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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS<br />

Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Engenharia Mecânica<br />

EMISSÕES E PERFORMANCE DE UM VEÍCULO<br />

OPERANDO COM MISTURAS DE ÓLEO DIESEL,<br />

BIODIESEL E ETANOL<br />

Belo Horizonte<br />

2009<br />

Mário Luciano Randazzo


Mário Luciano Randazzo<br />

EMISSÕES E PERFORMANCE DE UM VEÍCULO<br />

OPERANDO COM MISTURAS DE ÓLEO DIESEL,<br />

BIODIESEL E ETANOL<br />

Dissertação apresentada ao Programa <strong>de</strong> Pós-<br />

Graduação em Engenharia Mecânica da<br />

Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Minas Gerais<br />

<strong>com</strong>o requisito parcial para obtenção do título <strong>de</strong><br />

Mestre em Engenharia Mecânica.<br />

Orientador: José Ricardo Sodré, Ph.D.<br />

Belo Horizonte<br />

2009


FICHA CATALOGRÁFICA<br />

Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Minas Gerais<br />

Randazzo, Mário Luciano<br />

R189e Emissões e <strong>performance</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>veículo</strong> <strong>operando</strong> <strong>com</strong> <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel e<br />

etanol / Mário Luciano Randazzo. Belo Horizonte, 2009.<br />

175f. : il.<br />

Orientador: José Ricardo Sodré<br />

Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Minas Gerais,<br />

Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Engenharia Mecânica.<br />

1. Biodiesel. 2. Etanol. 3. Motor diesel. 4. Óleo <strong>de</strong> soja. 5. Emissões <strong>de</strong><br />

<strong>veículo</strong>s. 6. I. Sodré, José Ricardo. II. Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Minas<br />

Gerais. Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Engenharia Mecânica. III. Título.<br />

CDU: 662.6


Mário Luciano Randazzo<br />

EMISSÕES E PERFORMANCE DE UM VEÍCULO<br />

OPERANDO COM MISTURAS DE ÓLEO DIESEL,<br />

BIODIESEL E ETANOL<br />

Dissertação apresentada ao Programa <strong>de</strong><br />

Pós-Graduação em Engenharia Mecânica<br />

da Pontifícia Universida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong><br />

Minas Gerais <strong>com</strong>o requisito parcial para<br />

obtenção do título <strong>de</strong> Mestre em<br />

Engenharia Mecânica.<br />

José Ricardo Sodré (Orientador) – PUC Minas<br />

Carlos Rodrigues Pereira Belchior – UFRJ<br />

Ramón Molina Valle – UFMG<br />

Sérgio <strong>de</strong> Morais Hanriot – PUC Minas<br />

Belo Horizonte, 17 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2009


A minha esposa Tatiana e ao meu flho Lucas


AGRADECIMENTOS<br />

À Fiat Automóveis pela oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, superação <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>safios e bolsa <strong>de</strong> estudos concedida. Em especial aos engenheiros José<br />

Guilherme, Gilmar Lagnier, Silvio Piancastelli e Sandro Soares.<br />

À Dra. Silvana Rizzioli, pelo seu empenho no intercâmbio entre a Indústria e a<br />

Universida<strong>de</strong>.<br />

Ao orientador, Prof. José Ricardo Sodré, Ph.D., por acreditar em meu<br />

potencial, pelo incentivo e orientação.<br />

À Fiat Powetrain Technologies, pelo interesse nesse trabalho e pelos recursos<br />

disponibilizados, em especial, ao diretor <strong>de</strong> Engenharia do Produto Eng. João Irineu<br />

Me<strong>de</strong>iros, pelo fundamental apoio nesta pesquisa. Agra<strong>de</strong>ço também aos colegas<br />

do Laboratório <strong>de</strong> Emissões, Eng. Júlio César Duarte e dos Químicos Luiz Akira,<br />

Oswaldo Bonfim e José Roberto, pela colaboração na pesquisa. Agra<strong>de</strong>cimentos<br />

são também <strong>de</strong>vidos ao Eng. Flávio Flisch, pela disponibilização dos recursos <strong>de</strong><br />

calibração do motor.<br />

À PUC Minas por mais essa oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r e conviver nesta<br />

renomada universida<strong>de</strong>. Aos professores e funcionários do Departamento <strong>de</strong><br />

Engenharia Mecânica da PUC Minas, que contribuíram para minha formação. Em<br />

especial à secretária Valéria Gomes e aos Professores Sérgio Hanriot e Lúben<br />

Gómez. Agra<strong>de</strong>ço aos funcionários da Biblioteca que gentilmente colaboraram no<br />

transcorrer da elaboração <strong>de</strong>sta dissertação.<br />

Aos colegas do Laboratório Químico da Engenharia <strong>de</strong> Materiais da Fiat<br />

Automóveis, em especial ao Ronaldo Ávila e Daniel Rezen<strong>de</strong>, pelas diversas<br />

contribuições nesta pesquisa.<br />

A todos profissionais, familiares e amigos que, <strong>de</strong> alg<strong>um</strong>a forma, colaboraram<br />

espontaneamente neste trabalho, meus sinceros agra<strong>de</strong>cimentos.


"Um objetivo nada mais é do<br />

que <strong>um</strong> sonho <strong>com</strong> limite <strong>de</strong> tempo"<br />

Joe L. Griffit


RESUMO<br />

Os efeitos da utilização <strong>de</strong> <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> óleo diesel e bio<strong>com</strong>bustíveis em <strong>um</strong><br />

<strong>veículo</strong> equipado <strong>com</strong> <strong>um</strong> motor diesel <strong>com</strong> gerenciamento eletrônico sobre a partida<br />

a frio, cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível e emissão <strong>de</strong> poluentes na exaustão foram<br />

investigados. Misturas <strong>de</strong> óleo diesel metropolitano S500 (500 ppm <strong>de</strong> enxofre) <strong>com</strong><br />

biodiesel <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> soja (B100) nas concentrações <strong>de</strong> 3% (B3), 5% (B5), 10% (B10)<br />

e 20% (B20) foram utilizadas <strong>com</strong>o <strong>com</strong>bustíveis, tendo <strong>com</strong>o referência o óleo<br />

diesel mineral padrão europeu S10, <strong>com</strong> 10ppm <strong>de</strong> enxofre. Também foi estudado o<br />

efeito da adição do etanol anidro no <strong>com</strong>bustível B20 nas concentrações <strong>de</strong> 2%<br />

(B20E2) e 5% (B20E5). O sistema <strong>de</strong> controle do motor foi mantido conforme a<br />

calibração original para o óleo diesel, evitando-se a auto-adaptação do sistema para<br />

as diferentes <strong>misturas</strong> a fim <strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nciar os reais efeitos das características dos<br />

<strong>com</strong>bustíveis sobre os parâmetros <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho e <strong>emissões</strong>. Os testes <strong>de</strong><br />

cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível foram realizados seguindo o ciclo padrão americano FTP-<br />

75, <strong>de</strong>scrito na norma brasileira NBR 6601, enquanto os testes <strong>de</strong> <strong>emissões</strong><br />

transcorreram seguindo a norma européia Euro III. A análise físico-química dos<br />

<strong>com</strong>bustíveis revelou que todas as <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel aten<strong>de</strong>m às especificações<br />

para aplicação a motores diesel. Os resultados mostraram que todas as amostras<br />

testadas proporcionaram partida do motor a -5°C satisfatoriamente, não tendo sido<br />

observadas variações significativas no cons<strong>um</strong>o específico <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível em<br />

relação ao óleo diesel. O a<strong>um</strong>ento da concentração <strong>de</strong> biodiesel na mistura<br />

a<strong>um</strong>entou as <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> dióxido <strong>de</strong> carbono (CO2) e óxidos <strong>de</strong> nitrogênio (NOX),<br />

enquanto as <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> monóxido <strong>de</strong> carbono (CO), hidrocarbonetos (HC) e<br />

material particulado foram reduzidas. A adição <strong>de</strong> etanol na mistura B20<br />

proporcionou redução <strong>de</strong> CO2 e NOX , enquanto as <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> HC, CO e material<br />

particulado foram a<strong>um</strong>entadas.<br />

Palavras-chave: Biodiesel; Etanol; Cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> Combustível; Emissões; Partida a<br />

Frio.


ABSTRACT<br />

The effects of the use of blends of diesel oil and biofuels in a vehicle equipped<br />

with a mo<strong>de</strong>rn diesel engine on cold start, fuel cons<strong>um</strong>ption and exhaust pollutant<br />

emissions were investigated. Blends of metropolitan S500 diesel oil (500 ppm sulfur<br />

content) with soybean biodiesel (B100) at concentrations of 3% (B3), 5% (B5), 10%<br />

(B10) and 20% (B20) were used as fuels, having as a reference standard European<br />

S10 diesel oil (10 ppm sulfur content). Also, the effect of addition of anhydrous<br />

ethanol to B20 fuel blend at the concentrations of 2% (B20E2) and 5% (B20E5) were<br />

studied. The engine control system was kept with the original calibration for diesel oil,<br />

avoiding the system self-adjustment to the different fuels to stress the real effects of<br />

the fuel blends characteristics on the <strong>performance</strong> and emissions parameters. Fuel<br />

cons<strong>um</strong>ption tests were performed following the American standard cycle FTP-75,<br />

<strong>de</strong>scribed by the Brazilian standard NBR 6601, while the emissions tests were<br />

carried out following the European standard Euro III. The physical-chemical analysis<br />

of the fuels revealed that all biodiesel blends attend the specifications for diesel<br />

engine application. The project aims to generate information that contributes to<br />

changes in the specification of biodiesel and provi<strong>de</strong> data for future <strong>de</strong>velopment of<br />

internal <strong>com</strong>bustion engines with <strong>com</strong>pression ignition fed increasing levels of<br />

biofuels. The results showed that all fuel samples allowed for satisfactory engine cold<br />

start at -5°C, with no significant variation on fuel cons<strong>um</strong>ption being observed with<br />

relation to diesel oil. Increasing biodiesel concentration in the blend increased carbon<br />

dioxi<strong>de</strong> (CO2) and oxi<strong>de</strong>s of nitrogen (NOX) emissions, while carbon monoxi<strong>de</strong> (CO),<br />

hydrocarbons (HC) and particulate matter emissions were reduced. The addition of<br />

anhydrous ethanol to B20 fuel blend resulted in reduction of CO2 and NOX emissions,<br />

while HC, CO and particulate matter emissions were increased.<br />

Key-words: Biodiesel; Ethanol; Fuel Cons<strong>um</strong>ption; Emissions; Cold Start.


