strong>de</strong>cresce exponencialmente na zona <strong>de</strong> escorregamento até o valor<br />

zero, no ponto on<strong>de</strong> o cavaco per<strong>de</strong> o contato com a ferramenta (Machado e<br />

Silva, 1999).


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 31<br />

Figura 2.14 - Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> distribuição <strong>de</strong> tensão na superfície <strong>de</strong> saída, proposto por Zorev<br />

(Machado e Silva, 1999).<br />

Uma vez <strong>de</strong>finido os fenômenos relativos à interação da ferramenta <strong>de</strong> corte na<br />

saída do cavaco e <strong>em</strong> outras regiões <strong>de</strong> contato íntimo entre peça e ferramenta<br />

fica possível discutir mais amplamente os tipos e mecanismos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste<br />

referentes à ferramenta <strong>de</strong> corte.<br />

A norma DIN 50320, citada por Arenas Miranda (2003), <strong>de</strong>fine cinco<br />

mecanismos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste. Estes mecanismos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste po<strong>de</strong>m ser<br />

classificados primeiramente naqueles que têm efeito na superfície, a saber:<br />

a<strong>de</strong>são, abrasão e oxidação. Em adição, a difusão é um mecanismo que se<br />

inicia na face <strong>de</strong> ferramenta, mas que também influencia as proprieda<strong>de</strong>s do<br />

material da peça e, finalmente, a fadiga que conduz a perdas <strong>de</strong> material <strong>de</strong><br />

ferramenta, <strong>de</strong>vido a fraturas que se segu<strong>em</strong> após a formação <strong>de</strong> trincas<br />

(Arenas Miranda, 2003).<br />

O mecanismo <strong>de</strong> difusão envolve a transferência <strong>de</strong> átomos <strong>de</strong> um material<br />

para outro e é fort<strong>em</strong>ente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da t<strong>em</strong>peratura e da solubilida<strong>de</strong> dos<br />

el<strong>em</strong>entos envolvidos na zona <strong>de</strong> fluxo (Machado e Silva, 1999). Pois se t<strong>em</strong><br />

um estado estacionário na interface cavaco-ferramenta que garante o t<strong>em</strong>po<br />

necessário para a migração <strong>de</strong> átomos e o comportamento não estável <strong>de</strong>sta<br />

zona retira a proteção <strong>de</strong>vido à saturação (Sales, 1999).


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 32<br />

Fadiga superficial (térmica ou mecânica) é normalmente causado pelos ciclos<br />

termomecânicos. Assim, as flutuações <strong>de</strong> t<strong>em</strong>peratura que ocorr<strong>em</strong> na aresta<br />

da ferramenta, juntamente com a dinâmica <strong>de</strong> carga e <strong>de</strong>scarga dos esforços<br />

<strong>de</strong> usinag<strong>em</strong>, conduz<strong>em</strong> para o surgimento <strong>de</strong> micro-trincas na aresta da<br />

ferramenta (Budinski, 1997 apud Arenas Miranda, 2003).<br />

Desgaste por ação eletroquímica ou oxidação ocorre, geralmente, <strong>em</strong><br />

processos on<strong>de</strong> há o uso <strong>de</strong> fluido <strong>de</strong> corte, pois altas t<strong>em</strong>peraturas e a<br />

presença <strong>de</strong> ar e água geram oxidação. Desta reação, resulta uma camada <strong>de</strong><br />

baixa resistência ao cisalhamento na superfície <strong>de</strong> saída da ferramenta, da<br />

qual pequenas porções <strong>de</strong> material são arrancadas (Amorim, 2002).<br />

O mecanismo mais comum entre todos é o <strong>de</strong>sgaste por abrasão, que é<br />

causado pelo movimento relativo entre a superfície inferior do cavaco e a<br />

superfície <strong>de</strong> saída da ferramenta, e entre a nova superfície gerada na peça e a<br />

aresta <strong>de</strong> corte da ferramenta (Amorim, 2002).<br />

O <strong>de</strong>sgaste abrasivo envolve a perda <strong>de</strong> material por micro-sulcamento, micro-<br />

corte ou micro-lascamento causado por partículas <strong>de</strong> elevada dureza relativa.<br />

Estas partículas po<strong>de</strong>m estar contidas no material da peça (óxidos, carbonetos<br />

e carbonitretos), ou po<strong>de</strong>m principalmente ser partículas da própria ferramenta<br />

que são arrancadas, por ex<strong>em</strong>plo, por attrition (Sales e Santos, 2003).<br />

O <strong>de</strong>sgaste causado por a<strong>de</strong>rência ocorre na zona on<strong>de</strong> há a “soldag<strong>em</strong>” entre<br />

o cavaco e a superfície <strong>de</strong> saída da ferramenta e está associado à ocorrência<br />

da aresta postiça <strong>de</strong> corte (Amorim, 2002). A resistência <strong>de</strong>ste extrato é<br />

elevada a tal ponto que, na tentativa <strong>de</strong> separar as superfícies, ocorre ruptura<br />

<strong>em</strong> um dos metais e não na superfície <strong>de</strong> contato. Assim, partículas da<br />

superfície <strong>de</strong> um metal migram para a superfície do outro. O fenômeno da<br />

a<strong>de</strong>rência está presente na formação da aresta postiça <strong>de</strong> corte, e no <strong>de</strong>sgaste<br />

<strong>de</strong> entalhe (Diniz et al., 2001).<br />

Trent e Wright (2000) classificam o <strong>de</strong>sgaste por a<strong>de</strong>rência como sendo<br />

"ATTRITION" que correspon<strong>de</strong> a uma fase <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rência compl<strong>em</strong>entada por<br />

um arrastamento que caracteriza a perda <strong>de</strong> material da ferramenta e<br />

conseqüent<strong>em</strong>ente o <strong>de</strong>sgaste da mesma.


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 33<br />

A APC é basicamente uma camada <strong>de</strong> cavaco que, permanecendo a<strong>de</strong>rida à<br />

aresta <strong>de</strong> corte, modifica o seu comportamento com relação à força <strong>de</strong> corte,<br />

<strong>de</strong>sgaste da ferramenta e acabamento superficial da peça (Amorim, 2002).<br />

Sales e Santos (2003) citam Trent (1991) que explica o fenômeno da APC <strong>de</strong><br />

forma mais <strong>de</strong>talhada, on<strong>de</strong> ele diz que uma primeira camada <strong>de</strong> material se<br />

une à ferramenta por meio <strong>de</strong> ligações atômicas e encrua-se. Assim, aumenta-<br />

se o seu limite <strong>de</strong> escoamento e as tensões <strong>de</strong> cisalhamento são insuficientes<br />

para quebrar estas ligações. As <strong>de</strong>formações então continuam nas camadas<br />

adjacentes, mais afastadas da interface, até que elas também são<br />

suficient<strong>em</strong>ente encruadas.<br />

Microscopicamente, a existência da APC ocorre por meio do aparecimento <strong>de</strong><br />

micro-trincas <strong>de</strong>vido a um estado tri-axial <strong>de</strong> tensão que prov<strong>em</strong> do diferente<br />

grau <strong>de</strong> encruamento da segunda fase do material <strong>em</strong> relação a matriz. Pela<br />

repetição <strong>de</strong>ste processo, uma sucessão <strong>de</strong> camadas forma a APC. O tamanho<br />

da APC atinge um valor no qual a tensão <strong>de</strong> cisalhamento é suficiente para<br />

mudar a zona <strong>de</strong> cisalhamento primária, que até então estava acima da APC,<br />

para <strong>de</strong>ntro do corpo <strong>de</strong>sta. Logo parte <strong>de</strong> sua estrutura é cisalhada e<br />

arrastada entre a superfície da peça e a superfície <strong>de</strong> folga da ferramenta<br />

(Sales e Santos, 2003).<br />

A velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corte também influência a geometria da APC, como po<strong>de</strong> ser<br />

visualizado na Fig. 2.15.<br />

Figura 2.15 - Variação da APC com a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corte (Machado e Silva, 1999).<br />

Sales e Santos (2003) afirmam que a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corte está relacionada com<br />

a t<strong>em</strong>peratura na região <strong>de</strong> cisalhamento. Assim, com o aumento da


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 34<br />

t<strong>em</strong>peratura o material também é aquecido, ocasionando o amolecimento <strong>de</strong>ste<br />

que elimina o encruamento, ou seja, a diferença <strong>de</strong> plasticida<strong>de</strong> entre as fases<br />

que compõ<strong>em</strong> o material torna-se menor, o que diminui a tendência <strong>de</strong><br />

formação <strong>de</strong> trincas.<br />

Na furação a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corte diminui à medida que se caminha da periferia<br />

para o centro da broca, já que ela <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do diâmetro. Assim, quando<br />

materiais dúteis que possu<strong>em</strong> 2 a fase são furados, s<strong>em</strong> furo prévio, a formação<br />

da aresta postiça <strong>de</strong> corte na vizinhança do centro da broca é inevitável (Diniz<br />

et al., 2001).<br />

O fenômeno <strong>de</strong> aresta postiça <strong>de</strong> corte (APC) não ocorre na usinag<strong>em</strong> do<br />

alumínio comercialmente puro. Entretanto, as ligas são estruturas que contém<br />

mais <strong>de</strong> uma fase e com isto a APC po<strong>de</strong> ser formada (Trent e Wright, 2000).<br />

Além disto, König e Erinski (1983) citados por Arenas Miranda (2003) atentam<br />

que muitas ligas <strong>de</strong> alumínio são suscetíveis à a<strong>de</strong>são com a ferramenta <strong>de</strong><br />

corte e formando arestas postiças <strong>de</strong> corte.<br />

O <strong>de</strong>sgaste por a<strong>de</strong>rência e arrastamento - "ATTRITION" ocorre on<strong>de</strong> o fluxo<br />

<strong>de</strong> material sobre a superfície <strong>de</strong> saída torna-se irregular. Como a aresta<br />

postiça <strong>de</strong> corte po<strong>de</strong> aparecer e o contato com a ferramenta torna-se menos<br />

contínuo, fragmentos microscópicos são arrancados da superfície da<br />

ferramenta e arrastados junto com o fluxo <strong>de</strong> material (Sales, 1999).<br />

A seguir é feita uma <strong>de</strong>scrição dos tipos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgastes mais comuns na<br />

ferramenta <strong>de</strong> corte, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> <strong>de</strong>finidos os mecanismos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sgaste e fenômenos pertinentes, como a aresta postiça <strong>de</strong> corte, que<br />

influenciam na ocorrência <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados tipos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste e sabe-se que<br />

vários mecanismos e tipos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste po<strong>de</strong>m estar presentes<br />

concomitant<strong>em</strong>ente, <strong>em</strong>bora que normalmente uma forma <strong>de</strong>ve prevalecer <strong>em</strong><br />

relação à outra.<br />

Os tipos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgastes são caracterizados por <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> cratera, aparecendo<br />

na superfície <strong>de</strong> saída da ferramenta; <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> flanco, que ocorre na<br />

superfície <strong>de</strong> folga; e pelo <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> entalhe, que surge nas superfícies<br />

principal e lateral <strong>de</strong> folga na aresta <strong>de</strong> corte (Sales e Santos, 2003). Estes são<br />

representados na Fig. 2.16.


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 35<br />

Figura 2.16 - Representação esqu<strong>em</strong>ática dos tipos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste: a) cratera, b) flanco e c)<br />

entalhe (Amorim, 2002).<br />

O <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> cratera, Fig. 2.16a, normalmente resulta <strong>de</strong> uma combinação<br />

entre os mecanismos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste por abrasão e por difusão, e ocorre<br />

principalmente a altas velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> corte, <strong>de</strong>vido às altas t<strong>em</strong>peraturas<br />

geradas, o que favorece o mecanismo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste por difusão. O <strong>de</strong>sgaste<br />

abrasivo é favorecido, <strong>de</strong>vido à redução da resistência a abrasão causada pela<br />

difusão, sendo então a forma da cratera resultante da distribuição <strong>de</strong> tensões<br />

na superfície <strong>de</strong> saída da ferramenta. O <strong>de</strong>sgaste assume então a forma <strong>de</strong><br />

uma cratera alongada com as extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong>s arredondadas, paralela à aresta <strong>de</strong><br />

corte (Amorim, 2002).<br />

O <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> flanco ou frontal ocorre nas superfícies <strong>de</strong> folga, atingindo tanto<br />

a aresta principal <strong>de</strong> corte como a secundária, ou ambas. Quando atinge a<br />

aresta principal <strong>de</strong> corte resulta num aumento das t<strong>em</strong>peraturas e forças<br />

envolvidas no corte, po<strong>de</strong>ndo causar vibrações tanto na ferramenta como na<br />

peça. Já na aresta secundária <strong>de</strong> corte, da qual <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m o controle<br />

dimensional e a qualida<strong>de</strong> do acabamento superficial da peça. Em condições<br />

normais <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong>, o <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> flanco é o tipo <strong>de</strong> falha que apresenta o<br />

maior risco <strong>de</strong> danos à peça e que exige mais potência <strong>de</strong> corte, motivo pelo<br />

qual costuma ser o mais usado na <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> critérios <strong>de</strong> fim <strong>de</strong> vida <strong>de</strong><br />

ferramenta (Amorim, 2002). Este <strong>de</strong>sgaste é representado na Fig. 2.16b e será<br />

usado como forma <strong>de</strong> avaliação da vida da ferramenta do presente trabalho.<br />

É comum o <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> flanco ser mais pronunciado na região on<strong>de</strong> ocorre o<br />

contato com a superfície externa da peça do que nas <strong>de</strong>mais regiões, o que<br />

po<strong>de</strong> ocorrer <strong>de</strong>vido a várias causas, como corte <strong>de</strong> uma camada <strong>de</strong> material<br />

endurecido pelo passe anterior da ferramenta ou ainda oxidado <strong>de</strong>vido às altas


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 36<br />

t<strong>em</strong>peraturas, exposição ao ar ou ao fluido <strong>de</strong> corte. Este tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste é<br />

chamado <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> entalhe e po<strong>de</strong> ser visto na Fig. 2.16c (Amorim, 2002).<br />

Apesar <strong>de</strong> n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre afetar o processo <strong>de</strong> corte, o <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> entalhe po<strong>de</strong><br />

ser bastante prejudicial, pois o entalhe costuma ser relativamente profundo,<br />

constituindo uma região <strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> tensões, que po<strong>de</strong> levar à quebra<br />

da ferramenta (Amorim, 2002).<br />

Porém, ainda não existe um consenso na literatura que explique exatamente o<br />

mecanismo que provoca o <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> entalhe. Ele ocorre, principalmente, na<br />

usinag<strong>em</strong> <strong>de</strong> materiais resistentes a altas t<strong>em</strong>peraturas e com alto grau <strong>de</strong><br />

encruamento (tais como: ligas <strong>de</strong> níquel, titânio, cobalto e aço inoxidável).<br />

Geralmente, nas regiões on<strong>de</strong> acontece este tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste, as condições <strong>de</strong><br />

escorregamento prevalec<strong>em</strong> e o mecanismo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste, provavelmente,<br />

envolve abrasão e transferência <strong>de</strong> material (difusão e "attrition") e eles são<br />

bastante influenciados por interações com a atmosfera (Sales, 1999).<br />

Devido ao caráter progressivo do <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> ferramentas <strong>de</strong> corte, é<br />

necessário, para evitar danos causados por falhas catastróficas e gastos<br />

excessivos por operação ina<strong>de</strong>quada da máquina operatriz, que se <strong>de</strong>fina até<br />

on<strong>de</strong> uma ferramenta <strong>de</strong> corte po<strong>de</strong> ser útil, e quando esta começa a per<strong>de</strong>r<br />

suas características operacionais, ou seja, quando a ferramenta <strong>de</strong>verá ser re-<br />

afiada ou substituída. A forma mais usual <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar este ponto é dada pela<br />

norma ISO 3685 (1993), que estabelece o <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> flanco máximo, VBBmax<br />

igual a 0,6 mm, no caso do <strong>de</strong>sgaste não ocorrer <strong>de</strong> forma regular ao longo do<br />

flanco. Também, a norma ISO 3695 cita a rugosida<strong>de</strong> superficial e o<br />

crescimento repentino das forças <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> como critério <strong>de</strong> fim <strong>de</strong> vida <strong>de</strong><br />

ferramenta <strong>em</strong> operações <strong>de</strong> acabamento (Amorim, 2002).<br />

Para o processo <strong>de</strong> furação o <strong>de</strong>sgaste na broca helicoidal po<strong>de</strong> ser analisado<br />

<strong>de</strong> forma esqu<strong>em</strong>ática na Fig. 2.17, on<strong>de</strong> os <strong>de</strong>sgaste ocorr<strong>em</strong> na aresta<br />

transversal e principalmente nas arestas principais <strong>de</strong> corte, sob condições<br />

normais <strong>de</strong> corte e uso <strong>de</strong> parâmetros a<strong>de</strong>quados. Pois Ferraresi (1977) indica<br />

que é muito comum o <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> flanco ser acentuado na ponta <strong>de</strong> corte,<br />

<strong>de</strong>vido ao uso <strong>de</strong> maior velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corte ou quando o <strong>de</strong>sgaste na aresta<br />

transversal é maior que o das arestas principais <strong>de</strong> corte, existe então, uma<br />

indicação do uso <strong>de</strong> um avanço acima do <strong>de</strong>sejado (Arenas Miranda, 2003).


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 37<br />

Figura 2.17 - Desenho esqu<strong>em</strong>ático do <strong>de</strong>sgaste na broca helicoidal (Arenas Miranda, 2003).<br />

Schramm (2001) <strong>em</strong> seu estudo afirma que o <strong>de</strong>sgaste da ferramenta macho-<br />

fresa ocorre na região da ponta da broca, gume principal, e nos <strong>de</strong>ntes da<br />

fresa. Apesar <strong>de</strong> ocorrer, estes possu<strong>em</strong> valores pouco significativos nos<br />

ensaios realizados até o presente momento.<br />

A quebra ou falha catastrófica da ferramenta macho-fresa ocorre com a maior<br />

freqüência na transição da fresa para o escareador. Este fato é <strong>de</strong>corrente das<br />

maiores tensões se apresentar<strong>em</strong> neste menor diâmetro e da concentração <strong>de</strong><br />

tensões na região <strong>de</strong> mudança <strong>de</strong> diâmetro. A solicitação através da flexão<br />

aumenta com o braço crescente a partir da ponta da broca; sendo assim, o<br />

entalhe no escareador recebe a maior solicitação (Schramm, 2001).<br />

Durante o procedimento <strong>de</strong> progressão do <strong>de</strong>sgaste, as forças <strong>de</strong> corte<br />

aumentam, a t<strong>em</strong>peratura da ferramenta se eleva, a broca se <strong>de</strong>forma e há<br />

uma perda imediata das faces afiadas da ferramenta (Ertunc e Oysu, 2004).<br />

Outras implicações dos esforços <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> na operação <strong>de</strong> rosqueamento<br />

são mais b<strong>em</strong> <strong>de</strong>talhadas na próxima seção.


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 38<br />

2.2.1.4- Esforços na usinag<strong>em</strong><br />

O monitoramento <strong>de</strong> forças é bastante lógico no processo <strong>de</strong> corte para a<br />

avaliação do <strong>de</strong>sgaste da ferramenta, pois é conhecido que as forças <strong>de</strong> corte<br />

aumentam com o aumento do <strong>de</strong>sgaste da ferramenta <strong>de</strong> corte. Isto é <strong>de</strong>vido<br />

ao aumento do atrito entre a ferramenta e a peça. Na furação este<br />

monitoramento po<strong>de</strong> ser feito avaliando o torque, a força lateral drift que ataca<br />

a peça e a força <strong>de</strong> avanço ou thrust (Jantunen, 2002).<br />

O conhecimento dos esforços <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> é importante, porque por meio<br />

<strong>de</strong>stes é possível <strong>de</strong>terminar a potência necessária para a realização <strong>de</strong> uma<br />

operação <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> e também é possível saber se a máquina ferramenta a<br />

ser utilizada é a<strong>de</strong>quada para aquelas condições. Além disto, o comportamento<br />

da força <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> no <strong>de</strong>correr do processo po<strong>de</strong> ser um importante<br />

subsídio para o monitoramento da condição da ferramenta (Leão, 2000).<br />

Na furação com brocas helicoidais, os esforços atuantes estão ligados à<br />

geometria da broca e às condições <strong>de</strong> corte do processo; como: avanço,<br />

velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corte e rigi<strong>de</strong>z do conjunto peça / máquina-ferramenta (Arenas<br />

Miranda, 2003).<br />

Logo, uma broca helicoidal durante o corte é basicamente submetida a<br />

esforços <strong>de</strong> torção, <strong>de</strong>vido à rotação da ferramenta, e a esforços <strong>de</strong><br />

compressão provenientes do avanço da broca. Assim, para se estimar os<br />

esforços <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> furação, basta calcular-se o momento torço MT e a<br />

força <strong>de</strong> avanço Ff do processo. Para a formulação <strong>de</strong>stes esforços é<br />

necessário previamente <strong>de</strong>finir o tipo <strong>de</strong> resistência à penetração da broca<br />

(Diniz et al., 2001):<br />

a) Resistência <strong>de</strong>vido ao corte do material nas duas arestas principais <strong>de</strong><br />

corte;<br />

b) Resistência <strong>de</strong>vido ao corte e esmagamento do material na aresta<br />

transversal <strong>de</strong> corte;<br />

c) Resistência <strong>de</strong>vido ao atrito das guias com a pare<strong>de</strong> do furo e entre a<br />

superfície <strong>de</strong> saída da broca e o cavaco.


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 39<br />

Dados os três tipos <strong>de</strong> resistências (a, b e c) que uma broca helicoidal t<strong>em</strong> que<br />

vencer para realizar o corte fica possibilitado a formulação do momento torço<br />

total, Eq. (2.1), e da força <strong>de</strong> avanço total, Eq. (2.2).<br />

M = M + M + M<br />

Ttotal<br />

ftotal<br />

Ta<br />

fa<br />

fb<br />

Tb<br />

F = F + F + F<br />

fc<br />

Tc<br />

(2.1)<br />

(2.2)<br />

Para o controle do processo, Furness et al. (1999) consi<strong>de</strong>ram o torque ou<br />

momento total da ferramenta como sendo a adição <strong>de</strong> uma parcela<br />

representada pelo torque <strong>de</strong> corte (Tc) e uma outra <strong>de</strong>nominada como sendo<br />

<strong>de</strong> torque <strong>de</strong> distúrbio (Td). O Tc é <strong>de</strong>vido à interface da broca na peça e o<br />

mesmo é assumido para ser uma função das condições <strong>de</strong> corte, ou seja, pelo<br />

avanço e pela rotação. Enquanto o Td inclui a contribuição do atrito entre a<br />

ferramenta e o cavaco.<br />

Em comparação com a formulação <strong>de</strong> Diniz et al. (2001) o torque <strong>de</strong> distúrbio,<br />

<strong>de</strong>scrito por Furness et al. (1999), engloba as resistências do tipo a e b que não<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m somente das condições <strong>de</strong> corte. Assim, o probl<strong>em</strong>a da<br />

imprevisibilida<strong>de</strong> do processo é <strong>de</strong>vido à parcela Td. Em adição a este fato, a<br />

quebra da ferramenta po<strong>de</strong> ocorrer <strong>de</strong>vido a este distúrbio, mesmo quando são<br />

utilizados parâmetros conservativos <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> (Furness et al., 1999).<br />

É importante notar que, quando as arestas principais da broca não estão<br />

igualmente afiadas, o esforço <strong>de</strong> corte <strong>de</strong> uma aresta é diferente do esforço da<br />

outra, po<strong>de</strong>ndo causar flexão da ferramenta (Diniz et al., 2001).<br />

2.2.1.5- Fluido <strong>de</strong> corte<br />

Uma alta condutivida<strong>de</strong> térmica do material da peça a ser usinada significa que<br />

o calor gerado pelo processo é rapidamente retirado da região <strong>de</strong> corte e,<br />

assim, a ferramenta não é excessivamente aquecida e, portanto, não se<br />

<strong>de</strong>sgasta tão rapidamente. Então, uma alta condutivida<strong>de</strong> térmica favorece a<br />

usinabilida<strong>de</strong> do material. O alumínio se <strong>de</strong>staca com a maior condutivida<strong>de</strong><br />

térmica <strong>de</strong>ntre os tipos <strong>de</strong> materiais mais usinados (Diniz et al., 2001).


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 40<br />

Mas, Diniz et al. (2001) alertam que quando o material t<strong>em</strong> alta condutivida<strong>de</strong><br />

térmica retêm boa parte do calor gerado, po<strong>de</strong>ndo ocasionar excessiva<br />

dilatação térmica e mudança estrutural da peça.<br />

Sendo assim, fluido <strong>de</strong> corte é usualmente <strong>em</strong>pregado para a usinag<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

ligas <strong>de</strong> alumínio. Este t<strong>em</strong> a função <strong>de</strong> manter baixa a t<strong>em</strong>peratura na<br />

interface cavaco ferramenta, garantindo uma tolerância dimensional justa,<br />

longa vida útil da ferramenta, baixa potência <strong>de</strong> corte e superfície final<br />

melhorada. A geração <strong>de</strong> calor <strong>de</strong>vido à <strong>de</strong>formação plástica é uma das<br />

maiores fontes <strong>de</strong> alteração micro-estrutural. Desta forma, a t<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong><br />

corte <strong>de</strong>ve ser mantida sobre controle por uma escolha apropriada da<br />

geometria e material da ferramenta (Reis e Abrão, 2005).<br />

As ligas <strong>de</strong> alumínio e silício requer<strong>em</strong> boa lubrificação. Se a precisão<br />

dimensional for importante, <strong>de</strong>ve-se usar um bom refrigerante, <strong>de</strong>vido ao alto<br />

valor do coeficiente <strong>de</strong> expansão térmica. Uma escolha correta seria <strong>em</strong>ulsão<br />

com uma mistura <strong>de</strong> óleo mineral e gordura e a maioria das <strong>em</strong>ulsões solúveis.<br />

Alumínio não exige aditivos EP e o enxofre livre ataca o metal<br />

instantaneamente (Sales, 1999).<br />

2.2.1.6- Modo <strong>de</strong> avaliação da vida da ferramenta<br />

Uma vez mostrados todos os fenômenos que dão base <strong>de</strong> explicação para o<br />

monitoramento da operação <strong>de</strong> rosqueamento é realizado um <strong>de</strong>scritivo das<br />

formas <strong>de</strong> avaliação da vida da ferramenta e <strong>de</strong> como o <strong>de</strong>sign da ferramenta,<br />

a formação do cavaco, os mecanismos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> ferramenta, os esforços<br />

<strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> e o fluido <strong>de</strong> corte influenciam nos parâmetros mensuráveis que<br />

<strong>de</strong>terminam a usinabilida<strong>de</strong>.<br />

Implicações dos parâmetros mensuráveis na vida da ferramenta<br />

O material com que a broca é fabricada influencia na vida da ferramenta <strong>de</strong>vido<br />

às proprieda<strong>de</strong>s químicas e físicas distintas apresentadas pelas diferentes<br />

classes <strong>de</strong> materiais ou diferentes composições <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> mesma classe.<br />

A geometria da ferramenta exerce influência na vida da broca, pelo fato <strong>de</strong><br />

relacionar-se com as <strong>de</strong>mais gran<strong>de</strong>zas envolvidas no processo (Santos,<br />

1999).


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 41<br />

É conhecido que uma broca consiste <strong>de</strong> duas principais faces <strong>de</strong> corte,<br />

<strong>de</strong>nominadas: aresta transversal e aresta principal <strong>de</strong> corte. A primeira extruda<br />

<strong>de</strong>ntro da peça e contribui substancialmente para a força <strong>de</strong> avanço. Enquanto<br />

a outra face expulsa o material e produz a maioria do torque <strong>de</strong> furação e da<br />

força <strong>de</strong> avanço. Assim cada um dos parâmetros <strong>de</strong> configuração da<br />

ferramenta afeta a força <strong>de</strong> corte e a qualida<strong>de</strong> dos furos <strong>de</strong> várias formas<br />

(Pirtini e Lazoglu, 2005).<br />

A minimização <strong>de</strong> ambas quantida<strong>de</strong>s produz um ganho <strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho pela<br />

redução da <strong>de</strong>flexão da broca <strong>de</strong>vido ao carregamento thrust, pelo<br />

abaixamento da potência requerida para a operação e pelo ganho <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po <strong>de</strong><br />

vida útil da ferramenta (Paul et al., 2005).<br />

Na furação como no rosqueamento, o avanço é o parâmetro chave. Baixas<br />

taxas <strong>de</strong> avanço resultam <strong>em</strong> um aumento no <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> flanco, <strong>de</strong>vido ao<br />

gran<strong>de</strong> t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> contato íntimo entre a peça e a ferramenta. Em adição ao<br />

<strong>de</strong>sgaste da ferramenta, tanto a força <strong>de</strong> avanço quanto o torque cresc<strong>em</strong> com<br />

o aumento da taxa <strong>de</strong> avanço. Logo, o avanço afeta significamente a vida da<br />

ferramenta e as forças induzidas (Ramulu et al., 2002).<br />

Mensurar os esforços <strong>de</strong> corte é uma das técnicas mais comuns <strong>de</strong><br />

monitoramento, afirmam Jalali e Kolarik (1991) citados por Ertunc e Oysu<br />

(2004), <strong>de</strong>vido a sua sensibilida<strong>de</strong> à condição da ferramenta.<br />

Basicamente as forças <strong>de</strong> corte aumentam diretamente com o <strong>de</strong>sgaste da<br />

ferramenta e elas dão um salto quando ocorre uma quebra repentina da<br />

mesma. A força <strong>de</strong> avanço é um dos parâmetros dinâmicos mais usuais no<br />

processo <strong>de</strong> furação. Os autores citados a seguir por Ertunc e Oysu (2004)<br />

indicam as suas experiências no monitoramento da ferramenta <strong>de</strong> corte.<br />

Thangaraj e Wright (1998) usaram a razão <strong>de</strong> mudança da força <strong>de</strong> avanço<br />

para predizer a falha da broca, enquanto Brinksmeir (1990) selecionou o torque<br />

para predizer a fratura da ferramenta. Por um outro lado, Li et al. (1992)<br />

escolheram ambos parâmetros para monitoramento numa técnica <strong>de</strong> extração<br />

<strong>de</strong> múltiplos sinais. A maior <strong>de</strong>svantag<strong>em</strong> <strong>de</strong>sta técnica é a <strong>de</strong>pendência dos<br />

esforços pelas condições <strong>de</strong> corte; como a velocida<strong>de</strong>, avanço e profundida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> corte (Ertunc e Oysu, 2004).


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 42<br />

Já Pirtini e Lazoglu (2005) citam outros autores que também <strong>de</strong>screv<strong>em</strong> as<br />

suas impressões sobre monitoramento. Em princípio, a força <strong>de</strong> avanço e o<br />

torque aumentam com o aumento do avanço, sobre parâmetros <strong>de</strong> vibração<br />

constantes é o que afirmam Wang et al. (1998), pois eles concluíram que a<br />

vibração presente na furação altera a usinag<strong>em</strong> por ser um processo dinâmico.<br />

Elhachimi et al. (1999) mostraram que a força <strong>de</strong> avanço não é sensível para a<br />

variação da velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rotação, <strong>em</strong>bora que seu efeito não po<strong>de</strong> ser<br />

negligenciado sobre o torque. A potência e o torque são proporcionais a<br />

velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rotação. Além disto, a força <strong>de</strong> avanço, o torque e a potência são<br />

aumentados com o avanço (Pirtini e Lazoglu, 2005).<br />

O tipo <strong>de</strong> máquina ferramenta e a rigi<strong>de</strong>z da mesma afetam a vida da<br />

ferramenta <strong>de</strong>vido à vibração transferida para a broca durante a usinag<strong>em</strong> que,<br />

<strong>em</strong> níveis elevados torna o <strong>de</strong>sgaste mais acentuado ou, até mesmo, causa a<br />

falha catastrófica da ferramenta (Santos, 1999).<br />

O <strong>de</strong>sgaste da ferramenta provoca uma alteração na geometria da mesma, os<br />

efeitos do <strong>de</strong>sgaste sobre a força <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> são s<strong>em</strong>elhantes aos efeitos<br />

provocados pela alteração na geometria da ferramenta. Portanto, o aumento<br />

gradual do <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> flanco irá acarretar <strong>em</strong> uma diminuição gradual do<br />

ângulo <strong>de</strong> folga. Esta diminuição provocará um aumento da área <strong>de</strong> contato<br />

entre a ferramenta e a peça e, conseqüent<strong>em</strong>ente, uma maior força <strong>de</strong><br />

usinag<strong>em</strong>. Por outro lado, o aumento do <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> cratera irá provocar uma<br />

diminuição da força <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong>, <strong>de</strong>vido ao aumento do ângulo <strong>de</strong> saída<br />

(Leão, 2000).<br />

Outros fatores que também exerc<strong>em</strong> influência na vida da ferramenta são a<br />

natureza, a concentração, a vazão e o método <strong>de</strong> aplicação do fluido <strong>de</strong> corte.<br />

Os fatores citados influenciam na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> refrigeração e/ou <strong>de</strong><br />

lubrificação dos fluidos <strong>de</strong> corte, afetando assim as condições na interface<br />

cavaco-ferramenta e também a t<strong>em</strong>peratura da ferramenta, sendo assim<br />

importante fator para a <strong>de</strong>terminação da vida da ferramenta (Santos, 1999).<br />

Tipos <strong>de</strong> monitoramento<br />

Exist<strong>em</strong> diferenças <strong>em</strong> tipos <strong>de</strong> processos <strong>de</strong> monitoramento que <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser<br />

percebidas para o que ele se propõe. Alguns dos métodos são mais eficientes


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 43<br />

para a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> um colapso da ferramenta (quebra abrupta) e outros são<br />

melhores no monitoramento do <strong>de</strong>sgaste da ferramenta. Como se t<strong>em</strong><br />

características diferentes da dinâmica do processo para cada tipo <strong>de</strong> falha, os<br />

métodos <strong>de</strong> monitoramento contínuo são ditos lentos para conseguir alcançar<br />

uma previsibilida<strong>de</strong> do colapso da ferramenta (Jantunen, 2002).<br />

O <strong>de</strong>sgaste na broca é um processo progressivo que se localiza na parte<br />

externa da hélice da ferramenta, isto se <strong>de</strong>ve ao contato íntimo e elevada<br />

t<strong>em</strong>peratura entre o contato peça e ferramenta. Entretanto, sobre condições<br />

constantes <strong>de</strong> corte a falha da broca é consi<strong>de</strong>rado um processo estocástico.<br />

As razões para a variação da vida da ferramenta se <strong>de</strong>v<strong>em</strong> a heterogeneida<strong>de</strong><br />

na peça e no material da broca, as irregularida<strong>de</strong>s do movimento do fluido <strong>de</strong><br />

corte e na inevitável assimetria introduzida durante a afiação das arestas <strong>de</strong><br />

corte (Jantunen, 2002).<br />

A usinabilida<strong>de</strong> analisada por meio da ferramenta <strong>de</strong> corte po<strong>de</strong> se dar <strong>de</strong> duas<br />

maneiras. Uma maneira direta seria o estudo da falha catastrófica ocorrida na<br />

ferramenta, on<strong>de</strong> se verifica a causa provável do acontecimento do fenômeno.<br />

A outra maneira, <strong>de</strong> forma indireta, me<strong>de</strong>-se o <strong>de</strong>sgaste acometido pela ação<br />

da usinag<strong>em</strong> e <strong>de</strong>fine-se um critério <strong>de</strong> fim <strong>de</strong> vida para a ferramenta, assim<br />

po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>terminar a vida equivalente da mesma para uma <strong>de</strong>terminada<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> peças usinadas.<br />

Em adição ao mencionado anteriormente, a medida <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste da ferramenta<br />

também po<strong>de</strong> ser feita pelo método direto ou indireto. No método direto o<br />

<strong>de</strong>sgaste é medido por um período <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po para uma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> material<br />

r<strong>em</strong>ovido. Em contrário, o método indireto é baseado numa <strong>de</strong>terminada<br />

relação entre o <strong>de</strong>sgaste da ferramenta e algum parâmetro <strong>de</strong> processo<br />

(Chung e Geddam, 2003).<br />

Durante a usinag<strong>em</strong>, as dimensões da peça se modificam à medida que ocorre<br />

o <strong>de</strong>sgaste da ferramenta. Estas alterações dimensionais po<strong>de</strong>m ser<br />

i<strong>de</strong>ntificadas por meio <strong>de</strong> micrômetros, calibradores do tipo passa não passa ou<br />

por meio <strong>de</strong> sensores.<br />

Calibradores são padrões geométricos, os quais são utilizados para controlar<br />

as dimensões admissíveis indicadas <strong>em</strong> projeto. Ou seja, eles são utilizados<br />

para verificar se as dimensões efetivas estão <strong>de</strong>ntro das tolerâncias


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 44<br />

especificadas. Logo os calibradores não me<strong>de</strong>m as peças, eles apenas<br />

comprovam se a medida <strong>em</strong> questão está <strong>de</strong>ntro da tolerância estipulada<br />

(Palma, 2005).<br />

Figura 2.18 - Calibrador <strong>de</strong> rosca tipo passa não-passa.<br />

Os calibradores <strong>de</strong> fabricação <strong>em</strong> geral, apresentam as dimensões limites <strong>em</strong><br />

uma única peça como po<strong>de</strong> ser notado na Fig. 2.18, para o calibrador <strong>de</strong> rosca<br />

on<strong>de</strong> se t<strong>em</strong> o lado passa a direita e o lado não-passa à esquerda da figura. A<br />

direita da figura se t<strong>em</strong> o lado da dimensão limite mínima, chamado <strong>de</strong> lado-<br />

passa, que é o lado do calibrador que <strong>de</strong>ve penetrar no furo ou no eixo.<br />

Enquanto a esquerda é observado o lado da dimensão limite máxima, chamado<br />

<strong>de</strong> lado-não-passa ou lado <strong>de</strong> refugo, que é o lado do calibrador que não <strong>de</strong>ve<br />

penetrar no furo ou no eixo (Palma, 2005).<br />

No presente trabalho este dispositivo será utilizado como ferramenta <strong>de</strong><br />

avaliação da qualida<strong>de</strong> do furo roscado e não como um quantificador <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sgaste da ferramenta.<br />

O conjunto <strong>de</strong> parâmetros <strong>de</strong> corte condiciona a ferramenta à força necessária<br />

para a usinag<strong>em</strong> da peça. Trent e Wright (2000) mostram que a força que age,<br />

como uma reação ao corte, na ferramenta po<strong>de</strong> ser usada como um aspecto<br />

importante <strong>de</strong> usinabilida<strong>de</strong>. Assim, <strong>de</strong> posse <strong>de</strong> uma estimativa do nível <strong>de</strong><br />

força <strong>de</strong>senvolvido no processo po<strong>de</strong>-se quantificar, por meio <strong>de</strong> medição<br />

utilizando um dinamômetro, o <strong>de</strong>sgaste ocorrido no processo que possui uma<br />

relação direta com a força <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong>.<br />

Leão (2000) indica que o dinamômetro piezo-elétrico é um equipamento <strong>de</strong> alto<br />

custo e intrusivo ao processo, ou seja, este é montado usualmente entre a<br />

mesa da máquina-ferramenta e a peça, alterando a rigi<strong>de</strong>z do sist<strong>em</strong>a. Como<br />

alternativa para o monitoramento da potência <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> surg<strong>em</strong> os


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 45<br />

parâmetros ditos elétricos que também possu<strong>em</strong> uma relação direta com a<br />

gran<strong>de</strong>za avaliada.<br />

A corrente do motor <strong>de</strong> spindle possui <strong>em</strong> princípio a mesma forma <strong>de</strong> medida<br />

que o torque. Elas esclarec<strong>em</strong> como uma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> potência é usada no<br />

processo e as mesmas, também, reflet<strong>em</strong> sobre a dinâmica do corte (Jantunen,<br />

2002).<br />

O centro <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> <strong>em</strong>barcado com o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> controle numérico CNC,<br />

normalmente, utiliza muito <strong>de</strong>stes parâmetros elétricos para alguns tipos <strong>de</strong><br />

controle; por ex<strong>em</strong>plo, o controle <strong>de</strong> rotação ou estimar o nível <strong>de</strong> potência que<br />

a máquina está submetida na operação <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong>, pois assim po<strong>de</strong>-se<br />

indicar por meio <strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> segurança quando a máquina esta sendo<br />

sobrecarregada.<br />

Desta forma fica facilitado o uso <strong>de</strong>stes sinais para monitoramento, pois a<br />

aquisição dos mesmos já existe, faltando apenas uma transposição do sist<strong>em</strong>a<br />

<strong>de</strong> processamento da máquina para uma saída externa que seja possível a<br />

coleta dos dados por um outro sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> aquisição.<br />

Um outro processo <strong>de</strong> monitoramento é aquele baseado no fenômeno <strong>de</strong><br />

vibração mecânica. Entretanto, para uma avaliação numérica é necessário um<br />

estudo do tipo <strong>de</strong> dinâmica envolvida no processo <strong>de</strong> forma geral para assim<br />

po<strong>de</strong>r <strong>de</strong>terminar as possíveis freqüências capazes <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento do <strong>de</strong>sgaste da ferramenta.<br />

Vibração é uma ótima fonte <strong>de</strong> possível monitoramento <strong>de</strong> máquinas rotativas.<br />

A vantag<strong>em</strong> da medida <strong>de</strong> vibração é a facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> impl<strong>em</strong>entação e a não<br />

modificação do processo pela fixação dos sensores (Jantunen, 2002).<br />

O fenômeno <strong>de</strong> vibração mecânica do conjunto po<strong>de</strong> aparecer <strong>de</strong> forma<br />

prejudicial dado uma certa configuração <strong>de</strong> parâmetros <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong>. Schramm<br />

(2001) mostra <strong>em</strong> seu trabalho a ocorrência do fenômeno para algumas<br />

configurações dos parâmetros, on<strong>de</strong> foi possível observar marcas <strong>de</strong> vibrações<br />

regenerativas nos flancos da rosca usinada e também no fundo do furo.<br />

Como mencionado por Kalpakjian (1995), a vibração <strong>em</strong> usinag<strong>em</strong> sofre<br />

influência <strong>de</strong> diversas fontes, tais como a estrutura da máquina, o tipo <strong>de</strong>


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 46<br />

ferramenta e o material <strong>de</strong> trabalho. Mas, basicamente exist<strong>em</strong> dois tipos <strong>de</strong><br />

vibrações: uma causada pela força e a outra auto-excitada (Kalpakjian, 1995).<br />

Consi<strong>de</strong>rando a primeira causa, a vibração é resultado <strong>de</strong> forças periódicas<br />

existentes na usinag<strong>em</strong>. As fontes <strong>de</strong>stas normalmente são<br />

<strong>de</strong>sbalanceamentos <strong>em</strong> componentes mecânicos. O segundo tipo <strong>de</strong> vibração<br />

é causado pela interação do processo <strong>de</strong> r<strong>em</strong>oção do cavaco e a estrutura da<br />

máquina ferramenta, que resulta <strong>em</strong> distúrbios na zona <strong>de</strong> corte. Portanto, a<br />

vibração auto-excitada está associada com a topografia da superfície usinada e<br />

conseqüent<strong>em</strong>ente com a vida da ferramenta.<br />

Dois níveis <strong>de</strong> vibração po<strong>de</strong>m ser distinguidos na furação. Estes são as baixas<br />

freqüências <strong>de</strong> vibração que são associadas com furos lobulares e as altas<br />

freqüências associadas à trepidação. Um dos mais comuns probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong><br />

circularida<strong>de</strong> na furação é a existência <strong>de</strong> lóbulos espaçados. Citados por<br />

Pirtini e Lazoglu (2005), Bayly et al. (2002) concluíram que este probl<strong>em</strong>a<br />

existe s<strong>em</strong>pre na ausência <strong>de</strong> trepidação e com muitas baixas velocida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

corte. A baixa freqüência <strong>de</strong> vibração é significante para a furação, pois isto<br />

afeta diretamente a qualida<strong>de</strong> do furo. Rincon e Ulsoy (1994) aludidos por<br />

Pirtini e Lazoglu (2005) sugestionaram que a vibração da ferramenta po<strong>de</strong> ter<br />

um efeito na performance <strong>de</strong> furação, porque o aumento na vibração durante a<br />

entrada po<strong>de</strong> causar pobre acuracida<strong>de</strong> local do furo e formação <strong>de</strong> rebarbas,<br />

que são probl<strong>em</strong>as superficiais na cabeça do furo.<br />

De acordo com Olsson et al. (2002), na usinag<strong>em</strong>, o porta-ferramentas e a<br />

ferramenta estão sujeitos à excitação dinâmica <strong>de</strong>vido a <strong>de</strong>formações do<br />

material <strong>de</strong> trabalho na operação <strong>de</strong> corte. O processo <strong>de</strong> formação do cavaco<br />

normalmente induz vibrações no sist<strong>em</strong>a máquina-ferramenta, já que a energia<br />

<strong>de</strong>ste processo excita os modos mecânicos do sist<strong>em</strong>a máquina-ferramenta. O<br />

movimento dinâmico relativo entre a ferramenta <strong>de</strong> corte e a peça afetará no<br />

acabamento da superfície. Além disso, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vibração está<br />

relacionada com a vida da ferramenta.<br />

Abouelatta e Mádl (2001) mencionam Beauchamp (1996) e colaboradores que<br />

coletaram e analisaram dados <strong>de</strong> vibração e concluíram que as forças<br />

dinâmicas, relacionadas com a variação da espessura do cavaco agindo na


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 47<br />

ferramenta é relacionada com a amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> vibração da ferramenta na<br />

ressonância e variação da freqüência natural da ferramenta na usinag<strong>em</strong>.<br />

Além disto, experimentos realizados por Mer e Diniz (1994), também citados<br />

por Abouelatta e Mádl (2001), mostraram que a vibração da ferramenta po<strong>de</strong><br />

ser um bom caminho para o monitoramento on-line do aumento da rugosida<strong>de</strong><br />

da superfície acabada e, portanto, este po<strong>de</strong> ser usado para estabelecer o fim<br />

<strong>de</strong> vida da ferramenta.<br />

2.2.2- Avaliação da estabilida<strong>de</strong> dinâmica<br />

Para a avaliação da usinag<strong>em</strong> por meio da estabilida<strong>de</strong> dinâmica é utilizado um<br />

módulo do programa computacional <strong>de</strong>senvolvido por Saturnino (2004)<br />

<strong>de</strong>nominado ODS. Este programa ambientado no Matlab ® possui como entrada<br />

uma representação do conjunto formado pela mesa, peça e ferramenta.<br />

Pois segundo Richardson (1997), citado por Saturnino (2004), os modos <strong>de</strong><br />

vibração e os ODS (Operating Deflection Shapes ou Operational Deflection<br />

Shapes) estão relacionados entre si. Do ponto <strong>de</strong> vista analítico, os modos <strong>de</strong><br />

vibração são as soluções da equação <strong>de</strong> movimento da vibração não-forçada<br />

<strong>de</strong> uma estrutura ou componente. São, portanto, características inatas do<br />

objeto <strong>de</strong> estudo. Depen<strong>de</strong>m apenas da geometria, proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> materiais<br />

e condições <strong>de</strong> contorno <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento (e rotação) (Saturnino, 2004).<br />

O ODS, por sua vez, está relacionado à solução da equação <strong>de</strong> equilíbrio para<br />

a vibração forçada. Depen<strong>de</strong>, portanto, não apenas das características do<br />

objeto <strong>de</strong> estudo, como também da natureza das forças aplicadas sobre ele.<br />

De forma geral, o ODS representa as <strong>de</strong>formações <strong>de</strong> uma estrutura ou<br />

componente, quando submetido(a) a uma vibração forçada (Saturnino, 2004).<br />

Muitas das aplicações <strong>de</strong> ODS po<strong>de</strong>m ser divididas <strong>em</strong> três categorias:<br />

visualização das <strong>de</strong>formações <strong>de</strong> um equipamento <strong>em</strong> operação; <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong><br />

dano <strong>em</strong> estruturas e obtenção <strong>de</strong> parâmetros modais s<strong>em</strong> a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

realizar uma análise modal experimental (Saturnino, 2004).<br />

Os dados vibracionais coletados experimentalmente são representados muitas<br />

vezes na forma <strong>de</strong> gráficos no domínio do t<strong>em</strong>po ou da freqüência. Esta<br />

representação, no entanto, não possibilita uma visualização a<strong>de</strong>quada das<br />

relações entre diferentes pontos <strong>de</strong> medição. A utilização <strong>de</strong> animações para


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 48<br />

uma melhor visualização dos dados é uma das aplicações mais freqüentes <strong>de</strong><br />

ODS (Saturnino, 2004).<br />

Segundo Pai e Young (2001) citados por Saturnino (2004), o monitoramento <strong>de</strong><br />

danos <strong>em</strong> estruturas através <strong>de</strong> suas respostas dinâmicas v<strong>em</strong> se tornando<br />

uma abordag<strong>em</strong> factível nos últimos anos. Uma fissura <strong>em</strong> uma <strong>de</strong>terminada<br />

estrutura introduz flexibilida<strong>de</strong>s localizadas, que alteram o comportamento<br />

dinâmico <strong>de</strong> todo o conjunto. No entanto, para que estas mudanças sejam<br />

visualizadas, é necessário excitar a estrutura <strong>em</strong> altas freqüências. Para que os<br />

modos <strong>de</strong> altas freqüências sejam a<strong>de</strong>quadamente <strong>de</strong>tectados, necessita-se <strong>de</strong><br />

uma resolução espacial razoável e <strong>de</strong> uma boa precisão dos resultados<br />

(Saturnino, 2004).<br />

Conforme Parloo et al. (2002) citados por Saturnino (2004), a única forma<br />

possível <strong>de</strong> se obter um mo<strong>de</strong>lo modal <strong>de</strong> certas estruturas é através da<br />

análise modal <strong>em</strong> operação. A vantag<strong>em</strong> <strong>de</strong> coletar as respostas vibracionais<br />

no próprio ambiente operacional é que, muitas vezes, os testes laboratoriais<br />

difer<strong>em</strong> significativamente das condições normais <strong>de</strong> operação. Por outro lado,<br />

não se conhec<strong>em</strong> as forças que excitam uma <strong>de</strong>terminada estrutura durante a<br />

sua operação. Portanto, n<strong>em</strong> todos os parâmetros modais po<strong>de</strong>m ser<br />

estimados, o que leva a modos <strong>de</strong> vibração fora <strong>de</strong> escala (Saturnino, 2004).<br />

2.2.3- Avaliação por meio dos métodos <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos finitos (MEF)<br />

Em geral, probl<strong>em</strong>as <strong>de</strong> engenharia são mo<strong>de</strong>los mat<strong>em</strong>áticos <strong>de</strong> situações<br />

físicas. E tais mo<strong>de</strong>los mat<strong>em</strong>áticos são equações diferenciais com um<br />

conjunto <strong>de</strong> condições iniciais e <strong>de</strong> contorno que caracterizam e diferenciam<br />

cada situação, mostrando assim fi<strong>de</strong>lida<strong>de</strong> com a realida<strong>de</strong>.<br />

As equações diferenciais são originadas pela aplicação <strong>de</strong> leis fundamentais e<br />

princípios da natureza para um sist<strong>em</strong>a ou volume <strong>de</strong> controle. Os domínios<br />

das equações impl<strong>em</strong>entados representam: balanço <strong>de</strong> massa, força ou<br />

energia (Moaveni, 1999).<br />

Em muitas situações um mo<strong>de</strong>lo a<strong>de</strong>quado é obtido usando um número finito<br />

<strong>de</strong> componentes b<strong>em</strong> <strong>de</strong>finidos, <strong>de</strong> forma que o probl<strong>em</strong>a é <strong>de</strong>nominado como<br />

discreto. Em outras a subdivisão é continuada in<strong>de</strong>finidamente e o probl<strong>em</strong>a<br />

po<strong>de</strong> ser compreendido, somente, usando-se do pensamento mat<strong>em</strong>ático do


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 49<br />

infinitesimal. Isto produz, como mencionado anteriormente, as equações<br />

diferenciais ou uma teoria equivalente no qual implica num número infinito <strong>de</strong><br />

el<strong>em</strong>entos, on<strong>de</strong> este sist<strong>em</strong>a é dito como continuum (Zienkiewicz e Taylor,<br />

1994).<br />

A metodologia <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos finitos para a análise <strong>de</strong> tensões, tipicamente,<br />

envolve alguns passos a ser<strong>em</strong> seguidos (Cook et al., 1989):<br />

A estrutura ou continuum é dividido por meio <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos finitos;<br />

Formular as proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada el<strong>em</strong>ento, isto significa possibilitar<br />

a <strong>de</strong>terminação das cargas nodais associadas com os el<strong>em</strong>entos<br />

consi<strong>de</strong>rando os estados <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação permitidos;<br />

Montag<strong>em</strong> do equacionamento matricial para a obtenção do mo<strong>de</strong>lo<br />

<strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos finitos para a estrutura;<br />

Aplicação das cargas conhecidas: forças nodais e/ou momentos;<br />

Especificar como a estrutura é suportada (condições iniciais e <strong>de</strong><br />

contorno);<br />

Solucionar, simultaneamente, todas as equações pertinentes <strong>de</strong><br />

álgebra linear para se <strong>de</strong>terminar os d.o.f. nodais, on<strong>de</strong> neste caso é<br />

encontrar os <strong>de</strong>slocamentos nodais;<br />

Cálculo dos el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong>formados dos d.o.f. nodais e a interpolação<br />

do campo <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamentos. Assim, finalmente, é possível a<br />

<strong>de</strong>terminação das tenções a partir <strong>de</strong>stas <strong>de</strong>formações.<br />

2.2.3.1- Características gerais do MEF aplicados aos sólidos<br />

tridimensionais<br />

O estudo aqui proposto é apresentado segundo os passos enunciados<br />

anteriormente. Desta forma, num primeiro momento são observadas todas as<br />

peculiarida<strong>de</strong>s da simulação objetivada no presente trabalho.<br />

O mo<strong>de</strong>lo ou contínuo é subdividido <strong>em</strong> um número equivalente <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos<br />

finitos. Os el<strong>em</strong>entos possu<strong>em</strong> nós que po<strong>de</strong>m ser internos ou externos, isto é,<br />

pertenc<strong>em</strong> ao interior do el<strong>em</strong>ento ou estão localizados nas arestas do mesmo,<br />

como o caso aqui estudado. Assume-se que estes el<strong>em</strong>entos são interligados


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 50<br />

entre si por meio dos nós localizados nos contornos dos mesmos e os<br />

<strong>de</strong>slocamentos <strong>de</strong>stes nós são as incógnitas do probl<strong>em</strong>a (Sánchez, 2001).<br />

Para que o objetivo do método seja alcançado <strong>em</strong> sua plenitu<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve-se<br />

consi<strong>de</strong>rar um conjunto <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos finitos que representam um continuum<br />

elástico <strong>de</strong> maneira isenta, ou seja, cada el<strong>em</strong>ento quando montado se<br />

comporta <strong>de</strong> forma a representar o sist<strong>em</strong>a como um todo. Assim, têm-se as<br />

seguintes hipóteses (Zienkiewicz e Taylor, 1994):<br />

I. O continuum, separado por linhas imaginárias ou superfícies, possui um<br />

número limitado <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos finitos.<br />

II. Os el<strong>em</strong>entos são assumidos interconectados por um número discreto <strong>de</strong><br />

pontos nodais situados <strong>em</strong> suas bordas. O <strong>de</strong>slocamento, <strong>de</strong>stes pontos<br />

nodais, é basicamente parâmetro <strong>de</strong>sconhecido do probl<strong>em</strong>a.<br />

III. Um conjunto <strong>de</strong> funções é escolhido para <strong>de</strong>finir, singularmente, o estado<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento no interior <strong>de</strong> cada el<strong>em</strong>ento finito <strong>em</strong> termos do<br />

<strong>de</strong>slocamento nodal.<br />

IV. As funções <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento agora também <strong>de</strong>fin<strong>em</strong>, singularmente, <strong>em</strong><br />

termos do <strong>de</strong>slocamento nodal o estado <strong>de</strong> <strong>de</strong>formações no interior dos<br />

el<strong>em</strong>entos. Este estado <strong>em</strong> conjunto com uma <strong>de</strong>formação inicial e as<br />

proprieda<strong>de</strong>s do material <strong>de</strong>finiram o estado <strong>de</strong> tensão por todas as partes<br />

dos el<strong>em</strong>entos e suas bordas.<br />

V. Um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> forças concentradas nos nós equilibra as tensões das<br />

bordas e alguma carga distribuída é <strong>de</strong>terminada, possuindo uma relação<br />

com a rigi<strong>de</strong>z do sist<strong>em</strong>a.<br />

Como as hipóteses aqui levantadas são dificilmente asseguradas <strong>em</strong> sua<br />

totalida<strong>de</strong>, ou seja, todas as condições não são plenamente respeitadas é fato<br />

que a solução encontrada é uma aproximação e nunca uma solução exata,<br />

pois os erros são inerentes ao processo.<br />

De acordo com a primeira hipótese sabe-se que o MEF é um tipo <strong>de</strong> método<br />

que se baseia na discretização <strong>de</strong> uma certa geometria complexa <strong>em</strong><br />

pequenos e simples el<strong>em</strong>entos, on<strong>de</strong> toda a formulação mat<strong>em</strong>ática é aplicada<br />

nos mesmos. Assim, <strong>de</strong> forma a facilitar os cálculos faz-se necessário uma<br />

representação local do sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas para cada el<strong>em</strong>ento.


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 51<br />

Logo, é <strong>de</strong>finido um referencial para cada sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nada. Azevedo<br />

(2003) afirma que o referencial geral é aquele usado para expressar às<br />

coor<strong>de</strong>nadas dos nós e posteriormente são utilizados para <strong>de</strong>finir a posição do<br />

conjunto estudado.<br />

Enquanto o referencial local é <strong>de</strong>finido pelas partes construtivas dos el<strong>em</strong>entos<br />

que particularmente são estudados; tal como para uma barra, o referencial<br />

local é constituído pelos eixos principais centrais <strong>de</strong> inércia da seção<br />

transversal e pelo eixo principal da barra. Assim, a localização dos nós também<br />

é <strong>de</strong>finida.<br />

Um <strong>de</strong>senho esqu<strong>em</strong>ático mostrado na Fig. 2.19 é utilizado para <strong>de</strong>monstrar os<br />

referenciais <strong>em</strong> uma barra <strong>de</strong>finida pelos nós i e j.<br />

Figura 2.19 - Barra ij, (g) referencial geral e (l) referencial local (Azevedo, 2003).<br />

Após; são <strong>de</strong>finidos os graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> estes <strong>de</strong>terminam o<br />

comportamento dos el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> forma que os mesmos atuam <strong>em</strong><br />

conformida<strong>de</strong> com o sist<strong>em</strong>a estudado, ou seja; dado uma certa condição ao<br />

conjunto, como uma força aplicada, cada el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong>ve se comportar <strong>de</strong><br />

maneira tal que o sist<strong>em</strong>a reaja como se fosse um continuum, s<strong>em</strong> a presença<br />

<strong>de</strong> distorções não previstas ao seu comportamento.<br />

Generalizando, num ponto do espaço pertencente a um corpo sujeito a<br />

<strong>de</strong>slocamentos e <strong>de</strong>formações são consi<strong>de</strong>rados seis graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>, on<strong>de</strong><br />

são três <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento e três <strong>de</strong> rotação, como é mostrado na Fig. 2.20.<br />

Designa-se por <strong>de</strong>slocamentos generalizados o agrupamento <strong>de</strong>stes três<br />

<strong>de</strong>slocamentos e <strong>de</strong>stas três rotações num só vetor com seis componentes<br />

(Azevedo, 2003). Na Eq. (2.3) se expressa o vetor <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamentos.


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 52<br />

⎡a1<br />

⎤ ⎡a1<br />

⎤<br />

⎢ ⎥ ⎢ ⎥<br />

⎢<br />

a2<br />

⎥ ⎢<br />

a2<br />

⎥<br />

⎢a<br />

⎥ ⎢ ⎥<br />

3 a3<br />

a = ⎢ ⎥ = ⎢ ⎥<br />

⎢a4<br />

⎥ ⎢θ1<br />

⎥<br />

⎢a<br />

⎥ ⎢ ⎥<br />

5 θ 2<br />

⎢ ⎥ ⎢ ⎥<br />

⎢⎣<br />

a6<br />

⎥⎦<br />

⎢⎣<br />

θ 3 ⎥⎦<br />

Figura 2.20 - Desenho esqu<strong>em</strong>ático dos <strong>de</strong>slocamentos generalizados no espaço (Azevedo,<br />

2003).<br />

(2.3)<br />

Em equivalência com os <strong>de</strong>slocamentos generalizados, são consi<strong>de</strong>radas seis<br />

forças generalizadas, ou seja, três forças e três momentos. Em suma, t<strong>em</strong>-se<br />

<strong>em</strong> cada nó, no espaço, consi<strong>de</strong>rados seis graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> <strong>em</strong><br />

correspondência com os seis <strong>de</strong>slocamentos generalizados (Azevedo, 2003).<br />

Entretanto, o conjunto é discretizado para um tipo <strong>de</strong> el<strong>em</strong>ento no qual ocorr<strong>em</strong><br />

apenas três graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong>, sendo estes <strong>de</strong> translação. Além disto, o<br />

el<strong>em</strong>ento é <strong>de</strong>scrito por meio <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas <strong>de</strong> volume que possui uma<br />

relação com as coor<strong>de</strong>nadas cartesianas como indicado na Eq. (2.4). Assim<br />

po<strong>de</strong>-se concluir que as coor<strong>de</strong>nadas cartesianas formam o <strong>de</strong>nominado<br />

referencial geral, enquanto as coor<strong>de</strong>nadas <strong>de</strong> volume geram o referencial<br />

local.<br />

⎧x<br />

⎫ ⎡x1<br />

x2<br />

x3<br />

x4<br />

⎤ ⎧ξ1<br />

⎫<br />

⎪ ⎪ ⎢<br />

⎥ ⎪ ⎪<br />

⎪y<br />

⎪ ⎢<br />

y1<br />

y2<br />

y3<br />

y4<br />

⎥ ⎪ξ<br />

2 ⎪<br />

⎨ ⎬ =<br />

⎨ ⎬<br />

⎪z<br />

⎪<br />

⎢ z<br />

⎥<br />

1 z2<br />

z3<br />

z4<br />

⎪ξ<br />

3 ⎪<br />

⎪ ⎪<br />

⎢<br />

⎥<br />

⎩1⎭<br />

⎣ 1 1 1 1 ⎦<br />

⎪<br />

⎩ξ<br />

⎪<br />

4 ⎭<br />

(2.4)


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 53<br />

Funções <strong>de</strong> interpolação<br />

De forma geral, até aqui foram concretizadas as duas primeiras hipóteses<br />

levantadas por Zienkiewicz e Taylor (1994), sendo que a terceira é alcançada<br />

<strong>em</strong> conformida<strong>de</strong> com a afirmativa indicada por Sánchez (2001), on<strong>de</strong> as<br />

funções <strong>de</strong> interpolação ou <strong>de</strong>slocamentos são associadas com o tipo <strong>de</strong><br />

el<strong>em</strong>ento escolhido para representar o contínuo.<br />

As funções assumidas representam aproximadamente a distribuição exata ou<br />

real dos <strong>de</strong>slocamentos. Geralmente, a forma adotada para as funções <strong>de</strong><br />

interpolação é a polinomial, <strong>de</strong>vido à simplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> manipulação mat<strong>em</strong>ática<br />

(Sánchez, 2001).<br />

Assim, é necessária apenas a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> mais dois fatores inter-relacionados<br />

que influenciam as funções <strong>de</strong> interpolação, sendo o grau da função e o tipo<br />

das variáveis <strong>de</strong> campo que <strong>de</strong>screv<strong>em</strong> o mo<strong>de</strong>lo. Normalmente o último fator<br />

é <strong>de</strong>scrito pelos <strong>de</strong>slocamentos nos nós ou suas <strong>de</strong>rivadas. Além disto o<br />

mo<strong>de</strong>lo ainda <strong>de</strong>ve satisfazer certos requisitos que garantam que o resultado<br />

numérico se aproxime da solução correta (Sánchez, 2001).<br />

Azevedo (2003) atenta que as funções <strong>de</strong> interpolação são também<br />

<strong>de</strong>signadas como funções <strong>de</strong> forma (N), estas são <strong>de</strong>finidas para interpolar os<br />

valores nodais para qualquer lugar do el<strong>em</strong>ento e são <strong>de</strong>finidas com as<br />

seguintes características:<br />

• Cada função <strong>de</strong>ve possuir valor unitário no nó que a mesma representa;<br />

• Cada função <strong>de</strong>ve anular-se nos outros nós.<br />

Além disto, Azevedo (2003) mostra que as funções <strong>de</strong> interpolação <strong>de</strong>v<strong>em</strong><br />

respeitar a seguinte proprieda<strong>de</strong> expressa na Eq. (2.5), on<strong>de</strong> o somatório das<br />

funções <strong>de</strong> interpolação para cada nó (i) <strong>de</strong>ve ser igual à unida<strong>de</strong>.<br />

n<br />

∑<br />

i=<br />

1<br />

N<br />

( ) = 1<br />

i x<br />

(2.5)<br />

Pois consi<strong>de</strong>rando um campo <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamentos qualquer como indicado na<br />

Eq. (2.6) e supondo que todos os nós possu<strong>em</strong> o mesmo <strong>de</strong>slocamento, Eq.<br />

(2.7), preten<strong>de</strong>-se que a função interpolada u(x) seja constante <strong>em</strong> todos os<br />

pontos do el<strong>em</strong>ento finito como expresso na Eq. (2.8) (Azevedo, 2003).


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 54<br />

( x)<br />

= N1<br />

( x)<br />

a1<br />

+ N 2 ( x)<br />

a2<br />

+ ... N i ( x)<br />

ai<br />

u +<br />

a = a = ... = ai<br />

= C<br />

1<br />

2<br />

u ( x)<br />

= C<br />

(2.6)<br />

(2.7)<br />

(2.8)<br />

Logo se constitui a Eq. (2.9) da substituição das Eqs. (2.7) e (2.8) na Eq. (2.6),<br />

on<strong>de</strong> se t<strong>em</strong> a confirmação mat<strong>em</strong>ática da proprieda<strong>de</strong> indicada na Eq. (2.5).<br />

( x)<br />

C + N ( x)<br />

C + + N ( x)<br />

C → N ( x)<br />

+ N ( x)<br />

+ ... + N ( ) = 1<br />

C N1<br />

2 ... i<br />

1<br />

2<br />

i<br />

= x<br />

(2.9)<br />

Depois <strong>de</strong> <strong>de</strong>finidas as características e proprieda<strong>de</strong>s das funções <strong>de</strong> forma é<br />

possível <strong>de</strong>terminar as funções <strong>de</strong> interpolação e por inspeção i<strong>de</strong>ntifica-se os<br />

termos da mesma para o el<strong>em</strong>ento mais apropriado ao estudo proposto.<br />

Consi<strong>de</strong>rando agora as duas últimas hipóteses indicadas por Zienkiewicz e<br />

Taylor (1994) é possível a solução nodal do mo<strong>de</strong>lo. Para isto Sánchez (2001)<br />

propõe três passos básicos para a obtenção do resultado numérico das<br />

equações diferenciais.<br />

O primeiro passo é a obtenção da matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z el<strong>em</strong>entar. On<strong>de</strong> a matriz<br />

<strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z é constituída pelos coeficientes das equações <strong>de</strong> equilíbrio <strong>de</strong>rivadas<br />

das proprieda<strong>de</strong>s geométricas e do material <strong>de</strong> um el<strong>em</strong>ento.<br />

Quadratura <strong>de</strong> Gauss<br />

Muitas das integrais que são calculadas no âmbito da aplicação do Método dos<br />

El<strong>em</strong>entos Finitos (MEF) não são triviais ou a primitiva da função integranda<br />

não existe explicitamente ou ainda é <strong>de</strong>masiadamente complicada para<br />

viabilizar a sua utilização prática. Por este motivo é essencial recorrer a<br />

técnicas <strong>de</strong> integração numérica, que também receb<strong>em</strong> a <strong>de</strong>signação <strong>de</strong><br />

quadratura. Para o MEF a técnica da quadratura <strong>de</strong> Gauss é bastante utilizada<br />

(Azevedo, 2003).


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 55<br />

Dada uma integração com limites arbitrários, esta po<strong>de</strong> ser transformada <strong>de</strong><br />

modo que os limites sejam conhecidos e iguais a +1 e –1, com a mudança do<br />

integrando como po<strong>de</strong> ser observado na Eq. (2.10) (Cook et al., 1989).<br />

I =<br />

∫<br />

x2<br />

x1<br />

f dx → f<br />

=<br />

f<br />

+ 1<br />

( x)<br />

torna − se I = φ dξ<br />

→ φ = φ(<br />

ξ )<br />

∫<br />

−1<br />

(2.10)<br />

A função a ser integrada po<strong>de</strong> ser unidimensional, bidimensional ou<br />

tridimensional, on<strong>de</strong> o integrando incorpora a transformação do Jacobiano.<br />

Quando a função a ser integrada é um polinômio o resultado da aplicação<br />

<strong>de</strong>sta metodologia é exato. Assim a integração é obtida pelo somatório <strong>de</strong> cada<br />

ξi para se obter a or<strong>de</strong>nada φi, correspon<strong>de</strong>nte, que é multiplicado por um fator<br />

peso apropriado (Cook et al., 1989).<br />

Desta forma, a integração <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do número <strong>de</strong> nós do el<strong>em</strong>ento, ou seja,<br />

quanto maior o número <strong>de</strong> nós mais precisa será a integração. On<strong>de</strong> o número<br />

n <strong>de</strong> pontos, a ser<strong>em</strong> usados, calcula a integral exata <strong>de</strong> um polinômio <strong>de</strong> grau<br />

até 2n - 1 (Cook et al., 1989).<br />

Quando aplicado à quadratura <strong>de</strong> Gauss ocorre à existência <strong>de</strong> pontos<br />

<strong>de</strong>nominados super convergentes <strong>de</strong> tensão, on<strong>de</strong> o grau <strong>de</strong> exatidão<br />

conseguido no cálculo <strong>de</strong> tensão é o mesmo para os <strong>de</strong>slocamentos. Esta<br />

superconvergência está localizada nos pontos <strong>de</strong> integração uma or<strong>de</strong>m abaixo<br />

a aquela necessária para a integração completa, como indicada no parágrafo<br />

anterior (Cook et al., 1989).<br />

Este fato é possível <strong>de</strong>vido aos modos que permit<strong>em</strong> <strong>de</strong>slocamentos<br />

excessivos produzindo <strong>de</strong>formação nula. As tensões nestes pontos po<strong>de</strong>m ser<br />

interpoladas ou extrapoladas para outros pontos do el<strong>em</strong>ento, on<strong>de</strong> o resultado<br />

obtido é mais exato do que aquele conseguido pela aplicação direta das<br />

equações (Cook et al., 1989).<br />

Montag<strong>em</strong> do conjunto <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos finitos<br />

Uma vez <strong>de</strong>terminado a matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z e o vetor <strong>de</strong> carregamento do<br />

el<strong>em</strong>ento, ou seja, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado todo o conteúdo <strong>de</strong> cada el<strong>em</strong>ento<br />

<strong>de</strong>ve ser feito uma transformação linear <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nadas para o sist<strong>em</strong>a global,<br />

pois é objetivada a solução para o conjunto e não para as partes.