LISTA DE FIGURAS<br />

FIGURA 1 Processo <strong>de</strong> Transesterificação..............................................................29<br />

FIGURA 2 Evolução das matérias-primas utilizadas para a produção do Biodiesel 32<br />

FIGURA 3 Matérias-primas utilizadas nas regiões do Brasil....................................33<br />

FIGURA 4 Localização geográfica das unida<strong>de</strong>s produtoras <strong>de</strong> Biodiesel. .............36<br />

FIGURA 5 Evolução da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> biodiesel (B100) e da<br />

capacida<strong>de</strong> nominal autorizada pela ANP...............................................37<br />

FIGURA 6 Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> biodiesel na Alemanha...............................40<br />

FIGURA 7 Estados dos EUA <strong>com</strong> iniciativas relacionadas ao biodiesel. ..................46<br />

FIGURA 8 Produção <strong>de</strong> biodiesel nos EUA. .............................................................47<br />

FIGURA 9 Variação das concentrações <strong>de</strong> NO e CO na exaustão <strong>de</strong> <strong>um</strong> motor<br />

convencional do ciclo Otto <strong>com</strong> a razão <strong>de</strong> equivalência da mistura<br />

<strong>com</strong>bustível/ar .........................................................................................86<br />

FIGURA 10 Motor FIAT 1.3 Small Diesel Multijet – vista posterior...........................91<br />

FIGURA 11 Motor FIAT 1.3 Small Diesel Multijet – vista frontal...............................91<br />

FIGURA 12 Termopar localizado no coletor <strong>de</strong> exaustão ........................................93<br />

FIGURA 13 Termopares localizados no conversor catalítico dos gases <strong>de</strong> exaustão.<br />

...............................................................................................................93<br />

FIGURA 14 Conversor catalítico dos gases <strong>de</strong> exaustão instalado no motor do<br />

<strong>veículo</strong> ..................................................................................................94<br />

FIGURA 15 Câmara Climática <strong>com</strong> rolo dinamométrico. .........................................95<br />

FIGURA 16 Analisador <strong>de</strong> opacida<strong>de</strong> ......................................................................97<br />

FIGURA 17 Laboratório para ensaios <strong>de</strong> <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> poluentes............................98<br />

FIGURA 18 Esquema do dinamômetro <strong>de</strong> chassi, sistema <strong>de</strong> amostragem e<br />

analisadores <strong>de</strong> gases..........................................................................99<br />

FIGURA 19 Ciclo FTP-75.......................................................................................103<br />

FIGURA 20 Veículo e equipamentos para medição do cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível. 103<br />

FIGURA 21 Display do “AVL-Drive Aid” (Unida<strong>de</strong> auxiliar do motorista)................105<br />

FIGURA 22 Ciclo <strong>de</strong> marcha <strong>com</strong>pleto (NEDC). ....................................................107<br />

FIGURA 23 Viscosida<strong>de</strong> Cinemática para as diferentes <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel......113<br />

FIGURA 24 Viscosida<strong>de</strong> Dinâmica para as diferentes <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel.........113<br />

FIGURA 25 Massa específica para as diferentes <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel. ...............114


FIGURA 26 Teor <strong>de</strong> Enxofre para as diferentes <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel. .................116<br />

FIGURA 27 Curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação para as diferentes <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel. ...........117<br />

FIGURA 28 Índice <strong>de</strong> cetano para as <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel. .................................118<br />

FIGURA 29 CFPP para as diferentes <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel. .................................119<br />

FIGURA 30 Cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível para as diferentes <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel. ..121<br />

FIGURA 31 Tempos <strong>de</strong> partida a frio para as diferentes <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel. ....122<br />

FIGURA 32 Emissões <strong>de</strong> CO2 na exaustão para as diferentes <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel.<br />

.............................................................................................................123<br />

FIGURA 33 Emissões <strong>de</strong> CO para as diferentes <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel.................124<br />

FIGURA 34 Emissões <strong>de</strong> HC para as diferentes <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel. ................125<br />

FIGURA 35 Emissões <strong>de</strong> NOX para as diferentes <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel. ..............126<br />

FIGURA 36 Emissões <strong>de</strong> MP para as diferentes <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel.................127<br />

FIGURA 37 Temperaturas no centro do catalisador para as diferentes <strong>misturas</strong> <strong>de</strong><br />

biodiesel .............................................................................................128


LISTA DE TABELAS<br />

TABELA 1 Características do uso do biodiesel em países da Europa. ...................43<br />

TABELA 2 Variação do número <strong>de</strong> cetano <strong>com</strong> a concentração <strong>de</strong> etanol na mistura<br />

<strong>com</strong> o óleo diesel...................................................................................68<br />

TABELA 3 Viscosida<strong>de</strong> cinemática e massa específica do etanol, óleo diesel e<br />

biodiesel. ...............................................................................................72<br />

TABELA 4 Características da câmara climática ......................................................95<br />

TABELA 5 Especificações do analisador Horiba mo<strong>de</strong>lo FIA-720 THC<br />

(método FID). ......................................................................................100<br />

TABELA 6 Especificações do analisador Horiba mo<strong>de</strong>lo CLA-750A NO/NOX<br />

(método CLD).......................................................................................100<br />

TABELA 7 Especificações analisador Horiba m<strong>de</strong>lo AIA-721 CO (método NDIR).<br />

................................................................................................................................101<br />

TABELA 8 Especificações do analisador Horiba mo<strong>de</strong>lo AIA-722 CO/CO2<br />

(método NDIR) ....................................................................................101<br />

TABELA 9 Misturas <strong>de</strong> óleo diesel, biodiesel e etanol utilizadas nos testes. ........102<br />

TABELA 10 Proprieda<strong>de</strong>s ensaiadas e respectivos métodos. ..............................110<br />

TABELA 11 Po<strong>de</strong>r calorífico inferior <strong>de</strong> diversos <strong>com</strong>bustíveis.............................120<br />

TABELA 12 Incerteza <strong>de</strong> leitura das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> CO2.........................................144<br />

TABELA 13 Incerteza <strong>de</strong> leitura das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> CO. .........................................144<br />

TABELA 14 Incerteza <strong>de</strong> leitura das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> HC. .........................................145<br />

TABELA 15 Incerteza <strong>de</strong> leitura das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> NOx.........................................145<br />

TABELA 16 Incerteza <strong>de</strong> leitura das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> MP. .........................................146<br />

TABELA 17 Incerteza Máxima das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> CO2...........................................148<br />

TABELA 18 Incerteza Máxima das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> CO. ...........................................149<br />

TABELA 19 Incerteza Máxima das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> HC. ...........................................151<br />

TABELA 20 Incerteza Máxima das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> NOX...........................................152<br />

TABELA 21 Incerteza Máxima das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> MP. ...........................................154<br />

TABELA 22 Massa <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível cons<strong>um</strong>ida para as <strong>misturas</strong> testadas...........155<br />

TABELA 23 Incerteza da Massa <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível cons<strong>um</strong>ida do teste <strong>de</strong> cons<strong>um</strong>o<br />

<strong>com</strong> óleo diesel S10. .........................................................................157<br />

TABELA 24 Incerteza do teste <strong>de</strong> partida a frio. ...................................................158


TABELA 25 Análise <strong>de</strong> CO2 no gás <strong>de</strong> exaustão. ................................................159<br />

TABELA 26 Análise <strong>de</strong> CO no gás <strong>de</strong> exaustão...................................................159<br />

TABELA 27 Análise <strong>de</strong> HC no gás <strong>de</strong> exaustão....................................................160<br />

TABELA 28 Análise <strong>de</strong> NOX no gás <strong>de</strong> exaustão..................................................160<br />

TABELA 29 Análise <strong>de</strong> material particulado no gás <strong>de</strong> exaustão..........................161<br />

TABELA 30 Viscosida<strong>de</strong> dinâmica, viscosida<strong>de</strong> cinemática e massa específica das<br />

<strong>misturas</strong> B3, B10 e B20 (óleo diesel S500 <strong>com</strong> biodiesel <strong>de</strong> soja)....163<br />

TABELA 31 Viscosida<strong>de</strong> dinâmica, viscosida<strong>de</strong> cinemática e massa específica das<br />

<strong>misturas</strong> B20E2, B20E5 e B100 (óleo diesel S500 <strong>com</strong> biodiesel <strong>de</strong><br />

soja e etanol) e do óleo diesel S10....................................................164<br />

TABELA 32 Temperaturas <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação dos <strong>com</strong>bustíveis..................................165<br />

TABELA 33 Ponto <strong>de</strong> entupimento <strong>de</strong> filtro a frio dos <strong>com</strong>bustíveis. ....................166


LISTA DE SÍMBOLOS<br />

% v/v Partes por cento em vol<strong>um</strong>e<br />

A / F<br />

Relação ar/<strong>com</strong>bustível (adimensional)<br />

A / F<br />

Relação ar/<strong>com</strong>bustível estequiométrica (adimensional)<br />

S<br />

D Distância (m)<br />

hc<br />

m Massa (kg)<br />

Entalpia <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível (kJ/kg)<br />

mf Taxa <strong>de</strong> escoamento <strong>de</strong> massa (kg/h)<br />

P Potência do motor (kW)<br />

Q Calor (kJ)<br />

∆ χ<br />

Fração <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível queimado (adimensional)<br />

φ Razão <strong>de</strong> equivalência da mistura ar/<strong>com</strong>bustível (adimensional)<br />

η f Eficiência <strong>de</strong> conversão <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível (adimensional)<br />

λ Fator Lambda (adimensional)<br />

µ Viscosida<strong>de</strong> dinâmica (kg/m.s)<br />

ν Viscosida<strong>de</strong> cinemática (mm 2 /s)<br />

ρ Massa específica (kg/m 3 )