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 56<br />

Isto inclui a montag<strong>em</strong> da matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z global para todo o mo<strong>de</strong>lo a partir<br />

das matrizes <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> cada el<strong>em</strong>ento e do vetor força global a partir dos<br />

vetores <strong>de</strong> força el<strong>em</strong>entar. A base para um método <strong>de</strong> montag<strong>em</strong> é a<br />

exigência da interconexão nodal. Os <strong>de</strong>slocamentos <strong>em</strong> um nó <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser os<br />

mesmos para todos os el<strong>em</strong>entos adjacentes (Sánchez, 2001).<br />

Azevedo (2003) mostra <strong>de</strong> forma clara no capítulo referente à montag<strong>em</strong> <strong>de</strong><br />

el<strong>em</strong>entos finitos como se processam as matrizes <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z e os vetores <strong>de</strong><br />

carregamento. A técnica usada é bastante simples, entretanto para um número<br />

gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos esta é impossível <strong>de</strong> ser mostrada <strong>de</strong>vido ao tamanho<br />

das matrizes. Assim no presente texto é <strong>de</strong>snecessária a explanação <strong>de</strong>talhada<br />

<strong>de</strong>ste procedimento visto que o número <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos é bastante elevado.<br />

Determinação dos <strong>de</strong>slocamentos, tensões e <strong>de</strong>formações do sist<strong>em</strong>a<br />

A solução da Eq. (2.11) torna-se possível <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> montado a matriz <strong>de</strong><br />

rigi<strong>de</strong>z [K] e o vetor <strong>de</strong> carregamento {F} global, que é a expressão mat<strong>em</strong>ática<br />

da Lei <strong>de</strong> Hooke <strong>em</strong> relação aos <strong>de</strong>slocamentos nodais, nos graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong><br />

da estrutura, no referencial geral. Assim, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> acrescentar as condições<br />

<strong>de</strong> apoio é possível resolver o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> equações lineares que daí resulta <strong>em</strong><br />

obter os <strong>de</strong>slocamentos segundo todos os graus <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> da estrutura<br />

(Azevedo, 2003).<br />

{ F } = [ K]{<br />

a}<br />

(2.11)<br />

Em probl<strong>em</strong>as lineares, a solução para os <strong>de</strong>slocamentos <strong>de</strong>sconhecidos é<br />

uma aplicação relativamente direta das técnicas <strong>de</strong> álgebra linear. Entretanto,<br />

para probl<strong>em</strong>as não-lineares, as soluções <strong>de</strong>sejadas são obtidas por uma<br />

seqüência <strong>de</strong> passos, cada qual envolvendo a modificação da matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z<br />

e/ou do vetor força (Sánchez, 2001).<br />

Em certos casos, como a <strong>de</strong>formação <strong>de</strong> corpos elásticos, os <strong>de</strong>slocamentos<br />

nodais são as variáveis <strong>em</strong> estudo para a solução (Sánchez, 2001). Entretanto<br />

no âmbito da engenharia; o método dos el<strong>em</strong>entos finitos ou probl<strong>em</strong>a<br />

continuum t<strong>em</strong> como objetivo a <strong>de</strong>terminação do estado <strong>de</strong> tensão e <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>formação <strong>de</strong> um sólido <strong>de</strong> geometria arbitrária sujeito a ações exteriores<br />

(Azevedo, 2003).


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 57<br />

Inicialmente, no conjunto a ser estudado são conhecidas apenas às condições<br />

<strong>de</strong> contorno e iniciais, sendo que as mesmas estão representadas num sist<strong>em</strong>a<br />

global. Desta forma, é usada uma matriz <strong>de</strong> transformação para que a<br />

representação <strong>de</strong>stas condições, também conhecidas como condições <strong>de</strong><br />

apoio, sejam feitas <strong>em</strong> nível dos el<strong>em</strong>entos, ou seja, no sist<strong>em</strong>a local.<br />

A indicação <strong>de</strong> todas as possíveis condições <strong>de</strong> contorno e iniciais do sist<strong>em</strong>a<br />

a ser<strong>em</strong> simuladas, além da caracterização dos materiais envolvidos no<br />

processo, é fato essencial para garantir a possível convergência da análise por<br />

el<strong>em</strong>entos finitos. Pois o programa computacional <strong>de</strong>ve processar o probl<strong>em</strong>a<br />

<strong>de</strong> modo fiel ao processo do fenômeno físico e com isso a obtenção da solução<br />

será o mais próxima da realida<strong>de</strong>.<br />

Para <strong>de</strong>terminar as <strong>de</strong>formações presentes <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um el<strong>em</strong>ento t<strong>em</strong>-se um<br />

procedimento parecido com a obtenção dos <strong>de</strong>slocamentos, sendo que o<br />

primeiro passo é transferir os <strong>de</strong>slocamentos nodais para um ponto qualquer<br />

interno ao el<strong>em</strong>ento, utilizando as funções <strong>de</strong> interpolação ou <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento<br />

e aplicar a teoria da elasticida<strong>de</strong> como formulado na Eq. (2.12) (Sánchez,<br />

2001).<br />

⎧<br />

⎪<br />

⎪<br />

⎪<br />

⎪<br />

⎪<br />

⎫<br />

⎪<br />

⎪<br />

⎪<br />

⎪<br />

⎪<br />

⎪ ⎪<br />

⎨ ∂ ∂ ⎬<br />

⎪ + ⎪<br />

⎪ ∂ ∂ ⎪<br />

⎪∂<br />

∂ ⎪<br />

⎪ +<br />

∂ ∂<br />

⎪<br />

⎪ ⎪<br />

⎪∂<br />

∂<br />

+ ⎪<br />

⎪⎩<br />

∂ ∂ ⎪⎭<br />

∂<br />

⎧ ⎫<br />

⎪ ⎪<br />

⎪ ⎪<br />

∂<br />

∂<br />

∂<br />

∂<br />

∂<br />

⎪ ⎪<br />

= ⎨ ⎬ =<br />

u v<br />

⎪ ⎪<br />

⎪ ⎪ y x<br />

⎪ ⎪ v w<br />

⎪⎩<br />

⎪⎭<br />

z y<br />

w u<br />

x z<br />

z<br />

ε XX<br />

ε YY<br />

u<br />

x<br />

v<br />

y<br />

w<br />

ε ZZ<br />

ε<br />

ε XY<br />

ε XZ<br />

ε YZ<br />

(2.12)<br />

Entretanto, a formulação utilizada para <strong>de</strong>terminar a matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z nodal<br />

po<strong>de</strong> ser usada para a <strong>de</strong>terminação da <strong>de</strong>formação do conjunto por meio das<br />

funções <strong>de</strong> interpolação ou mais especificamente utilizando a matriz composta<br />

das <strong>de</strong>rivadas parciais do campo <strong>de</strong> variáveis da função <strong>de</strong> forma, on<strong>de</strong> o vetor<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>formação é produzido por meio do uso direto dos <strong>de</strong>slocamentos nodais.


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 58<br />

Também pela teoria da elasticida<strong>de</strong> a relação tensão-<strong>de</strong>formação, ou também<br />

conhecida relação constitutiva é indicada pela Eq. (2.13); sendo esta uma<br />

variação do equacionamento básico da Lei <strong>de</strong> Hooke.<br />

⎧σ<br />

XX ⎫<br />

⎪<br />

σ<br />

⎪<br />

⎪ YY ⎪<br />

⎪σ<br />

⎪ ZZ<br />

σ = ⎨ ⎬ = D<br />

⎪τ<br />

XY ⎪<br />

⎪τ<br />

⎪<br />

XZ<br />

⎪ ⎪<br />

⎪⎩<br />

τ YZ ⎪⎭<br />

[ ]{} ε<br />

(2.13)<br />

Indicada na Eq. (2.14), a matriz constitutiva [D] é composta pelo módulo <strong>de</strong><br />

elasticida<strong>de</strong> (E) e coeficiente <strong>de</strong> Poisson (ν) do material, consi<strong>de</strong>rando o<br />

mesmo isotrópico.<br />

D =<br />

E(<br />

1−ν<br />

)<br />

( 1+<br />

ν )( 1−<br />

2ν<br />

)<br />

⎡<br />

⎢<br />

1<br />

⎢<br />

⎢<br />

⎢<br />

⎢<br />

⎢<br />

⎢<br />

⎢<br />

⎢<br />

⎢<br />

⎢<br />

⎢<br />

⎢⎣<br />

ν<br />

ν<br />

( 1−ν<br />

) ( 1−ν<br />

)<br />

1<br />

simétrica<br />

ν<br />

( 1−ν<br />

)<br />

1<br />

0<br />

0<br />

0<br />

( 1−<br />

2ν<br />

)<br />

2(<br />

1−ν<br />

)<br />

0<br />

0<br />

0<br />

0<br />

( 1−<br />

2ν<br />

)<br />

2(<br />

1−ν<br />

)<br />

0<br />

0<br />

0<br />

0<br />

0<br />

( 1−<br />

2ν<br />

)<br />

⎤<br />

( )⎥ ⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥⎥<br />

2 1−ν<br />

⎦<br />

(2.14)<br />

Depois <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminado o vetor <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação e <strong>de</strong> tensão t<strong>em</strong> a etapa<br />

<strong>de</strong>nominada como pós-processamento que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> somente das<br />

necessida<strong>de</strong>s da mo<strong>de</strong>lag<strong>em</strong>, ou seja, é possível obter dados como (Sánchez,<br />

2001):<br />

• Deslocamentos nodais;<br />

• Deformações da geometria;<br />

• Gradientes <strong>de</strong> tensão <strong>de</strong> acordo com o critério <strong>de</strong> resistência escolhido;<br />

• Gradientes <strong>de</strong> t<strong>em</strong>peratura;<br />

• Deslocamentos nodais ao longo do t<strong>em</strong>po;<br />

• Freqüências naturais e modos <strong>de</strong> vibração da estrutura.


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 59<br />

2.2.3.2- Análise não-linear<br />

Na análise linear têm-se algumas hipóteses que muitas vezes não po<strong>de</strong>m ser<br />

levadas <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração, pois estas levam a um nível elevado <strong>de</strong> erro na<br />

simulação por não conseguir mo<strong>de</strong>lar a natureza do caso estudado.<br />

Sánchez (2001) cita Bathe (1996) que afirma que a não linearida<strong>de</strong> ocorre por<br />

várias causas, as quais po<strong>de</strong>m ser agrupadas <strong>em</strong> três modalida<strong>de</strong>s:<br />

1. Não linearida<strong>de</strong> geométrica, ou seja, gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>slocamentos,<br />

<strong>de</strong>formações e rotações que ocorr<strong>em</strong> no processo;<br />

2. Não linearida<strong>de</strong> <strong>de</strong> material, <strong>de</strong>vido ao caráter inelástico que caracteriza<br />

as <strong>de</strong>formações do material;<br />

3. Caráter não linear das condições <strong>de</strong> contorno imposto pela interação<br />

(contato e atrito).<br />

Na formulação, basicamente, o caráter não-linear produz uma matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do <strong>de</strong>slocamento ou <strong>de</strong> suas <strong>de</strong>rivadas. Assim a formulação da Lei<br />

<strong>de</strong> Hooke se modifica conforme indicado na Eq. (2.15).<br />

[ K ( x(<br />

t)<br />

) ] { x(<br />

t)<br />

} = { F(<br />

t)<br />

}<br />

(2.15)<br />

Desta forma, a seguir são consi<strong>de</strong>ras as modalida<strong>de</strong>s referentes ao material e<br />

as condições <strong>de</strong> contorno que estão presentes no seguinte trabalho.<br />

Não linearida<strong>de</strong> <strong>de</strong> material<br />

Neste it<strong>em</strong>, a referência do tutorial Marc (2003) é consi<strong>de</strong>rada como base para<br />

a <strong>de</strong>finição e formulação da não linearida<strong>de</strong> do material.<br />

O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> material linear elástico é o mais comumente utilizado para<br />

representar materiais da engenharia. Neste consi<strong>de</strong>ra-se uma relação linear<br />

entre a tensão e a <strong>de</strong>formação, como mat<strong>em</strong>aticamente indicado na Lei <strong>de</strong><br />

Hooke. A razão da tensão pela <strong>de</strong>formação é a conhecida <strong>de</strong>finição do módulo<br />

<strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> ou módulo <strong>de</strong> Young <strong>de</strong> um material, on<strong>de</strong> E (módulo <strong>de</strong><br />

elasticida<strong>de</strong>) é igual à tensão axial dividida pela <strong>de</strong>formação axial. Assim, na<br />

prática percebe-se a tensão proporcional à <strong>de</strong>formação <strong>em</strong> um ensaio <strong>de</strong>


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 60<br />

tração uniaxial, entretanto esta hipótese não po<strong>de</strong> ser levada para outros tipos<br />

<strong>de</strong> esforços quando o comportamento do material é relevante.<br />

Na prática, entretanto, percebe-se que a hipótese da proporção entre a tensão<br />

e a <strong>de</strong>formação não po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada s<strong>em</strong> perda <strong>de</strong> confiabilida<strong>de</strong> quando<br />

o comportamento do material é bastante relevante. Assim, para a mo<strong>de</strong>lag<strong>em</strong><br />

<strong>de</strong>stes materiais têm-se os <strong>de</strong>nominados materiais não-elásticos. Se a tensão<br />

que o material está submetido é menor que a tensão <strong>de</strong> escoamento,<br />

consi<strong>de</strong>ra-se que o material comporta-se elasticamente e assim a tensão é<br />

proporcional à <strong>de</strong>formação. Mas se a tensão for maior que o limite <strong>de</strong><br />

escoamento, o material não exibe o comportamento elástico e a relação<br />

tensão-<strong>de</strong>formação torna-se não linear. Na Figura 2.21 t<strong>em</strong>-se a representação<br />

da curva tensão-<strong>de</strong>formação tipicamente uniaxial, on<strong>de</strong> ambas regiões elástica<br />

e plástica são indicadas.<br />

Figura 2.21 - Curva típica da relação tensão-<strong>de</strong>formação (Marc, 2003).<br />

Figura 2.22 - Representação esqu<strong>em</strong>ática <strong>de</strong> carregamento e <strong>de</strong>scarregamento <strong>em</strong> um teste<br />

uniaxial (Marc, 2003).<br />

Como ilustrado na Fig. 2.21, <strong>de</strong>ntro da região elástica a relação entre a tensão<br />

e a <strong>de</strong>formação é única. Mas, olhando agora a Fig. 2.22, se a tensão no


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 61<br />

material é aumentada <strong>de</strong> zero (ponto zero) para a tensão σ1 (ponto 1) e <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong>scarregada novamente para zero, a <strong>de</strong>formação no material é também<br />

aumentada <strong>de</strong> zero para ε1 e então retorna para zero. A <strong>de</strong>formação elástica é<br />

completamente recuperada sobre a liberação <strong>de</strong> tensão no material.<br />

Esta situação <strong>de</strong> carregamento e <strong>de</strong>scarregamento na região plástica é<br />

diferente do comportamento elástico, como po<strong>de</strong> ser visto na Fig. 2.22. Se o<br />

material é submetido a uma tensão acima do escoamento como aquela do<br />

ponto 2, on<strong>de</strong> a tensão do material é σ2 e a <strong>de</strong>formação total é ε2, após a<br />

liberação da tensão no material a <strong>de</strong>formação elástica, ε e 2, é completamente<br />

recuperada. Entretanto, a <strong>de</strong>formação não-elástica ou plástica, ε p 2, permanece<br />

no material. Similarmente, se o material é carregado até o ponto três e <strong>de</strong>pois<br />

<strong>de</strong>scarregado para o estado <strong>de</strong> tensão zero, a <strong>de</strong>formação plástica permanece<br />

no material, <strong>em</strong>bora com um valor diferente ao anterior. Desta forma, po<strong>de</strong>-se<br />

concluir que na região não-elástica:<br />

A <strong>de</strong>formação plástica é permanente no material mesmo sobre a<br />

r<strong>em</strong>oção da tensão;<br />

A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação plástica restante no material é <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte<br />

do nível <strong>de</strong> tensão ao qual o mesmo é submetido.<br />

Relações constitutivas <strong>de</strong> um material não-linear<br />

As relações constitutivas <strong>de</strong>screv<strong>em</strong> a relação tensão-<strong>de</strong>formação incr<strong>em</strong>ental<br />

para um material elastoplástico. O comportamento do material é governado<br />

pela teoria incr<strong>em</strong>ental da plasticida<strong>de</strong>, pelo critério <strong>de</strong> escoamento <strong>de</strong> von<br />

Mises e a regra <strong>de</strong> escoamento isotrópico (Marc, 2003).<br />

dσ<br />

H = p<br />

dε<br />

(2.16)<br />

Consi<strong>de</strong>rando que o coeficiente <strong>de</strong> escoamento po<strong>de</strong> ser expresso como na<br />

Eq. (2.16) e a regra <strong>de</strong> fluxo como na Eq. (2.17).<br />

p p ⎧dσ<br />

⎫<br />

dε<br />

= dε<br />

⎨ ⎬<br />

⎩ dσ<br />

⎭<br />

(2.17)


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 62<br />

Na Eq. (2.18) t<strong>em</strong>-se expresso a lei da tensão-<strong>de</strong>formação consi<strong>de</strong>rando a<br />

forma diferencial, com a <strong>de</strong>formação plástica interpretada como uma<br />

<strong>de</strong>formação inicial (Marc, 2003). On<strong>de</strong> C é a matriz <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong> <strong>de</strong>finida<br />

pela Lei <strong>de</strong> Hooke e é similar a matriz constitutiva indicada na Eq. (2.14).<br />

p<br />

p ⎧dσ<br />

⎫<br />

dσ<br />

= C : dε<br />

− C : dε<br />

= C : dε<br />

− C : dε<br />

⎨ ⎬<br />

⎩dσ<br />

⎭<br />

(2.18)<br />

Levando-se a Eq. (2.17) e contraindo-se ∂ σ ∂σ<br />

na Eq. (2.18) t<strong>em</strong>-se<br />

produzido o equacionamento indicado na Eq. (2.19).<br />

⎧∂σ<br />

⎫ ⎧∂σ<br />

⎫ ⎧∂σ<br />

⎫ ⎧∂σ<br />

⎫<br />

⎨ ⎬ : dσ = ⎨ ⎬ : C : dε<br />

− ⎨ ⎬ : C : ⎨ ⎬dε<br />

⎩∂σ<br />

⎭ ⎩∂σ<br />

⎭ ⎩∂σ<br />

⎭ ⎩∂σ<br />

⎭<br />

p<br />

(2.19)<br />

Olhando-se a formulação anterior e levando-se <strong>em</strong> consi<strong>de</strong>ração a igualda<strong>de</strong><br />

indicada na Eq. (2.20), torna-se possível relacionar o coeficiente <strong>de</strong><br />

escoamento por meio da Eq. (2.16) produzindo a Eq. (2.21).<br />

∂σ<br />

d σ = : dσ<br />

∂σ<br />

⎧∂σ<br />

⎫ ⎧∂σ<br />

⎫ ⎧∂σ<br />

⎫<br />

= ⎨ ⎬ : : − ⎨ ⎬ : : ⎨ ⎬<br />

⎩∂σ<br />

⎭ ⎩∂σ<br />

⎭ ⎩∂σ<br />

⎭<br />

p<br />

p<br />

Hdε C dε<br />

C dε<br />

Por rearranjo t<strong>em</strong>-se expresso a formulação anterior por meio da Eq. (2.22).<br />

⎧∂σ<br />

⎫<br />

⎨ ⎬ C dε<br />

⎩∂σ<br />

dε =<br />

⎭<br />

⎧∂σ<br />

⎫ ⎧dσ<br />

⎫<br />

H + ⎨ ⎬ C ⎨ ⎬<br />

⎩∂σ<br />

⎭ ⎩dσ<br />

⎭<br />

p<br />

: :<br />

: :<br />

(2.20)<br />

(2.21)<br />

(2.22)<br />

Finalmente substituindo a expressão indicada na Eq. (2.18) na formulação<br />

acima é possível produzir a Eq. (2.23). On<strong>de</strong> L ep é o módulo elastoplástico da<br />

pequena <strong>de</strong>formação tangente e é indicado mat<strong>em</strong>aticamente na Eq. (2.24)<br />

(Marc, 2003).


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 63<br />

2.2.3.3- Contato<br />

L ep<br />

ep<br />

dσ<br />

= L : dε<br />

⎛ ∂σ<br />

⎞ ⎛ ∂σ<br />

⎞<br />

⎜C<br />

: ⎟ ⊗ ⎜C<br />

: ⎟<br />

⎝ ∂σ<br />

⎠ ⎝ ∂σ<br />

= C −<br />

⎠<br />

⎛ ∂σ<br />

⎞ ⎛ ∂σ<br />

⎞<br />

H + ⎜ ⎟ : C : ⎜ ⎟<br />

⎝ ∂σ<br />

⎠ ⎝ ∂σ<br />

⎠<br />

(2.23)<br />

(2.24)<br />

A simulação <strong>de</strong> vários probl<strong>em</strong>as físicos requer a habilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lar o<br />

fenômeno <strong>de</strong> contato. Entretanto, esta análise é consi<strong>de</strong>rada complexa <strong>de</strong>vido<br />

à exatidão requerida para o movimento múltiplo da geometria dos corpos<br />

envolvidos, além do movimento <strong>de</strong>vido à interação dos corpos <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

ocorrido o contato (Marc, 2003).<br />

No trabalho <strong>em</strong> questão são consi<strong>de</strong>rados dois corpos <strong>de</strong>formáveis que estão<br />

<strong>em</strong> contato, on<strong>de</strong> os programas computacionais consi<strong>de</strong>ram três aspectos<br />

básicos para este tipo <strong>de</strong> corpo (Marc, 2003):<br />

1. O el<strong>em</strong>ento no qual o corpo é constituído;<br />

2. Os nós nas superfícies externas que produz<strong>em</strong> o contato <strong>em</strong> outro corpo<br />

ou nele mesmo. Estes nós são tratados como potenciais nós <strong>de</strong> contato;<br />

3. As faces na qual <strong>de</strong>screv<strong>em</strong> a superfície externa na qual um nó sobre<br />

outro corpo ou nele mesmo faz o possível contato. Estas faces são<br />

tratadas como um possível segmento <strong>de</strong> contato.<br />

Desta feita, uma vez o el<strong>em</strong>ento discretizado t<strong>em</strong>-se uma estratégia para a<br />

<strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> contato. Marc (2003) narra que durante o procedimento<br />

incr<strong>em</strong>ental, cada nó <strong>de</strong> contato <strong>em</strong> potencial é checado se está próximo <strong>de</strong><br />

um outro segmento <strong>de</strong> contato. Uma vez <strong>em</strong> contato checa-se o movimento<br />

dos nós para ver se há penetração numa superfície. Durante este processo não<br />

há exatamente uma superfície <strong>de</strong> contato, mas sim uma região <strong>de</strong> tolerância<br />

que é associada com cada superfície.<br />

Logo se um nó está <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma região <strong>de</strong> tolerância <strong>de</strong> contato, este é<br />

consi<strong>de</strong>rado estar <strong>em</strong> contato com o segmento. Usualmente, a tolerância é


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 64<br />

calculada usando uma relação entre o menor lado ou espessura dos el<strong>em</strong>entos<br />

que compõe o conjunto.<br />

Sánchez (2001) indica dois métodos <strong>de</strong> contato b<strong>em</strong> estabelecidos na literatura<br />

e nos programas comerciais <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos finitos, sendo estes o método <strong>de</strong><br />

multiplicadores <strong>de</strong> Lagrange e o método <strong>de</strong> penalização.<br />

Na execução da análise <strong>de</strong> contato pelo método <strong>de</strong> multiplicadores <strong>de</strong><br />

Lagrange t<strong>em</strong>-se na solução uma minimização do probl<strong>em</strong>a <strong>de</strong> restrição, on<strong>de</strong><br />

a mesma é a da não penetração quando dois corpos estão <strong>em</strong> contato (Marc,<br />

2003).<br />

A técnica do multiplicador <strong>de</strong> Lagrange é o procedimento mais elegante na<br />

aplicação <strong>de</strong> restrições mat<strong>em</strong>áticas <strong>em</strong> um sist<strong>em</strong>a. Infelizmente, este método<br />

produz dificulda<strong>de</strong>s numéricas ao procedimento computacional, as suas<br />

inclusões resultam <strong>em</strong> uma <strong>de</strong>finição não positiva do sist<strong>em</strong>a mat<strong>em</strong>ático. Isto<br />

impõe operações adicionais para assegurar exatidão e solução estável,<br />

conseqüent<strong>em</strong>ente produzindo alto custo computacional. Uma outra barreira da<br />

utilização <strong>de</strong>ste método é a não existência <strong>de</strong> massa associada com o grau <strong>de</strong><br />

liberda<strong>de</strong> do multiplicador <strong>de</strong> Lagrange (Marc, 2003).<br />

Assim, uma saída razoável é o uso do método <strong>de</strong> penalização. Efetivamente, o<br />

procedimento restringe o movimento aplicando uma penalida<strong>de</strong> para a<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> penetração que ocorrer. A escolha do valor <strong>de</strong> penalida<strong>de</strong> po<strong>de</strong><br />

também ter um efeito prejudicial na estabilida<strong>de</strong> numérica do procedimento <strong>de</strong><br />

solução global (Marc, 2003).<br />

Mat<strong>em</strong>aticamente, Bathe (1996) formaliza o método <strong>de</strong> penalização como<br />

indicado na Eq. (2.25), on<strong>de</strong> α é uma constante <strong>de</strong> magnitu<strong>de</strong> relativamente<br />

gran<strong>de</strong>, α >> max (kii).<br />

( ) 2 *<br />

U U<br />

1 T<br />

T α<br />

Π = U KU −U<br />

R + i −<br />

2<br />

2<br />

i<br />

(2.25)<br />

Consi<strong>de</strong>rando a condição δΠ = 0 a Eq. (2.25) transforma-se no<br />

equacionamento visto na Eq. (2.26) e esta po<strong>de</strong> ser simplificada como na Eq.<br />

(2.27). On<strong>de</strong> ei é um vetor com todos os el<strong>em</strong>entos igual a zero, exceto o<br />

el<strong>em</strong>ento da posição i que <strong>de</strong>ve ser igual a 1 (Bathe, 1996).


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 65<br />

* ( U −U<br />

) U = 0<br />

T<br />

T<br />

δ U KU − δU<br />

R + α i i δ i<br />

T<br />

*<br />

( K + α eiei<br />

) U = R + αU<br />

i ei<br />

(2.26)<br />

(2.27)<br />

Assim, usando esta técnica, um alto valor é adicionado para o enésimo<br />

el<strong>em</strong>ento da diagonal <strong>de</strong> K e uma força correspon<strong>de</strong>nte é também adicionada<br />

<strong>de</strong> forma que o requerido <strong>de</strong>slocamento Ui é aproximado para o <strong>de</strong>slocamento<br />

do grau <strong>de</strong> liberda<strong>de</strong> U * i (Bathe, 1996).<br />

A impl<strong>em</strong>entação <strong>de</strong> restrições se dá quando um nó <strong>de</strong> um corpo <strong>de</strong>formável<br />

entra <strong>em</strong> contato com um outro corpo <strong>de</strong>formável e uma restrição <strong>de</strong> multiponto<br />

é automaticamente imposta. L<strong>em</strong>brando que as faces externas dos outros<br />

corpos <strong>de</strong>formáveis são conhecidas e uma expressão <strong>de</strong> restrição é formada.<br />

Para a análise 3D (tetragonal), o número <strong>de</strong> nós retidos é sete. A equação <strong>de</strong><br />

restrição é tal que o nó contatado <strong>de</strong>ve ser hábil para <strong>de</strong>slizar sobre o<br />

segmento <strong>de</strong> contato, sujeitando para a corrente condição <strong>de</strong> atrito. Isto produz<br />

uma não-homogênea e não-linear equação <strong>de</strong> restrição. Assim, um nó<br />

contatado é forçado a estar sobre o segmento <strong>de</strong> contato. Isto po<strong>de</strong> introduzir<br />

in<strong>de</strong>sejável mudança <strong>de</strong> tensão, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que uma pequena lacuna ou envoltória<br />

entre o nó e o segmento contatado esteja próxima (Marc, 2003).<br />

Formulação <strong>de</strong> contato<br />

Para formular a condição <strong>de</strong> contato é necessário anteriormente <strong>de</strong>finir o<br />

princípio do trabalho virtual que serve <strong>de</strong> ferramenta para tal equacionamento.<br />

Consi<strong>de</strong>ra-se um corpo sujeito a um conjunto <strong>de</strong> forças <strong>de</strong> volume e <strong>de</strong><br />

superfície que lhe provocam uma <strong>de</strong>formação. Com base no seu estado <strong>de</strong><br />

equilíbrio estático, a configuração do corpo é modificada por um conjunto <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>slocamentos b<strong>em</strong> pequenos e compatíveis com as condições <strong>de</strong> contorno,<br />

que se <strong>de</strong>signam <strong>de</strong>slocamentos virtuais.<br />

O princípio dos trabalhos virtuais ou princípio dos <strong>de</strong>slocamentos virtuais<br />

estabelece que o trabalho realizado pelas tensões internas na <strong>de</strong>formação<br />

virtual do corpo é igual ao trabalho realizado pelas forças externas nos


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 66<br />

<strong>de</strong>slocamentos virtuais dos seus pontos <strong>de</strong> aplicação. De um modo mais<br />

simplista é comum afirmar que o trabalho interno <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação é igual ao<br />

trabalho externo das forças aplicadas (Azevedo, 2003).<br />

Assim, por meio do princípio do trabalho virtual, consi<strong>de</strong>rando N corpos <strong>em</strong><br />

contato por um certo t<strong>em</strong>po t po<strong>de</strong>-se formular o comportamento <strong>de</strong> contato,<br />

conforme a Eq. (2.28). On<strong>de</strong> as componentes trativas <strong>de</strong> contato são<br />

<strong>de</strong>notadas como<br />

t f c i e estas ag<strong>em</strong> sobre as áreas<br />

t Sc, enquanto as<br />

componentes trativas externamente aplicadas são <strong>de</strong>notadas como t f s i e ag<strong>em</strong><br />

sobre as áreas t Sf (Bathe, 1996).<br />

N<br />

t<br />

t<br />

{ τ ij δ t eij<br />

d V }<br />

t<br />

N<br />

⎧<br />

⎩<br />

t B t<br />

S t S t<br />

∑ ∫<br />

= ∑⎨∫ δui<br />

f i d V + ∫ δui<br />

f i d S⎬<br />

+<br />

t<br />

t ∑∫t<br />

V<br />

V S f<br />

L=<br />

1 L=<br />

1 L=<br />

1<br />

⎫<br />

⎭<br />

N<br />

S<br />

c<br />

δu<br />

f<br />

c t c<br />

i i<br />

d<br />

t<br />

S<br />

(2.28)<br />

Esqu<strong>em</strong>aticamente na Fig. 2.23 t<strong>em</strong>-se a ilustração do caso <strong>de</strong> dois corpos <strong>em</strong><br />

contato, entretanto o conceito apresentado po<strong>de</strong> ser diretamente generalizado<br />

para múltiplos corpos.<br />

Figura 2.23 - Corpos <strong>em</strong> contato por um certo t<strong>em</strong>po t (Bathe, 1996).<br />

A formulação <strong>de</strong> contato <strong>de</strong>ve possuir uma habilida<strong>de</strong> tal que qualquer<br />

mudança na posição dos nós <strong>de</strong>ve ser sensível para a alteração do<br />

equacionamento relevante. Ou seja, quando o contato <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> acontecer<br />

ocorre à formulação <strong>de</strong> separação, ou mesmo quando há movimento relativo<br />

t<strong>em</strong>-se o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> atrito e quando um corpo aproxima bastante <strong>de</strong> outro <strong>de</strong>ve<br />

prevalecer à formulação <strong>de</strong> penetração.<br />

Depois que um nó entra <strong>em</strong> contato com uma superfície é possível que este se<br />

separe <strong>em</strong> um subseqüente iteração ou incr<strong>em</strong>ento. Mat<strong>em</strong>aticamente, um nó


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 67<br />

po<strong>de</strong> separar-se quando a força <strong>de</strong> reação entre o nó e a superfície torna-se<br />

tensiva ou positiva. Fisicamente, consi<strong>de</strong>ra-se que um nó po<strong>de</strong> separar-se<br />

quando a força tensiva ou a tensão normal exceda a tensão superficial.<br />

Particularmente <strong>em</strong> comparação a uma exata <strong>de</strong>finição mat<strong>em</strong>ática, po<strong>de</strong>-se<br />

entrar com uma força ou tensão nodal. A separação também po<strong>de</strong> ser baseada<br />

pela força ou tensão nodal. O uso do método da tensão nodal é recomendado<br />

para que a influência do tamanho do el<strong>em</strong>ento seja eliminada (Marc, 2003).<br />

Quando o contato ocorre no método iterativo <strong>de</strong> penetração uma alternativa<br />

para o subincr<strong>em</strong>ento ou a redução do passo <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> incr<strong>em</strong>ento é<br />

produzida. Usando este procedimento, o processo iterativo é feito<br />

simultaneamente para satisfazer as restrições <strong>de</strong> contato e o equilíbrio global<br />

usando o procedimento <strong>de</strong> Newton-Raphson (Marc, 2003).<br />

No método <strong>de</strong> Newton-Rapshon, é realizado um processo iterativo <strong>em</strong> que a<br />

posição dos nós é ajustada a cada iteração, partindo <strong>de</strong> uma configuração<br />

inicial arbitrada, até a convergência, quando se atinge a configuração final <strong>de</strong><br />

equilíbrio (Freire, 2003).<br />

É importante <strong>de</strong>stacar uma característica do método Newton-Rapshon; a cada<br />

iteração é calculada uma nova matriz rigi<strong>de</strong>z. Isto implica <strong>em</strong> formação e<br />

triangularização da matriz rigi<strong>de</strong>z e requer um t<strong>em</strong>po consi<strong>de</strong>rável<br />

computacional para o processo <strong>de</strong> cálculo da solução. Se o número <strong>de</strong><br />

el<strong>em</strong>entos usados na composição estrutura for elevado, o custo computacional<br />

no processamento <strong>de</strong>ssas matrizes <strong>em</strong> cada iteração será alto (Freire, 2003).<br />

Num processo <strong>de</strong> iteração convencional o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos finitos calcula<br />

para cada iteração a seguinte expressão indicada na Eq. (2.29), on<strong>de</strong> K T é a<br />

transformada (tangente) da matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z e Ri-1 são os resíduos baseados<br />

no <strong>de</strong>slocamento da iteração anterior (Marc, 2003).<br />

T<br />

K δ ui<br />

= Ri−1<br />

(2.29)<br />

Usando o método <strong>de</strong> penetração iterativo K T se baseia sobre a condição da<br />

iteração sobre a perspectiva da restrição e atrito. Além disto, após obtida a<br />

solução para δui, o procedimento <strong>de</strong> contato é usado para <strong>de</strong>terminar se nova<br />

penetração irá ocorrer. Se, pelo menos, um nó penetra uma superfície <strong>de</strong>


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 68<br />

contato, um fator escalar é aplicado para a mudança no <strong>de</strong>slocamento tal que o<br />

nó que penetrou é movido para fora da superfície <strong>de</strong> contato. Este<br />

procedimento po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado um tipo <strong>de</strong> linha <strong>de</strong> investigação.<br />

Consi<strong>de</strong>rando que s é uma fração <strong>de</strong> δui tal que nenhuma nova penetração<br />

ocorra, o incr<strong>em</strong>ento do <strong>de</strong>slocamento então torna-se como expresso na Eq.<br />

(2.30) e o total <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento é formulada na Eq. (2.31) (Marc, 2003).<br />

∆ i = ∆U<br />

i−1<br />

U + sδ<br />

u<br />

n n−1<br />

U = ∆U<br />

+ ∆<br />

U<br />

i<br />

i<br />

(2.30)<br />

(2.31)<br />

As tensões, <strong>de</strong>formações e resíduos são baseados pelas quantida<strong>de</strong>s<br />

anteriores e a separação é baseada por esses valores. Quando o equilíbrio<br />

global é alcançado, baseado sobre os critérios do usuário, a solução progri<strong>de</strong><br />

para o próximo incr<strong>em</strong>ento. Porque o procedimento po<strong>de</strong> reduzir a mudança<br />

<strong>em</strong> <strong>de</strong>slocamento, isto po<strong>de</strong> requerer mais iterações para completar um<br />

incr<strong>em</strong>ento. Isto é importante para assegurar que o número máximo permitido<br />

<strong>de</strong> iterações para completar um incr<strong>em</strong>ento é colocado para um valor<br />

suficient<strong>em</strong>ente alto (Marc, 2003).<br />

Mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> atrito<br />

Atrito é um fenômeno físico complexo que envolve características da superfície,<br />

como a rugosida<strong>de</strong>, t<strong>em</strong>peratura, tensão normal e velocida<strong>de</strong> relativa. A atual<br />

representação física e numérica do atrito t<strong>em</strong> sido continuamente pesquisada.<br />

O mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> atrito mais popular é o conhecido como mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> atrito <strong>de</strong><br />

Coulomb (Marc, 2003).<br />

O mo<strong>de</strong>lo do atrito <strong>de</strong> Coulomb po<strong>de</strong> ser caracterizado por duas formulações,<br />

Eqs. (2.32) e (2.33). Sendo que a primeira indica a formulação <strong>de</strong><br />

escorregamento e a segunda <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são (Marc, 2003).<br />

σ < µ σ<br />

t<br />

n<br />

( escorregamento)<br />

(2.32)


Capítulo 2 - Revisão bibliográfica 69<br />

σ = −µ<br />

σ t<br />

t<br />

n<br />

( a<strong>de</strong>são)<br />

Consi<strong>de</strong>rando as equações anteriores t<strong>em</strong>-se (Marc, 2003):<br />

• σ t é a tensão tangencial;<br />

• σ n é a tensão normal;<br />

• µ é o coeficiente <strong>de</strong> atrito;<br />

(2.33)<br />

• t é o vetor tangencial na direção da velocida<strong>de</strong> relativa <strong>de</strong><br />

escorregamento (νr)<br />

e po<strong>de</strong> ser calculado por meio da Eq. (2.34).<br />

ν r<br />

t =<br />

ν<br />

r<br />

(2.34)<br />

Similarmente, o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Coulomb po<strong>de</strong> também ser expresso <strong>em</strong> termos da<br />

força nodal <strong>em</strong> vez da tensão. Quando o atrito <strong>de</strong> Coulomb é baseado pelo<br />

mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> tensão, os pontos <strong>de</strong> integração <strong>de</strong> tensão são primeiramente<br />

extrapolados para o ponto nodal e então transformado, <strong>de</strong> modo que uma<br />

componente diretora é normal à superfície <strong>de</strong> contato. Dado esta tensão<br />

normal e a relativa velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escorregamento, a tensão tangencial é então<br />

avaliada e uma força consistente nodal é calculada. Para um el<strong>em</strong>ento<br />

contínuo, ambos os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> atrito baseados <strong>em</strong> força ou tensão po<strong>de</strong>m ser<br />

usados (Marc, 2003).<br />

Quando a força ou a tensão normal torna-se gran<strong>de</strong>, o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> atrito <strong>de</strong><br />

Coulomb po<strong>de</strong> não se correlacionar b<strong>em</strong> com a observação experimental. Isto<br />

é causado pelo fato que o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Coulomb prediz que a tensão cisalhante<br />

<strong>de</strong> atrito aumenta para um nível que po<strong>de</strong> exce<strong>de</strong>r o nível <strong>de</strong> falha do material.<br />

As escolhas são entre ter um coeficiente <strong>de</strong> atrito não-linear, introduzir um<br />

limite <strong>de</strong> atrito cisalhante <strong>em</strong> um mo<strong>de</strong>lo bi-linear ou o uso <strong>de</strong> um outro mo<strong>de</strong>lo<br />

baseado no cisalhamento (Marc, 2003).


CAPÍTULO 3<br />

MATERIAIS E MÉTODOS<br />

A seleção <strong>de</strong> uma apropriada condição <strong>de</strong> corte, tipo e afiação <strong>de</strong> ferramenta,<br />

com a<strong>de</strong>quada preparação da face da peça a ser usinada, são fundamentais<br />

para alcançar uma boa superfície final e conseqüent<strong>em</strong>ente uma ótima<br />

usinabilida<strong>de</strong> (Reis e Abrão, 2005). Para um estudo otimizado, ou seja, <strong>de</strong><br />

forma normalizada e eficiente <strong>de</strong>ve-se seguir a uma seqüência <strong>de</strong> etapas para<br />

a usinag<strong>em</strong>.<br />

Assim este capítulo é estruturado <strong>de</strong>screvendo o método utilizado e as etapas<br />

compreendidas no seu <strong>de</strong>senvolvimento. De forma mais geral, a metodologia<br />

utilizada é indicado por meio do fluxograma esqu<strong>em</strong>atizado na Fig. 3.1.<br />

Usinabilida<strong>de</strong> do processo <strong>de</strong> furo-rosqueamento<br />

Testes experimentais<br />

Caracterização do material<br />

a ser usinado - AlSiCu<br />

Teste <strong>de</strong> dureza Brinell<br />

Avaliar perfil <strong>de</strong> dureza<br />

Teste <strong>de</strong> micrografia<br />

Avaliar microconstituintes<br />

Avaliação do produto final<br />

Peça roscada<br />

Avaliação por meio <strong>de</strong> Calibrador<br />

Tipo passa não-passa<br />

Simulação pelo MEF<br />

Comparação da performance entre o<br />

produto tradicional e aquele produzido<br />

pela ferramenta macho-fresa.<br />

Avaliação da distribuição<br />

<strong>de</strong> tensão e <strong>de</strong>formação<br />

Preparação dos<br />

corpos <strong>de</strong> prova<br />

Limpeza<br />

Etapa <strong>de</strong> <strong>de</strong>sbaste<br />

Fixação<br />

Definir o tipo <strong>de</strong> fixação<br />

Usinag<strong>em</strong> das roscas<br />

Avaliação da vida da ferramenta<br />

Monitoramento e medição<br />

Sinal <strong>de</strong> aceleração<br />

Acelerômetro<br />

Avaliação do sinal no domínio da frequênica<br />

ODS (Operational Deflection Shapes)<br />

Sinais elétricos<br />

Potência, Corrente e Tensão<br />

Parâmetros estatísticos<br />

Figura 3.1 - Fluxograma das etapas do presente trabalho.<br />

70


Capítulo 3 - Materiais e métodos 71<br />

3.1- Processo <strong>de</strong> caracterização do material da peça usinada<br />

Para retirada <strong>de</strong> amostra foram utilizados lingotes da liga <strong>de</strong> alumínio, Fig. 3.2,<br />

adquiridos junto a TekSid do Brasil AL Ltda, sob intermediação da então Fiat<br />

Powertrain Technologies. Os lingotes são do mesmo material utilizado na<br />

confecção do cabeçote do motor mo<strong>de</strong>lo Fire ® .<br />

Figura 3.2 - Lote <strong>de</strong> lingotes da liga Al-Si.<br />

As proprieda<strong>de</strong>s mecânicas <strong>de</strong>fin<strong>em</strong> o comportamento <strong>de</strong> um material quando<br />

sujeito a esforços <strong>de</strong> natureza mecânica e correspon<strong>de</strong>m às proprieda<strong>de</strong>s que,<br />

num <strong>de</strong>terminado material, <strong>de</strong>terminam a sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transmitir e resistir<br />

aos esforços que lhe são aplicados, s<strong>em</strong> romper ou s<strong>em</strong> que se produzam<br />

<strong>de</strong>formações incontroláveis. A <strong>de</strong>terminação das proprieda<strong>de</strong>s mecânicas <strong>de</strong><br />

um material é feita por intermédio dos ensaios mecânicos (Chiaverini, 1977).<br />

Para a preparação <strong>de</strong> corpos <strong>de</strong> prova para caracterização foi retirada<br />

aleatoriamente do conjunto <strong>de</strong> lingotes <strong>de</strong> seção retangular nas dimensões:<br />

550x400x60 mm, fabricada por fundição, como mostrado na Fig. 3.3. Os eixos<br />

indicados na mesma representam o sentido <strong>de</strong> corte dos corpos <strong>de</strong> prova, pois<br />

é esperado uma variação das características da extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong> para o centro da<br />

barra <strong>de</strong>vido o processo <strong>de</strong> fabricação da mesma.<br />

Figura 3.3 - Barra retangular <strong>de</strong> Al-Si-Cu.


Capítulo 3 - Materiais e métodos 72<br />

Em respeito as normas para a confecção dos corpos <strong>de</strong> prova foi realizado o<br />

corte da barra <strong>em</strong> pequenos quadrados <strong>de</strong> 60x60 mm usando uma máquina <strong>de</strong><br />

corte do tipo serra <strong>de</strong> fita. O corte dos corpos <strong>de</strong> prova foi realizado <strong>em</strong> dois<br />

locais, indicado na Fig. 3.4. O primeiro, Fig. 3.4a, <strong>em</strong> relação ao eixo y que<br />

representa um filete do material do centro da barra. Enquanto o segundo, Fig.<br />

3.4b, <strong>em</strong> torno do eixo x, o filete representa o corte da extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong> para o<br />

centro, o que po<strong>de</strong> possibilitar uma comparação entre as proprieda<strong>de</strong>s<br />

mecânicas <strong>em</strong> relação ao <strong>de</strong>senvolvimento da solidificação no processo <strong>de</strong><br />

fundição.<br />

Figura 3.4 - Corte dos corpos <strong>de</strong> prova: a) Sentido <strong>de</strong> corte <strong>em</strong> relação à barra retangular; b)<br />

Face dos corpos <strong>de</strong> prova no sentido <strong>de</strong> corte.<br />

Para uma análise mais confiável o corpo <strong>de</strong> prova <strong>de</strong>ve apresentar condições<br />

i<strong>de</strong>ais para a realização dos testes mecânicos, assim realizou-se uma<br />

seqüência <strong>de</strong> lixamento respeitando as regras <strong>de</strong> granulação <strong>de</strong>vido às<br />

características construtivas e físicas dos corpos <strong>de</strong> prova da liga, ou seja,<br />

partindo <strong>de</strong> uma lixa <strong>de</strong> número menor, 220, e aumentando sucessivamente<br />

para 320, 400 e 600; montadas numa politriz mecânica com rotação fixa e<br />

refrigerada a água. Após esta seqüência foi realizado o lixamento mais apurado<br />

usando lixa <strong>de</strong> granulação 1000 com a presença <strong>de</strong> uma pasta lubrificante <strong>de</strong><br />

diamante, que garante uma superfície mais espelhada e s<strong>em</strong> imperfeições<br />

superficiais.<br />

Após a etapa <strong>de</strong> lixamento é possível a realização do teste <strong>de</strong> dureza que é<br />

essencial para a <strong>de</strong>terminação da usinabilida<strong>de</strong>. Pois um dos primeiros passos<br />

para um processo otimizado <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> é conhecer o tipo <strong>de</strong> ferramenta a<br />

ser utilizada, e para tal consi<strong>de</strong>ração <strong>de</strong>ve-se levar <strong>em</strong> conta o princípio <strong>de</strong> que<br />

o material da ferramenta <strong>de</strong>ve ser mais duro que o material a ser usinado.


Capítulo 3 - Materiais e métodos 73<br />

3.1.1- Ensaio <strong>de</strong> dureza<br />

Pelas características da liga Al-Si-Cu fabricada pelo processo <strong>de</strong> fundição têm-<br />

se o enquadramento na faixa <strong>de</strong> dureza do ensaio Brinell, que foi usado na<br />

<strong>de</strong>terminação da dureza dos corpos <strong>de</strong> prova.<br />

O experimento foi realizado utilizando-se uma carga <strong>de</strong> 62,5 Kp ou <strong>de</strong> 613 N;<br />

com uma esfera <strong>de</strong> diâmetro igual a 2,5 mm. On<strong>de</strong> os diâmetros <strong>de</strong> impressão<br />

foram colhidos utilizando o durômetro universal <strong>de</strong> dureza Heckert, que possui<br />

um visor com as escalas a<strong>de</strong>quadas para a medição. O cálculo da dureza é<br />

simplificado pelo uso <strong>de</strong> tabelas, as quais fornec<strong>em</strong> diretamente a dureza <strong>em</strong><br />

função da carga aplicada e dos diâmetros da esfera penetradora e da<br />

impressão obtida (Chiaverini, 1977).<br />

Como é fato que o processo <strong>de</strong> fundição impõe uma heterogeneida<strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

nas proprieda<strong>de</strong>s mecânicas do material, como já discutido no capítulo 2 e<br />

indicado por Campos Filho e Davies (1978) além <strong>de</strong> Chiaverini (1977), foi<br />

<strong>de</strong>cidido que apenas um resultado médio dos valores colhidos no teste <strong>de</strong><br />

dureza não representaria a realida<strong>de</strong> para a liga Al-Si-Cu.<br />

Assim, o mais a<strong>de</strong>quado para a amostra foi a separação dos corpos <strong>de</strong> prova<br />

<strong>em</strong> relação a sua localização, como po<strong>de</strong> ser notado na Fig. 3.5. O corte foi<br />

feito <strong>em</strong> relação aos eixos mostrados na Fig. 3.3.<br />

Figura 3.5 - Corpos <strong>de</strong> prova enumerados <strong>em</strong> relação as coor<strong>de</strong>nadas espaciais.


Capítulo 3 - Materiais e métodos 74<br />

Além <strong>de</strong> cortar os corpos <strong>de</strong> prova seguindo a localização espacial, como<br />

indicado na Fig. 3.5, fez-se também uma numeração dos mesmos para que<br />

não houvesse nenhum tipo <strong>de</strong> confusão da relação da posição com referência<br />

a um dado corpo <strong>de</strong> prova. Observa-se na mesma figura que a numeração<br />

segue uma or<strong>de</strong>m, sendo que o primeiro corpo <strong>de</strong> prova é aquele mais abaixo<br />

na direção y e segue crescente até a outra extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong> com cinco corpos <strong>de</strong><br />

prova, após t<strong>em</strong>-se os corpos 6, 7 e 8 na direção x; variando do centro para a<br />

extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong>.<br />

Para cada corpo <strong>de</strong> prova houve uma localização específica <strong>de</strong> pontos<br />

escolhidos para a medição <strong>de</strong> dureza, como po<strong>de</strong> ser percebido <strong>em</strong> <strong>de</strong>talhe na<br />

Fig. 3.6.<br />

Figura 3.6 - Pontos <strong>de</strong> medida da dureza <strong>em</strong> cada corpo <strong>de</strong> prova.<br />

Devido a uma variação geométrica da barra <strong>de</strong> AlSiCu, os corpos <strong>de</strong> prova não<br />

possu<strong>em</strong> a mesma forma. Este fato foi proposital, pois é <strong>de</strong>sejável que o<br />

estudo seja o mais fiel possível para a realida<strong>de</strong> do material.<br />

Desta forma, para cada direção representativa do corpo <strong>de</strong> prova t<strong>em</strong>-se uma<br />

distância <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> pontos para medição <strong>de</strong> dureza. Transpondo os eixos<br />

indicados na Fig. 3.3 para o corpo <strong>de</strong> prova visto na Fig. 3.6, t<strong>em</strong>-se as<br />

direções locais que serão usadas para i<strong>de</strong>ntificar os pontos <strong>de</strong> medida.<br />

Na direção x foi escolhido dois pontos equidistantes do centro numa distância<br />

<strong>de</strong> 10 mm, sendo L1 à esquerda e L2 à direita. Na direção y, mostrado na Fig.<br />

3.6, também, dois pontos equidistantes do centro numa distância <strong>de</strong> 15 mm,<br />

on<strong>de</strong> C1 a baixo e C2 acima.<br />

A variação percebida entre as distâncias dos pontos <strong>de</strong> medição <strong>de</strong> dureza, se<br />

<strong>de</strong>ve ao fato restrito da forma dos corpos <strong>de</strong> prova. Pois é sabido que se a


Capítulo 3 - Materiais e métodos 75<br />

coleta fosse realizada muito próximo da extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong> dos mesmos, ocorreria<br />

um falseamento dos resultados provocado pela variação <strong>de</strong> microestrutura<br />

<strong>de</strong>vido ao corte imposto ao material para a confecção dos corpos <strong>de</strong> prova.<br />

3.1.2- Análise <strong>de</strong> Micrografia<br />

Para preparação do material que será analisado pelo ensaio <strong>de</strong> micrografia<br />

t<strong>em</strong>-se ainda uma etapa <strong>de</strong> polimento com pasta <strong>de</strong> diamante para melhorar o<br />

espelhamento do corpo <strong>de</strong> prova. Posteriormente o mesmo é levado para o<br />

processo <strong>de</strong> ataque químico que permite a revelação da microestrutura e os<br />

constituintes da amostra, possibilitando maior entendimento das suas<br />

proprieda<strong>de</strong>s.<br />

A composição do reagente utilizada foi escolhida <strong>de</strong> forma a se adaptar às<br />

condições do corpo <strong>de</strong> prova que será analisado. Desta forma, usou-se um<br />

reativo com a seguinte composição química: HCl = 45 ml; HNO3 = 15 ml; HF =<br />

15 ml a 48% e H2O = 25 ml.<br />

Após o processo <strong>de</strong> ataque químico, realizaram-se análises e fotografias das<br />

amostras por meio <strong>de</strong> microscópio ótico Neophot 21 da Carl Zeiss conectada a<br />

uma micro-câmera <strong>de</strong> ví<strong>de</strong>o do tipo Color Câmera CCD, SAC 410NA da<br />

Samsung que é ligado a um computador por uma placa <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong><br />

imag<strong>em</strong> Vi<strong>de</strong>oHighway e um software analisador <strong>de</strong> imagens Quantkov, on<strong>de</strong> o<br />

conjunto é mostrado na Fig. 3.7.<br />

Figura 3.7 - Conjunto <strong>de</strong> captação da imag<strong>em</strong> do teste <strong>de</strong> micrografia.


Capítulo 3 - Materiais e métodos 76<br />

3.2- Preparação dos corpos <strong>de</strong> prova a ser<strong>em</strong> usinados<br />

Partindo para a segunda etapa <strong>de</strong> preparação do presente estudo são<br />

apresentados os aparatos criados para a elaboração do corpo <strong>de</strong> prova <strong>de</strong><br />

usinag<strong>em</strong> e o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> fixação para esta fase.<br />

Os tipos <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos encontrados nas peças <strong>de</strong> alumínio fundido se mostram<br />

mais comuns na superfície, <strong>de</strong> forma que se faz necessário uma usinag<strong>em</strong><br />

inicial para diminuir o aparecimento <strong>de</strong>stes tipos <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos, além <strong>de</strong><br />

estabelecer uma planicida<strong>de</strong> e paralelismo entre as faces, o que permite que<br />

as duas sejam utilizadas nos ensaios <strong>de</strong> usinabilida<strong>de</strong> <strong>em</strong> Al-Si-Cu no processo<br />

<strong>de</strong> rosqueamento <strong>de</strong> furo-fresamento.<br />

3.2.1- Processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sbaste ou faceamento dos corpos <strong>de</strong> prova<br />

Pela Figura 3.8, à esquerda, é visto uma variação significativa das dimensões<br />

do corpo <strong>de</strong> prova, on<strong>de</strong> não se t<strong>em</strong> um único plano <strong>em</strong> cada face, além das<br />

irregularida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> apoio que impossibilita uma usinag<strong>em</strong> segura.<br />

Figura 3.8 - Peças brutas, com variações dimensionas e heterogeneida<strong>de</strong>s superficiais do<br />

corpo <strong>de</strong> prova da liga <strong>de</strong> alumínio.<br />

Consi<strong>de</strong>rando a hipótese que as heterogeneida<strong>de</strong>s estejam localizadas na<br />

superfície, com uma prévia usinag<strong>em</strong> se po<strong>de</strong> diminuir estes <strong>de</strong>feitos, mais<br />

precisamente pelo processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sbaste, que consiste na retirada <strong>de</strong> material<br />

nas faces superior e inferior.<br />

O faceamento da peça foi realizado por meio <strong>de</strong> uma fresa do tipo frontal,<br />

mo<strong>de</strong>lo CoroMill 245 e fabricante Sandvik. Esta foi munida <strong>de</strong> 6 pastilhas <strong>de</strong><br />

metal duro revestido <strong>de</strong> nitreto <strong>de</strong> titânio, para faceamento, do fabricante<br />

Sandvik coromant e especificação R245-12 T3 M-PM 4030, on<strong>de</strong> foi usado o<br />

centro <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong>, fabricado pela ROMI, mo<strong>de</strong>lo Discovery 560 e equipado<br />

por um CNC da Si<strong>em</strong>ens, mo<strong>de</strong>lo Sinumerik – 810D.


Capítulo 3 - Materiais e métodos 77<br />

Após o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sbaste a faixa <strong>de</strong> material restante da barra retangular<br />

foi mais restrita <strong>em</strong> relação a inicial, o que ocasionou uma maior<br />

homogeneida<strong>de</strong> das características <strong>de</strong>scritas e possibilitará o uso das duas<br />

faces para os testes <strong>de</strong> rosqueamento, sendo isento <strong>de</strong> erros <strong>de</strong>vido às<br />

irregularida<strong>de</strong>s superficiais. Na Fig. 3.9 po<strong>de</strong> ser visto a qualida<strong>de</strong> superficial e<br />

dimensional após o término do processo <strong>de</strong>scrito anteriormente.<br />

Figura 3.9 - Corpo <strong>de</strong> prova após o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sbaste.<br />

3.2.2- Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> fixação dos corpos <strong>de</strong> prova<br />

O dispositivo <strong>de</strong> fixação mais usado é aquele por meio <strong>de</strong> uma morsa, mas<br />

como as laterais das peças usadas para tal fixação são irregulares e inclinadas,<br />

implica na impossibilida<strong>de</strong> do uso <strong>de</strong>ste dispositivo. No centro <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> é<br />

possível a fixação dos materiais na mesa da máquina que é dotada <strong>de</strong> rasgos,<br />

on<strong>de</strong> se po<strong>de</strong> encaixar parafusos e porcas específicas para fixação. Assim<br />

optou-se por este dispositivo.<br />

Para um melhor aproveitamento do corpo <strong>de</strong> prova na etapa <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong>, o<br />

parafuso <strong>de</strong> fixação estará escondido <strong>de</strong>ntro da peça, ou seja, serão realizados<br />

dois furos funcionais concêntricos, a fim <strong>de</strong> liberar a superfície para a<br />

passag<strong>em</strong> da ferramenta livr<strong>em</strong>ente.<br />

Terminado o processo <strong>de</strong> limpeza dos corpos <strong>de</strong> prova é possível a usinag<strong>em</strong><br />

dos mesmos, on<strong>de</strong> a peça <strong>de</strong>ve ser fixada na mesa do centro <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong><br />

utilizando parafusos, como indicado na Fig. 3.10.<br />

Figura 3.10 - Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> fixação por parafusos e porcas.


Capítulo 3 - Materiais e métodos 78<br />

3.3- Ferramental do processo <strong>de</strong> furação macho-fresa<br />

Para a realização dos ensaios <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> <strong>de</strong> roscas será utilizado um centro<br />

<strong>de</strong> usinag<strong>em</strong>, fabricado pela ROMI, mo<strong>de</strong>lo Discovery 560, com potência <strong>de</strong> 12<br />

CV e faixa <strong>de</strong> rotação <strong>de</strong> 0 a 7.500 rpm. Como o centro <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> não<br />

possui eixo árvore vazado foi utilizado um mancal específico, indicado na Fig.<br />

3.11, para a passag<strong>em</strong> do fluido <strong>de</strong> corte à ferramenta que é refrigerada por<br />

meio <strong>de</strong> canais internos e a fixação é feita por meio <strong>de</strong> pinça.<br />

Figura 3.11 - Mandril <strong>de</strong> re-direcionamento <strong>de</strong> fluido.<br />

Produzido pela Fuchs do Brasil, o fluido <strong>de</strong> corte é à base <strong>de</strong> óleo mineral,<br />

solúvel <strong>em</strong> água, recomendado na concentração <strong>de</strong> 8% para trabalhar com<br />

materiais não ferrosos, como o alumínio. A concentração do fluido <strong>de</strong> corte é<br />

medida diariamente por meio do refratômetro ótico, fabricado pela Átago. Este<br />

dispositivo é mostrado, <strong>de</strong> forma geral, na Fig. 3.12 e t<strong>em</strong>-se a indicação da<br />

faixa <strong>de</strong> medição on<strong>de</strong> se percebe a concentração do fluido <strong>de</strong> corte.<br />

Figura 3.12 - Refratômetro ótico com indicativo da faixa <strong>de</strong> medição.<br />

As informações específicas do fluido <strong>de</strong> corte são indicadas no anexo II. O<br />

mesmo é aplicado pelo centro da ferramenta por uma bomba montada na<br />

máquina CNC com potência <strong>de</strong> 1.5 CV e rotação <strong>de</strong> 3300 rpm que confere uma<br />

pressão <strong>de</strong> 4 Bar, após montado o sist<strong>em</strong>a.<br />

Como indicado anteriormente, a ferramenta utilizada na operação <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong><br />

é aquela <strong>de</strong>nominada macho-fresa, fabricada <strong>em</strong> metal duro integral classe


Capítulo 3 - Materiais e métodos 79<br />

K10 (WC + Co + TiC + TaC) s<strong>em</strong> revestimento <strong>de</strong> diâmetro M6, sendo capaz<br />

<strong>de</strong> usinar até M7, dotada <strong>de</strong> ângulo <strong>de</strong> hélice <strong>de</strong> 28º, ângulo <strong>de</strong> ponta <strong>de</strong> 140º,<br />

passo <strong>de</strong> 1 mm, profundida<strong>de</strong> máxima <strong>de</strong> 2,5xD e três gumes cortantes,<br />

especificada com mais <strong>de</strong>talhe no anexo III. Esta po<strong>de</strong> ser vista na Fig. 3.13.<br />

Figura 3.13 - Ferramenta do tipo macho-fresa.<br />

Uma vez <strong>de</strong>terminado o ferramental da usinag<strong>em</strong>, os parâmetros <strong>de</strong> corte<br />

<strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser <strong>de</strong>finidos para uma usinag<strong>em</strong> a<strong>de</strong>quada. Pon<strong>de</strong>rando a aplicação<br />

<strong>de</strong>ste trabalho <strong>em</strong> ambiente fabril, os parâmetros <strong>de</strong> corte são <strong>de</strong>finidos <strong>de</strong><br />

forma a obter a maior produtivida<strong>de</strong> possível. Como o centro <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> que<br />

será utilizado na etapa <strong>de</strong> rosqueamento possui uma rotação máxima<br />

consi<strong>de</strong>rada pequena, esta servirá como limite para <strong>de</strong>finir os parâmetros <strong>de</strong><br />

corte, que serão avaliados com mais <strong>de</strong>talhe nos pré-testes <strong>de</strong>scritos no<br />

capítulo 4. Para uma usinag<strong>em</strong> dita economicamente viável, normalmente, os<br />

valores mínimos dos parâmetros <strong>de</strong> corte são <strong>de</strong>finidos <strong>em</strong> catálogos dos<br />

fabricantes.<br />

Em primeiro lugar <strong>de</strong>finiu-se a rotação <strong>de</strong> trabalho, pois é fato que a dinâmica<br />

do processo influencia no trabalho. Martinez (2003) estudou, no seu trabalho<br />

técnico, as freqüências naturais do centro <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> por meio <strong>de</strong> simulação<br />

<strong>em</strong> el<strong>em</strong>entos finitos e foi percebido que a primeira freqüência da máquina <strong>de</strong><br />

corte ocorre na rotação <strong>de</strong> 3000 rpm, sendo que nos seus múltiplos o<br />

fenômeno também t<strong>em</strong> gran<strong>de</strong> influencia. Desta forma, optou-se pela rotação<br />

<strong>de</strong> 5093 rpm para escapar das freqüências naturais e evitando a imposição <strong>de</strong><br />

outros fenômenos ao processo.<br />

Esta rotação equivale a uma velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corte <strong>de</strong> 96 m/min, enquanto o<br />

avanço <strong>de</strong> furação foi estabelecido <strong>em</strong> 0,167 mm/rev.z, on<strong>de</strong> z é o número <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ntes que para esta ferramenta é igual a três. O avanço <strong>de</strong> rosqueamento é<br />

da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 0,02 mm/rev.z e a profundida<strong>de</strong> do furo foi <strong>de</strong> 17,6 mm.


Capítulo 3 - Materiais e métodos 80<br />

Para a etapa <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> da rosca foi escrito um programa na linguag<strong>em</strong><br />

CNC, que indica os comandos necessários para cada etapa do processo <strong>de</strong><br />

furo-rosqueamento. Na fase <strong>de</strong> fresamento do perfil roscado t<strong>em</strong>-se uma<br />

interpolação bastante complicada, entretanto o fornecedor da ferramenta<br />

macho-fresa disponibiliza um programa padrão, havendo apenas a<br />

necessida<strong>de</strong> da informação <strong>de</strong> alguns parâmetros específicos <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong>. Os<br />

códigos do programa CNC são apresentados no anexo IV.<br />

Por meio do primeiro pré-teste realizado percebe-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alterar o<br />

sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> filtrag<strong>em</strong> e bombeamento <strong>de</strong> fluido. Isto será abordado com mais<br />

<strong>de</strong>talhes no próximo capítulo. O sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> filtrag<strong>em</strong> impl<strong>em</strong>entado utiliza telas<br />

sobrepostas que estão montadas na entrada <strong>de</strong> recirculação do fluido já<br />

utilizado para o tanque <strong>de</strong> recalque, o que garante a pureza do fluido que<br />

chega a ferramenta.<br />

O novo sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> refrigeração é equipado por uma bomba com as seguintes<br />

especificações: 3,4 CV e rotação <strong>de</strong> 3500 rpm. Um novo jogo <strong>de</strong> mangueiras<br />

que faz a ligação entre a bomba e o mancal foi disponibilizado, pois o nível <strong>de</strong><br />

pressão <strong>de</strong> trabalho na faixa <strong>de</strong> 15 Bar está acima do especificado<br />

originalmente pelo centro <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong>.<br />

Entretanto, com novos pré-testes observou-se ainda que os sist<strong>em</strong>as testados<br />

não funcionaram. Para a continuida<strong>de</strong> do processo foi <strong>de</strong>cidido fazer o<br />

retrofitting do centro <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> da ROMI. Com esta mudança a máquina<br />

passará da rotação <strong>de</strong> 7500 para 10000 rpm. O novo eixo árvore é vazado com<br />

mancais <strong>de</strong> rolamento <strong>de</strong> material cerâmico, permitindo a passag<strong>em</strong> do fluido<br />

<strong>de</strong> corte pelo seu eixo. Além disso, o novo sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> filtrag<strong>em</strong> e aplicação <strong>de</strong><br />

fluido pelo centro da ferramenta, <strong>em</strong> médias pressões, da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 15 Bar, faz<br />

parte do conjunto.<br />

Para otimizar ainda mais a estabilida<strong>de</strong> da ferramenta foi usado um novo cone<br />

<strong>de</strong> fixação que funciona por meio <strong>de</strong> um diafragma que ao ser pressurizado<br />

pelo próprio fluido trava a ferramenta, este é conhecido por mandril hidráulico<br />

<strong>de</strong> fixação, composto <strong>de</strong> cone ISO BT 40 para fazer a interface com o eixo<br />

árvore. O conjunto montado: cone, mandril hidráulico <strong>de</strong> fixação e ferramenta é<br />

evi<strong>de</strong>nciado na Fig. 3.14.


Capítulo 3 - Materiais e métodos 81<br />

Figura 3.14 - Conjunto mandril hidráulico <strong>de</strong> fixação e ferramenta macho-fresa.<br />

Alterado o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> ferramental para o processo <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> foi possível<br />

mais uma etapa <strong>de</strong> pré-testes. Entretanto, pelos primeiros testes <strong>de</strong> a<strong>de</strong>quação<br />

dos parâmetros <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> percebeu-se que os mesmos não seriam os mais<br />

indicados para a usinag<strong>em</strong> utilizando a ferramenta macho-fresa. Assim foi feita<br />

uma mudança na rotação <strong>de</strong> trabalho para 8000 rpm; também respeitando as<br />

freqüências naturais, pois não houve nenhuma mudança estrutural.<br />

Desta forma foi alterada a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corte que agora possui valor igual a<br />

150,8 m/min; o avanço <strong>de</strong> corte é <strong>de</strong> 0,04 mm/rev.z; o avanço <strong>de</strong><br />

rosqueamento é da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 0,05 mm/rev.z e a profundida<strong>de</strong> do furo foi <strong>de</strong><br />

17,6 mm. Sendo que estes valores foram indicados pelo fornecedor da<br />

ferramenta <strong>em</strong> conjunto com experiências da fábrica.<br />

3.4- Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> medição e monitoramento da qualida<strong>de</strong> da<br />

peça produzida<br />

A qualida<strong>de</strong> da usinag<strong>em</strong> po<strong>de</strong> ser medida ou classificada por meio <strong>de</strong> vários<br />

parâmetros, sendo o <strong>de</strong>sgaste da ferramenta e a qualida<strong>de</strong> da peça usinada os<br />

mais comumente utilizados. Entretanto, nos últimos anos v<strong>em</strong> crescendo o uso<br />

<strong>de</strong> outras formas <strong>de</strong> avaliação da usinabilida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> controle do processo como<br />

um todo.<br />

Indicado na Figura 3.1, o fluxograma <strong>de</strong> trabalho distingue duas gran<strong>de</strong>s<br />

vertentes <strong>de</strong> medição e/ou monitoramento da usinabilida<strong>de</strong> do processo <strong>de</strong><br />

rosqueamento usando a ferramenta macho-fresa. Sendo que num primeiro<br />

instante são consi<strong>de</strong>rados parâmetros relativos ao processo, como a vida da<br />

ferramenta, a estabilida<strong>de</strong> dinâmica, potência consumida e <strong>de</strong>sgaste da<br />

ferramenta. A qualida<strong>de</strong> final da peça é a segunda vertente a ser avaliada, por<br />

meio <strong>de</strong> um calibrador passa não-passa e simulação <strong>de</strong> MEF.