LISTA DE ABREVIATURAS<br />

ACD Acquisition and Communication Device (Dispositivo <strong>de</strong> Registro <strong>de</strong><br />

Dados e Comunicação)<br />

AEAC Álcool Etanol Anidro Combustível<br />

AGQM ArbeitsGemeinschaft Qualitats Management Biodiesel (Associação<br />

para a Gestão da Qualida<strong>de</strong> do Biodiesel)<br />

ANP Agência Nacional <strong>de</strong> Petróleo, Gás Natural e Bio<strong>com</strong>bustíveis<br />

ANR Analyzer Rack (Rack para Analisadores <strong>de</strong> Gás)<br />

API American Petrole<strong>um</strong> Institute (Instituto Americano do Petróleo)<br />

ATDC After Top Dead Cylin<strong>de</strong>r (Após Ponto Morto Superior)<br />

AVC Amostragem <strong>de</strong> Vol<strong>um</strong>e Constante<br />

B3 Óleo diesel mineral tipo metropolitano <strong>com</strong> 3% <strong>de</strong> biodiesel<br />

B5 Óleo diesel mineral tipo metropolitano <strong>com</strong> 5% <strong>de</strong> biodiesel<br />

B10 Óleo diesel mineral tipo metropolitano <strong>com</strong> 10% <strong>de</strong> biodiesel<br />

B20 Óleo diesel mineral tipo metropolitano <strong>com</strong> 20% <strong>de</strong> biodiesel<br />

B20E2 Óleo diesel mineral tipo metropolitano <strong>com</strong> 20% <strong>de</strong> biodiesel e 3% <strong>de</strong><br />

etanol anidro<br />

B20E5 Óleo diesel mineral tipo metropolitano <strong>com</strong> 20% <strong>de</strong> biodiesel e 5% <strong>de</strong><br />

etanol anidro<br />

B100 Biodiesel <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> soja<br />

CAN Controler Area Network (Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Controle <strong>de</strong> Área)<br />

CE Comunida<strong>de</strong> Européia<br />

CEN Comité Européen <strong>de</strong> Normalisation (Comitê Europeu para<br />

Normalização)<br />

CEN European Committee for Standardization (Comitê Europeu para<br />

Normalização)<br />

CENPES Centro <strong>de</strong> Pesquisas da Petrobrás<br />

CETEC-MG Fundação Centro Tecnológico <strong>de</strong> Minas Gerais<br />

CETESB Companhia <strong>de</strong> Tecnologia e Saneamento Ambiental<br />

CFD Computacional Fluid Design (Mecânica dos Fluidos Computacional)<br />

CFPP Ponto <strong>de</strong> Entupimento <strong>de</strong> Filtro a Frio


CFR Cooperative Fuel Research Committee (Comitê da Cooperativa para<br />

Pesquisas <strong>de</strong> Combustível)<br />

CLD Chemil<strong>um</strong>inescent Detector (Detector <strong>de</strong> Quimil<strong>um</strong>inescência)<br />

CO Monóxido <strong>de</strong> Carbono<br />

CO2<br />

Dióxido <strong>de</strong> Carbono<br />

CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente<br />

CRF Centro Ricerche Fiat (Centro <strong>de</strong> Pesquisas Fiat)<br />

CVS Constant Vol<strong>um</strong>e Sampler (Amostrador <strong>de</strong> Vol<strong>um</strong>e Constante)<br />

DPF Diesel Particulate Filter (Filtro <strong>de</strong> Particulado Diesel)<br />

E-Diesel Ethanol-Diesel Blend (Mistura Etanol-Diesel)<br />

EU União Européia<br />

ECU Engine Control Unit (Unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Controle do Motor)<br />

EDC Eletronic Diesel Control (Controle Eletrônico Diesel)<br />

EOBD European On-Board Diagnosis (Sistema <strong>de</strong> Diagnose <strong>de</strong> Bordo<br />

Europeu)<br />

EPA Enviromental Protection Agency (Agência <strong>de</strong> Proteção Ambiental)<br />

EUA Estados Unidos da América<br />

FAME Fatty Acid Methyl Ester (Éster Metílico <strong>de</strong> Ácidos Graxos)<br />

FID Flame Ionization Detector (Detector por Ionização <strong>de</strong> Chama)<br />

FOS Fração Orgânica Solúvel<br />

FPT Fiat Powertrain Technologies<br />

FTP Fe<strong>de</strong>ral Test Procedure (Procedimento fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> ensaio dos Estados<br />

Unidos da América)<br />

HC Hidrocarboneto<br />

IC Índice <strong>de</strong> Cetano<br />

INMETRO Instituto Nacional <strong>de</strong> Metrologia, Normalização e Qualida<strong>de</strong> Industrial<br />

ISO International Organization for Standardization (Organização<br />

Internacional para Normalização)<br />

JTD Unijet Turbo Diesel<br />

MEB Memory Emulation Board (Placa <strong>de</strong> Memória Expandida)<br />

MIC Ministério da Indústria e Comércio<br />

MP Material Particulado<br />

NBB National Biodiesel Board (Conselho Nacional <strong>de</strong> Biodiesel – EUA)


NDIR Non-Dispersive Infrared Detector (Detector Infra-Vermelho Não<br />

NOx<br />

Dispersivo)<br />

Óxido <strong>de</strong> Nitrogênio<br />

OPEP Organização dos Países Exportadores <strong>de</strong> Petróleo<br />

OVEG Programa Nacional <strong>de</strong> Óleos Vegetais<br />

PAH Hidrocarbonetos Aromáticos Polinucleares<br />

PCI Po<strong>de</strong>r Calorífico Inferior<br />

PCMCIA Personal Computer Memory Card International Association<br />

(Associação Internacional <strong>de</strong> Cartões <strong>de</strong> Memória para<br />

Computadores Pessoais)<br />

PCS Po<strong>de</strong>r Calorífico Superior<br />

PNPB Programa Nacional <strong>de</strong> Produção e Uso do Biodiesel<br />

Proálcool Programa Nacional do Álcool<br />

Proconve Programa Nacional <strong>de</strong> Controle <strong>de</strong> Poluição do Ar por <strong>veículo</strong>s<br />

Automotores<br />

PROÓLEO Programa Nacional <strong>de</strong> Produção <strong>de</strong> Óleos Vegetais para Fins<br />

Energéticos<br />

S10 Óleo diesel mineral padrão EuroIV<br />

SFC Specific Fuel Cons<strong>um</strong>ption (Cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> Combustível Específico)<br />

SOF Fração Orgânica Solúvel<br />

Rpm Rotações por minuto<br />

SAE Society of Automotive Engineering (Socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Engenheiros<br />

Automotivos)<br />

SCR Selective Catalytic Reduction (Redução Seletiva Catalítica)<br />

SHS Sample Handling System<br />

SOC Start of Combustion (Início da Combustão)<br />

STI Secretaria <strong>de</strong> Tecnologia Industrial<br />

T10<br />

T50<br />

T85<br />

Temperatura da curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação correspon<strong>de</strong>nte à evaporação <strong>de</strong><br />

10% do vol<strong>um</strong>e <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível (°C)<br />

Temperatura da curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação correspon<strong>de</strong>nte à evaporação <strong>de</strong><br />

50% do vol<strong>um</strong>e <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível (°C)<br />

Temperatura da curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação correspon<strong>de</strong>nte à evaporação <strong>de</strong><br />

85% do vol<strong>um</strong>e <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível (°C)


T90<br />

Temperatura da curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação correspon<strong>de</strong>nte à evaporação <strong>de</strong><br />

90% do vol<strong>um</strong>e <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível (°C)<br />

TDC Top Dead Center (Ponto Morto Superior)<br />

THC Total Hydrocarbons (Hidrocarbonetos Totais)<br />

UE União Européia<br />

UNIFEI Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Itajubá<br />

UFSCAR Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> São Carlos<br />

UNAERP Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ribeirão Preto<br />

USA United States of America (Estados Unidos da América)<br />

USDA Departamento <strong>de</strong> Agricultura dos Estados Unidos<br />

VOC Compostos orgânicos volatéis


SUMÁRIO<br />

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................21<br />

1.1 Prólogo...............................................................................................................21<br />

1.2 Objetivos e Metas...............................................................................................22<br />

1.3 Justificativa.........................................................................................................22<br />

1.4 Escopo da Dissertação.......................................................................................24<br />

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.................................................................................26<br />

2.1 Biodiesel.............................................................................................................26<br />

2.2 Aplicações do Biodiesel......................................................................................30<br />

2.3 O Biodiesel no Brasil ..........................................................................................31<br />

2.4 O Biodiesel na Europa .......................................................................................38<br />

2.5 O Biodiesel nos EUA..........................................................................................43<br />

2.6 Utilização <strong>de</strong> Óleos Vegetais <strong>com</strong>o Combustível ...............................................47<br />

2.7 Efeitos do Uso do Biodiesel nas Emissões <strong>de</strong> Poluentes...................................48<br />

2.8 Efeitos da Adição <strong>de</strong> Etanol ao Óleo Diesel.......................................................52<br />

2.9 Estabilida<strong>de</strong> da Mistura Etanol-Óleo Diesel .......................................................56<br />

2.10 Uso <strong>de</strong> Aditivos em Combustíveis para Motores Diesel...................................58<br />

3 FUNDAMENTOS TEÓRICOS................................................................................60<br />

3.1 Características do biodiesel, óleo diesel e etanol................................................60<br />

3.2 Proprieda<strong>de</strong>s físico-químicas dos <strong>com</strong>bustíveis.................................................62<br />

3.2.1 Aspecto ...........................................................................................................63<br />

3.2.2 Cor...................................................................................................................64<br />

3.2.3 Destilação........................................................................................................64<br />

3.2.3.1 Temperatura da <strong>de</strong>stilação T10 .....................................................................65<br />

3.2.3.2 Temperatura da <strong>de</strong>stilação T50 .....................................................................65<br />

3.2.3.3 Temperatura da <strong>de</strong>stilação T85 .....................................................................65<br />

3.2.3.4 Temperatura da <strong>de</strong>stilação T90 .....................................................................66<br />

3.2.4 Teor <strong>de</strong> enxofre ...............................................................................................66