Capítulo 3 - Materiais e métodos 82<br />

3.4.1- Avaliação da vida da ferramenta macho-fresa<br />

De forma esqu<strong>em</strong>ática a Fig. 3.15 representa a proposta <strong>de</strong> avaliação da<br />

usinabilida<strong>de</strong> pela vida da ferramenta.<br />

Figura 3.15 - Avaliação da usinabilida<strong>de</strong> pela vida da ferramenta.<br />

Para o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> avaliação proposto no presente trabalho é consi<strong>de</strong>rado o<br />

nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste acometido na aresta principal <strong>de</strong> corte da ponta da broca,<br />

pois como indicado por Schramm (2001) este é o local on<strong>de</strong> ocorre o <strong>de</strong>sgaste<br />

<strong>de</strong> forma mais severa e influente no trabalho da ferramenta.<br />

Num primeiro instante, como se visualiza a esquerda da Fig. 3.15 t<strong>em</strong>-se a<br />

qualificação do <strong>de</strong>sgaste da ferramenta por meio <strong>de</strong> um microscópio


Capítulo 3 - Materiais e métodos 83<br />

ferramenteiro. No capítulo anterior foi citado, pela norma ISO 3685 (1993), que<br />

o <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> flanco máximo, VBBmax igual a 0,6 mm <strong>de</strong>termina o fim <strong>de</strong> vida<br />

da broca. Entretanto, para a presente avaliação será consi<strong>de</strong>rado fim <strong>de</strong> vida<br />

quando o <strong>de</strong>sgaste atingir o limite <strong>de</strong> 0,1 mm ou por falha catastrófica, on<strong>de</strong><br />

este limite foi escolhido <strong>de</strong> forma conservadora <strong>de</strong>vido ao alto custo da<br />

ferramenta e pela qualida<strong>de</strong> da peça exigida por projeto.<br />

Para avaliação das superfícies da ferramenta, ou seja, quantificação e<br />

qualificação do <strong>de</strong>sgaste, foi usado um microscópio ferramenteiro fabricado<br />

pela OMIS MINI – Optical Measur<strong>em</strong>ent Syst<strong>em</strong> provido <strong>de</strong> aumento máximo<br />

<strong>de</strong> 400 vezes.<br />

Além da avaliação <strong>de</strong> forma direta da ferramenta t<strong>em</strong>-se uma tendência nos<br />

trabalhos recentes <strong>de</strong> monitoramento por meio <strong>de</strong> múltiplos sinais. Esta<br />

convergência se <strong>de</strong>ve ao fato da facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> automação do processo uma vez<br />

monitorado, como indicado por Jantunen (2002).<br />

A potência <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> será monitorada <strong>de</strong> forma indireta por meio <strong>de</strong><br />

parâmetros colhidos pelo CNC do centro <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> durante a vida útil das<br />

ferramentas <strong>de</strong> corte. Para isso, é utilizado o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> medição fabricado<br />

pela Si<strong>em</strong>ens, <strong>em</strong>barcado originalmente na máquina ferramenta, sendo que o<br />

<strong>em</strong>ulador usado para uma interface amigável com o usuário é mostrado na Fig.<br />

3.14, na parte inferior à direita.<br />

Os parâmetros que traduz<strong>em</strong> a energia dispensada para a usinag<strong>em</strong> são a<br />

corrente, a tensão e a potência do eixo árvore. Sendo estes parâmetros<br />

fornecidos pelo controlador numérico computadorizado e captados por meio do<br />

conversor analógico digital do centro <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong>.<br />

Estes mensurandos são <strong>de</strong>rivados da corrente do estator do motor da máquina<br />

ferramenta. De acordo com Leão (2000) este indicador elétrico t<strong>em</strong> uma<br />

correspondência direta com o torque e as forças <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong>.<br />

A estabilida<strong>de</strong> dinâmica do processo é avaliada por meio <strong>de</strong> medição da<br />

aceleração <strong>de</strong> vibração do sist<strong>em</strong>a. Para as medições serão instalados<br />

acelerômetros no corpo <strong>de</strong> provas, na ferramenta e na mesa do centro <strong>de</strong><br />

usinag<strong>em</strong>. Os acelerômetros usados são fabricados pela Kistler usando<br />

material piezo-elétrico com características capacitivas, on<strong>de</strong> outras<br />

informações estão indicadas no anexo V.


Capítulo 3 - Materiais e métodos 84<br />

No monitoramento on line a configuração da instalação dos acelerômetros está<br />

indicada na parte inferior a esquerda na Fig. 3.15, on<strong>de</strong> se percebe a presença<br />

<strong>de</strong> um sensor na extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong> direita da peça e outros dois que captam a<br />

vibração da ferramenta.<br />

Visualizam-se com mais precisão na Fig. 3.16 os acelerômetros próximos da<br />

ferramenta que estão montados sobre um artifício para a sua melhor fixação,<br />

ou seja, para que os sensores não influenci<strong>em</strong> na usinag<strong>em</strong>. Estes sensores<br />

são responsáveis por captar a dinâmica do processo na direção axial da<br />

ferramenta, ou seja, aquela on<strong>de</strong> a força <strong>de</strong> avanço atua e na direção <strong>de</strong> flexão<br />

da mesma que influência diretamente na qualida<strong>de</strong> do produto usinado.<br />

Figura 3.16 - Acelerômetros que serão montados próximos da ferramenta.<br />

3.4.1.1- Sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> aquisição<br />

Os sinais dos sensores serão captados por meio <strong>de</strong> um sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> aquisição<br />

que po<strong>de</strong> ser notado na Fig. 3.15. O sist<strong>em</strong>a é composto <strong>de</strong> um condicionador<br />

<strong>de</strong> sinal, uma placa <strong>de</strong> aquisição e um computador.<br />

O condicionador <strong>de</strong> sinais t<strong>em</strong> como finalida<strong>de</strong> ajustar o sinal para a placa <strong>de</strong><br />

aquisição. Além disso, este dispositivo filtra o sinal dos sensores piezo-elétrico<br />

capacitivos, po<strong>de</strong>ndo também amplifica-lo. Para a configuração do presente<br />

trabalho o condicionador <strong>de</strong> sinais fabricado pela Kistler tipo 5304 é<br />

configurado como um filtro passa-baixa com freqüência <strong>de</strong> corte <strong>em</strong> 10 kHz,<br />

pois o tipo <strong>de</strong> acelerômetro usado possui a faixa <strong>de</strong> trabalho até neste limite.<br />

O condicionador possui ainda quatro canais <strong>de</strong> entrada e o mesmo número <strong>de</strong><br />

saída, assim para os experimentos on<strong>de</strong> foram usados mais <strong>de</strong> quatro<br />

sensores, teve-se a necessida<strong>de</strong> da utilização <strong>de</strong> dois condicionadores <strong>de</strong><br />

sinais, atentando apenas para uma parida<strong>de</strong> das configurações. Devido ao


Capítulo 3 - Materiais e métodos 85<br />

nível <strong>de</strong> vibração apresentado nos testes preliminares, não foi necessário o uso<br />

<strong>de</strong> amplificação do sinal.<br />

Uma vez ajustado o sinal t<strong>em</strong>-se uma interface que recebe os sinais saídos do<br />

condicionador e que chegam a placa <strong>de</strong> aquisição. Tanto a interface quanto à<br />

placa <strong>de</strong> aquisição são fabricadas pela National Instruments.<br />

A placa <strong>de</strong> aquisição também possui a característica <strong>de</strong> receber sinais com<br />

amplitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> ± 10 V que antes <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> convertidos para um sinal digital<br />

passam por um filtro anti-aliasing.<br />

O sinal digital é recebido e processado por um computador por meio <strong>de</strong> um<br />

programa computacional <strong>de</strong>senvolvido no Labview ® que realiza a interface<br />

hom<strong>em</strong>-máquina. Neste programa são ajustados a configuração dos canais <strong>de</strong><br />

entrada, a taxa <strong>de</strong> aquisição e o número <strong>de</strong> pontos por aquisição.<br />

Em concordância com Narayanan (1994) foi utilizada uma taxa <strong>de</strong> aquisição<br />

igual a 40 kHz e 10000 pontos por aquisição. Jantunen (2002) afirma que a<br />

faixa <strong>de</strong> freqüência usada na medida <strong>de</strong> dados <strong>de</strong> vibração para o processo <strong>de</strong><br />

furação é tipicamente <strong>em</strong> torno <strong>de</strong> 1 Hz até 10 kHz. Os acelerômetros usados<br />

também trabalham na faixa mencionada anteriormente. Entretanto no processo<br />

macho-fresa t<strong>em</strong>-se uma dinâmica um pouco diferente da furação, assim<br />

optou-se <strong>em</strong> utilizar uma super amostrag<strong>em</strong> do sinal para que não seja perdida<br />

nenhuma informação importante, além <strong>de</strong> ser respeitado o teor<strong>em</strong>a <strong>de</strong> Nyquist<br />

(Figliola e Beasley, 1995).<br />

Para os dados <strong>de</strong> potência da máquina ferramenta é necessário uma taxa <strong>de</strong><br />

aquisição <strong>de</strong> no máximo 1 KHz. A afirmação anterior é confirmada por vários<br />

autores, como Jantunen (2002), Ertunc e Oysu (2004), Pirtini e Lazoglu (2005)<br />

entre outros. Entretanto, para a placa <strong>de</strong> aquisição usada t<strong>em</strong>-se a restrição <strong>de</strong><br />

que todos os canais <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser adquiridos na mesma taxa <strong>de</strong> amostrag<strong>em</strong>.<br />

Como a dinâmica dos dados <strong>de</strong> aceleração é maior, t<strong>em</strong>-se a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

adquirir os dados elétricos na mesma taxa <strong>de</strong> aquisição dos acelerômetros.<br />

Uma outra particularida<strong>de</strong> dos sinais elétricos é que os mesmos não possu<strong>em</strong><br />

a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> previamente condicionados, ou seja, estes sinais são<br />

ligados diretamente na placa <strong>de</strong> aquisição.


Capítulo 3 - Materiais e métodos 86<br />

3.4.1.2- Processamento <strong>de</strong> sinal<br />

Uma outra atribuição do programa Labview ® é a criação <strong>de</strong> arquivos <strong>de</strong> dados<br />

que cont<strong>em</strong> os sinais adquiridos e que possam posteriormente ser avaliados<br />

por ferramentas mat<strong>em</strong>áticas, pois Jantunen (2002) indica que o sinal<br />

puramente no domínio do t<strong>em</strong>po não é muito informativo já que o <strong>de</strong>sgaste<br />

influencia na freqüência contida no sinal. Em seguida serão utilizadas algumas<br />

relações estatísticas e numéricas para a conversão e avaliação dos sinais<br />

monitorados buscando relacionar o parâmetro estudado com o estado da<br />

ferramenta <strong>de</strong> corte.<br />

Parâmetros estatísticos como coeficiente <strong>de</strong> assimetria (skewness), curtose<br />

(coeficiente <strong>de</strong> achatamento), média aritmética, variância, <strong>de</strong>svio padrão,<br />

valores máximos e mínimos, amplitu<strong>de</strong> e RMS (raiz quadrática média) serão<br />

calculados, partindo-se dos sinais brutos adquiridos.<br />

Os dados <strong>de</strong> dinâmica da usinag<strong>em</strong> são representados no domínio da<br />

freqüência, pois como dito por Jantunen (2002) os sinais <strong>de</strong> aceleração não<br />

fornec<strong>em</strong> informações relevantes no domínio do t<strong>em</strong>po. Para a análise <strong>de</strong>stes<br />

sinais é utilizado um módulo do programa computacional <strong>de</strong>senvolvido por<br />

Saturnino (2004) que calcula a FFT dos dados <strong>de</strong> vibração.<br />

Além disto, para avaliar a dinâmica do conjunto mesa, peça e ferramenta t<strong>em</strong>-<br />

se o uso <strong>de</strong> outra ferramenta <strong>de</strong>senvolvida por Saturnino (2004) <strong>de</strong>nominada<br />

ODS, como já <strong>de</strong>scrito no capítulo anterior. Na Fig. 3.17 t<strong>em</strong>-se um fluxograma<br />

das etapas <strong>de</strong> funcionamento do programa ODS que <strong>de</strong>screve <strong>de</strong> forma<br />

didática as entradas e possíveis saídas do mesmo.<br />

Monitoramento da dinâmica do processo<br />

Aceleração<br />

Velocida<strong>de</strong><br />

Deslocamento<br />

Simulação <strong>em</strong> ODS<br />

Teste <strong>de</strong> usinabilida<strong>de</strong><br />

Representação geométrica<br />

Desenho <strong>em</strong> ambiente ODS<br />

Processamento por MEF<br />

El<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> viga<br />

Caracterização do conjunto a ser estudado<br />

Proprieda<strong>de</strong> dos materiais<br />

Módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong><br />

Coeficiente <strong>de</strong> Poisson<br />

Massa específica<br />

Visualização das <strong>de</strong>formações Detecção <strong>de</strong> dano Obtenção <strong>de</strong> parâmetros modais<br />

Iniciais<br />

Contorno<br />

Condições:<br />

Figura 3.17 - Fluxograma das etapas <strong>de</strong> funcionamento e entrada do programa ODS.


Capítulo 3 - Materiais e métodos 87<br />

Desta forma, neste trabalho o monitoramento <strong>de</strong> sinais <strong>de</strong> aceleração será<br />

submetido por duas integrais no t<strong>em</strong>po e t<strong>em</strong>-se o correspon<strong>de</strong>nte<br />

<strong>de</strong>slocamento que serve como entrada para o programa ODS.<br />

Além disto, t<strong>em</strong>-se a representação geométrica do conjunto conforme indica a<br />

Fig. 3.18, on<strong>de</strong> esta é representada por meio <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> viga que ao ser<br />

submetida à formulação <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos finitos, a mesma indica os campos <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>slocamentos e <strong>de</strong>formações do conjunto.<br />

Figura 3.18 - Desenho da geometria do conjunto mesa, peça e ferramenta no ambiente ODS.<br />

Conforme dito anteriormente, uma vez monitorado e trabalhado o sinal que<br />

serve <strong>de</strong> entrada t<strong>em</strong>-se ainda a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> informar ao sist<strong>em</strong>a as<br />

proprieda<strong>de</strong>s dos materiais envolvidos no processo.<br />

O primeiro material é aquele presente na mesa do centro <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong>, que é<br />

formado por ferro fundido cinzento. O segundo trata-se da liga Al-Si, o próximo<br />

representa a ferramenta macho-fresa. Sabe-se que a mesma é constituída <strong>de</strong><br />

metal duro, ou seja, uma liga <strong>de</strong> WC+Co. Para o último material que forma o<br />

conjunto mandril, que fixa a ferramenta, e o eixo árvore foi consi<strong>de</strong>rado o aço.<br />

Os valores numéricos das proprieda<strong>de</strong>s necessárias dos materiais do conjunto<br />

a ser simulado são indicados na Tab. 3.1. Os valores referentes ao ferro<br />

fundido cinzento e o aço foram retirados da biblioteca presente no programa<br />

ODS, a liga AlSiCu da norma Fiat 53232 (1991) e o metal duro optou-se <strong>em</strong><br />

utilizar os dados citados por Livescu et al. (2005) e Acker et al. (2005).


Capítulo 3 - Materiais e métodos 88<br />

Tabela 3.1 - Proprieda<strong>de</strong>s dos materiais presentes na simulação ODS.<br />

Tipos <strong>de</strong> materiais<br />

Ferro fundido<br />

cinzento<br />

Módulo <strong>de</strong><br />

elasticida<strong>de</strong> (Pa)<br />

Proprieda<strong>de</strong>s<br />

Coeficiente <strong>de</strong><br />

Poisson<br />

Massa específica<br />

(Kg/m 3 )<br />

6,89x10 10 0,22 6910<br />

Liga Al-Si-Cu 7,26x10 10 0,34 2740<br />

Ferramenta <strong>de</strong><br />

metal duro<br />

6,72x10 11 0,25 16000<br />

Aço 2,0x10 11 0,29 7850<br />

Para finalizar a etapa <strong>de</strong> entrada dos parâmetros são <strong>de</strong>finidas as condições <strong>de</strong><br />

contorno e iniciais para que seja realizado o processamento. Percebe-se na<br />

Fig. 3.18 quatro linhas na direção z ligadas na meta<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong> da<br />

mesa que serv<strong>em</strong> como artifício para simular as condições <strong>de</strong> apoio da mesa,<br />

on<strong>de</strong> os nós presentes nestas linhas são todos engastados. Além <strong>de</strong>stes, a<br />

extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong> mais positiva na direção z da linha que representa a ferramenta<br />

também é engastada.<br />

Um outro <strong>de</strong>talhe que também <strong>de</strong>ve ser ajustado no programa ODS é o<br />

tamanho máximo dos el<strong>em</strong>entos que discretizam o conjunto a ser simulado.<br />

Como a maioria das distâncias utilizadas na montag<strong>em</strong> do <strong>de</strong>senho da<br />

estrutura mesa, peça e ferramenta são múltiplas <strong>de</strong> 15 mm; este nível foi usado<br />

como limite.<br />

A análise dinâmica por meio do programa computacional ODS é usada no<br />

presente trabalho como ferramenta <strong>de</strong> auxilio <strong>de</strong> uma das etapas <strong>de</strong> otimização<br />

da vida da ferramenta, sendo que este procedimento é mais b<strong>em</strong> aprofundado<br />

no tópico a seguir.<br />

3.4.2- Otimização da vida da ferramenta<br />

No primeiro teste <strong>de</strong> avaliação da vida da ferramenta macho-fresa usinou-se<br />

com os parâmetros <strong>de</strong> corte indicados na etapa <strong>de</strong> ferramental do presente<br />

capítulo. Entretanto como indicado no capítulo 4 observa-se que o número <strong>de</strong><br />

furos usinados pela primeira ferramenta é menor que o esperado para a


Capítulo 3 - Materiais e métodos 89<br />

utilização da mesma <strong>em</strong> produção (<strong>em</strong> torno <strong>de</strong> 10000 furos); consi<strong>de</strong>rando a<br />

bibliografia, a experiência no ambiente fabril e o balanço econômico indicado<br />

pela fábrica.<br />

Para melhorar a performance da ferramenta, a priori, foram focalizados os<br />

mecanismos <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste da ferramenta e como discutido no próximo capítulo<br />

t<strong>em</strong>-se uma a<strong>de</strong>são muito forte que gera um aumenta da solicitação da<br />

ferramenta, po<strong>de</strong>ndo gerar o colapso da mesma.<br />

Assim esperando eliminar a sensibilida<strong>de</strong> da ferramenta ao mecanismo <strong>de</strong><br />

a<strong>de</strong>são ou pelo menos diminuir a influência do mesmo, foi proposto à limpeza<br />

da ferramenta a cada corpo <strong>de</strong> prova, ou seja, num intervalo <strong>de</strong> 875 furos. Pois,<br />

espera-se que a ação da ferramenta seja suave s<strong>em</strong> a presença <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são<br />

que interfere na interface <strong>de</strong> corte, aumentando a força <strong>de</strong> corte necessária e a<br />

flexão da ferramenta. Entretanto, por meio do <strong>de</strong>senvolvimento da usinag<strong>em</strong><br />

como analisado no capítulo 4 nota-se que o mecanismo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste por<br />

a<strong>de</strong>são não é o mais relevante para a quebra da ferramenta neste instante.<br />

Desta forma, avaliaram-se outros parâmetros do processo e <strong>de</strong>vido à<br />

sensibilida<strong>de</strong> da ferramenta a estabilida<strong>de</strong> do processo percebida na etapa <strong>de</strong><br />

pré-testes estudou-se por meio do ODS a alteração <strong>de</strong> parâmetros que t<strong>em</strong><br />

influência direta na dinâmica do processo. Num primeiro instante foi estudada a<br />

variação da rotação da máquina; on<strong>de</strong> se monitorou a 7333, 8000 e 9333 rpm.<br />

Em seguida estudou-se o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> fixação para a situação <strong>de</strong> 2, 4 e 6<br />

parafusos, como visualiza-se na Fig. 3.19.<br />

Figura 3.19 - Sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong> fixação com: a) 2, b) 4 e c) 6 parafusos.<br />

Além do ODS para o estudo do sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> fixação optou-se <strong>em</strong> realizar uma<br />

análise por meio <strong>de</strong> MEF no qual indica-se os modos <strong>de</strong> vibração natural <strong>de</strong><br />

cada sist<strong>em</strong>a a ser avaliado.<br />

Pelos resultados encontrados da otimização da dinâmica do processo, como<br />

será discutido no capítulo 4, uma terceira ferramenta será avaliada para se


Capítulo 3 - Materiais e métodos 90<br />

<strong>de</strong>terminar a vida da mesma com o sist<strong>em</strong>a dinâmico otimizado, ou seja, serão<br />

usados uma rotação <strong>de</strong> 8000 rpm e fixação da peça com quatro parafusos.<br />

De forma mais didática a seguir, na Fig. 3.20, t<strong>em</strong>-se um fluxograma das<br />

etapas <strong>de</strong> otimização da vida ferramenta.<br />

Figura 3.20 - Fluxograma das etapas <strong>de</strong> otimização da vida ferramenta.<br />

3.4.3- Avaliação da qualida<strong>de</strong> da peça<br />

A avaliação da peça é feita por meio <strong>de</strong> um padrão geométrico <strong>de</strong>nominado<br />

calibrador passa não-passa do tipo tampão, que po<strong>de</strong> ser visualizado na Fig.<br />

3.21.<br />

Figura 3.21 - Calibrador passa não-passa do tipo tampão.


Capítulo 3 - Materiais e métodos 91<br />

O dispositivo é usado para calibrar furos M6 x 1,0 com qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalho<br />

6H, ou seja, o seu lado não-passa correspon<strong>de</strong> a um limite <strong>de</strong> 6,0080 ±<br />

0,00075 mm; enquanto o lado passa novo é igual a 6,0015 ± 0,00075 mm e o<br />

lado passa usado é <strong>de</strong> 5,9990 mm.<br />

Os valores anteriormente mostrados dos limites dos lados do calibrador do tipo<br />

tampão são calculados a partir das fórmulas citadas por Palma (2005) para<br />

cálculo <strong>de</strong> calibrador, <strong>em</strong> que os parâmetros funcionais das equações são<br />

tabelados conforme diâmetro nominal (6mm), IT6 e posição H.<br />

Como o número <strong>de</strong> furos que se espera usinar é muito gran<strong>de</strong>, o dispositivo <strong>de</strong><br />

calibração será usado somente <strong>em</strong> alguns intervalos <strong>de</strong> furos que serão<br />

<strong>de</strong>finidos nos pré-testes <strong>de</strong>scritos no capítulo 4.<br />

3.4.3.1- Avaliação por meio do método <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos finitos (MEF)<br />

Esta avaliação será usada como um comparativo entre a tecnologia tradicional<br />

<strong>de</strong> rosqueamento e a macho-fresa, sendo que o alvo para esta comparação é o<br />

produto final da usinag<strong>em</strong> por estes dois procedimentos <strong>de</strong> rosqueamento.<br />

Logo, na simulação <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos finitos é estudada uma situação real <strong>de</strong><br />

trabalho da peça. Será mo<strong>de</strong>lada a fase <strong>de</strong> montag<strong>em</strong> <strong>de</strong> um parafuso que é<br />

apertado por sobre a peça e o objetivo da avaliação é indicar se ocorre algum<br />

comprometimento na performance da peça usinada pelo processo <strong>de</strong> furo-<br />

rosqueamento <strong>em</strong> comparação com o tradicional, para isto são indicados nos<br />

resultados os campos <strong>de</strong> tensão e <strong>de</strong>formação.<br />

Consi<strong>de</strong>rando a forma da ferramenta t<strong>em</strong>-se um produto final diferente do<br />

tradicional, on<strong>de</strong> a ponta da macho-fresa usina um canal na parte inferior do<br />

furo que não ocorre no rosqueamento tradicional. Na Fig. 3.22 observa-se a<br />

diferença do produto final para cada procedimento.<br />

No primeiro momento do pré-processamento é realizado um <strong>de</strong>senho<br />

tridimensional dos dois conjuntos peça-parafuso que vão ser simulados. Para a<br />

confecção dos <strong>de</strong>senhos utilizou-se a norma Fiat 10366/50 (2002), sendo que<br />

esta serviu <strong>de</strong> padrão para confecção do parafuso e a peça foi conseguida a<br />

partir do negativo da parte roscada do parafuso, enquanto para a peça da<br />

tecnologia macho-fresa fez-se as modificações necessárias, conforme indicado<br />

na Fig. 3.23.


Capítulo 3 - Materiais e métodos 92<br />

Figura 3.22 - Produto final do rosqueamento tradicional e macho-fresa.<br />

O <strong>de</strong>senho digitalizado foi concebido por meio do programa Mechanical<br />

Desktop ® , sendo exportado para o programa <strong>de</strong> simulação por meio <strong>de</strong> uma<br />

extensão comum aos dois programas. Um ex<strong>em</strong>plo do conjunto digitalizado é<br />

visualizado na Fig. 3.23.<br />

Figura 3.23 - Protótipo digitalizado do conjunto a ser simulado: (a) parafuso, on<strong>de</strong> é imposto o<br />

carregamento <strong>de</strong> tração; (b) peça roscada.<br />

Observando a Figura 3.23 seria mais razoável o estudo <strong>em</strong> MEF utilizando a<br />

formulação <strong>de</strong> sólidos <strong>de</strong> revolução, pois a mesma simplifica a análise para<br />

duas dimensões por consi<strong>de</strong>rar características <strong>de</strong> simetria. Entretanto,<br />

observa-se uma dificulda<strong>de</strong> muito gran<strong>de</strong> na geração da malha utilizando-se<br />

el<strong>em</strong>entos axissimétricos para a forma excêntrica imposta pelo conjunto<br />

roscado, formando el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong>feituosos que impossibilitam a solução. Assim,<br />

optou-se por uma simulação utilizando-se do corpo como visto na Fig. 3.23.<br />

Após a entrada do <strong>de</strong>senho geométrico faz-se a discretização do conjunto.<br />

Devido às características do mo<strong>de</strong>lo a ser simulado, ou seja, mo<strong>de</strong>lo<br />

tridimensional com aspecto rebuscado imposto pela hélice, optou-se pela<br />

utilização do el<strong>em</strong>ento tetragonal composto <strong>de</strong> <strong>de</strong>z nós.


Capítulo 3 - Materiais e métodos 93<br />

O el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong>scrito anteriormente caracteriza-se por ser um isoparamétrico <strong>de</strong><br />

segunda or<strong>de</strong>m, ou seja, o mesmo possui a mesma quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> parâmetros<br />

para <strong>de</strong>finir a geometria e a aproximação. Assim este tipo <strong>de</strong> el<strong>em</strong>ento possui<br />

uma formulação capaz <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>lar formas curvas e não retangulares, on<strong>de</strong> a<br />

malha po<strong>de</strong> ser do tipo grosseira ou refinada na mo<strong>de</strong>lag<strong>em</strong> <strong>de</strong> formas<br />

quaisquer.<br />

Na Figura 3.24a t<strong>em</strong>-se a indicação da forma do el<strong>em</strong>ento tetraédrico, on<strong>de</strong><br />

cada aresta forma uma parábola <strong>de</strong> modo que quatro nós <strong>de</strong>fin<strong>em</strong> as<br />

extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong>s do el<strong>em</strong>ento e os outros seis nós <strong>de</strong>fin<strong>em</strong> a posição do centro <strong>de</strong><br />

cada aresta. Esta configuração permite uma representação mais exata do<br />

campo <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação numa análise elástica. A matriz <strong>de</strong> rigi<strong>de</strong>z <strong>de</strong>ste<br />

el<strong>em</strong>ento é integrada usando quatro pontos <strong>de</strong> integração, como indicado na<br />

Fig. 3.24b. A integração numérica é realizada pelo método da quadratura <strong>de</strong><br />

Gauss e a face formada pelos nós 1, 2 e 3 <strong>de</strong>fine o primeiro plano <strong>de</strong><br />

aproximação <strong>de</strong>stes pontos e o primeiro nó do el<strong>em</strong>ento é a referência da<br />

aproximação do primeiro ponto (Marc, 2003).<br />

Figura 3.24 - El<strong>em</strong>ento tetraédrico: a) forma composta <strong>de</strong> <strong>de</strong>z nós; b) plano <strong>de</strong> integração<br />

(Marc, 2003).<br />

Na fase <strong>de</strong> ajustes da simulação foi usado um tamanho máximo <strong>de</strong> el<strong>em</strong>ento<br />

<strong>de</strong> 8 mm, sendo que este valor é aquele encontrado utilizando o malhador<br />

automático. Entretanto, para a fase final da simulação refinou-se o mo<strong>de</strong>lo para<br />

um tamanho máximo <strong>de</strong> 3,5 mm; pois a maior dimensão presente na geometria<br />

é a da peça que possui um comprimento <strong>de</strong> 25mm. Desta forma, têm-se na<br />

pior das hipóteses sete el<strong>em</strong>entos <strong>em</strong> uma das faces e se este valor for menor<br />

po<strong>de</strong>-se ocorrer num t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> processamento inviável.


Capítulo 3 - Materiais e métodos 94<br />

Respeitando o limite <strong>de</strong> tamanho máximo <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos, o conjunto que<br />

representa o produto da tecnologia tradicional foi discretizado com 10938<br />

el<strong>em</strong>entos, enquanto da tecnologia macho-fresa a malha é constituída por<br />

11627 el<strong>em</strong>entos. Uma representação do conjunto malhado po<strong>de</strong> ser percebida<br />

na Fig. 3.25.<br />

Figura 3.25 - Conjunto parafuso-peça malhado com condições iniciais e <strong>de</strong> contorno do<br />

conjunto parafuso-peça.<br />

Criada a malha é necessário informar para o programa <strong>de</strong> simulação as<br />

condições iniciais e <strong>de</strong> contorno. Deve-se tomar um cuidado na entrada das<br />

imposições do mo<strong>de</strong>lo, pois estas <strong>de</strong>v<strong>em</strong> refletir o comportamento real das<br />

verda<strong>de</strong>iras condições <strong>de</strong> trabalho. Assim, olhando-se para o conjunto<br />

parafuso-peça real e fazendo uma transposição para o ambiente <strong>de</strong> simulação<br />

foram adicionados dois tipos <strong>de</strong> restrição <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento, on<strong>de</strong> a primeira<br />

localizada no fundo da peça impe<strong>de</strong> movimento <strong>em</strong> todas as direções e a outra<br />

restrição nas pare<strong>de</strong>s da peça restringe os movimentos nas direções<br />

longitudinais da mesma.<br />

Em suma, consi<strong>de</strong>rando a Fig. 3.25 têm-se as restrições <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento <strong>em</strong><br />

vermelho, on<strong>de</strong> no fundo da peça restringe-se <strong>em</strong> todas as direções e na<br />

pare<strong>de</strong> t<strong>em</strong>-se restrição <strong>de</strong> movimento <strong>em</strong> x e y. A imposição <strong>de</strong> carregamento<br />

é feita na cabeça do parafuso, como se percebe <strong>em</strong> azul na Fig. 3.25. On<strong>de</strong> o<br />

valor refere-se ao torque que o conjunto é submetido na prática ao ser<br />

montado, sendo este <strong>de</strong> 9 Nm ± 10% <strong>de</strong> torque nominal.


Capítulo 3 - Materiais e métodos 95<br />

Como visto anteriormente, as restrições <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento são impostas<br />

somente na peça e o carregamento foi colocado no parafuso, assim é simulado<br />

a condição <strong>de</strong> aperto do parafuso na peça e para que isto ocorra <strong>de</strong>ve-se<br />

indicar as regiões e características <strong>de</strong> contato para o programa. Para a<br />

presente simulação configurou-se o conjunto como dois corpos <strong>de</strong> contato,<br />

ambos <strong>de</strong>formáveis. O coeficiente <strong>de</strong> contato utilizado foi <strong>de</strong> 0,15; seguindo<br />

recomendação da fábrica que possui instrumentação a<strong>de</strong>quada para medir<br />

este parâmetro.<br />

Uma vez <strong>de</strong>finida as condições iniciais e <strong>de</strong> contorno, po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>finir os<br />

materiais que estão vinculados com cada corpo da simulação. Na primeira<br />

simulação realizada, com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> condicionar os parâmetros <strong>de</strong> contato<br />

e <strong>de</strong> malha foram consi<strong>de</strong>rados elástoplásticos, on<strong>de</strong> se utilizam apenas dados<br />

como o módulo <strong>de</strong> elasticida<strong>de</strong>, coeficiente <strong>de</strong> Poisson e <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>. Estes<br />

valores foram retirados das normas Fiat 53232 (1991) e 10366/50 (2002),<br />

referentes ao material da liga Al-Si-Cu (peça) e do aço que compõe o parafuso,<br />

respectivamente. Também, consi<strong>de</strong>ram-se materiais isotrópicos.<br />

Entretanto, a hipótese <strong>de</strong> utilizar um material perfeitamente elástico traz<br />

aproximações que po<strong>de</strong>m levar a um nível <strong>de</strong> erro significativo. Desta forma,<br />

serão usadas as curvas <strong>de</strong> tensão-<strong>de</strong>formação dos materiais que são<br />

<strong>de</strong>rivadas <strong>de</strong> um ensaio <strong>de</strong> tração.<br />

O ensaio referente ao material do parafuso da montag<strong>em</strong> do cabeçote do Fire ®<br />

foi disponibilizado pela <strong>em</strong>presa fornecedora do produto, conforme anexo VI.<br />

Os testes foram realizados conforme norma ISO 898/1 com velocida<strong>de</strong> inferior<br />

a 25 mm/min, sendo que o corpo <strong>de</strong> prova é parte <strong>de</strong> um parafuso sextavado<br />

M6 com comprimento útil <strong>de</strong> 25 mm e área <strong>de</strong> solicitação <strong>de</strong> 20,12 mm 2 .<br />

Para a liga <strong>de</strong> alumínio usou-se a característica <strong>de</strong> material elastoplásticos,<br />

pois <strong>em</strong> testes <strong>de</strong> tração preliminares para este material percebe-se que esta<br />

consi<strong>de</strong>ração não traz gran<strong>de</strong>s fontes <strong>de</strong> erro.<br />

Após <strong>de</strong>finição dos materiais envolvidos na simulação, ajustam-se as<br />

proprieda<strong>de</strong>s relativas aos el<strong>em</strong>entos, on<strong>de</strong> o tipo <strong>de</strong> formulação usada, que no<br />

caso é a <strong>de</strong>nominada formulação padrão, pois não se trata <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos<br />

axissimétricos ou Herrmann.


Capítulo 3 - Materiais e métodos 96<br />

Deste ponto <strong>em</strong> diante realiza-se a<strong>de</strong>quação dos tipos e características da<br />

formulação usada na etapa <strong>de</strong> processamento da simulação, sendo estas<br />

<strong>de</strong>scritas com mais <strong>de</strong>talhes no capítulo anterior no tópico <strong>de</strong> “análises não<br />

lineares”. A tolerância <strong>de</strong> contato aqui usada é da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 0,001.<br />

Para os parâmetros <strong>de</strong> trabalho usaram-se tolerâncias <strong>de</strong> divisão e numérica<br />

num valor <strong>de</strong> 0,001 e as interações <strong>de</strong>stas duas tolerâncias indicam o nível <strong>de</strong><br />

relaxamento da solução encontrada, ou seja, <strong>de</strong>fine-se o máximo erro que<br />

po<strong>de</strong> ser cometido.<br />

Terminado o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição dos tipos <strong>de</strong> formulações e estratégias <strong>de</strong><br />

solução é possível iniciar a etapa <strong>de</strong> processamento, on<strong>de</strong> todas as matrizes<br />

são calculadas para fornecer a solução numérica <strong>de</strong>sejada. Após este<br />

processo t<strong>em</strong>-se a última etapa <strong>de</strong>finida como pós-processamento que fornece<br />

todos os resultados alcançados <strong>de</strong> forma mais conveniente e <strong>de</strong>finida pelo<br />

usuário. Neste projeto, a análise do estado <strong>de</strong> <strong>de</strong>formações e <strong>de</strong> tensões no<br />

sist<strong>em</strong>a visa avaliar os seguintes tópicos:<br />

1. A resistência da estrutura, ou seja, a sua capacida<strong>de</strong> para suportar um<br />

certo carregamento, s<strong>em</strong> ocorrer tensões excessivas no material;<br />

2. A capacida<strong>de</strong> da estrutura para suportar um <strong>de</strong>terminado carregamento,<br />

s<strong>em</strong> sofrer <strong>de</strong>formações inaceitáveis;<br />

3. A estabilida<strong>de</strong> da estrutura, ou seja, sua capacida<strong>de</strong> para suportar uma<br />

dada carga, s<strong>em</strong> sofrer uma brusca mudança <strong>em</strong> sua configuração,<br />

<strong>de</strong>vido às <strong>de</strong>formações.<br />

Exatamente esses fatores estão sendo levantados na análise, ora <strong>em</strong><br />

<strong>de</strong>senvolvimento. Os resultados po<strong>de</strong>rão mostrar as regiões <strong>de</strong> maiores<br />

<strong>de</strong>formações e susceptíveis a falhas, conforme esperado no projeto.