3.2.5 Massa Específica a 20ºC ................................................................................66<br />

3.2.6 Número <strong>de</strong> cetano...........................................................................................67<br />

3.2.7 Índice <strong>de</strong> cetano ...............................................................................................68<br />

3.2.8 Corrosivida<strong>de</strong> ao cobre ...................................................................................69<br />

3.2.9 Resíduo <strong>de</strong> carbono Ramsbottom...................................................................69<br />

3.2.10 Teor <strong>de</strong> água e sedimentos...........................................................................70<br />

3.2.11 Teor <strong>de</strong> cinzas...............................................................................................70<br />

3.2.12 Viscosida<strong>de</strong> a 40ºC .......................................................................................71<br />

3.2.13 Ponto <strong>de</strong> entupimento <strong>de</strong> filtro a frio..............................................................72<br />

3.2.14 Ponto <strong>de</strong> fulgor ..............................................................................................73<br />

3.2.15 Ponto <strong>de</strong> névoa e ponto <strong>de</strong> flui<strong>de</strong>z ................................................................73<br />

3.2.16 Lubricida<strong>de</strong>....................................................................................................74<br />

3.2.17 Po<strong>de</strong>r calorífico .............................................................................................74<br />

3.3 Influência das proprieda<strong>de</strong>s do <strong>com</strong>bustível na partida a frio.............................75<br />

3.4 Cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível...................................................................................76<br />

3.4.1 Duração da injeção..........................................................................................76<br />

3.4.2 Pressão <strong>de</strong> injeção..........................................................................................77<br />

3.4.3 Recirculação do gás <strong>de</strong> exaustão ...................................................................78<br />

3.5 Combustão em motores diesel .........................................................................79<br />

3.5.1 Equação <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão em motores diesel.....................................................79<br />

3.5.2 Razão <strong>de</strong> Equivalência da Mistura ...................................................................79<br />

3.5.3 Equação <strong>de</strong> queima <strong>de</strong> Wiebe ........................................................................81<br />

3.6 Formação e <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> poluentes na exaustão <strong>de</strong> motores diesel .................83<br />

3.6.1 Poluentes regulados........................................................................................83<br />

3.6.2 Monóxido <strong>de</strong> carbono......................................................................................84<br />

3.6.3 Hidrocarbonetos ..............................................................................................86<br />

3.6.4 Óxidos <strong>de</strong> nitrogênio........................................................................................87<br />

3.6.5 Material particulado .........................................................................................89<br />

4 METODOLOGIA EXPERIMENTAL ......................................................................90<br />

4.1 Aparato experimental ..........................................................................................90<br />

4.1.1 Motor <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão interna e <strong>veículo</strong> utilizado ...............................................90<br />

4.1.2 Sistema <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> parâmetros <strong>de</strong> controle do motor..............................92<br />

4.1.3 Sensores <strong>de</strong> temperatura.................................................................................92


4.1.4 Equipamentos para medição do cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível ..............................94<br />

4.1.5 Sistema <strong>de</strong> controle do motor...........................................................................96<br />

4.1.6 .Câmara climática para testes <strong>de</strong> partida a frio. ...............................................96<br />

4.1.7 Analisador <strong>de</strong> opacida<strong>de</strong>..................................................................................96<br />

4.1.8 Dinamômetro <strong>de</strong> chassi para reprodução do ciclo <strong>de</strong> <strong>emissões</strong> ......................97<br />

4.1.9 Sistema <strong>de</strong> amostragem e análise <strong>de</strong> HC, CO, NOX e material particulado.....98<br />

4.2 Procedimento experimental..............................................................................102<br />

4.2.1 Preparação das <strong>misturas</strong>................................................................................102<br />

4.2.2 Testes <strong>de</strong> cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível ..............................................................102<br />

4.2.3 Partida a frio ...................................................................................................105<br />

4.2.4 Análise <strong>de</strong> opacida<strong>de</strong> .....................................................................................105<br />

4.2.5 Testes <strong>de</strong> <strong>emissões</strong> .......................................................................................106<br />

4.2.5.1 Ciclo <strong>de</strong> <strong>emissões</strong> Euro III...........................................................................106<br />

4.2.5.2 Ajuste do teste <strong>de</strong> <strong>emissões</strong>........................................................................107<br />

4.2.5.3 Sistema <strong>de</strong> diluição da amostra ..................................................................108<br />

4.2.5.4 Medição da emissão <strong>de</strong> material particulado ..............................................109<br />

4.3 Caracterização das amostras <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível...................................................109<br />

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES.........................................................................111<br />

5.1 Proprieda<strong>de</strong>s físico-químicas dos <strong>com</strong>bustíveis................................................111<br />

5.1.1 Viscosida<strong>de</strong> ....................................................................................................111<br />

5.1.3 Teor <strong>de</strong> Enxofre..............................................................................................115<br />

5.1.4 Temperatura <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação.............................................................................116<br />

5.1.5 Índice <strong>de</strong> cetano .............................................................................................118<br />

5.1.6 Ponto <strong>de</strong> entupimento <strong>de</strong> filtro a frio – CFPP .................................................119<br />

5.2 Cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível..................................................................................120<br />

5.3 Tempo <strong>de</strong> partida a frio .....................................................................................121<br />

5.4 Emissões na exaustão ......................................................................................122<br />

5.4.1 Dióxido <strong>de</strong> carbono ........................................................................................122<br />

5.4.2 Monóxido <strong>de</strong> carbono.....................................................................................123<br />

5.4.3 Hidrocarbonetos .............................................................................................124<br />

5.4.4 Óxidos <strong>de</strong> nitrogênio ......................................................................................125<br />

5.4.5 Material particulado ........................................................................................126<br />

5.5 Temperatura do catalisador...............................................................................127


6 CONCLUSÕES ....................................................................................................129<br />

6.1 Proprieda<strong>de</strong>s físico-químicas dos <strong>com</strong>bustíveis................................................129<br />

6.2 Cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível..................................................................................130<br />

6.3 Tempo <strong>de</strong> partida a frio .....................................................................................130<br />

6.4 Emissões <strong>de</strong> gases da exaustão pelas diferentes <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel ..........130<br />

6.5 Temperatura do Catalisador..............................................................................131<br />

6.6 Sugestões para trabalhos futuros......................................................................131<br />

REFERÊNCIAS.......................................................................................................133<br />

APÊNDICE A – ANÁLISE DE INCERTEZA ............................................................143<br />

APÊNDICE B – DADOS OBTIDOS NOS TESTES DE EMISSÕES DE POLUENTES<br />

................................................................................................................................159<br />

ANEXO A – LAUDO ÓLEO DIESEL MINERAL 10PPM.........................................162<br />

ANEXO B – CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DAS AMOSTRAS DE<br />

BIODIESEL É ÓLEO DIESEL..............................................................163<br />

ANEXO C – ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DO ÓLEO DIESEL S500 .................167<br />

ANEXO D – ESPECIFICAÇÕES TÉCNIICAS DO ÓLEO DIESEL S50 ..................168<br />

ANEXO E – ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DO BIODIESEL B100 (ANP)............169<br />

ANEXO F – ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DO BIODIESEL B100 (EN 14214) ...172<br />

ANEXO G – ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DO ETANOL....................................173<br />

ANEXO H – LIMITES DE EMISSÕES PARA VEÍCULOS A DIESEL (BRASIL E<br />

UNIÃO EUROPÉIA) ............................................................................175


1 INTRODUÇÃO<br />

1.1 Prólogo<br />

A questão ambiental, vista <strong>de</strong> forma localizada através da qualida<strong>de</strong> das<br />

<strong>emissões</strong> dos motores e <strong>de</strong> forma <strong>de</strong> mudanças climáticas globais através da<br />

redução das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> CO2 e, por conseqüência, na redução do efeito estufa,<br />

constitui a verda<strong>de</strong>ira força motriz para a produção e cons<strong>um</strong>o dos <strong>com</strong>bustíveis<br />

limpos oriundos da biomassa, especialmente, no caso do motor diesel, o biodiesel<br />

(PARENTE, 2003). Nos últimos anos inúmeras pesquisas têm sido feitas para<br />

reduzir as <strong>emissões</strong> nocivas <strong>de</strong> motores diesel. Alg<strong>um</strong>as <strong>de</strong>stas pesquisas estão<br />

relacionadas ao controle da injeção <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível, do processo <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão e ao<br />

tratamento pós-<strong>com</strong>bustão dos gases <strong>de</strong> exaustão. Em <strong>com</strong>plemento a estas<br />

tecnologias, os <strong>com</strong>bustíveis alternativos são outro caminho para a redução <strong>de</strong><br />

gases <strong>de</strong> exaustão nocivos sem impactos negativos na potência do motor e<br />

cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível (KEGL, 2007).<br />

A <strong>de</strong>manda por energia em todo o planeta está a<strong>um</strong>entando, em específico a<br />

<strong>de</strong>manda <strong>de</strong> energia baseada no petróleo. A evolução <strong>de</strong> tal <strong>de</strong>manda sem danos<br />

ao meio ambiente é algo <strong>de</strong> interesse primário e <strong>de</strong>safiante. Com a elevação dos<br />

preços dos <strong>com</strong>bustíveis convencionais, a necessida<strong>de</strong> crescente <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência<br />

energética dos países (principalmente <strong>de</strong>vido ao monopólio dos <strong>com</strong>bustíveis<br />

fósseis) e os interesses ambientais, os <strong>com</strong>bustíveis alternativos po<strong>de</strong>m satisfazer<br />

tal necessida<strong>de</strong> por energia renovável <strong>com</strong> baixos impactos ambientais. Os<br />

<strong>com</strong>bustíveis alternativos atualmente contemplados para uso veicular são o etanol, o<br />

hidrogênio e o biodiesel.<br />

Enquanto os motores a gasolina <strong>de</strong>verão ser substituídos por motores<br />

híbridos e mesmo células a hidrogênio, os motores <strong>com</strong> ignição por <strong>com</strong>pressão<br />

(motores diesel) contam <strong>com</strong> a expectativa <strong>de</strong> uso para aplicações <strong>de</strong> altas<br />

potências <strong>de</strong>vido às limitações <strong>de</strong> armazenagem. A alternativa ambientalmente<br />

viável <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível para motores diesel é o biodiesel, <strong>de</strong>rivado a partir <strong>de</strong> óleo<br />

vegetal ou gordura animal.<br />

21


1.2 Objetivos e Metas<br />

O objetivo geral <strong>de</strong>sta dissertação é <strong>com</strong>parar, através <strong>de</strong> testes em<br />

laboratórios, o cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível, a emissão <strong>de</strong> poluentes e o <strong>de</strong>sempenho<br />

em baixa temperatura <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>veículo</strong> alimentado <strong>com</strong> <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel em<br />

relação ao óleo diesel mineral. Foram utilizados <strong>com</strong>o <strong>com</strong>bustíveis <strong>misturas</strong> do óleo<br />

diesel convencional (S500, <strong>com</strong> 500ppm <strong>de</strong> enxofre) <strong>com</strong> o biodiesel <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> soja<br />

nas concentrações <strong>de</strong> 3% (B3), 5% (B5), 10% (B10), 15% (B15) e 20% (B20).<br />

Também foi estudado o efeito do etanol no <strong>com</strong>bustível B20 <strong>com</strong> a adição <strong>de</strong>ste<br />

álcool nas concentrações <strong>de</strong> 2% (B20E2) e 5% (B20E5). Utilizou-se <strong>com</strong>o referência<br />

o óleo diesel mineral padrão europeu S10, <strong>com</strong> 10ppm <strong>de</strong> enxofre.<br />

A dissertação tem os seguintes objetivos específicos:<br />

− caracterizar as <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> poluentes <strong>de</strong> <strong>um</strong> motor diesel <strong>operando</strong> <strong>com</strong><br />

<strong>com</strong>bustíveis constituídos <strong>de</strong> diferentes concentrações <strong>de</strong> biodiesel e etanol<br />

em óleo diesel mineral.<br />

− <strong>com</strong>parar o cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível <strong>de</strong> motores diesel <strong>operando</strong> <strong>com</strong><br />

− <strong>com</strong>bustíveis <strong>com</strong>postos <strong>de</strong> <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel e etanol em óleo diesel<br />

mineral em diferentes concentrações.<br />

− <strong>de</strong>terminar as características físico-químicas das <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel e<br />

etanol utilizadas.<br />

Os objetivos <strong>de</strong>sta dissertação visam atingir as seguintes metas:<br />

− verificar o atendimento às legislações ambientais vigentes e futuras para<br />

− <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> poluentes <strong>de</strong> motores diesel usados em automóveis.<br />

− gerar informações que contribuam para especificações <strong>de</strong> biodiesel<br />

condizentes <strong>com</strong> a realida<strong>de</strong> econômica e o potencial <strong>de</strong> produção no Brasil.<br />

− fornecer dados para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> motores <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão interna<br />

<strong>com</strong> ignição por <strong>com</strong>pressão alimentados <strong>com</strong> biodiesel.<br />

1.3 Justificativa<br />

O biodiesel é atualmente a forma <strong>com</strong> que os óleos vegetais e gorduras estão<br />

sendo utilizados <strong>com</strong>o <strong>com</strong>bustível puro (B100) ou <strong>com</strong>o <strong>misturas</strong> <strong>com</strong> <strong>com</strong>bustível<br />

22


diesel <strong>de</strong>rivado do petróleo. Usando biodiesel ao invés <strong>de</strong> óleo diesel convencional<br />

espera-se reduzir todo o ciclo <strong>de</strong> vida do dióxido <strong>de</strong> carbono (CO2) e as <strong>emissões</strong> <strong>de</strong><br />

material particulado, monóxido <strong>de</strong> carbono (CO), óxidos <strong>de</strong> enxofre (SOX),<br />

<strong>com</strong>postos orgânicos voláteis (VOC) e hidrocarbonetos não-queimados (HC).<br />

Contudo, é sabido que o biodiesel a<strong>um</strong>enta as <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> óxidos <strong>de</strong> nitrogênio<br />

(NOX), <strong>com</strong>postos por óxido nítrico (NO) e dióxido <strong>de</strong> nitrogênio (NO2).<br />

De <strong>um</strong> modo geral, consi<strong>de</strong>rando-se a pressão dos órgãos ambientais para<br />

redução das <strong>emissões</strong> veiculares, observam-se as seguintes tendências da evolução<br />

dos <strong>com</strong>bustíveis no cenário internacional:<br />

− produção <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustíveis <strong>com</strong> baixos teores <strong>de</strong> aromáticos e livres <strong>de</strong><br />

enxofre.<br />

− produção <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustíveis <strong>com</strong> baixíssimo nível <strong>de</strong> <strong>emissões</strong>.<br />

− <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> produtos para nichos <strong>de</strong> mercado.<br />

− produção <strong>de</strong> gasolinas <strong>com</strong> elevada octanagem.<br />

− produção <strong>de</strong> óleo diesel <strong>com</strong> alta qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ignição (cetano maior que 50).<br />

− produção <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustíveis <strong>de</strong> aviação <strong>com</strong> baixos teores <strong>de</strong> enxofre.<br />

− produção <strong>de</strong> gasolina <strong>de</strong> aviação sem ch<strong>um</strong>bo tetra-etila em sua <strong>com</strong>posição.<br />

− produção <strong>de</strong> óleos <strong>com</strong>bustíveis e bunkers 1 <strong>com</strong> baixos teores <strong>de</strong> enxofre.<br />

− utilização <strong>de</strong> aditivos que melhorem o <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustíveis.<br />

− a<strong>de</strong>quação dos <strong>com</strong>bustíveis para utilização em tecnologias <strong>de</strong> motores e<br />

<strong>veículo</strong>s.<br />

− produção <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustíveis <strong>de</strong> <strong>com</strong>petição <strong>com</strong> alto rendimento energético e<br />

baixo nível <strong>de</strong> <strong>emissões</strong>.<br />

− uso <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustíveis sintéticos) e bio<strong>com</strong>bustíveis 2 (biodiesel, bioquerosene 3<br />

e alcoóis) nas formulações dos <strong>com</strong>bustíveis usados para transporte.<br />

1 Bunker é <strong>um</strong> óleo <strong>com</strong>bustível utilizado para navios em geral. Tal óleo é resultado da mistura <strong>de</strong><br />

petróleo importado <strong>com</strong> petróleo nacional, o que proporciona <strong>um</strong> baixo teor <strong>de</strong> metais (al<strong>um</strong>ínio e<br />

silício) e <strong>de</strong> enxofre (PETROBRÁS, 2009).<br />

2 De acordo <strong>com</strong> a resolução ANP n. 07/2008, <strong>de</strong>fine-se <strong>com</strong>o bio<strong>com</strong>bustível o <strong>com</strong>bustível <strong>de</strong>rivado<br />

<strong>de</strong> biomassa renovável para uso em motores <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão interna ou para outro tipo <strong>de</strong> geração <strong>de</strong><br />

energia, que possa substituir parcial ou totalmente <strong>com</strong>bustíveis <strong>de</strong> origem fóssil.<br />

3 O bioquerosene (biojet) é produzido através do óleo extraído <strong>de</strong> palmáceas e não tem elementos<br />

poluentes, constituindo <strong>um</strong>a alternativa que vem sendo testada para uso no transporte aeroespacial.<br />

23


− utilização crescente do uso <strong>de</strong> corantes e/ou marcadores <strong>de</strong> modo a garantir<br />

a qualida<strong>de</strong> do <strong>com</strong>bustível.<br />

− <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> sistemas <strong>veículo</strong>-<strong>com</strong>bustível <strong>com</strong> menor cons<strong>um</strong>o<br />

energético para reduzir as <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> CO2. (PETROBRÁS, 2008).<br />

Quantificar e correlacionar os gases emitidos por motores <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão por<br />

<strong>com</strong>pressão <strong>com</strong> os elementos que constituem o <strong>com</strong>bustível <strong>de</strong> alimentação <strong>de</strong>stes<br />

motores é <strong>um</strong> meio indireto <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir a qualida<strong>de</strong>, a economia <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível, a<br />

emissão <strong>de</strong> gases poluentes e o nível <strong>de</strong> f<strong>um</strong>aça emitido na exaustão. Conhecer o<br />

<strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> motores usando biodiesel e <strong>com</strong>pará-lo <strong>com</strong> o <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong>stes<br />

mesmos motores usando óleo diesel mineral é <strong>um</strong> estudo necessário para o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> motores <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão interna <strong>com</strong> ignição por <strong>com</strong>pressão,<br />

alimentados <strong>com</strong> biodiesel.<br />

Os benefícios associados ao uso do etanol misturado <strong>com</strong> o óleo diesel<br />

incluem o a<strong>um</strong>ento da bio<strong>de</strong>gradabilida<strong>de</strong>, ou seja, o a<strong>um</strong>ento crescente no uso <strong>de</strong><br />

bio<strong>com</strong>bustíveis, e a redução nas <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> gases <strong>de</strong> efeito estufa caso o etanol<br />

seja produzido a partir da biomassa. Em termpos <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão, <strong>um</strong>a vez que<br />

pesquisadores concluíram que a <strong>com</strong>binação <strong>de</strong> diversas proprieda<strong>de</strong>s se alteram,<br />

tais <strong>com</strong>o <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, número <strong>de</strong> cetano, viscosida<strong>de</strong> cinemática, po<strong>de</strong>r calorífico<br />

superior, e frações <strong>de</strong> aromáticos, espera-se que a <strong>com</strong>binação <strong>de</strong>stas variáveis<br />

conduzam a <strong>com</strong>portamento igual ou superior em termos <strong>de</strong> <strong>performance</strong>.<br />

É conhecido que em <strong>um</strong> estágio inicial, a redução no cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível<br />

e a baixa qualida<strong>de</strong> da ignição são as principais barreiras para aplicação do etanol<br />

em motores diesel, porém há diversos aditivos, tais <strong>com</strong>o aditivo para prevenir a<br />

separação <strong>de</strong> fases das <strong>misturas</strong> etanol-diesel e elevar o número <strong>de</strong> cetano.<br />