CAPÍTULO 4<br />

RESULTADOS E DISCUSSÕES<br />

Para elucidar os objetivos propostos no trabalho <strong>em</strong> questão são expostos os<br />

resultados obtidos e possíveis discussões e se adota neste capítulo a<br />

seqüência proposta na metodologia, ou seja, t<strong>em</strong>-se a investigação do material<br />

e suas conseqüências, posteriormente são realizados os testes <strong>de</strong> furo-<br />

rosqueamento com uma avaliação dos sinais monitorados. Após avaliou-se a<br />

eficiência da etapa <strong>de</strong> manufatura, conseqüent<strong>em</strong>ente realizou-se uma<br />

otimização da mesma. Além disto, estudou-se os reflexos da nova tecnologia<br />

sobre a peça usinada utilizando a metodologia <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos finitos.<br />

4.1- Experimentos <strong>de</strong> caracterização do material a ser usinado<br />

Por se tratar <strong>de</strong> uma liga complexa é sabido que as proprieda<strong>de</strong>s mecânicas<br />

<strong>de</strong>sta, segundo o processo <strong>de</strong> fundição, possu<strong>em</strong> uma heterogeneida<strong>de</strong><br />

inerente da própria composição química. Devido a este fato realizou-se uma<br />

análise <strong>de</strong> micrografia e um ensaio <strong>de</strong> dureza, pois o conhecimento das<br />

mesmas é primordial para uma usinag<strong>em</strong> otimizada.<br />

4.1.1- Ensaio <strong>de</strong> dureza<br />

Por meio da Tabela 4.1 são mostrados os pontos medidos da dureza Brinell,<br />

HB, <strong>em</strong> relação aos pontos indicados na Fig. 3.5 e ao número do corpo <strong>de</strong><br />

prova. Também são indicadas as direções dos corpos <strong>de</strong> prova <strong>em</strong> relação ao<br />

referencial geral da barra <strong>de</strong> alumínio.<br />

Como se esperava, houve uma variação dos resultados <strong>em</strong> relação às<br />

coor<strong>de</strong>nadas espaciais e um valor médio <strong>de</strong> dureza não é indicado, assim foi<br />

confeccionado um perfil <strong>de</strong> dureza <strong>em</strong> relação aos eixos espaciais que são<br />

mostrados nas Figs. 4.1 a 4.4.<br />

Tabela 4.1 - Determinação <strong>de</strong> dureza Brinell da liga <strong>de</strong> alumínio.<br />

97


Capítulo 4 - Resultados e discussões 98<br />

Corpo <strong>de</strong><br />

Prova<br />

Linha Coluna<br />

L1 L2 C1 C2<br />

Direção vertical da barra <strong>de</strong> Al-Si-Cu<br />

Nº Dureza (HB)<br />

1 70,2 70,2 67,6 71,7<br />

2 59,0 59,0 62,4 54,8<br />

3 45,1 53,8 46,7 47,5<br />

4 66,2 67,6 64,9 56,8<br />

5 73,2 68,8 70,2 64,9<br />

Direção horizontal da barra <strong>de</strong> Al-Si-Cu<br />

6 68,8 60,1 56,8 71,7<br />

7 71,7 73,2 76,3 76,3<br />

8 71,7 73,2 74,7 86,8<br />

Na Figura 4.1 visualiza-se o gráfico do perfil <strong>de</strong> dureza na direção vertical (y),<br />

dos pontos L1 e L2, on<strong>de</strong> é notado no meio do tarugo, corpo <strong>de</strong> prova número<br />

3, t<strong>em</strong>-se uma queda do valor da dureza Brinell <strong>em</strong> relação às extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong>s.<br />

Dureza Brinell (HB)<br />

75<br />

70<br />

65<br />

60<br />

55<br />

50<br />

45<br />

40<br />

35<br />

Liga <strong>de</strong> Alumínio - Dureza Brinell<br />

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />

Pontos <strong>de</strong> leitura<br />

Corpo <strong>de</strong> prova 1 Corpo <strong>de</strong> prova 2 Corpo <strong>de</strong> prova 3 Corpo <strong>de</strong> prova 4 Corpo <strong>de</strong> prova 5<br />

Figura 4.1 - Perfil <strong>de</strong> dureza Brinell, medido na linha média do corpo <strong>de</strong> prova <strong>em</strong> relação ao<br />

eixo y.


Capítulo 4 - Resultados e discussões 99<br />

A hipótese mais a<strong>de</strong>quada da causa <strong>de</strong>sta variação é aquela indicada no<br />

capítulo 2 no tópico referente ao processo <strong>de</strong> fundição. Chiaverini (1977) cita<br />

que o <strong>de</strong>senvolvimento da solidificação se dá <strong>de</strong> forma heterogênea e<br />

competitiva, ou seja, o centro por ser o último lugar a se solidificar t<strong>em</strong>-se um<br />

tamanho <strong>de</strong> grão maior e com a presença acentuada <strong>de</strong> vazios <strong>em</strong> relação às<br />

extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong>s.<br />

Na direção horizontal (x), os valores da dureza Brinell confirmaram a hipótese<br />

levantada anteriormente, pois os valores <strong>de</strong> dureza aumentam do centro para a<br />

extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong>. O perfil <strong>de</strong> dureza po<strong>de</strong> ser notado na Fig. 4.2.<br />

Dureza Brinell (HB)<br />

75<br />

70<br />

65<br />

60<br />

55<br />

50<br />

45<br />

40<br />

Liga <strong>de</strong> Alumínio - Dureza Brinell<br />

35<br />

0 1 2 3 4 5 6<br />

Pontos <strong>de</strong> leitura<br />

Corpo <strong>de</strong> prova 6 Corpo <strong>de</strong> prova 7 Corpo <strong>de</strong> prova 8<br />

Figura 4.2 - Perfil <strong>de</strong> dureza Brinell, medido na linha média do corpo <strong>de</strong> prova <strong>em</strong> relação ao<br />

eixo x.<br />

Consi<strong>de</strong>rando os valores absolutos indicados na Fig. 4.1 t<strong>em</strong>-se um <strong>de</strong>svio<br />

padrão <strong>de</strong> 8,875 que é b<strong>em</strong> maior do que o <strong>de</strong>svio padrão encontrado no<br />

conjunto <strong>de</strong> valores referentes a Fig. 4.2 que foi <strong>de</strong> 5,009. Assim po<strong>de</strong>-se<br />

concluir que o <strong>de</strong>senvolvimento da solidificação e/ou a presença <strong>de</strong> vazios são<br />

mais <strong>de</strong>cisivos na heterogeneida<strong>de</strong> dos resultados <strong>de</strong> dureza encontrados na<br />

direção vertical.<br />

Para os pontos extr<strong>em</strong>os C1 e C2, fora da linha neutra, po<strong>de</strong>-se avaliar como o<br />

perfil <strong>de</strong> dureza altera com relação à profundida<strong>de</strong> da barra <strong>de</strong> alumínio. Sendo<br />

que na Fig. 4.3 t<strong>em</strong>-se o perfil <strong>de</strong> dureza na direção vertical e na Fig.4.4<br />

observa-se o perfil na direção horizontal.


Capítulo 4 - Resultados e discussões 100<br />

Dureza Brinell (HB<br />

75<br />

70<br />

65<br />

60<br />

55<br />

50<br />

45<br />

40<br />

Liga <strong>de</strong> Alumínio - Dureza Brinell<br />

Inferior Superior<br />

35<br />

0 1 2 3 4 5<br />

Nº do corpo <strong>de</strong> prova<br />

Figura 4.3 - Perfil <strong>de</strong> dureza Brinell, medido fora da linha média do corpo <strong>de</strong> prova <strong>em</strong> relação<br />

Dureza Brinell (HB)<br />

90<br />

85<br />

80<br />

75<br />

70<br />

65<br />

60<br />

55<br />

50<br />

ao eixo y.<br />

Liga <strong>de</strong> Alumínio - Dureza Brinell<br />

Inferior Superior<br />

5 6 7<br />

Nº do corpo <strong>de</strong> prova<br />

Figura 4.4 - Perfil <strong>de</strong> dureza Brinell, medido fora da linha média do corpo <strong>de</strong> prova <strong>em</strong> relação<br />

ao eixo x.<br />

Para os pontos indicados pelas Figuras. 4.3 e 4.4, observou-se o mesmo<br />

comportamento das figuras anteriores, ou seja, na Fig. 4.3 t<strong>em</strong>-se o menor<br />

valor <strong>de</strong> dureza referente ao corpo <strong>de</strong> prova 3 e na Fig. 4.4 ao corpo <strong>de</strong> prova<br />

6.<br />

Entretanto, era <strong>de</strong> se esperar uma homogeneida<strong>de</strong> maior entre os valores <strong>de</strong><br />

dureza colhidos nas posições C1 e C2 <strong>de</strong> cada corpo <strong>de</strong> prova, pois estas<br />

possu<strong>em</strong> a mesma distância relativa <strong>em</strong> relação à linha neutra. Mas percebe-<br />

8


Capítulo 4 - Resultados e discussões 101<br />

se que as imperfeições locais influenciam <strong>de</strong> diferentes formas o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da solidificação tornando algumas direções preferenciais para<br />

o avanço da transferência <strong>de</strong> calor.<br />

Além disso, conclui-se que também para as posições fora da linha neutra, <strong>de</strong><br />

forma geral, os valores colhidos na direção vertical são menores que aqueles<br />

medidos na direção horizontal.<br />

Para a extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong> superior, C2, do corpo <strong>de</strong> prova <strong>de</strong> número 8 observou-se<br />

o maior valor <strong>de</strong> dureza, o que mais uma vez é confirmado pela teoria da<br />

solidificação, pois este ponto foi o primeiro local a se solidificar na barra.<br />

Enquanto na linha <strong>de</strong> centro, L1, do corpo <strong>de</strong> prova <strong>de</strong> número 3, posicionado<br />

mais ao centro da barra, ocorreu o menor valor <strong>de</strong> dureza que é justificado pela<br />

presença <strong>de</strong> vazios e também por ser o último local a se solidificar,<br />

apresentando tamanho <strong>de</strong> grão maior.<br />

4.1.2- Ensaio <strong>de</strong> micrografia<br />

Para justificar a variação do perfil da dureza Brinell foi usado a hipótese do<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da solidificação, que implica numa variação do tamanho e<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contornos <strong>de</strong> grão, além da presença maior <strong>de</strong> vazios no centro<br />

superior da barra da liga <strong>de</strong> Al-Si-Cu, ou seja, mais próximo à superfície. Assim<br />

uma avaliação mais apurada da microestrutura se faz necessária e com isso<br />

uma análise metalográfica, mais especificamente o ensaio <strong>de</strong> micrografia é <strong>de</strong><br />

suma importância no presente trabalho.<br />

Com o objetivo <strong>de</strong> facilitar a compreensão utilizou-se para esta análise apenas<br />

dois corpos <strong>de</strong> prova que representam a heterogeneida<strong>de</strong> da liga Al-Si-Cu. No<br />

ensaio micrográfico comumente são usadas amostras pequenas, para facilitar<br />

o espelhamento nas fases <strong>de</strong> lixamento, polimento e posterior ataque químico.<br />

Assim cortaram-se dois retângulos <strong>de</strong> 15x25 mm, sendo um na parte central da<br />

barra, chamado <strong>de</strong> corpo <strong>de</strong> prova C, e outra na extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>nominado<br />

corpo <strong>de</strong> prova E; on<strong>de</strong> foi percebida uma diferença significativa da<br />

microestrutura.<br />

Na fase <strong>de</strong> ataque químico, a maneira pela qual o reagente ataca <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do<br />

propósito do material, isto é, se ele é formado <strong>em</strong> um constituinte único no qual<br />

todas as partes do metal são exatamente da mesma composição química, ou


Capítulo 4 - Resultados e discussões 102<br />

se ele é <strong>de</strong> natureza complexa, quando exist<strong>em</strong> diversos constituintes,<br />

diferindo na composição química (Baptísta, 1998).<br />

Nos casos <strong>em</strong> que uma liga composta <strong>de</strong> dois ou mais constituintes estruturais<br />

estiver sendo atacada, o reagente é escolhido <strong>de</strong> modo a ser seletivo <strong>em</strong> seu<br />

ataque. Isto permite o aparecimento <strong>de</strong> certos constituintes <strong>em</strong> relevo e produz,<br />

quando observados pelo microscópio, o que se po<strong>de</strong> ser chamado um efeito <strong>de</strong><br />

sombra. As partes não afetadas aparecerão <strong>em</strong> cores brilhantes, enquanto que<br />

outras, <strong>em</strong> planos inferiores, aparecerão escuras (Baptísta, 1998).<br />

Foi utilizado para coleta das imagens um aumento <strong>de</strong> 40x, <strong>em</strong> que são<br />

representadas nas partes mais escuras, num tom <strong>de</strong> cinza, a fase com a<br />

presença do alumínio <strong>em</strong> solubilida<strong>de</strong> com os el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> liga; nas partes<br />

amareladas, num tom escuro, observa-se à fase do alumínio puro e finalmente<br />

nas partes mais claras t<strong>em</strong>-se uma terceira fase <strong>de</strong> um intermetálico, pois é<br />

sabido que numa liga complexa ocorre à diminuição da solubilida<strong>de</strong> do<br />

alumínio com alguns el<strong>em</strong>entos, por ex<strong>em</strong>plo, o silício. Estas fases são<br />

indicadas na Fig. 4.5.<br />

Figura 4.5 - Indicação das fases presentes na liga <strong>de</strong> alumínio, incluindo a fase <strong>de</strong><br />

intermetálico.<br />

Na Figura 4.6a mostra-se o corpo <strong>de</strong> prova da extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong>, on<strong>de</strong> se percebeu<br />

uma <strong>de</strong>finição maior das fases e conseqüent<strong>em</strong>ente dos contornos <strong>de</strong> grão<br />

além <strong>de</strong> alguns vazios (<strong>em</strong> preto), mas <strong>de</strong> tamanho reduzido. Enquanto na<br />

figura 4.6b, que representa o corpo <strong>de</strong> prova do centro da barra, o vazio é<br />

bastante acentuado, a fase <strong>de</strong> alumínio solúvel com el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> liga aparece<br />

apenas <strong>em</strong> pequenas faixas nos contornos <strong>de</strong> grão e ocorre a presença da<br />

fase <strong>de</strong> um intermetálico.


Capítulo 4 - Resultados e discussões 103<br />

Figura 4.6 - Variação dos constintuintes: a) micrografia do corpo <strong>de</strong> prova E, b) micrografia do<br />

corpo <strong>de</strong> prova C.<br />

Além dos constituintes citados anteriormente na Fig. 4.7 mostra-se a presença<br />

<strong>de</strong> outros indícios do <strong>de</strong>senvolvimento da solidificação e suas particularida<strong>de</strong>s.<br />

Observando-se a Figura 4.7a, referente ao corpo <strong>de</strong> prova E, nota-se a<br />

presença <strong>de</strong> <strong>de</strong>ndritas que se formam como folhas <strong>de</strong> árvore, <strong>de</strong> forma<br />

competitiva, ou seja, limitada no tamanho uma pelas outras. Na Figura 4.7b,<br />

corpo <strong>de</strong> prova C, nota-se a presença <strong>de</strong> grãos <strong>de</strong> tamanhos acentuados e a<br />

terceira fase do intermetálico confundindo com a fase <strong>de</strong> solubilida<strong>de</strong> do<br />

alumínio com os outros el<strong>em</strong>entos da liga.<br />

Figura 4.7 - Outros constituintes: a) micrografia do corpo <strong>de</strong> prova E, b) micrografia do corpo <strong>de</strong><br />

prova C.<br />

Na Figura 4.8 utilizou-se um aumento da imag<strong>em</strong> <strong>de</strong> 100x para evi<strong>de</strong>nciar a<br />

fase <strong>de</strong> solubilida<strong>de</strong> do alumínio com os outros el<strong>em</strong>entos da liga que ocorre da<br />

forma mostrada no corpo <strong>de</strong> prova da extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong>. A energia gasta e o t<strong>em</strong>po<br />

para a formação <strong>de</strong>sta fase é maior, o que impe<strong>de</strong> o seu aparecimento, <strong>em</strong><br />

gran<strong>de</strong> volume, no corpo <strong>de</strong> prova do centro.


Capítulo 4 - Resultados e discussões 104<br />

Figura 4.8 - Fase <strong>de</strong> solubilida<strong>de</strong> do alumínio e el<strong>em</strong>entos da liga presentes no corpo <strong>de</strong> prova<br />

Desta forma, provou-se a hipótese feita na análise <strong>de</strong> dureza, que o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da solidificação alterou a forma dos micro-constituintes da<br />

estrutura. Isto permitiu uma heterogeneida<strong>de</strong>, citada por Campos Filho e<br />

Davies (1978) além <strong>de</strong> Chiaverini (1977), entre o centro e a extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong> da<br />

barra da liga <strong>de</strong> alumínio ocasionando um perfil <strong>de</strong> dureza com uma alta<br />

dispersão nos seus valores absolutos. Além disto, foi possível a visualização<br />

dos micro-constituintes presentes <strong>em</strong> cada estrutura.<br />

Como indicada por Jantunen (2002), a heterogeneida<strong>de</strong> <strong>de</strong> dureza presente na<br />

peça, que será usinada, t<strong>em</strong> como conseqüência uma variabilida<strong>de</strong> nas forças<br />

<strong>de</strong> usinag<strong>em</strong>, além <strong>de</strong> alterar a vida da ferramenta.<br />

4.2- Experimentos <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong><br />

Como a tecnologia <strong>de</strong> rosqueamento utilizando a ferramenta macho-fresa é<br />

ainda bastante nova, com pouca experiência relatada <strong>em</strong> artigos científicos<br />

e/ou publicações técnicas foi <strong>de</strong>cidido a realização <strong>de</strong> uma etapa <strong>de</strong> pré-testes,<br />

para i<strong>de</strong>ntificar os parâmetros <strong>de</strong> corte que vão se adaptar <strong>de</strong> forma mais<br />

a<strong>de</strong>quada a todos os aspectos do presente trabalho. Os mesmos <strong>de</strong>v<strong>em</strong> estar,<br />

portanto num nível tal que compreenda o aspecto econômico e os limites da<br />

ferramenta e da máquina.<br />

E.


Capítulo 4 - Resultados e discussões 105<br />

4.2.1- Pré-testes<br />

Uma vez <strong>de</strong>finido os parâmetros <strong>de</strong> corte, vi<strong>de</strong> metodologia, iniciou-se a<br />

usinag<strong>em</strong> dos furos, para i<strong>de</strong>ntificar se o sist<strong>em</strong>a está pronto para o trabalho<br />

<strong>em</strong> si. Entretanto, no terceiro furo houve o colapso da ferramenta que gerou<br />

algumas indagações das causas da falha, <strong>em</strong> conformida<strong>de</strong> com os aspectos<br />

indicados por Santos (1999), Jantunen (2002) e Schramm (2001):<br />

o Refrigeração ina<strong>de</strong>quada e sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> filtrag<strong>em</strong> ineficiente, pois foi<br />

percebido que havia entupimento <strong>de</strong> alguns canais <strong>de</strong> refrigeração da<br />

ferramenta;<br />

o Vibração do sist<strong>em</strong>a: foi instalado um mancal no eixo árvore da máquina<br />

para passag<strong>em</strong> <strong>de</strong> fluido <strong>de</strong> corte através do centro da ferramenta <strong>de</strong><br />

corte. Isto po<strong>de</strong> estar promovendo a instabilida<strong>de</strong> do sist<strong>em</strong>a.<br />

Após a montag<strong>em</strong> do novo sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> refrigeração e filtrag<strong>em</strong> foi possível a<br />

realização <strong>de</strong> um novo teste.<br />

Iniciado o processo <strong>de</strong> rosqueamento foi percebida uma alteração <strong>de</strong> pressão,<br />

pelo manômetro montado no sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> refrigeração, o que sugere uma<br />

restrição na passag<strong>em</strong> do fluido. Na usinag<strong>em</strong> do terceiro furo houve o colapso<br />

da ferramenta que muito provavelmente foi causado pelo entupimento do canal<br />

<strong>de</strong> refrigeração da mesma, que impediria a expulsão normal do cavaco e o mau<br />

funcionamento da ferramenta.<br />

Depois do ocorrido, uma nova ferramenta foi montada no sist<strong>em</strong>a e quando o<br />

fluido foi imposto pela bomba, antes do avanço da ferramenta por sobre a<br />

peça, houve um entupimento total dos canais <strong>de</strong> refrigeração interrompendo o<br />

escoamento. Após o <strong>de</strong>sentupimento da ferramenta e inserção no mancal o<br />

sist<strong>em</strong>a voltou a funcionar, mas <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> alguns minutos ocorreu novamente o<br />

entupimento <strong>de</strong>vido a partículas suspensas, como cavacos, no fluido <strong>de</strong> corte.<br />

Com os entraves encontrados na preparação inicial da usinag<strong>em</strong>, a realização<br />

dos experimentos foi impossibilitada. Um novo sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> filtrag<strong>em</strong> <strong>de</strong>ve ser<br />

pensado para que nenhuma partícula capaz <strong>de</strong> obstruir a passag<strong>em</strong> do canal<br />

<strong>de</strong> refrigeração da ferramenta esteja presente na operação <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong>.<br />

O sist<strong>em</strong>a auxiliar, impl<strong>em</strong>entado para o funcionamento da ferramenta do<br />

processo macho-fresa, nas condições exigidas pelo fabricante, como a


Capítulo 4 - Resultados e discussões 106<br />

utilização <strong>de</strong> um mancal hidráulico e <strong>de</strong> filtros para o fluido <strong>de</strong> corte, inseriu<br />

fontes <strong>de</strong> incertezas que compromet<strong>em</strong> as possíveis conclusões do<br />

experimento e impossibilita a isenção do processo <strong>em</strong> estudo.<br />

Desta forma, o uso do centro <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong>, fabricado pela ROMI, mo<strong>de</strong>lo<br />

Discovery 560 restringe <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>cisiva a metodologia usada para o estudo<br />

<strong>de</strong> usinabilida<strong>de</strong> dos processos <strong>de</strong> rosqueamento e questiona a possível<br />

transferibilida<strong>de</strong> dos resultados.<br />

Realizaram-se inúmeros pré-testes acertando o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> refrigeração a alta<br />

pressão, fixação da ferramenta e da peça. O que ficou evi<strong>de</strong>nte é que essa<br />

nova tecnologia, conjugada <strong>de</strong> furação e rosqueamento, é extr<strong>em</strong>amente<br />

sensível a qualquer instabilida<strong>de</strong> do sist<strong>em</strong>a, inclusive intermitência no sist<strong>em</strong>a<br />

<strong>de</strong> refrigeração interna sob alta pressão (15 bar).<br />

Observou-se que a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se usinar com fluido aplicado pelo centro<br />

da ferramenta e a máquina operatriz não estar equipada com refrigeração<br />

passando pelo interior do eixo árvore, forçou à instalação <strong>de</strong> um mandril que<br />

ocasionou o comprometimento da estabilida<strong>de</strong> do sist<strong>em</strong>a, provocando níveis<br />

<strong>de</strong> vibração suficientes para a quebra das ferramentas.<br />

Em suma, <strong>de</strong>ve-se fazer uma tentativa <strong>de</strong> reduzir as possíveis causas <strong>de</strong><br />

quebra da ferramenta s<strong>em</strong> que estas soluções prejudiqu<strong>em</strong> outras<br />

características operacionais. Desta forma, optou-se <strong>em</strong> realizar um retrofitting<br />

do centro <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> on<strong>de</strong> a rotação máxima da máquina e a pressão do<br />

sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> bomba para a “nova máquina” serão amplificadas e o fluido passará<br />

pelo centro da ferramenta s<strong>em</strong> a necessida<strong>de</strong> do mandril, com isso melhora-se<br />

também a estabilida<strong>de</strong> do conjunto.<br />

Depois <strong>de</strong> <strong>de</strong>finido todo o ferramental e os parâmetros <strong>de</strong> corte possibilitou-se<br />

o inicio <strong>de</strong> outra etapa <strong>de</strong> pré-teste; on<strong>de</strong> se usinou 111 furos visualmente<br />

perfeitos s<strong>em</strong> colapso da ferramenta. O que levou a concluir que as<br />

modificações realizadas permitiram a usinag<strong>em</strong> <strong>de</strong> um número maior <strong>de</strong> furos<br />

com estabilida<strong>de</strong> da ferramenta.<br />

O segundo passo da etapa <strong>de</strong> pré-teste foi a <strong>de</strong>finição do raio <strong>de</strong> correção da<br />

ferramenta. Devido ao diâmetro da ferramenta, esta correção é um valor tal que<br />

<strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rado pelo programa CNC na etapa <strong>de</strong> translação da<br />

ferramenta do centro do furo para o início da usinag<strong>em</strong> do perfil roscado e todo


Capítulo 4 - Resultados e discussões 107<br />

o movimento helicoidal. Neste caso foi encontrado um valor <strong>de</strong> 2,28 mm; que<br />

permite verificar os furos com o dispositivo <strong>de</strong> calibração com a qualida<strong>de</strong><br />

requerida por projeto.<br />

Logo foi finalizada a etapa <strong>de</strong> pré-testes e começada a usinag<strong>em</strong> <strong>em</strong> si, mas<br />

até esse momento não foi realizado nenhum tipo <strong>de</strong> monitoramento <strong>de</strong> sinais,<br />

pois os arquivos <strong>de</strong> Labview ® ainda não estavam aptos para a confiabilida<strong>de</strong><br />

requerida para o trabalho. Assim, nesta etapa apenas a qualida<strong>de</strong> dimensional<br />

dos furos roscados foi avaliada.<br />

4.2.2- Avaliação da vida da primeira ferramenta e qualida<strong>de</strong> dos furos<br />

gerados<br />

Consi<strong>de</strong>rando uma área segura no corpo <strong>de</strong> prova <strong>de</strong> alumínio, foram usinados<br />

875 furos, sendo que usinava-se filas contendo 35 furos <strong>em</strong> cada uma, com<br />

distância <strong>de</strong> um furo para outro <strong>de</strong> 8 mm entre centros. Uma barra usinada<br />

po<strong>de</strong> ser visualizada por meio da Fig. 4.9, e se observam as distâncias entre<br />

furos.<br />

Figura 4.9 - Barra roscada sendo calibrada.<br />

Na Figura 4.9 percebe-se a avaliação da qualida<strong>de</strong> dimensional por meio do<br />

calibrador do tipo tampão, on<strong>de</strong> na primeira barra o intervalo <strong>de</strong> avaliação foi<br />

<strong>de</strong> 35 furos, ou seja, <strong>de</strong> uma fila para outra. Entretanto percebeu-se que a<br />

qualida<strong>de</strong> dos furos não alterava muito com relação ao <strong>de</strong>senvolvimento da<br />

usinag<strong>em</strong>, pois a restrição à entrada do lado passa do calibrador não mudava.


Capítulo 4 - Resultados e discussões 108<br />

Assim, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 210 furos foi <strong>de</strong>cidido aumentar o intervalo <strong>de</strong> calibração para<br />

175 furos <strong>de</strong> forma a melhorar a eficiência do estudo.<br />

Schramm (2001), indica no seu trabalho que usinou 3000 furos s<strong>em</strong> que o nível<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste para o fim <strong>de</strong> vida da ferramenta fosse alcançado. Entretanto, este<br />

autor avaliou uma ferramenta M8 que é claramente mais estável que a M6;<br />

assim foi <strong>de</strong>cidido avaliar as arestas da ferramenta por meio <strong>de</strong> um microscópio<br />

ferramenteiro <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> usinados 3478 furos perfeitos.<br />

Na Figura 4.10 observa-se a vista <strong>de</strong> cima da ponta da ferramenta, on<strong>de</strong> se<br />

têm <strong>em</strong> evidência as arestas <strong>de</strong> corte e ponta da ferramenta, o aumento<br />

utilizado para esta imag<strong>em</strong> foi <strong>de</strong> 25 vezes. Uma ferramenta nova po<strong>de</strong> ser<br />

percebida por meio da Fig. 4.10a, enquanto a ferramenta usada é indicada na<br />

Fig. 4.10b, ou seja, após usinar 3478 furos.<br />

Figura 4.10 - Aresta transversal <strong>de</strong> corte da ferramenta macho-fresa: a) ferramenta nova, b)<br />

após usinar 3478 furos.<br />

Comparando as duas partes da Fig. 4.10, como explicado por Diniz et al.<br />

(2001), se nota uma a<strong>de</strong>são muito forte na aresta <strong>de</strong> corte da ferramenta usada<br />

que se <strong>de</strong>senvolve por toda aresta principal. Além disso, t<strong>em</strong>-se ainda a<br />

presença <strong>de</strong> material no início da hélice, ou seja, <strong>de</strong>vido à interação da saída<br />

do cavaco com forma helicói<strong>de</strong> da ferramenta t<strong>em</strong>-se a a<strong>de</strong>são nesta área o<br />

que comprova o mecanismo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> cavaco citado por Ke et al. (2005).<br />

Para tentar quantificar o <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> flanco encontrado na ferramenta fez-se<br />

uma limpeza do material a<strong>de</strong>rido às arestas <strong>de</strong> corte. Nesta limpeza<br />

evi<strong>de</strong>nciou-se o <strong>de</strong>sgaste do tipo a<strong>de</strong>são, pois uma das pr<strong>em</strong>issas <strong>de</strong>ste


Capítulo 4 - Resultados e discussões 109<br />

mecanismo é que uma vez transmitido um certo nível <strong>de</strong> força no material, o<br />

mesmo <strong>de</strong>ve se <strong>de</strong>spren<strong>de</strong>r facilmente. O <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> flanco VBBmáx é indicado<br />

na Fig. 4.11 que possui um aumento <strong>de</strong> 100 vezes. O valor encontrado nas<br />

arestas <strong>de</strong> corte foi <strong>de</strong> 0,02 mm que está b<strong>em</strong> abaixo do limite estabelecido.<br />

Figura 4.11 - Desgaste <strong>de</strong> flanco VBBmax encontrado na primeira ferramenta após 3478 furos.<br />

Chegado ao limite <strong>de</strong> 5692 furos houve o colapso da ferramenta. Com relação<br />

à calibração dos furos; no último <strong>de</strong> número 5691 totalmente usinado, não se<br />

notou dificulda<strong>de</strong> na entrada do lado passa do calibrador e o lado não-passa<br />

também atesta a perfeição da qualida<strong>de</strong> do furo. A Figura 4.12 aponta a<br />

qualida<strong>de</strong> do furo anterior ao colapso, com aumento <strong>de</strong> 25 vezes.<br />

Figura 4.12 - Qualida<strong>de</strong> do canal roscado do furo anterior ao colapso da primeira ferramenta.<br />

A cunha cortante da ferramenta é mostrada <strong>em</strong> <strong>de</strong>staque na Fig. 4.13a. Nesta,<br />

também, visualiza-se uma a<strong>de</strong>são muito forte <strong>de</strong> alumínio nas arestas da


Capítulo 4 - Resultados e discussões 110<br />

ferramenta e esta é ainda maior que aquela vista na Fig. 4.10b, que <strong>de</strong>talha a<br />

a<strong>de</strong>são da ferramenta <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> usinado 3478 furos.<br />

Figura 4.13 - Vista <strong>de</strong> cima da ferramenta: a) arestas <strong>de</strong> corte e ponta da ferramenta; b)<br />

<strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> flanco máximo, após colapso.<br />

O <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> flanco da ferramenta após o colapso é percebido na Fig. 4.13b<br />

com aumento <strong>de</strong> 150 vezes. O nível <strong>de</strong> VBBMax medido foi <strong>de</strong> 0,02 mm, que foi<br />

o mesmo número encontrado na usinag<strong>em</strong> do furo <strong>de</strong> número 3478. Este fato<br />

po<strong>de</strong> se <strong>de</strong>ver a dois motivos: o primeiro é que talvez o microscópio não possui<br />

a sensibilida<strong>de</strong> necessária para a medição ou, a mais provável, que a a<strong>de</strong>são<br />

esteja impedindo a medida.<br />

Percebe-se ainda por meio da Fig. 4.13a, que até o canal <strong>de</strong> saída <strong>de</strong> fluido<br />

t<strong>em</strong> a presença <strong>de</strong> alumínio a<strong>de</strong>rido. Assim, este mecanismo parece ser<br />

prepon<strong>de</strong>rante no colapso da ferramenta, visto que o <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> flanco<br />

máximo não se alterou no <strong>de</strong>senvolvimento da usinag<strong>em</strong>.<br />

4.2.3- Avaliação da vida da segunda ferramenta e qualida<strong>de</strong> dos furos<br />

gerados<br />

Após a usinag<strong>em</strong> da primeira barra a ferramenta foi levada para um<br />

microscópio ótico, on<strong>de</strong> se avaliou a presença <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste e a eficiência do<br />

processo <strong>de</strong> limpeza indicado na metodologia.<br />

A etapa <strong>de</strong> limpeza era simples, pois o material a<strong>de</strong>rido saia facilmente;<br />

entretanto não foi possível avaliar o <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> flanco, uma vez que este não<br />

era visível até mesmo para um aumento <strong>de</strong> 400 vezes.


Capítulo 4 - Resultados e discussões 111<br />

Com o <strong>de</strong>senvolvimento da usinag<strong>em</strong> foi notado que seria impossível eliminar a<br />

a<strong>de</strong>são somente com a limpeza da ferramenta, pois a cada nova barra o nível<br />

<strong>de</strong> a<strong>de</strong>são não mudava com relação aquele visto na Fig. 4.13a.<br />

O colapso da segunda ferramenta <strong>de</strong>ixa claro que a influência da a<strong>de</strong>são não é<br />

tão gran<strong>de</strong> como se imaginava, pois o evento aconteceu no vigésimo primeiro<br />

furo da sétima peça, após uma limpeza da ferramenta. A segunda ferramenta,<br />

macho-fresa, usinou no total 5253 furos perfeitos, ou seja, com ajuste pelo<br />

calibrador do tipo tampão passa não-passa.<br />

Percebe-se na Figura 4.14 que o colapso da segunda ferramenta, como<br />

ocorreu com a primeira, acontece numa região preferencial indicada por<br />

Schramm (2001) que é a região <strong>de</strong> menor diâmetro, on<strong>de</strong> se t<strong>em</strong> a transição do<br />

escareador para o corpo da broca responsável pelo fresamento dos canais<br />

roscados.<br />

Figura 4.14 - Detalhe da forma do colapso da segunda ferramenta.<br />

Além disto, na Fig. 4.14 t<strong>em</strong>-se à direita o <strong>de</strong>talhamento da região da quebra<br />

da ferramenta que r<strong>em</strong>ete a um tipo <strong>de</strong> falha frágil. Consi<strong>de</strong>rando que o nível<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste presente nesta usinag<strong>em</strong> é baixo, da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 0,02 mm, é<br />

bastante provável que a causa do colapso da ferramenta não seja por<br />

fenômenos puramente da usinag<strong>em</strong>, ou seja, outros acontecimentos<br />

influenciaram <strong>de</strong> forma mais pro<strong>em</strong>inente no processo.<br />

Assim, o monitoramento <strong>de</strong> sinais é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> valia para <strong>de</strong>finir outros<br />

aspectos da usinag<strong>em</strong> que po<strong>de</strong>m indicar qual o fenômeno possui maior<br />

sensibilida<strong>de</strong> à falha da ferramenta e posteriormente po<strong>de</strong>r intervir no processo<br />

a fim <strong>de</strong> melhorar a usinabilida<strong>de</strong> e viabilizá-lo.