1.4 Escopo da Dissertação<br />

O Capítulo 2 apresenta estudos realizados na temática <strong>de</strong>ste trabalho. É feita<br />

<strong>um</strong>a revisão dos artigos científicos relevantes e relacionados a pesquisas ao<br />

biodiesel, bem <strong>com</strong>o suas <strong>misturas</strong> <strong>com</strong> óleo diesel e etanol, no que se refere ao<br />

<strong>de</strong>sempenho do motor, ao cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível e às <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> poluentes.<br />

24


O Capítulo 3 trata da fundamentação teórica <strong>de</strong>ste trabalho. São abordadas<br />

as proprieda<strong>de</strong>s físico-químicas do óleo diesel, biodiesel e etanol, as <strong>de</strong>finições dos<br />

parâmetros <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho e <strong>emissões</strong> e os fatores <strong>de</strong> influência.<br />

O Capítulo 4 <strong>de</strong>screve a metodologia experimental: a instr<strong>um</strong>entação, os<br />

equipamentos utilizados e os procedimentos adotados para a realização dos testes.<br />

Os resultados obtidos dos experimentos realizados em conjunto <strong>com</strong> a<br />

análise <strong>com</strong>parativa e discussões pertinentes são apresentados no Capítulo 5.<br />

No Capítulo 6 são apresentadas as conclusões relativas aos resultados<br />

encontrados neste estudo assim <strong>com</strong>o sugestões para trabalhos futuros.<br />

Os Apêndices A, B e C apresentam as análises <strong>de</strong> incertezas associadas aos<br />

parâmetros medidos nos testes <strong>de</strong> <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> poluentes, cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível<br />

e partida a frio do motor.<br />

O Anexo A apresenta o laudo técnico <strong>com</strong> as especificações do óleo diesel<br />

S10. O Anexo B contém os dados obtidos na análises físico-químicas das <strong>misturas</strong><br />

dos <strong>com</strong>bustíveis utilizados na pesquisa. Os Anexos C a F contém as especificações<br />

técnicas dos <strong>com</strong>bustíveis previstas. em normas. O Anexo G apresenta o res<strong>um</strong>o<br />

dos limites <strong>de</strong> <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> poluentes previstos para o Brasil e para a União<br />

Européia.<br />

25


2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA<br />

2.1 Biodiesel<br />

O biodiesel é <strong>um</strong> <strong>com</strong>bustível renovável, bio<strong>de</strong>gradável e ecologicamente<br />

correto. É constituído por <strong>um</strong>a mistura <strong>de</strong> ésteres metílicos ou etílicos <strong>de</strong> ácidos<br />

graxos, obtidos por reação <strong>de</strong> transesterificação <strong>de</strong> qualquer triglicerí<strong>de</strong>o <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia<br />

longa na presença <strong>de</strong> <strong>um</strong> álcool <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ia curta (metanol ou etanol),<br />

respectivamente. A Lei nº 11.097, <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2005, <strong>de</strong>fine o biodiesel <strong>com</strong>o<br />

<strong>um</strong> <strong>com</strong>bustível para uso em motores <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão interna <strong>com</strong> ignição por<br />

<strong>com</strong>pressão, renovável e bio<strong>de</strong>gradável, <strong>de</strong>rivado <strong>de</strong> óleos vegetais ou <strong>de</strong> gorduras<br />

animais, que possa substituir parcial ou totalmente o óleo diesel <strong>de</strong> origem fóssil. A<br />

Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Bio<strong>com</strong>bustíveis – ANP –, através do<br />

Regulamento Técnico ANP nº 07, <strong>de</strong> 19/03/2008, <strong>de</strong>fine os métodos <strong>de</strong> ensaio para<br />

<strong>de</strong>terminação das características do biodiesel. As especificações das características<br />

do biodiesel estão apresentadas no Anexo E, conforme o regulamento técnico<br />

citado.<br />

O conceito técnico <strong>de</strong> se utilizar óleos vegetais, gorduras animais ou óleos<br />

usados <strong>com</strong>o <strong>com</strong>bustíveis diesel <strong>de</strong> natureza renovável po<strong>de</strong> parecer simples,<br />

porém apresenta <strong>com</strong>plexida<strong>de</strong>s por envolver o atendimento a inúmeras<br />

características técnicas. O uso <strong>de</strong> óleos vegetais <strong>com</strong>o <strong>com</strong>bustível <strong>de</strong> motores<br />

diesel remonta ao primeiro experimento realizado por Rudolph Diesel. Em 1900, na<br />

Exibição Mundial <strong>de</strong> Paris, Rudolph Diesel apresentou <strong>um</strong> motor <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão por<br />

<strong>com</strong>pressão alimentado <strong>com</strong> óleo <strong>de</strong> amendoim (KNOTHE et al. 2006).<br />

Diversas são as espécies vegetais oleaginosas que po<strong>de</strong>m ser utilizadas para<br />

a produção <strong>de</strong> biodiesel. No Brasil tem sido produzido biodiesel <strong>de</strong> mamona, <strong>de</strong>ndê,<br />

girassol, babaçu, amendoim, pinhão manso, nabo forrageiro e soja, <strong>de</strong>ntre outras<br />

fontes. O biodiesel é miscível <strong>com</strong> o óleo diesel <strong>de</strong> petróleo em qualquer proporção.<br />

Em muitos países, inclusive no Brasil, esta proprieda<strong>de</strong> levou ao uso <strong>de</strong> <strong>misturas</strong><br />

binárias diesel/biodiesel, ao invés do biodiesel puro. Neste sentido é importante<br />

salientar que estas <strong>misturas</strong> binárias não po<strong>de</strong>m ser caracterizadas <strong>com</strong>o biodiesel.<br />

26


As <strong>misturas</strong> <strong>de</strong>ste tipo são <strong>de</strong>signadas por acrônimos <strong>com</strong>o B20, que<br />

representa a mistura <strong>de</strong> 20% <strong>de</strong> biodiesel no óleo diesel <strong>de</strong> petróleo. Óleos vegetais<br />

e gorduras <strong>de</strong> origem animal que não passaram pelo processo <strong>de</strong> transesterificação<br />

também não po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>nominadas <strong>de</strong> biodiesel.<br />

O biodiesel po<strong>de</strong> ser obtido por diferentes processos, <strong>de</strong>ntre os quais se po<strong>de</strong><br />

citar o craqueamento e a transesterificação. O craqueamento ou pirólise é <strong>um</strong><br />

processo térmico através do qual <strong>um</strong>a molécula orgânica <strong>com</strong>plexa (hidrocarbonetos<br />

pesados) modifica-se em moléculas mais simples (hidrocarbonetos leves). O óleo<br />

vegetal é colocado em <strong>um</strong> craqueador <strong>de</strong> aço inoxidável, sendo submetido a altas<br />

temperaturas, na presença ou não <strong>de</strong> catalisadores. No craqueador ocorre o<br />

rompimento das ligações atômicas, em especial das mais sensíveis. Desse modo os<br />

triglicerí<strong>de</strong>os, que possuem 50 ou mais átomos <strong>de</strong> carbono, são <strong>de</strong>sdobrados em<br />

moléculas orgânicas <strong>com</strong> até 17 átomos <strong>de</strong> carbono. Os vapores das novas<br />

moléculas passam por <strong>um</strong>a torre <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação fracionada <strong>com</strong> <strong>um</strong> <strong>com</strong>plexo sistema<br />

<strong>de</strong> fluxo e refluxo, on<strong>de</strong> ocorre a separação e recuperação em diferentes pontos da<br />

coluna em função do ponto <strong>de</strong> con<strong>de</strong>nsação.<br />

As principais vantagens da rota <strong>de</strong> craqueamento são a não produção <strong>de</strong><br />

glicerol <strong>com</strong>o subproduto, a não utilização <strong>de</strong> álcool no processo, o menor custo <strong>de</strong><br />

investimento fixo inicial e a relativa facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> operação, o que torna o processo<br />

particularmente adaptável para produção <strong>de</strong> biodiesel em pequena e média escala.<br />

Nos pequenos e médios empreendimentos, a produção <strong>de</strong> glicerol e o uso <strong>de</strong> álcool<br />

anidro possuem consi<strong>de</strong>rações particularizadas. O custo <strong>de</strong> refino do glicerol é<br />

proporcionalmente maior que nas plantas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> dimensão. A aquisição <strong>de</strong><br />

álcool anidro pelo pequeno ou médio produtor dificilmente conseguirá estabelecer<br />

contratos <strong>de</strong> longo prazo, garantindo seu abastecimento a preços <strong>com</strong>patíveis. Além<br />

disso, o frete <strong>de</strong> álcool para gran<strong>de</strong>s distâncias po<strong>de</strong> inviabilizar a <strong>com</strong>petitivida<strong>de</strong><br />

do biodiesel pela rota da transesterificação (GAZZONI; FELICI, 2006).<br />

O processo <strong>de</strong> transesterificação baseia-se na reação química <strong>de</strong>corrente da<br />

mistura <strong>de</strong> <strong>um</strong> triglicerí<strong>de</strong>o <strong>com</strong> <strong>um</strong> álcool na presença <strong>de</strong> <strong>um</strong> catalisador que po<strong>de</strong><br />

ser alcalino ou ácido. Os catalisadores são substâncias usadas para acelerar a<br />

transformação do óleo vegetal em bio<strong>com</strong>bustível. O hidróxido <strong>de</strong> sódio (NaOH),<br />

<strong>com</strong>ercialmente <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> soda cáustica, e o hidróxido <strong>de</strong> potássio (KOH) são<br />

os catalisadores convencionais mais <strong>com</strong>uns utilizados no processo <strong>de</strong> produção do<br />

biodiesel. Tais catalisadores são contaminadores do solo e da água se não tiverem<br />

27


<strong>um</strong> a<strong>de</strong>quado <strong>de</strong>scarte. Para a remoção da soda cáustica ao final da produção <strong>de</strong><br />

biodiesel é preciso utilizar, por exemplo, 500 litros <strong>de</strong> água para cada mil litros <strong>de</strong><br />

biodiesel produzidos para que o produto final fique totalmente limpo. Além do perigo<br />

da contaminação, qualquer teor remanescente <strong>de</strong> hidróxido <strong>de</strong> sódio no<br />

bio<strong>com</strong>bustível po<strong>de</strong> se tornar <strong>um</strong> forte corrosivo para os motores.<br />

Recentes pesquisas <strong>com</strong> o objetivo <strong>de</strong> eliminar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> água<br />

para lavagem do biodiesel no processo <strong>de</strong> produção, reaproveitar o catalisador e<br />

eliminar o risco <strong>de</strong> contaminação do catalisador no biodiesel vêm sendo realizadas<br />

por universida<strong>de</strong> brasileiras. Por exemplo, pesquisadores da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral<br />

<strong>de</strong> Itajubá (UNIFEI) <strong>de</strong>senvolveram <strong>um</strong> catalisador inorgânico nano estruturado<br />

alcalino chamado <strong>de</strong> CNK47. A nano estrutura do produto, <strong>com</strong>o qualquer outro<br />

material nano métrico – medida equivalente a <strong>um</strong> milímetro dividido por <strong>um</strong> milhão<br />

<strong>de</strong> vezes – possui elevada área superficial porque gran<strong>de</strong> parte das moléculas<br />

existentes nos nano poros está em contato, no caso, <strong>com</strong> a mistura <strong>de</strong> óleo e álcool,<br />

facilitando a reação química. Com este catalisador é possível fazer a catálise no<br />

processo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> biodiesel reutilizando a substância em até cinco sessões<br />

diferentes <strong>de</strong> produção até atingir a saturação.<br />

Ao contrário dos catalisadores convencionais chamados <strong>de</strong> homogêneos, o<br />

CNK47 é sólido e não se mistura ao produto. O CNK47 po<strong>de</strong> ser reutilizado várias<br />

vezes e não é necessário lavar o biodiesel para a retirada <strong>de</strong> restos <strong>de</strong><br />

catalisadores, <strong>com</strong>o acontece n<strong>um</strong>a situação convencional. O CNK47 é formado por<br />

nano esferas e nano poros <strong>de</strong> sílica <strong>com</strong> elevado conteúdo <strong>de</strong> potássio<br />

disponibilizado na forma <strong>de</strong> <strong>um</strong> pó.<br />

Outro catalisador heterogêneo foi inventado por pesquisadores da<br />

Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> São Carlos (UFSCAR) e da Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ribeirão Preto<br />

(UNAERP). Este catalisador também foi concebido <strong>com</strong> a preocupação <strong>de</strong> tornar o<br />

processo mais limpo e diminuir etapas da produção <strong>de</strong> biodiesel, eliminando o uso<br />

<strong>de</strong> água. O catalisador é formado por <strong>um</strong> <strong>com</strong>pósito <strong>de</strong> silicatos, argilas, al<strong>um</strong>ínio e<br />

zeólitas, <strong>um</strong> tipo <strong>de</strong> mineral poroso que serve <strong>de</strong> base para o catalisador. As zeólitas<br />

possuem poros nano métricos <strong>com</strong>o <strong>um</strong>a peneira molecular, on<strong>de</strong> acontece a<br />

reação química.<br />

Embora ambos os catalisadores heterogêneos apresentem vantagens – <strong>com</strong>o<br />

não necessitar do uso <strong>de</strong> água no processo, eliminando os efluentes danosos ao<br />

ambiente – apresentam também, <strong>com</strong>o <strong>de</strong>svantagem, a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> maior<br />

28


temperatura no processo <strong>de</strong> transesterificação (no caso do CNK47 a temperatura é<br />

<strong>de</strong> 80°C), o que implica no uso <strong>de</strong> maior energia no processo. Outra <strong>de</strong>svantagem é<br />

a exigência <strong>de</strong> altas temperaturas no processo <strong>de</strong> síntese <strong>de</strong> tais catalisadores,<br />

cerca <strong>de</strong> 600 °C por 24 horas. Tais fatores implicam em <strong>um</strong> possível a<strong>um</strong>ento <strong>de</strong><br />

custo no processo, porém o futuro da produção <strong>de</strong> biodiesel é promissor e<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> novas tecnologias e da evolução <strong>de</strong> pesquisas.<br />

Os álcoois utilizados no processo <strong>de</strong> transesterificação do biodiesel são,<br />

preferivelmente, da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> C1 a C6, po<strong>de</strong>ndo ser metanol, etanol, isopropanol ou<br />

butanol, <strong>de</strong>ntre outros. Nos Estados Unidos, Canadá e na Europa utiliza-se álcool<br />

metílico (metanol) na transesterificação. No Brasil utiliza-se o metanol e também o<br />

álcool etílico (etanol). Salienta-se que a utilização <strong>de</strong> metanol ou etanol está<br />

relacionada principalmente à disponibilida<strong>de</strong> regional <strong>de</strong> tais álcoois, buscando<br />

menores custos <strong>de</strong> produção do biodiesel e também aten<strong>de</strong>r a questões <strong>de</strong><br />

segurança do manuseio. Os riscos no transporte e manuseio do metanol são mais<br />

elevados que no caso do etanol.<br />

No processo <strong>de</strong> transesterificação para a obtenção do biodiesel, os<br />

triglicerí<strong>de</strong>os dos óleos vegetais são convertidos em mono-alquil-ésteres. O produto<br />

da transesterificação metílica é <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> éster metílico <strong>de</strong> ácido graxo (ou<br />

FAME, do inglês Fatty Acid Methyl Ester). A transesterificação é o processo <strong>de</strong> trocar<br />

no grupo alcoíla oxigenada, ou alquila (CnH2n+1), <strong>um</strong> <strong>com</strong>posto éster por <strong>um</strong> álcool,<br />

<strong>com</strong>o mostra o esquema da Fig. 1. Estas reações são normalmente catalisadas pela<br />

adição <strong>de</strong> <strong>um</strong> ácido ou <strong>de</strong> <strong>um</strong>a base.<br />

.<br />

Figura 1: Processo <strong>de</strong> Transesterificação<br />

Fonte: Knothe et. al., 2006.<br />

A maior razão para que óleos vegetais e gorduras animais <strong>de</strong>vam ser<br />

convertidos em alquil ésteres é a viscosida<strong>de</strong> cinemática que, no biodiesel, é muito<br />

mais próxima daquela do óleo diesel do petróleo. A alta viscosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> matérias<br />

graxas não transesterificadas conduz a sérios problemas operacionais nos motores<br />

29


diesel, tais <strong>com</strong>o <strong>de</strong>pósitos. A justificativa para o biodiesel ser utilizado <strong>com</strong>o <strong>um</strong><br />

<strong>com</strong>bustível alternativo ao óleo diesel é a similarida<strong>de</strong> do número <strong>de</strong> cetano e das<br />

proprieda<strong>de</strong>s físico-químicas, <strong>com</strong>o o calor <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão, o ponto <strong>de</strong> flui<strong>de</strong>z, a<br />

viscosida<strong>de</strong> cinemática, a estabilida<strong>de</strong> à oxidação e a lubricida<strong>de</strong>.<br />

2.2 Aplicações do Biodiesel<br />

Embora o uso do biodiesel seja tratado a priori <strong>com</strong> aplicações em transporte<br />

<strong>de</strong> superfície, os ésteres <strong>de</strong> óleos vegetais possuem outras aplicações. O biodiesel é<br />

utilizado para a<strong>um</strong>entar o número <strong>de</strong> cetano. O uso <strong>de</strong> nitratos <strong>de</strong> ácidos graxos no<br />

<strong>com</strong>bustível diesel foi relatado em patente. Aditivos multifuncionais por ésteres<br />

graxos nitratos foram <strong>de</strong>senvolvidos para melhorar a <strong>com</strong>bustão e a lubrificação dos<br />

motores. Na Itália, os ésteres <strong>de</strong> óleos vegetais servem <strong>com</strong>o óleo <strong>de</strong> aquecimento<br />

ao invés do óleo diesel, sendo estabelecida a norma européia EN 14213 para este<br />

propósito. Na Alemanha, foi elaborado <strong>um</strong> projeto para o uso do biodiesel <strong>com</strong>o óleo<br />

<strong>de</strong> aquecimento para o prédio Reichstag, em Berlim (KNOTHE et al. 2006).<br />

Outra aplicação do biodiesel foi realizada na aviação. A restrição <strong>de</strong> seu uso é<br />

<strong>de</strong>vida às suas proprieda<strong>de</strong>s a baixas temperaturas, o que limita seu uso apenas a<br />

vôos <strong>de</strong> baixa altitu<strong>de</strong>. Em 2008 a Airbus anunciou <strong>um</strong>a parceria <strong>com</strong> a Honeywell,<br />

a International Aero Engines e a JetBlue Airways para <strong>de</strong>senvolver <strong>um</strong>a segunda<br />

geração <strong>de</strong> bio<strong>com</strong>bustíveis, que atenda as especificações da aviação <strong>com</strong>ercial. O<br />

principal objetivo <strong>de</strong>sta união será transformar os óleos obtidos a partir <strong>de</strong> vegetais e<br />

algas em <strong>com</strong>bustíveis para aviões e conseguir a autorização das organizações<br />

encarregadas das normas para seu uso seguro.<br />

Os ésteres <strong>de</strong> óleos vegetais e <strong>de</strong> gordura animal po<strong>de</strong>m ser utilizados para<br />

outros inúmeros propósitos. Os ésteres <strong>de</strong> metila po<strong>de</strong>m servir <strong>com</strong>o intermediários<br />

na produção <strong>de</strong> álcoois graxos oriundos <strong>de</strong> óleos vegetais. Os álcoois graxos são<br />

usados em surfactantes 1 e produtos <strong>de</strong> limpeza. Os ésteres <strong>de</strong> óleos vegetais<br />

______________________<br />

1 Surfactante é <strong>um</strong> <strong>com</strong>posto caracterizado pela capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> alterar as proprieda<strong>de</strong>s superficiais e<br />

interfaciais <strong>de</strong> <strong>um</strong> líquido, sendo a<strong>de</strong>quado para aplicações amplas <strong>com</strong>o <strong>de</strong>tergência, emulsificação,<br />

lubrificação, capacida<strong>de</strong> esp<strong>um</strong>ante, capacida<strong>de</strong> molhante, solubilização e dispersão <strong>de</strong> fases.<br />