Capítulo 4 - Resultados e discussões 112<br />

4.2.4- Avaliação da vida da ferramenta pelo monitoramento <strong>de</strong> sinais<br />

O processo <strong>de</strong> furo-rosqueamento possui uma dinâmica muito particular como<br />

aquela indicada nas etapas da Fig. 1.2. Cada furo roscado leva <strong>em</strong> média três<br />

segundos para ser usinado, po<strong>de</strong>ndo chegar até 1 segundo quando se t<strong>em</strong><br />

máquina-ferramenta mais a<strong>de</strong>quada. Entretanto, a manipulação do<br />

monitoramento, ou seja, a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> quando começa ou termina a aquisição<br />

é feito <strong>de</strong> forma manual, logo fica impossível <strong>de</strong>terminar o monitoramento <strong>de</strong><br />

um único furo ou até mesmo <strong>de</strong> uma das fases da usinag<strong>em</strong>. Desta forma,<br />

optou-se <strong>em</strong> adquirir um conjunto <strong>de</strong> furos, como uma fila que cont<strong>em</strong> 35 furos.<br />

A interface entre os sinais e a placa <strong>de</strong> aquisição possui duas configurações<br />

para os canais <strong>de</strong> entrada. A primeira é <strong>de</strong>nominada configuração singular,<br />

on<strong>de</strong> se t<strong>em</strong> <strong>de</strong>zesseis canais <strong>de</strong> entrada e o terra do sist<strong>em</strong>a é o mesmo para<br />

todos estes. Enquanto a segunda é conhecida como diferencial.<br />

Como a primeira configuração é b<strong>em</strong> mais simples <strong>de</strong> se impl<strong>em</strong>entar e ainda<br />

não se têm informações reais dos sinais a ser<strong>em</strong> colhidos, optou-se no uso da<br />

entrada singular.<br />

4.2.4.1- Monitoramento da primeira ferramenta<br />

Iniciou-se o monitoramento dos sinais <strong>de</strong> aceleração e dos parâmetros<br />

elétricos, após usinados os 3478 furos <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> dimensional perfeita<br />

usando a primeira ferramenta. A avaliação seguiu conforme <strong>de</strong>scrito no<br />

capítulo 3 e mais especificamente no tópico <strong>de</strong> avaliação da vida da ferramenta<br />

macho-fresa e com <strong>de</strong>talhamento na Fig. 3.14.<br />

Nesta etapa foi <strong>de</strong>cidido o monitoramento <strong>de</strong> todos os furos seguindo até o<br />

número 4178, ou seja, mais um corpo <strong>de</strong> prova. Entretanto, percebeu-se que<br />

esta avaliação retarda bastante a operação <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong>, pois a cada número<br />

<strong>de</strong> furos havia uma parada para manipulação <strong>de</strong> arquivo. Em adição a esta<br />

<strong>de</strong>svantag<strong>em</strong>, t<strong>em</strong>-se a geração <strong>de</strong> uma massa muito gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> dados e<br />

consi<strong>de</strong>rando a pequena variação percebida na medida do <strong>de</strong>sgaste máximo<br />

<strong>de</strong> flanco entre furos, optou-se <strong>em</strong> captar apenas algumas filas representativas<br />

<strong>em</strong> cada corpo <strong>de</strong> prova.<br />

As filas escolhidas para o monitoramento foram a quinta, a décima quinta e a<br />

vigésima quinta, pois com estes furos é varrida toda a área da barra, ou seja,


Capítulo 4 - Resultados e discussões 113<br />

t<strong>em</strong>-se furos das extr<strong>em</strong>ida<strong>de</strong>s e centro do corpo <strong>de</strong> prova, além disso, o<br />

programa CNC <strong>de</strong>senvolvido possui uma parada <strong>de</strong> cinco <strong>em</strong> cinco filas o que<br />

auxilia na manipulação dos arquivos. Em adição a isto, optou-se <strong>em</strong> <strong>de</strong>screver<br />

apenas alguns furos <strong>de</strong> forma a apresentar um panorama fiel <strong>de</strong> todo o<br />

processo.<br />

Em concordância com o <strong>de</strong>scrito anteriormente, foram escolhidos os furos <strong>de</strong><br />

número 3628, 3978, 4328, 4503, 5028 e 5203 para monitoramento da primeira<br />

ferramenta, sendo que o colapso ocorreu no furo 5692.<br />

Parâmetros elétricos: Corrente, potência e tensão<br />

Na Figura 4.15 mostram-se os dados <strong>de</strong> potência requerida no processo,<br />

sendo que o sinal foi manipulado por cálculos estatísticos a fim <strong>de</strong> facilitar a<br />

visualização como indicado por Jantunen (2002).<br />

Figura 4.15 - Desenvolvimento da usinag<strong>em</strong> da primeira ferramenta, <strong>em</strong> relação à potência do<br />

eixo árvore normalizada.<br />

Como visto na Fig. 4.15, <strong>de</strong>cidiu-se na confecção apenas dos gráficos referente<br />

à potência do eixo árvore, pois é possível que este parâmetro tenha uma


Capítulo 4 - Resultados e discussões 114<br />

correlação mais direta com o <strong>de</strong>sgaste presente no <strong>de</strong>senvolvimento da<br />

usinag<strong>em</strong> ou com a vida da ferramenta. Enquanto os outros parâmetros<br />

elétricos <strong>de</strong> tensão e corrente são apenas indicativos da evolução da usinag<strong>em</strong><br />

e <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser analisados consi<strong>de</strong>rando outros aspectos.<br />

Os valores numéricos não indicam a potência real consumida na usinag<strong>em</strong>,<br />

pois a potência do eixo árvore utilizada é normalizada. Ou seja, como a<br />

aquisição foi realizada diretamente do controlador numérico do centro <strong>de</strong><br />

usinag<strong>em</strong> e este <strong>em</strong>ite uma amostra do sinal <strong>em</strong> tensão variando <strong>de</strong> zero a<br />

cinco volts t<strong>em</strong>-se uma conversão que <strong>de</strong>ve ser feita neste sinal. A cada volt<br />

amostrado correspon<strong>de</strong> a uma potência consumida, entretanto este índice não<br />

foi disponibilizado pela Si<strong>em</strong>ens, fabricante do comando numérico, o que<br />

forçou a uma análise apenas qualitativa.<br />

Consi<strong>de</strong>rando a Figura 4.15 po<strong>de</strong>-se concluir que o comportamento da<br />

usinag<strong>em</strong> é b<strong>em</strong> homogêneo para todos os parâmetros estatísticos. Isto se<br />

<strong>de</strong>ve ao fenômeno indicado nas seções anteriores, on<strong>de</strong> não foi percebida uma<br />

alteração no nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste com relação ao <strong>de</strong>senvolvimento da usinag<strong>em</strong>.<br />

Entretanto, percebe-se uma mudança muito gran<strong>de</strong> no furo 5203, o que indica<br />

que o monitoramento foi sensível para a percepção do instante anterior ao<br />

colapso, possibilitando a predição do final da vida da ferramenta, este fato<br />

também foi percebido por Ertunc e Oysu (2004).<br />

Sinal <strong>de</strong> aceleração: FFT referente à primeira ferramenta<br />

A avaliação dos sinais <strong>de</strong> aceleração é feita também <strong>de</strong> forma qualitativa, pois<br />

para esta análise não foi feito um estudo mais aprofundado das freqüências<br />

naturais do conjunto formado pela ferramenta, corpo <strong>de</strong> prova e centro <strong>de</strong><br />

usinag<strong>em</strong>.<br />

Nas Figuras 4.16 e 4.17 são apresentados os gráficos da FFT do sinal <strong>de</strong><br />

vibração colhido próximo da ferramenta na direção <strong>de</strong> flexão, como foi<br />

mostrado na Fig. 3.16 no capítulo referente à metodologia.<br />

Por meio da Fig. 4.16 focaliza-se a FFT dos sinais <strong>de</strong> aceleração para os furos<br />

3628, 4328 e 5028; on<strong>de</strong> estes são representados como peça 5, 6 e 7<br />

respectivamente. Enquanto, na Fig. 4.17 visualiza-se os sinais referentes aos<br />

furos 3978, 4503 e 5203; sendo também representados da mesma forma.


Capítulo 4 - Resultados e discussões 115<br />

Figura 4.16 - FFT do sinal <strong>de</strong> aceleração da fila cinco medido na direção <strong>de</strong> flexão da primeira<br />

ferramenta.<br />

Figura 4.17 - FFT do sinal <strong>de</strong> aceleração da fila quinze medido na direção <strong>de</strong> flexão da primeira<br />

ferramenta.


Capítulo 4 - Resultados e discussões 116<br />

A seguir, da mesma forma são representados nas Figs. 4.18 e 4.19 a FFT dos<br />

sinais da aceleração, <strong>em</strong>bora que referente à direção axial da ferramenta que<br />

também é mostrada na Fig. 3.16.<br />

Figura 4.18 - FFT do sinal <strong>de</strong> aceleração da fila cinco medido na direção axial da primeira<br />

ferramenta.<br />

Figura 4.19 - FFT do sinal <strong>de</strong> aceleração da fila quinze medido na direção axial da primeira<br />

ferramenta.


Capítulo 4 - Resultados e discussões 117<br />

Os sinais <strong>de</strong> aceleração mostrados nas Figs. 4.16 e 4.17, <strong>de</strong> forma geral, não<br />

indicam uma boa correlação <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> sinal com a vida da ferramenta. Pois<br />

é claro que os sinais referentes aos furos mais próximos do colapso <strong>de</strong>veriam<br />

possuir; como os autores Ertunc e Oysu (2004), Jantunen (2002) entre outros<br />

apresentam <strong>em</strong> seus trabalhos, <strong>de</strong> forma geral uma amplitu<strong>de</strong> maior e este<br />

fenômeno não ocorre.<br />

Fazendo um comparativo entre os sinais da dinâmica das direções <strong>de</strong> medição<br />

da ferramenta, percebe-se que na direção <strong>de</strong> flexão ocorr<strong>em</strong> sinais <strong>de</strong><br />

amplitu<strong>de</strong>s maiores, indicando que nesta direção a ferramenta está mais<br />

susceptível a instabilida<strong>de</strong>s dinâmicas.<br />

Consi<strong>de</strong>rando apenas as Figs. 4.16 e 4.18, a amplitu<strong>de</strong> da aceleração, para a<br />

freqüência <strong>em</strong> torno <strong>de</strong> 400 Hz, se <strong>de</strong>senvolve ou aumenta com a evolução da<br />

usinag<strong>em</strong>, entretanto nas outras, Figs. 4.17 e 4.19, o fenômeno se inverte,<br />

trazendo uma variabilida<strong>de</strong> que impe<strong>de</strong> a correlação com a vida da ferramenta.<br />

Um outro fenômeno ocorrido nos sinais <strong>de</strong> vibração é <strong>de</strong>stacado na Fig. 4.20,<br />

que é a saturação no sinal do acelerômetro. A fonte <strong>de</strong>sta saturação não é<br />

muito clara, <strong>em</strong>bora que, <strong>de</strong> uma forma simplista, este fato r<strong>em</strong>ete a uma<br />

instabilida<strong>de</strong> do sist<strong>em</strong>a.<br />

Figura 4.20 - Saturação do sinal <strong>de</strong> aceleração.<br />

4.2.4.2- Monitoramento da segunda ferramenta<br />

Para tentar melhorar o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> monitoramento e evitar a saturação dos<br />

sinais foi mudada a interface entre os sinais e a placa <strong>de</strong> aquisição para o


Capítulo 4 - Resultados e discussões 118<br />

sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong>nominado diferencial, pois esta configuração utiliza um terra para<br />

cada canal o que ten<strong>de</strong> a diminuir a influência <strong>de</strong> ruídos externos.<br />

Ao contrário da primeira ferramenta, este monitoramento foi iniciado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />

primeiro furo até o colapso da ferramenta no furo <strong>de</strong> número 5253. Como,<br />

também, houve um banco <strong>de</strong> dados muito gran<strong>de</strong> optou-se na avaliação <strong>de</strong><br />

apenas alguns furos representativos, sendo estes <strong>de</strong> número: 153, 503, 853,<br />

1378, 1728, 1903, 2603, 2778, 3128, 3478, 3653, 4003, 4353, 4528, 5053 e<br />

5113.<br />

Parâmetros elétricos: Corrente, potência e tensão<br />

As mesmas consi<strong>de</strong>rações feitas no monitoramento da primeira ferramenta são<br />

utilizadas para esta nova ferramenta, ou seja, apenas os parâmetros<br />

estatísticos da potência do eixo árvore são estudados, como po<strong>de</strong> ser visto na<br />

Fig. 4.21.<br />

Figura 4.21 - Desenvolvimento da usinag<strong>em</strong> da segunda ferramenta, <strong>em</strong> relação à potência <strong>de</strong><br />

do eixo árvore normalizada.


Capítulo 4 - Resultados e discussões 119<br />

Para a segunda ferramenta não foi observado o mesmo comportamento da<br />

ferramenta anterior com relação aos parâmetros estatísticos. Este fato se <strong>de</strong>ve<br />

<strong>em</strong> gran<strong>de</strong> parte pela invariabilida<strong>de</strong> do nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste da ferramenta até o<br />

seu colapso, sendo que outras fontes <strong>de</strong> heterogeneida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m também<br />

mascarar os resultados encontrados, como a variação <strong>de</strong>vido ao material a ser<br />

usinado focada anteriormente.<br />

Desta forma, a predição do ponto <strong>de</strong> parada para troca da ferramenta,<br />

anteriormente ao colapso, não possui a repetibilida<strong>de</strong> exigida para um<br />

processo seguro. Embora algumas fontes <strong>de</strong> incerteza também ajudam a<br />

dissimular um possível controle, pois é fato que o número <strong>de</strong> furos usinados<br />

pelas duas ferramentas são aquém ao esperado e o pequeno <strong>de</strong>sgaste<br />

percebido anterior a quebra também confirma a presença <strong>de</strong> outros<br />

fenômenos.<br />

Sinal <strong>de</strong> aceleração: FFT referente à segunda ferramenta<br />

A seguir, os dados da FFT dos sinais <strong>de</strong> aceleração são indicados nas<br />

próximas figuras, sendo que na Fig. 4.22 t<strong>em</strong>-se a visualização dos<br />

mensurandos relativos a direção <strong>de</strong> flexão da ferramenta consi<strong>de</strong>rando a quinta<br />

fila, enquanto a décima quinta fila é indicada na Fig. 4.23.<br />

Figura 4.22 - FFT do sinal <strong>de</strong> aceleração da fila cinco medido na direção <strong>de</strong> flexão da segunda<br />

ferramenta.


Capítulo 4 - Resultados e discussões 120<br />

Nesta figura 4.22 não foi consi<strong>de</strong>rado o furo <strong>de</strong> número 853, ou seja, a<br />

segunda peça, pois nesta ocorreu à saturação do acelerômetro. Este fato, já<br />

indica que mesmo alterando a configuração <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> dados houve ainda a<br />

saturação no sinal que <strong>de</strong>veria ser mais b<strong>em</strong> investigado, entretanto este<br />

estudo foge do escopo do presente trabalho.<br />

Para os outros furos percebe-se que não houve um aumento significativo da<br />

amplitu<strong>de</strong> da FFT com o <strong>de</strong>senvolvimento da usinag<strong>em</strong>, ao contrário, <strong>em</strong><br />

algumas freqüências os furos prece<strong>de</strong>ntes possu<strong>em</strong> uma amplitu<strong>de</strong> maior.<br />

Figura 4.23 - FFT do sinal <strong>de</strong> aceleração da fila quinze medido na direção <strong>de</strong> flexão da<br />

segunda ferramenta.<br />

Os sinais indicados na Fig. 4.23 se comportaram da mesma forma <strong>de</strong>scrita na<br />

Fig. 4.22, on<strong>de</strong> as amplitu<strong>de</strong>s são bastante heterogêneas e não evolu<strong>em</strong> com o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento da usinag<strong>em</strong> e mais uma vez ocorreu a saturação do sinal <strong>de</strong><br />

um dos furos, ou seja, não foi consi<strong>de</strong>rado o furo <strong>de</strong> número 1903 referente a<br />

terceira peça.<br />

Posteriormente, t<strong>em</strong>-se o <strong>de</strong>talhamento dos sinais da direção axial da segunda<br />

ferramenta, on<strong>de</strong> a FFT da quinta fila é apresentada na Fig. 4.24 enquanto a<br />

fila décima quinta na Fig. 4.25.<br />

Para as Figuras 4.24 e 4.25 não houve uma alteração do fenômeno <strong>de</strong>scrito no<br />

monitoramento da direção <strong>de</strong> flexão, <strong>em</strong> outras palavras, a amplitu<strong>de</strong> da FFT


Capítulo 4 - Resultados e discussões 121<br />

não mostrou uma boa correlação com o <strong>de</strong>sgaste da ferramenta e a saturação<br />

dos sinais do acelerômetro voltou a acontecer. No gráfico, referente a quinta<br />

fila, não foi consi<strong>de</strong>rado o furo <strong>de</strong> número 853, peça 2; enquanto que para a<br />

décima quinta fila não foi avaliado o furo 1903 ou peça 3.<br />

Figura 4.24 - FFT do sinal <strong>de</strong> aceleração da fila cinco medido na direção axial da segunda<br />

ferramenta.<br />

Figura 4.25 - FFT do sinal <strong>de</strong> aceleração da fila quinze medido na direção axial da segunda<br />

ferramenta.


Capítulo 4 - Resultados e discussões 122<br />

Ficou nítido que <strong>em</strong> ambos gráficos <strong>de</strong>scritos anteriormente, Figs. 4.24 e 4.25,<br />

que a instabilida<strong>de</strong> do sinal <strong>de</strong> aceleração ocorre por todo o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

da usinag<strong>em</strong>. Como não é objetivo do presente trabalho, a investigação<br />

criteriosa das causas <strong>de</strong> saturação, optou-se apenas <strong>em</strong> avaliar quais pontos<br />

estariam influenciando no baixo rendimento da ferramenta e esta instabilida<strong>de</strong><br />

está se mostrando a fonte mais pro<strong>em</strong>inente.<br />

O <strong>de</strong>sgaste da ferramenta ainda está <strong>em</strong> um nível consi<strong>de</strong>rado baixo<br />

anteriormente a quebra, indicando a influência <strong>de</strong> outros fatores. Desta forma,<br />

na próxima seção é feita uma análise <strong>de</strong> algumas possibilida<strong>de</strong>s que alteram a<br />

dinâmica do processo <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong>, proporcionando assim uma estabilida<strong>de</strong><br />

maior ao conjunto.<br />

4.3- Otimização da vida da ferramenta<br />

Devido à saturação dos sinais <strong>de</strong> aceleração ocorridos na usinag<strong>em</strong> utilizando<br />

as duas ferramentas e, também, pelo nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste percebido anterior ao<br />

colapso foi <strong>de</strong>cidido uma avaliação da estabilida<strong>de</strong> dinâmica do conjunto<br />

formado pelo centro <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong>, ferramenta <strong>de</strong> corte e corpo <strong>de</strong> prova <strong>de</strong><br />

alumínio.<br />

Para esta análise, a forma mais simples <strong>de</strong> alterar a dinâmica do processo<br />

seria pelo ajuste da fonte <strong>de</strong> excitação, ou seja, o nível <strong>de</strong> rotação <strong>de</strong> trabalho.<br />

Logo, por meio <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo estudado no ambiente ODS foi avaliado o<br />

<strong>de</strong>slocamento máximo do conjunto.<br />

Assim, na Fig. 4.26 t<strong>em</strong>-se a representação do máximo <strong>de</strong>slocamento do<br />

conjunto excitado por uma rotação <strong>de</strong> 7333 rpm, enquanto para a rotação <strong>de</strong><br />

8000 rpm é esqu<strong>em</strong>atizado na Fig. 4.27 e na Fig. 4.28 t<strong>em</strong>-se a indicação para<br />

a excitação <strong>de</strong> rotação <strong>de</strong> 9333 rpm.<br />

O conjunto <strong>de</strong> estudo é representado nas Figs. 4.26 a 4.31, por meio <strong>de</strong><br />

el<strong>em</strong>entos do tipo viga que são ajustados para mo<strong>de</strong>lar os sólidos, on<strong>de</strong> as<br />

linhas mais externas são referentes à mesa do centro <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong>, enquanto o<br />

retângulo interno simula a peça da liga <strong>de</strong> alumínio que será usinada. Além<br />

disto, t<strong>em</strong>-se representada a ferramenta macho-fresa pela linha mais positiva<br />

<strong>em</strong> relação à coor<strong>de</strong>nada z.


Capítulo 4 - Resultados e discussões 123<br />

Figura 4.26 - Deslocamento máximo para uma excitação <strong>de</strong> 7333 rpm.<br />

Figura 4.27 - Deslocamento máximo para uma excitação <strong>de</strong> 8000 rpm.


Capítulo 4 - Resultados e discussões 124<br />

Figura 4.28 - Deslocamento máximo para uma excitação <strong>de</strong> 9333 rpm.<br />

Consi<strong>de</strong>rando as Figuras 4.26 a 4.28 notou-se que para a rotação <strong>de</strong> 9333 rpm<br />

t<strong>em</strong>-se a pior situação do ponto <strong>de</strong> vista da estabilida<strong>de</strong>, pois o valor máximo<br />

encontrado é <strong>de</strong> 7,3 mm além <strong>de</strong> ter um campo <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação visualmente<br />

<strong>de</strong>sfavorável, vi<strong>de</strong> a peça a direita na Fig. 4.28.<br />

Os valores encontrados para a <strong>de</strong>formação po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>rados bastante<br />

elevados, na or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> milímetros. Este fato não invalida o estudo, mesmo<br />

sabendo que isto na realida<strong>de</strong> não ocorre, pois foi feita uma aproximação <strong>de</strong><br />

el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> viga para mo<strong>de</strong>lar sólidos que traz uma alta fonte <strong>de</strong> incerteza<br />

para os cálculos e estes <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong> forma qualitativa, ou seja,<br />

uma comparação do comportamento do conjunto é confiável e fatível.<br />

Para os outros dois casos o campo <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação não é <strong>de</strong>sfavorável quanto<br />

o anterior, pois os <strong>de</strong>slocamentos são mais presentes na mesa do centro <strong>de</strong><br />

usinag<strong>em</strong>. Entretanto, o menor nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento da <strong>de</strong>formação foi<br />

encontrado na usinag<strong>em</strong> com rotação <strong>de</strong> 7333 rpm.<br />

Porém, a mudança <strong>de</strong> nível <strong>de</strong> rotação <strong>de</strong> 8000 para 7333 rpm iria ocasionar a<br />

uma perda <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong>, pois a usinag<strong>em</strong> seria mais lenta. E <strong>de</strong> forma mais<br />

prejudicial o baixo nível <strong>de</strong> rotação da ferramenta iria provocar uma diferença


Capítulo 4 - Resultados e discussões 125<br />

muito gran<strong>de</strong> entre a usinag<strong>em</strong> no ambiente <strong>de</strong> laboratório e aquela realizada<br />

no chão <strong>de</strong> fábrica. Além disto, exist<strong>em</strong> outros trabalhos como citado por<br />

Schramm (2001) que utiliza níveis <strong>de</strong> rotação acima <strong>de</strong> 10000 rpm.<br />

Desta forma, optou-se <strong>em</strong> continuar usinando com a rotação <strong>de</strong> 8000 rpm e<br />

estudar outras forma <strong>de</strong> otimização dinâmica. Assim, a avaliação das<br />

condições <strong>de</strong> contorno da usinag<strong>em</strong> é uma saída mais indicada, ou seja,<br />

estudou-se os tipos <strong>de</strong> fixação da peça <strong>de</strong> alumínio <strong>em</strong> ODS e programas<br />

comerciais <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos finitos.<br />

Pelas Figuras 4.29, 4.30 e 4.31 observam-se os valores <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamentos da<br />

<strong>de</strong>formação do estudo das condições <strong>de</strong> contorno, ou seja, encontrada na<br />

usinag<strong>em</strong> com 2, 4 e 6 parafusos respectivamente.<br />

Figura 4.29 - Deslocamento máximo para a fixação com dois parafusos.<br />

No estudo com quatro e seis parafusos, indicados nas Figs. 4.30 e 4.31, outro<br />

fato que <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rado é a posição da peça <strong>em</strong> relação a mesa do<br />

centro <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong>, on<strong>de</strong> foi visto que a barra <strong>de</strong> alumínio está perpendicular<br />

<strong>em</strong> relação ao comprimento da mesa. Este fato se <strong>de</strong>ve aos canais <strong>de</strong> fixação<br />

do centro <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong>, Fig. 3.10, que possibilita somente esta configuração.


Capítulo 4 - Resultados e discussões 126<br />

Consi<strong>de</strong>rando o estudo dinâmico, a variação da posição da peça <strong>em</strong> relação ao<br />

centro <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> é até benéfica para a situação indicada nas Figs. 4.30 e<br />

4.31, pois a peça estará apoiada na região mais estável da mesa.<br />

Figura 4.30 - Deslocamento máximo para a fixação com quatro parafusos.<br />

Figura 4.31 - Deslocamento máximo para a fixação com seis parafusos.


Capítulo 4 - Resultados e discussões 127<br />

Esten<strong>de</strong>ndo a mesma consi<strong>de</strong>ração da fonte <strong>de</strong> excitação para as condições<br />

<strong>de</strong> contorno, percebe-se pelos resultados <strong>de</strong> ODS que no caso <strong>de</strong> seis<br />

parafusos obteve-se o maior <strong>de</strong>slocamento para o resultado <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação.<br />

Enquanto que o menor nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>slocamento foi observado para dois<br />

parafusos, entretanto estes resultados <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser avaliados com alguns<br />

cuidados, pois houve também saturação <strong>de</strong> alguns acelerômetros. Assim foi<br />

realizada a análise por meio <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos finitos para avaliar<br />

os modos <strong>de</strong> freqüência natural para os três tipos <strong>de</strong> sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> fixação. O<br />

primeiro modo <strong>de</strong> vibração para cada tipo <strong>de</strong> fixação é observado nas Figs.<br />

4.32, 4.33 e 4.34.<br />

Para o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> fixação com dois parafusos obteve-se a primeira freqüência<br />

natural no valor <strong>de</strong> 8449,2 rpm que é b<strong>em</strong> próximo do valor <strong>de</strong> rotação <strong>de</strong><br />

trabalho, ou seja, com este sist<strong>em</strong>a ocorre a tendência <strong>de</strong> uma instabilida<strong>de</strong> do<br />

conjunto, como visto pelo monitoramento das duas primeiras ferramentas.<br />

Para o sist<strong>em</strong>a com seis parafusos encontrou-se um valor <strong>de</strong> 51448,8 rpm para<br />

o primeiro modo <strong>de</strong> vibração; que é b<strong>em</strong> mais estável que o sist<strong>em</strong>a anterior.<br />

Já para o caso com quatro parafusos apurou-se para a primeira freqüência<br />

natural o valor <strong>de</strong> 55363,8 rpm.<br />

Figura 4.32 - Primeiro modo <strong>de</strong> vibração para a fixação com dois parafusos.


Capítulo 4 - Resultados e discussões 128<br />

Figura 4.33 - Primeiro modo <strong>de</strong> vibração para a fixação com quatro parafusos.<br />

Figura 4.34 - Primeiro modo <strong>de</strong> vibração para a fixação com seis parafusos.<br />

Pelos resultados indicados nas Figs. 4.32 a 4.34 po<strong>de</strong>-se concluir que o<br />

sist<strong>em</strong>a com quatro parafusos é o mais estável pelos valores do primeiro modo<br />

<strong>de</strong> vibração indicado no cabeçalho <strong>de</strong> cada figura. O primeiro modo para o


Capítulo 4 - Resultados e discussões 129<br />

sist<strong>em</strong>a com dois parafusos equivale a um valor <strong>de</strong> 8449,2 rpm que é b<strong>em</strong><br />

próximo da rotação <strong>de</strong> trabalho, po<strong>de</strong>ndo gerar bastante instabilida<strong>de</strong>.<br />

Enquanto para seis parafusos t<strong>em</strong>-se um valor <strong>de</strong> 51448,8 rpm e o sist<strong>em</strong>a<br />

com quatro parafusos possui o primeiro modo <strong>em</strong> 55363,8 rpm.<br />

Posteriormente será avaliada uma ferramenta consi<strong>de</strong>rando a rotação <strong>de</strong> 8000<br />

rpm com o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> fixação modificado para quatro parafusos.<br />

4.3.1- Avaliação da vida da terceira ferramenta e qualida<strong>de</strong> dos furos<br />

gerados<br />

Para os testes <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> usando a terceira ferramenta nenhum dos<br />

parâmetros foram modificados, apenas o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> fixação que foi alterado <strong>de</strong><br />

dois para quatro parafusos.<br />

Nesta avaliação não foi consi<strong>de</strong>rado o nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>sgaste como parâmetro <strong>de</strong><br />

parada, pois neste ponto seria interessante saber os limites da ferramenta <strong>em</strong><br />

relação ao colapso que assim serviria <strong>de</strong> base <strong>de</strong> comparação para as outras<br />

ferramentas.<br />

Entretanto usinou-se mais <strong>de</strong> sessenta barras <strong>de</strong> alumínio, chegando a 30253<br />

furos <strong>de</strong>ntro da qualida<strong>de</strong> requerida. Como o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> já era gran<strong>de</strong><br />

e a ferramenta parecia estar <strong>em</strong> bom estado, foi <strong>de</strong>cidido a parada dos testes<br />

<strong>de</strong> usinag<strong>em</strong>. As barras <strong>de</strong> alumínio usinadas são indicadas na Fig. 4.35.<br />

Figura 4.35 - Corpos <strong>de</strong> prova após a usinag<strong>em</strong> <strong>de</strong> 30253 furos <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>.


Capítulo 4 - Resultados e discussões 130<br />

Assim, por estes resultados consi<strong>de</strong>ra-se que o estudo do processo <strong>de</strong><br />

usinag<strong>em</strong> alcançou os seus objetivos, on<strong>de</strong> houve um aumento superior a<br />

530% <strong>em</strong> relação à primeira ferramenta que havia usinado o maior número <strong>de</strong><br />

furos. Além disto, para esta ferramenta não houve o colapso, o que traz<br />

gran<strong>de</strong>s vantagens. De uma forma didática, na Fig. 4.36 t<strong>em</strong>-se um<br />

comparativo da performance das ferramentas utilizadas neste estudo, enquanto<br />

a ferramenta macho-fresa após a usinag<strong>em</strong> po<strong>de</strong> ser visualizada na Fig. 4.37.<br />

Figura 4.36 - Comparativo da performance das ferramentas macho-fresa.<br />

Figura 4.37 - Avaliação da terceira ferramenta macho-fresa após os testes <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong>.<br />

Na Figura 4.37 po<strong>de</strong>-se perceber <strong>em</strong> <strong>de</strong>talhe mais à direita a aresta transversal<br />

<strong>de</strong> corte da ferramenta que apresenta pouco <strong>de</strong>sgaste e <strong>de</strong> difícil mensuração<br />

<strong>de</strong>vido à presença <strong>de</strong> material a<strong>de</strong>rido e aresta postiça no eixo da ferramenta.<br />

4.2.4.2- Monitoramento da terceira ferramenta<br />

Para esta avaliação, os furos <strong>de</strong> número 1195, 3735, 6340, 9235, 11840,<br />

13735, 15340, 17235, 19235, 21235, 22235, 23235, 24235, 25235, 26235,<br />

27235, 27840, 28735, 29235 e 29735 foram consi<strong>de</strong>rados. Estes foram


Capítulo 4 - Resultados e discussões 131<br />

escolhidos respeitando a evolução do <strong>de</strong>sgaste da ferramenta conforme<br />

<strong>de</strong>scrito por Ertunc e Oysu (2004) e indicado na Fig. 2.11.<br />

Parâmetros elétricos: Corrente, potência e tensão<br />

Os parâmetros estatísticos <strong>em</strong> relação à potência do eixo árvore normalizada<br />

dos furos indicados acima po<strong>de</strong>m ser visualizados na Fig 4.38.<br />

Figura 4.38 - Desenvolvimento da usinag<strong>em</strong> da terceira ferramenta, <strong>em</strong> relação à potência <strong>de</strong><br />

do eixo árvore normalizada.<br />

Como houve a mudança da configuração da interface entre a aquisição <strong>de</strong><br />

dados e a placa <strong>de</strong> aquisição é possível fazer apenas uma comparação entre<br />

os dados da segunda e terceira ferramentas. Assim, confrontando os valores<br />

encontrados na Fig. 4.21 com aqueles apresentados na Fig. 4.38 po<strong>de</strong>-se<br />

perceber que praticamente todos os parâmetros estatísticos <strong>de</strong>sta última são<br />

mais homogêneos e com valor máximo menor <strong>em</strong> relação aos dados da<br />

segunda ferramenta.<br />

Esta constatação leva-se a concluir que modificado o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> fixação<br />

implicou <strong>em</strong> uma suavização entre os dados <strong>de</strong> potência que indiretamente,


Capítulo 4 - Resultados e discussões 132<br />

diminui a alteração ou variação da força <strong>de</strong> corte, como mostrado por Ertunc e<br />

Oysu (2004), Pirtini e Lazoglu (2005), Jantunen (2002) e Paul et al. (2005); logo<br />

os efeitos dinâmicos foram minimizados e a vida da ferramenta foi otimizada.<br />

Observa-se também que existe ligeira tendência <strong>de</strong> aumento dos parâmetros<br />

como média aritmética, variância, <strong>de</strong>svio padrão, amplitu<strong>de</strong> e RMS calculados<br />

do sinal bruto, com o t<strong>em</strong>po <strong>de</strong> contato (ou <strong>de</strong>sgaste) ferramenta-peça.<br />

Ainda avaliando as Figuras 4.21 e 4.38, observa-se que tanto o coeficiente <strong>de</strong><br />

assimetria quanto a curtose apresentam valores positivos. Assimetria positiva<br />

significa que a distribuição está concentrada a direita do valor médio. Enquanto<br />

a curtose positiva mostra a tendência da distribuição ser mais afunilada, ou<br />

seja, com predominância <strong>de</strong> valores elevados.<br />

Sinal <strong>de</strong> aceleração: FFT referente à terceira ferramenta<br />

A seguir são mostrados os gráficos relativos aos sinais <strong>de</strong> vibração da terceira<br />

ferramenta. Nas Figuras 4.39 a 4.42 são indicadas as amplitu<strong>de</strong>s da FFT<br />

gerada para os furos relacionados no início <strong>de</strong>sta seção, na direção <strong>de</strong> flexão<br />

da ferramenta.<br />

Figura 4.39 - FFT do sinal <strong>de</strong> aceleração medido na direção <strong>de</strong> flexão da terceira ferramenta:<br />

primeira parte.


Capítulo 4 - Resultados e discussões 133<br />

Figura 4.40 - FFT do sinal <strong>de</strong> aceleração medido na direção <strong>de</strong> flexão da terceira ferramenta:<br />

segunda parte.<br />

Figura 4.41 - FFT do sinal <strong>de</strong> aceleração medido na direção <strong>de</strong> flexão da terceira ferramenta:<br />

terceira parte.


Capítulo 4 - Resultados e discussões 134<br />

Figura 4.42 - FFT do sinal <strong>de</strong> aceleração medido na direção <strong>de</strong> flexão da terceira ferramenta:<br />

quarta parte.<br />

Nos próximos gráficos são indicados a FFT dos sinais da direção axial da<br />

ferramenta, on<strong>de</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento da usinag<strong>em</strong> é mostrado na seqüência<br />

das Figs. 4.43 a 4.46.<br />

Figura 4.43 - FFT do sinal <strong>de</strong> aceleração medido na direção axial da terceira ferramenta:<br />

primeira parte.


Capítulo 4 - Resultados e discussões 135<br />

Figura 4.44 - FFT do sinal <strong>de</strong> aceleração medido na direção axial da terceira ferramenta:<br />

segunda parte.<br />

Figura 4.45 - FFT do sinal <strong>de</strong> aceleração medido na direção axial da terceira ferramenta:<br />

terceira parte.


Capítulo 4 - Resultados e discussões 136<br />

Figura 4.46 - FFT do sinal <strong>de</strong> aceleração medido na direção axial da terceira ferramenta: quarta<br />

parte.<br />

Percebe-se que alguns <strong>de</strong>stes furos monitorados são <strong>de</strong> filas diferentes o que<br />

impediria qualquer tipo <strong>de</strong> comparação, entretanto foram escolhidos furos<br />

pertencentes a quinta e a vigésima quinta fila que são simétricos<br />

geometricamente, assim é possível fazer comparações, entretanto como se<br />

alterou as condições <strong>de</strong> contorno, ou seja, a dinâmica é diferente e assim não é<br />

pru<strong>de</strong>nte fazer comparações com os sinais da segunda ferramenta.<br />

Verificando os gráficos anteriores, Figs. 4.39 a 4.46, percebe-se que há um<br />

leve aumento da amplitu<strong>de</strong> da aceleração entre a primeira até a terceira parte,<br />

entretanto nos últimos furos usinados ocorreu uma diminuição. Assim, enten<strong>de</strong>-<br />

se que não há forte correlação entre estes sinais e o <strong>de</strong>senvolvimento da<br />

usinag<strong>em</strong>.<br />

4.4- Resultados da avaliação por método dos el<strong>em</strong>entos finitos<br />

A avaliação apenas da performance da ferramenta não garante a possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> utilização da nova tecnologia se esta alterar <strong>de</strong> forma radical o produto final.<br />

Desta forma, optou-se <strong>em</strong> investigar os reflexos das alterações inerentes da


Capítulo 4 - Resultados e discussões 137<br />

ferramenta macho-fresa usando a formulação <strong>em</strong> el<strong>em</strong>entos finitos, on<strong>de</strong> as<br />

duas peças são produzidas pelos métodos: tradicional e macho-fresa.<br />

Os resultados a seguir são os <strong>de</strong>slocamentos nodais da <strong>de</strong>formação do<br />

conjunto formado pela peça e um parafuso <strong>em</strong> relação ao mo<strong>de</strong>lo<br />

in<strong>de</strong>formável. O campo <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação para os dois tipos <strong>de</strong> peças são<br />

indicados nas figuras seguintes. Para a peça <strong>de</strong>rivada do processo tradicional é<br />

mostrado na Fig. 4.47, enquanto mostra-se na Fig. 4.48 a peça para o<br />

processo <strong>de</strong> furo-rosqueamento.<br />

Figura 4.47 - Deslocamento nodal do campo <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação para o processo tradicional.<br />

Figura 4.48 - Deslocamento nodal do campo <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação para o processo <strong>de</strong> furo-<br />

rosqueamento.


Capítulo 4 - Resultados e discussões 138<br />

Pelas Figuras 4.47 e 4.48 nota-se que o <strong>de</strong>slocamento encontrado para o<br />

processo <strong>de</strong> furo-rosqueamento é até menor que o calculado para o tradicional,<br />

o que já fornece indícios que a mudança não compromete o uso da nova<br />

ferramenta. Além disto, percebe-se um campo bastante homogêneo na cabeça<br />

do parafuso.<br />

Para facilitar a visualização do campo <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação do perfil roscado foi<br />

realizado um corte nas figuras 4.47 e 4.48. O <strong>de</strong>slocamento nodal da peça<br />

usinada pelo sist<strong>em</strong>a tradicional é indicado na Fig. 4.49, enquanto para a outra<br />

peça t<strong>em</strong>-se a representação na Fig. 4.50.<br />

Figura 4.49 - Corte do conjunto usinado pelo processo tradicional.<br />

Figura 4.50 - Corte do conjunto usinado pelo processo <strong>de</strong> furo-rosqueamento.


Capítulo 4 - Resultados e discussões 139<br />

Consi<strong>de</strong>rando as Figuras 4.49 e 4.50 percebe-se que o campo <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação<br />

inicia-se na cabeça do parafuso e se <strong>de</strong>senvolve pelo perfil roscado do<br />

parafuso que transmite os esforços para a peça. Os valores dos <strong>de</strong>slocamentos<br />

nodais ainda possu<strong>em</strong> o mesmo comportamento, ou seja, para o sist<strong>em</strong>a<br />

tradicional t<strong>em</strong>-se um valor maior <strong>em</strong> relação ao processo <strong>de</strong> furo-<br />

rosqueamento.<br />

Entretanto, o objetivo central <strong>de</strong>sta análise é a visualização do comportamento<br />

da peça, pois é nesta parte que ocorre a diferença entre os processos e isto<br />

que indicará a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso da tecnologia. Logo, foi focado os testes<br />

para as peças, e nas Figuras 4.51 e 4.52 observam-se os resultados para o<br />

sist<strong>em</strong>a tradicional e para o processo <strong>de</strong> furo-rosqueamento respectivamente.<br />

Figura 4.51 - Resultado nodal para a peça usinada pelo processo tradicional.<br />

Figura 4.52 - Resultado nodal para a peça usinada pelo processo <strong>de</strong> furo-rosqueamento.


Capítulo 4 - Resultados e discussões 140<br />

Os resultados indicados nas Figuras 4.47 a 4.52 mostram o <strong>de</strong>senvolvimento<br />

do campo <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação para os dois processos <strong>de</strong> rosqueamento, <strong>em</strong> que se<br />

t<strong>em</strong> o maior <strong>de</strong>slocamento na região mais próxima da cabeça do parafuso que<br />

recebe a imposição <strong>de</strong> carregamento. Posteriormente, o campo <strong>de</strong> <strong>de</strong>formação<br />

<strong>de</strong>senvolve-se para o perfil roscado chegando até o fundo da peça que<br />

também é submetido a pressão do parafuso.<br />

Consi<strong>de</strong>rando a Fig. 4.51 percebe-se que <strong>de</strong> forma qualitativa o campo <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>formação é mais expressivo do que aquele indicado na Fig. 4.52, entretanto<br />

o valor calculado para o resultado nodal referente ao processo macho-fresa é<br />

b<strong>em</strong> menor do que aquele encontrado para o processo tradicional. Assim,<br />

po<strong>de</strong>-se concluir que as alterações realizadas na peça <strong>de</strong>rivada do processo <strong>de</strong><br />

furo-rosqueamento não influenciam na utilização <strong>de</strong>sta ferramenta ou na<br />

performance <strong>de</strong> trabalho da peça usinada.<br />

A seguir t<strong>em</strong>-se o campo <strong>de</strong> tensão consi<strong>de</strong>rando o critério <strong>de</strong> von Mises para<br />

a peça que é o objetivo central <strong>de</strong>sta pesquisa. Na Figura 4.53 t<strong>em</strong>-se a tensão<br />

calculada para a peça provinda do processo tradicional, enquanto na Fig. 4.54<br />

mostra-se para o processo <strong>de</strong> furo-rosqueamento.<br />

Figura 4.53 - Resultado nodal <strong>de</strong> tensão para a peça usinada pelo processo tradicional.


Capítulo 4 - Resultados e discussões 141<br />

Figura 4.54 - Resultado nodal <strong>de</strong> tensão para a peça usinada pelo processo <strong>de</strong> furo-<br />

rosqueamento.<br />

Por meio das Figuras 4.53 e 4.54 percebe-se que o campo <strong>de</strong> tensão para o<br />

critério <strong>de</strong> von Mises dos dois tipos <strong>de</strong> processos são b<strong>em</strong> similares e a maioria<br />

da peça está submetida a uma tensão da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> KPa. A máxima tensão<br />

para o processo tradicional (39,9 KPa ) é um pouco menor que aquela<br />

calculada para o processo <strong>de</strong> furo-rosqueamento (45,7 KPa). Embora este<br />

valor é muito menor que o limite <strong>de</strong> escoamento para a liga <strong>de</strong> alumínio, assim<br />

po<strong>de</strong>-se confiar que a alteração <strong>de</strong>rivada da nova ferramenta não impe<strong>de</strong> o<br />

bom funcionamento da peça <strong>em</strong> trabalho.


CAPÍTULO 5<br />

COMENTÁRIOS E CONCLUSÕES<br />

Após o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste trabalho, po<strong>de</strong>-se concluir que a ferramenta<br />

macho-fresa mostrou-se bastante promissora quanto a usinabilida<strong>de</strong> ou<br />

performance, pois o número <strong>de</strong> furos usinados indica uma vida útil produtiva,<br />

entretanto <strong>de</strong>ve-se respeitar alguns limites <strong>em</strong> sua utilização.<br />

Esta tecnologia é bastante sensível ao meio <strong>de</strong> trabalho. Em suma, para<br />

aplicação <strong>de</strong>sta não basta, apenas, máquinas com elevadas rotações<br />

disponibilizadas no eixo árvore, mas os níveis vibracionais envolvidos <strong>de</strong>v<strong>em</strong><br />

ser extr<strong>em</strong>amente reduzidos, ou seja, a máquina <strong>de</strong>ve apresentar rigi<strong>de</strong>z<br />

consi<strong>de</strong>rável com um bom sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong> refrigeração.<br />

Aliado a isto, as faixas rotacionais <strong>em</strong>pregadas <strong>de</strong>verão estar fora das<br />

proximida<strong>de</strong>s das freqüências naturais do sist<strong>em</strong>a. Logo, há a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

um estudo prévio das instabilida<strong>de</strong>s presentes no processo, ao qual a mesma<br />

irá trabalhar, para que o conjunto máquina-peça-ferramenta possa estar numa<br />

condição otimizada dinamicamente.<br />

As ferramentas mat<strong>em</strong>áticas utilizadas <strong>em</strong> conjunto com o sist<strong>em</strong>a <strong>de</strong><br />

monitoramento on-line po<strong>de</strong>m ser usadas <strong>de</strong> forma eficiente na análise <strong>de</strong><br />

parâmetros <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> que interfer<strong>em</strong> <strong>de</strong>cisivamente na performance da<br />

ferramenta <strong>de</strong> corte. Assim, o uso do ODS e/ou softwares comercias <strong>de</strong> FEM é<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância para <strong>de</strong>terminar <strong>de</strong> forma confiável os parâmetros<br />

a<strong>de</strong>quados na usinag<strong>em</strong> utilizando a ferramenta macho-fresa.<br />

De uma forma geral, <strong>de</strong>ste trabalho conclui-se:<br />

1. A heterogeneida<strong>de</strong> da microestrutura do material da peça é uma fonte<br />

<strong>de</strong> variação na sua dureza e consequent<strong>em</strong>ente isto refletiu nos sinais<br />

<strong>de</strong> potência do eixo árvore e <strong>de</strong> vibrações para os furos usinados. Isto<br />

provocou gran<strong>de</strong> dispersão nos valores medidos.<br />

142


Capítulo 5 - Comentários e conclusões 143<br />

2. Os furos gerados pela tecnologia macho-fresa não apresentaram<br />

nenhum tipo <strong>de</strong> anomalia e pela inspeção do calibrador passa não-<br />

passa não houve qualquer probl<strong>em</strong>a quanto a qualida<strong>de</strong> do perfil da<br />

rosca usinada.<br />

3. O monitoramento realizado não possuia a sensibilida<strong>de</strong> requerida para<br />

avaliar <strong>de</strong> forma segura o <strong>de</strong>senvolvimento da usinag<strong>em</strong>, ou seja, pelos<br />

sinais não po<strong>de</strong>-se <strong>de</strong>finir o momento exato <strong>de</strong> parada anterior ao<br />

colapso ou mesmo indicar <strong>em</strong> qual estágio <strong>de</strong> vida a ferramenta po<strong>de</strong>ria<br />

estar.<br />

4. Por meio dos sinais <strong>de</strong> vibração e pelo método ODS foi possível otimizar<br />

dinamicamente o processo e <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>cisiva possibilitou a utilização<br />

<strong>de</strong>ste, até mesmo <strong>em</strong> ambiente <strong>de</strong> fábrica.<br />

5. A distribuição <strong>de</strong> tensões e <strong>de</strong>formações calculadas pela formulação <strong>de</strong><br />

el<strong>em</strong>entos finitos nos furos roscados, gerados pelas duas tecnologias,<br />

po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>rados baixos e a alteração imposta pela ferramenta<br />

macho-fresa não compromete no <strong>de</strong>s<strong>em</strong>penho da peça.<br />

De forma geral, além <strong>de</strong> indicar as formas <strong>de</strong> uso e possibilida<strong>de</strong>s da nova<br />

tecnologia <strong>de</strong> furo-rosqueamento o presente trabalho aponta uma nova<br />

metodologia para <strong>de</strong>terminar os parâmetros <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong>, que muitas vezes<br />

são escolhidos <strong>de</strong> forma <strong>em</strong>pírica. Este procedimento utiliza métodos<br />

numéricos e técnicas <strong>de</strong> monitoração, como o FEM e o ODS, para estudar<br />

profundamente os vários aspectos da usinag<strong>em</strong> e distinguir os parâmetros<br />

mais a<strong>de</strong>quados baseados <strong>em</strong> uma formulação científica.<br />

Sugestões para trabalhos futuros<br />

Como o trabalho tomou rumo diferente <strong>de</strong> algumas propostas iniciais e este<br />

serviu como ponta pé inicial, a continuação <strong>de</strong>ste é essencial para enten<strong>de</strong>r<br />

todas às facetas <strong>de</strong>sta nova tecnologia, on<strong>de</strong> algumas direções po<strong>de</strong>m ser<br />

tomadas, como:<br />

Estudo com mais profundida<strong>de</strong> da etapa <strong>de</strong> monitoramento, pois<br />

somente com o domínio <strong>de</strong>sta característica o processo po<strong>de</strong> ser


Capítulo 5 - Comentários e conclusões 144<br />

totalmente controlado. Talvez separando as fases <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> <strong>de</strong> forma<br />

a avaliar a etapa <strong>de</strong> furação <strong>em</strong> separado do rosqueamento.<br />

Avaliação da dispersão da vida da ferramenta com uma quantida<strong>de</strong><br />

maior <strong>de</strong> ferramentas, pois esta se mostrou bastante instável e<br />

altamente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> fatores externos.<br />

Pesquisar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cobertura da ferramenta, para que assim<br />

diminua o efeito <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são encontrado no presente estudo.


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Anexos<br />

Anexo 1 - Composição química da liga Al-Si<br />

151


Anexos 152<br />

Anexo 2 - Características do fluido <strong>de</strong> corte<br />

1. IDENTIFICAÇÃO DO PRODUTO E DA EMPRESA<br />

Nome do Produto: ECOCOOL DURANT 71/1<br />

Código do produto: 30178<br />

Aplicação: FLUIDO DE CORTE SOLÚVEL<br />

Fornecedor: FUCHS DO BRASIL S.A.<br />

VIA JOÃO DE GÓES, KM 1,214 – JANDIRA - SP<br />

FONE: (11)4789-2311 / FAX: (11) 4789-2670 E-mail: fuchsbr@uol.com.br<br />

Telefone <strong>de</strong> <strong>em</strong>ergência: (11) 4789-2311<br />

2. COMPOSIÇÃO E INFORMAÇÕES SOBRE OS INGREDIENTES<br />

Natureza Química: ESTE PRODUTO É UMA MISTURA DE: ÓLEO NAFTÊNICO<br />

HIDROTRATADO, ÉSTER SINTÉTICO, ÁCIDO GRAXO, ÁLCOOL ETOXILADO,<br />

SULFONATO DE SÓDIO, AMIDA BÓRICA (AMINA PRIMÁRIA), TRIAZINA,<br />

SÓDIO OMADINE E ANTIESPUMANTE À BASE DE SILICONE MODIFICADA.<br />

PRODUTOS CONTROLADOS:<br />

Nome químico [O] N o CAS [A] Concentração<br />

% [J]<br />

ÓLEO MINERAL NAFTÊNICO 6742-52-5 36-46<br />

HIDROTRATADO<br />

141-43-5 3,0-5,0<br />

MONOETANOLAMINA<br />

TRIAZINA<br />

4719-04-4 2,0-3,0<br />

Sinônimo:<br />

3. IDENTIFICAÇÃO DE PERIGOS<br />

Classificação<br />

<strong>de</strong> risco [A]<br />

ND<br />

ND<br />

ND<br />

Principais perigos: NÃO DISPONÍVEL<br />

Saú<strong>de</strong>: SISTÊMICO: BAIXO TEOR DE TOXIDADE<br />

Perigos físicos/químicos: INCOMPATIBILIDADE COM FORTES AGENTES<br />

OXIDANTES<br />

Meio ambiente: VIDE ITEM 6 E 12<br />

4. MEDIDAS DE PRIMEIROS SOCORROS<br />

Inalação: RETIRAR PARA LOCAL BEM VENTILADO<br />

Contato com a pele: LAVAR COM ÁGUA<br />

Contato com os olhos: LAVAR IMEDIATAMENTE COM ÁGUA EM ABUNDÂNCIA<br />

POR 15 MINUTOS<br />

Ingestão: PROCURAR AUXÍLIO MÉDICO<br />

Sintomas/efeitos mais importantes: NÃO DISPONÍVEL<br />

Proteção para os prestadores <strong>de</strong> primeiros socorros: NÃO SÃO NECESSÁRIOS<br />

Notas para o médico: EM CASOS EXTRAORDINÁRIOS CONSULTAR ITENS 2.<br />

5. MEDIDAS DE PREVENÇÃO E COMBATE A INCÊNDIO<br />

Meios <strong>de</strong> extinção apropriados: FOGO CLASSE B: EXTINTORES TIPO ESPUMA<br />

MECÂNICA, PÓ QUÍMICO, CO2 E ABAFAMENTO DE SUPERFÍCIE.<br />

Perigos específicos: CHAMAS, CALOR OU FORTES OXIDANTES.


Anexos 153<br />

Métodos específicos: ÁGUA PULVERIZADA SOB FORMA DE NEBLINA P/<br />

RESFRIAR AS SUPERFÍCIES<br />

EXPOSTAS AO FOGO E PARA PROTEGER O PESSOAL.<br />

Equipamentos especiais para proteção dos bombeiros: PROTEÇÃO<br />

RESPIRATÓRIA PARA O PESSOAL<br />

DE COMBATE AO FOGO.<br />

6. MEDIDAS DE CONTROLE PARA DERRAMAMENTO / VAZAMENTO<br />

Precauções pessoais: SOMENTE PESSOAS AUTORIZADAS DEVERÃO<br />

PERMANECER NO LOCAL.<br />

Precauções para o meio ambiente: COMUNIQUE O ORGÃO<br />

GOVERNAMENTAL DE CONTROLE DO MEIO<br />

AMBIENTE, CASO A SUBSTÂNCIA TENHA ENTRADO NUM CURSO<br />

D’ÁGUA, PRAIA, ESGOTO, OU CONTA-<br />

MINADO O SOLO OU A VEGETAÇÃO.<br />

Métodos para r<strong>em</strong>oção e limpeza: PODE SER ABSORVIDO POR MATERIAL<br />

INERTE (EX.: SERRAGEM)<br />

Recuperação: INCINERAÇÃO<br />

Descarte: VIDE ITEM 13<br />

7. MANUSEIO E ARMAZENAMENTO<br />

Manuseio:<br />

Medidas técnicas apropriadas: NÃO SÃO NECESSÁRIAS<br />

Prevenção da exposição: ÓCULOS DE SEGURANÇA E LUVAS BORRACHA<br />

Prevenção <strong>de</strong> fogo ou explosão: VIDE ITEM 5<br />

Precauções para manuseio seguro do produto químico: NÃO SÃO<br />

NECESSÁRIAS<br />

Avisos <strong>de</strong> manuseio seguro: NÃO SÃO NECESSÁRIAS<br />

Armazenamento:<br />

Medidas técnicas apropriadas: NÃO SÃO NECESSÁRIAS<br />

Condições <strong>de</strong> armazenamento: NÃO DEVE SER ARMAZENADO PERTO DE<br />

CHAMA, CALOR OU FOR-<br />

TES OXIDANTES.<br />

A<strong>de</strong>quadas: LOCAIS COBERTOS<br />

A ser<strong>em</strong> evitadas: EXPOSTOS AS INTEMPÉRIES<br />

Produtos incompatíveis: FORTES AGENTES OXIDANTES<br />

Materiais para <strong>em</strong>balagens: AÇO OU PVC<br />

Recomendados: TAMBORES, BOMBONAS OU CONTÂINERES.<br />

8. CONTROLE DE EXPOSIÇÃO E PROTEÇÃO INDIVIDUAL<br />

Medidas <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> engenharia: NÃO SÃO NECESSÁRIAS<br />

Equipamentos <strong>de</strong> proteção individual: ÓCULOS SEGURANÇA E EM CASOS<br />

ESPECIAIS LUVAS DE BORRACHA<br />

Proteção respiratória: NÃO SÃO NECESSÁRIAS<br />

Proteção para as mãos: LUVAS DE BORRACHA<br />

Proteção para os olhos: ÓCULOS DE SEGURANÇA<br />

Proteção para a pele e corpo: AVENTAL<br />

Medidas <strong>de</strong> higiene: MANTER A HIGIENE PESSOAL DENTRO DO ACEITÁVEL.


Anexos 154<br />

9. PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS<br />

Estado físico: LÍQUIDO<br />

Odor: CARACTERÍSTICO<br />

Cor: CASTANHO ESCURO, LIGEIRAMENTE TURVO.<br />

PH: (EMULSÃO A 2 %) = 9,30<br />

T<strong>em</strong>peraturas específicas ou faixas <strong>de</strong> t<strong>em</strong>peratura nas quais ocorr<strong>em</strong> mudanças<br />

<strong>de</strong> estado físico:<br />

Ponto <strong>de</strong> ebulição: > 100º C<br />

Ponto <strong>de</strong> congelamento: NÃO DISPONÍVEL<br />

Ponto <strong>de</strong> fusão: < 0º C<br />

T<strong>em</strong>peratura <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição: SOMENTE EM CASOS DE COMBUSTÃO<br />

Ponto <strong>de</strong> fulgor: > 100º C<br />

Limites <strong>de</strong> explosivida<strong>de</strong>: NÃO EXPLOSIVO<br />

LEI: (limite <strong>de</strong> explosivida<strong>de</strong> inferior): PRODUTO NÃO EXPLOSIVO<br />

LES: (limite <strong>de</strong> explosivida<strong>de</strong> superior) PRODUTO NÃO EXPLOSIVO<br />

Densida<strong>de</strong> (20/4ºC): 0,910<br />

Solubilida<strong>de</strong>: MISCÍVEL EM ÁGUA<br />

10.ESTABILIDADE E REATIVIDADE<br />

Estabilida<strong>de</strong>: ESTÁVEL<br />

Reações perigosas: NÃO SE APLICA<br />

Condições a evitar: ALTAS TEMPERATURAS COM PRESENÇA DE FONTES DE<br />

IGNIÇÃO<br />

Materiais a evitar: FORTES AGENTES OXIDANTES<br />

Produtos perigosos <strong>de</strong> <strong>de</strong>composição: SOMENTE EM CASOS DE COMBUSTÃO:<br />

ÓXIDOS DE CARBONO<br />

E NITROGÊNIO<br />

11. INFORMAÇÕES TOXICOLÓGICAS<br />

Toxicida<strong>de</strong> aguda: NÃO DETERMINADA<br />

Inalação: NÃO TÓXICO<br />

Contato com a pele: NÃO IRRITANTE<br />

Contato com os olhos: IRRITANTE<br />

Ingestão: NÃO TÓXICO<br />

Efeitos locais: NÃO RELEVANTE<br />

Sensibilização: NÃO RELEVANTE<br />

Efeitos específicos: ATÉ O MOMENTO NÃO DETECTADO QUALQUER EFEITO<br />

12. INFORMAÇÕES ECOLÓGICAS<br />

NÃO DETERMINADAS<br />

13. CONSIDERAÇÕES SOBRE TRATAMENTO E DISPOSIÇÃO<br />

Resíduos do produto:<br />

PRODUTO CONCENTRADO: Não <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>scartados <strong>em</strong> rios, lagos, etc...<br />

Dev<strong>em</strong> ser enviados para <strong>em</strong>presas <strong>de</strong> re-refino.<br />

PRODUTO DILUÍDO: Não <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>scartado <strong>em</strong> rios, lagos, e etc...<br />

Emulsões/Soluções <strong>de</strong>v<strong>em</strong> ser tratadas com processos químicos (ácidos ou sais),


Anexos 155<br />

ultrafiltração ou evaporação. A fase oleosa <strong>de</strong>ve ser enviada para <strong>em</strong>presas <strong>de</strong> rerefino<br />

e a fase aquosa para estações <strong>de</strong> tratamento biológico.<br />

EMBALAGENS CONTAMINADAS: Retornar ao fornecedor.<br />

14. INFORMAÇÕES SOBRE TRANSPORTE<br />

Transporte rodoviário no Brasil<br />

O PRODUTO NÃO SE ENQUADRA NO DECRETO Nº 96044 DE 18/05/1988 E<br />

PORTARIA Nº 204 DE<br />

20/05/00.<br />

Transporte rodoviário no Mercosul<br />

LEGISLAÇÃO NÃO DISPONÍVEL NO MOMENTO.<br />

Transporte aéreo doméstico e Internacional ICAO & IATA Section 4.2<br />

LEGISLAÇÃO NÃO DISPONÍVEL NO MOMENTO.<br />

Transporte Marítimo Internacional - IMDG Co<strong>de</strong> Amendment 29-98<br />

LEGISLAÇÃO NÃO DISPONÍVEL NO MOMENTO.<br />

15. REGULAMENTAÇÕES<br />

Rotulag<strong>em</strong> (Símbolos <strong>de</strong> risco / rótulos <strong>de</strong> risco: saú<strong>de</strong>, riscos físicos e meio<br />

ambiente): NÃO SE APLICA<br />

CONFORME ANEXO<br />

16. SEÇÃO 16: OUTRAS INFORMAÇÕES<br />

"As informações <strong>de</strong>sta FISPQ representam os dados atuais e reflet<strong>em</strong> com<br />

exatidão o nosso melhor conhecimento para o manuseio apropriado <strong>de</strong>ste<br />

produto sobre condições normais e <strong>de</strong> acordo com a aplicação específica na<br />

<strong>em</strong>balag<strong>em</strong> e/ou literatura. Qualquer outro uso do produto que envolva o uso<br />

combinado com outro produto ou outros processos é responsabilida<strong>de</strong> do<br />

usuário".


Anexos 156<br />

INFORMAÇÕES<br />

É<br />

ECOCOOL DURANT 71/1 é um fluido <strong>de</strong> corte à base <strong>de</strong> óleo mineral, solúvel <strong>em</strong><br />

água e com especiais características <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>.<br />

ECOCOOL DURANT 71/1 é isento <strong>de</strong> cloro, enxofre e fósforo.<br />

ECOCOOL DURANT 71/1, quando misturado com água, produz uma micro<strong>em</strong>ulsão<br />

leitosa com excelente estabilida<strong>de</strong>, boa capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> umectação, limpeza, alta<br />

durabilida<strong>de</strong> e baixa tendência à formação <strong>de</strong> espuma. O uso <strong>de</strong> aditivos especiais e a<br />

perfeita combinação entre eles, mais os mo<strong>de</strong>rnos biocidas, o tornam bioresistente<br />

frente aos microorganismos, causadores <strong>de</strong> apodrecimento, corrosão, mau cheiro e,<br />

conseqüent<strong>em</strong>ente, prolongando sua vida útil.<br />

ECOCOOL DURANT 71/1, <strong>de</strong>vido à combinação sinérgica <strong>de</strong> seus aditivos, mesmo<br />

<strong>em</strong> baixas concentrações, possui excelentes proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> lubrificação e<br />

refrigeração, proporcionando maior número <strong>de</strong> peças por afiação <strong>de</strong> ferramentas, b<strong>em</strong><br />

como excelente grau <strong>de</strong> acabamento <strong>de</strong> superfícies, até mesmo <strong>em</strong> alumínio. Seu alto<br />

po<strong>de</strong>r anticorrosivo protege as peças usinadas b<strong>em</strong> como as máquinas contra os<br />

efeitos da corrosão.<br />

APLICAÇÃO:<br />

Recomendado para operações <strong>de</strong> usinag<strong>em</strong> e retificação <strong>de</strong> metais ferrosos e não<br />

ferrosos.<br />

Faixas <strong>de</strong> Concentração Recomendadas:<br />

- Usinag<strong>em</strong> <strong>em</strong> geral: 3 a 5%<br />

- Operação/material especial: 6 a 10%<br />

- Retificação <strong>de</strong> aço: 1,5 a 2%<br />

- Retificação <strong>de</strong> ferro fundido: 2 a 3%.<br />

CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS (Dados Típicos)<br />

ENSAIOS MÉTODOS ECOCOOL DURANT 71/1<br />

Aparência MR 079 Castanho<br />

Cor (Visual) MR 079 Lig. turvo<br />

Densida<strong>de</strong> a 20/4°C ASTM D 1298 0,915<br />

pH, solução a 3% MR 125 9,3<br />

Teste BOSCH, GG 25, solução a 3% DIN 51 360-2 0<br />

Teste HERBERT, solução a 3% DIN 51 360-1 SO RO<br />

Estabilida<strong>de</strong> da <strong>em</strong>ulsão a 3% MR 015 Estável<br />

Fator <strong>de</strong> refração MR 044 1,1<br />

Código do produto: 30178<br />

Revisado <strong>em</strong> Dez/99<br />

As informações fornecidas objetivam apenas<br />

orientar os interessados. Não assumimos<br />

responsabilida<strong>de</strong> pelo uso incorreto das<br />

mesmas.<br />

FUCHS DO BRASIL S.A.<br />

Via João <strong>de</strong> Góes, Km 1,214<br />

Jandira – SP – Brasil<br />

06612-000<br />

Fone: (11) 4789-2311<br />

Fax: (11) 4789-2670<br />

E-mail: fuchsbr@uol.com.br<br />

Site: www.fuchslubrificantes.com.br


Anexos 157<br />

Anexo 3 - Características da ferramenta macho-fresa


Anexos 158<br />

Anexo 4 - <strong>Programa</strong>ção CNC<br />

PROGRAMAÇÃO CNC: FURO-ROSQUEAMENTO.<br />

G71 G90 G17 G94 G64<br />

MSG (“PROFILE OPERATION”)<br />

T05; T01 USER DEFINED<br />

M6<br />

G54 D1<br />

TRANS Y0 Z0<br />

S2700 M3<br />

M07<br />

R1=8<br />

G0 X0 Y0 Z2<br />

INICIO:<br />

SUBPROGRAMA<br />

G1 X=IC(R1)<br />

FIM:<br />

REPEAT INICIO FIM P19<br />

...<br />

SUBPROGRAMA: INTERPOLAÇÃO.<br />

G54 G90 S8000 T05 M3<br />

G91 G01 Z-19.6 F960<br />

G01 Z0.3333333<br />

G41 G01 X0 Y-2.5 F1200<br />

G03 X0 Y5.5 Z0.5 I0 J2.75<br />

G03 X0 Y0 Z1 I0 J-3<br />

G03 X0 Y-5.5 Z0.5 I0 J-2.75<br />

G00 G40 X0 Y2.5<br />

G90 Z2<br />

M17


Anexos 159<br />

Anexo 5 - Informações técnicas do acelerômetro<br />

Parâmetro Valor/Tipo<br />

Mo<strong>de</strong>lo 8632C10<br />

Faixa <strong>de</strong> aceleração ±10 grav.<br />

Limite <strong>de</strong> aceleração ±16 grav.<br />

Sensibilida<strong>de</strong>, ±5% <strong>em</strong> 100 Hz 500 mV/grav.<br />

Limiar nominal 280 µgrav.RMS<br />

Impacto máximo (pulso <strong>de</strong> 0,2 ms) 100.000 grav.<br />

Linearida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amplitu<strong>de</strong> nominal ±1 %<br />

Constante <strong>de</strong> t<strong>em</strong>po nominal 1 s<br />

Freqüência <strong>de</strong> ressonância nominal 22 kHz<br />

Faixa <strong>de</strong> freqüência nominal 0,5 a 5.000 Hz<br />

Mudança <strong>de</strong> fase, 10 kΩ


Anexos 160<br />

Anexo 6 - Ensaio <strong>de</strong> tração do material do parafuso<br />

Força Deformação encontrada nos ensaios Deformação<br />

(kgf)<br />

Ensaio 1 Ensaio 2Ensaio 3 Ensaio 4 Ensaio 5 Ensaio 6 Média<br />

0,10 0,04 0,05 0,04 0,04 0,02 0,02 0,04<br />

0,20 0,08 0,08 0,07 0,07 0,08 0,06 0,07<br />

0,30 0,13 0,11 0,11 0,10 0,11 0,08 0,11<br />

0,40 0,15 0,14 0,13 0,14 0,13 0,10 0,13<br />

0,50 0,15 0,16 0,15 0,16 0,16 0,12 0,15<br />

0,60 0,17 0,18 0,17 0,16 0,17 0,14 0,17<br />

0,70 0,18 0,18 0,16 0,15 0,19 0,14 0,17<br />

0,80 0,19 0,20 0,19 0,16 0,21 0,15 0,18<br />

0,90 0,21 0,22 0,21 0,19 0,24 0,18 0,21<br />

1,00 0,23 0,24 0,24 0,22 0,26 0,20 0,23<br />

1,10 0,26 0,27 0,26 0,24 0,28 0,22 0,26<br />

1,20 0,28 0,29 0,28 0,26 0,30 0,25 0,28<br />

1,30 0,30 0,31 0,31 0,29 0,33 0,27 0,30<br />

1,40 0,32 0,34 0,33 0,31 0,35 0,29 0,32<br />

1,50 0,35 0,36 0,35 0,33 0,38 0,31 0,35<br />

1,60 0,37 0,38 0,37 0,36 0,39 0,34 0,37<br />

1,70 0,39 0,40 0,39 0,37 0,41 0,36 0,39<br />

1,80 0,41 0,42 0,41 0,40 0,44 0,38 0,41<br />

1,90 0,43 0,44 0,43 0,42 0,46 0,40 0,43<br />

2,00 0,46 0,48 0,46 0,46 0,49 0,43 0,46<br />

2,10 0,52 0,55 0,49 0,51 0,54 0,49 0,52<br />

2,20 0,65 0,74 0,55 0,67 0,63 0,60 0,64<br />

2,25 0,85 0,93 0,75 0,89 0,80 0,78 0,83<br />

2,20 0,94 0,88 0,94 0,94 0,92 0,92 0,92<br />

2,10 1,12 1,08 1,10 1,08 1,12 1,10 1,10<br />

Norma: ISO 898/1<br />

Comprimento livre <strong>de</strong> aproximadamente 27mm<br />

Velocida<strong>de</strong> inferior a 25mm / min<br />

PARAFUSO SEXTAVADO M6 - 1,0 X 40 CLASSE 10.9 (R80)<br />

DUREZA ENCONTRADA: 34-35 HRC (ESPECIFICADO: 32-39 HRC)<br />

ÁREA DE SOLICITAÇÃO: 20,12 mm 2


Anexos 161

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