30


também possuem boas proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> solvência, sendo utilizados <strong>com</strong>o meio para<br />

a limpeza <strong>de</strong> praias contaminadas por óleo bruto <strong>de</strong> petróleo. Os ésteres metílicos<br />

<strong>de</strong> óleos <strong>de</strong> semente <strong>de</strong> colza foram sugeridos <strong>com</strong>o plastificantes para a produção<br />

<strong>de</strong> plásticos. Os ésteres alquílicos <strong>de</strong> gorduras hidrogenadas, misturados aos<br />

<strong>com</strong>bustíveis à base <strong>de</strong> ácidos carboxílicos ou parafina, oferecem <strong>um</strong>a melhoria na<br />

eficiência da <strong>com</strong>bustão (KNOTHE et al. 2006).<br />

Em 1980 a Resolução nº 7 do Conselho Nacional <strong>de</strong> Energia instituiu o<br />

Programa Nacional <strong>de</strong> Produção <strong>de</strong> Óleos Vegetais para Fins Energéticos –<br />

PROÓLEO. Entre outros objetivos, pretendia-se substituir o óleo diesel por óleos<br />

vegetais em mistura <strong>de</strong> até 30% em vol<strong>um</strong>e, incentivar a pesquisa tecnológica para<br />

promover a produção <strong>de</strong> óleos vegetais nas diferentes regiões do país e buscar a<br />

total substituição do óleo diesel mineral por óleos vegetais. Inicialmente <strong>de</strong>u-se<br />

maior atenção à soja. A partir <strong>de</strong> 1981 foi estudado o amendoim e, em 1982, a colza<br />

e o girassol. Em 1986 passou-se a estudar o <strong>de</strong>ndê.<br />

2.3 O Biodiesel no Brasil<br />

As primeiras referências sobre o uso <strong>de</strong> óleos vegetais no Brasil datam da<br />

década <strong>de</strong> 1920 (VALENTE, 2007). Posteriormente alg<strong>um</strong>as pesquisas foram<br />

<strong>de</strong>senvolvidas no Instituto Nacional <strong>de</strong> Tecnologia, no Instituto <strong>de</strong> Óleos do<br />

Ministério da Agricultura e no Instituto <strong>de</strong> Tecnologia Industrial <strong>de</strong> Minas Gerais.<br />

Neste último, em 1950, registraram-se estudos sobre o uso dos óleos <strong>de</strong> licuri<br />

(Syagrus coronata) – palmeira <strong>de</strong> até 10 metros <strong>de</strong> altura, nativa do Brasil, presente<br />

nos estados do Piauí, Pernambuco e Minas Gerais - <strong>de</strong> mamona e <strong>de</strong> algodão em<br />

<strong>um</strong> motor diesel <strong>de</strong> seis cilindros. Em 1978, Expedito José <strong>de</strong> Sá Parente, professor<br />

da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral do Ceará (UFC), <strong>de</strong>senvolveu <strong>um</strong>a técnica <strong>de</strong> produção <strong>de</strong><br />

biodiesel a partir do óleo <strong>de</strong> algodão. Em 1980 o professor Expedito Parente<br />

requereu patente para o processo <strong>de</strong>senvolvido, que foi homologada no Brasil em<br />

1983. Em Minas Gerais, a Fundação Centro Tecnológico <strong>de</strong> Minas Gerais – CETEC<br />

MG – <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início dos anos 80 <strong>de</strong>senvolve estudos <strong>com</strong> oleaginosas para<br />

produção <strong>de</strong> bio<strong>com</strong>bustível.<br />

31


O Brasil tem em sua geografia gran<strong>de</strong>s vantagens agronômicas por se situar<br />

em <strong>um</strong>a região tropical, <strong>com</strong> altas taxas <strong>de</strong> l<strong>um</strong>inosida<strong>de</strong> e temperaturas anuais<br />

medianas. Associada à disponibilida<strong>de</strong> hídrica e regularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> chuvas, o Brasil é o<br />

país <strong>com</strong> maior potencial para produção <strong>de</strong> energia renovável. Foi o primeiro país a<br />

adotar <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustíveis renováveis aos <strong>com</strong>bustíveis fósseis (gasolina <strong>com</strong><br />

etanol) no final da década <strong>de</strong> 1970. O óleo <strong>de</strong> soja é, atualmente, a matéria-prima<br />

mais utilizada para a fabricação do biodiesel, seguida do sebo e do óleo <strong>de</strong> algodão.<br />

Em <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2008, a participação foi <strong>de</strong> 78% para o óleo <strong>de</strong> soja, 16% para o<br />

sebo, 3% para outras matérias primas e 2% para o óleo algodão (Fig. 2).<br />

Figura 2: Evolução das matérias-primas utilizadas para a produção do Biodiesel<br />

Fonte: Brasil, 2009a, p. 5.<br />

Em termos regionais, no Brasil há gran<strong>de</strong> diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> opções para<br />

produção <strong>de</strong> biodiesel, tais <strong>com</strong>o a palma (<strong>de</strong>ndê) e o babaçu no norte, a soja, o<br />

girassol e o amendoim nas regiões sul, su<strong>de</strong>ste e centro-oeste, e a mamona, que,<br />

além <strong>de</strong> ser a melhor opção do semi-árido nor<strong>de</strong>stino, apresenta-se também <strong>com</strong>o<br />

<strong>um</strong>a alternativa nas <strong>de</strong>mais regiões do país. Na Fig. 3 está apresentada a atual<br />

distribuição das oleaginosas nas regiões do Brasil.<br />

No início da década <strong>de</strong> 1980, a Secretaria <strong>de</strong> Tecnologia Industrial do<br />

Ministério da Indústria e Comércio (STI/MIC) <strong>de</strong>senvolveu e lançou o Programa<br />

Nacional <strong>de</strong> Alternativas Energéticas Renováveis <strong>de</strong> Origem Vegetal. No Programa<br />

constavam linhas <strong>de</strong> ação relacionadas aos óleos vegetais <strong>com</strong>bustíveis, que<br />

levaram ao Programa Nacional <strong>de</strong> Óleos Vegetais – Programa OVEG – voltado<br />

especificamente para a <strong>com</strong>provação da viabilida<strong>de</strong> técnica do uso dos óleos<br />

32


vegetais em motores do ciclo Diesel. O OVEG era voltado especificamente para a<br />

<strong>com</strong>provação técnica do uso dos óleos vegetais em motores do ciclo Diesel, <strong>com</strong> a<br />

participação <strong>de</strong> institutos <strong>de</strong> pesquisa, órgãos técnicos do governo fe<strong>de</strong>ral,<br />

fabricantes <strong>de</strong> motores, fabricantes <strong>de</strong> óleos vegetais e empresas <strong>de</strong> transportes.<br />

Testes foram <strong>de</strong>senvolvidos <strong>com</strong> ésteres puros (metílico e etílico) e <strong>com</strong> <strong>misturas</strong> <strong>de</strong><br />

óleo diesel <strong>com</strong> 30% <strong>de</strong> éster metílico <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> soja, matéria-prima selecionada<br />

por sua maior disponibilida<strong>de</strong>.<br />

Figura 3: Matérias-primas utilizadas nas regiões do Brasil.<br />

Fonte: Suarez, 2007.<br />

33


Em 1985 a Secretaria <strong>de</strong> Tecnologia Industrial do Governo Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong>clarava<br />

que a substituição do óleo diesel <strong>de</strong> petróleo pelo biodiesel <strong>de</strong> óleo vegetal era a<br />

mais a<strong>de</strong>quada do ponto <strong>de</strong> vista técnico. A afirmação era sustentada por resultados<br />

<strong>de</strong> testes experimentais em caminhões e ônibus, <strong>com</strong> acúmulo <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> <strong>um</strong><br />

milhão <strong>de</strong> quilômetros rodados utilizando biodiesel. O uso do biodiesel não<br />

<strong>de</strong>mandou gran<strong>de</strong>s modificações nos motores e o <strong>com</strong>bustível apresentou alto<br />

rendimento energético.<br />

Apoiado na crescente <strong>de</strong>manda por <strong>com</strong>bustíveis <strong>de</strong> fontes renováveis e no<br />

potencial brasileiro <strong>de</strong> produção, pelas suas condições favoráveis <strong>de</strong> solo e clima,<br />

em 6 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2004 o Governo Fe<strong>de</strong>ral lançou o Programa Nacional <strong>de</strong><br />

Produção e Uso <strong>de</strong> Biodiesel – PNPB. Trata-se <strong>de</strong> <strong>um</strong> programa <strong>com</strong> o objetivo <strong>de</strong><br />

implementar <strong>de</strong> forma sustentável, tanto técnica <strong>com</strong>o economicamente, a produção<br />

e o uso do biodiesel no Brasil. Os objetivos do PNPB são os seguintes:<br />

− diversificação da matriz energética.<br />

− introdução sustentável <strong>de</strong> novo <strong>com</strong>bustível renovável.<br />

− contribuição ambiental através da oferta <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>com</strong>bustível ambientalmente<br />

correto.<br />

− geração <strong>de</strong> empregos e renda na agricultura familiar.<br />

− fixação <strong>de</strong> famílias no campo e expansão da agricultura sustentável.<br />

− economia <strong>de</strong> divisas ao reduzir as importações <strong>de</strong> petróleo e óleo diesel.<br />

− aproveitamento <strong>de</strong> solos ina<strong>de</strong>quados para culturas alimentícias.<br />

Salienta-se que, <strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> o Governo Fe<strong>de</strong>ral, 10% do óleo diesel <strong>de</strong><br />

petróleo cons<strong>um</strong>ido no Brasil é importado. O óleo diesel é utilizado principalmente no<br />

transporte <strong>de</strong> passageiros e <strong>de</strong> cargas. O óleo diesel é o <strong>com</strong>bustível mais utilizado<br />

no país, <strong>com</strong> <strong>com</strong>ercialização anual <strong>de</strong> 41,5 bilhões <strong>de</strong> litros, o que correspon<strong>de</strong> a<br />

57,7% do cons<strong>um</strong>o nacional <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustíveis veiculares.<br />

Diferente da conjuntura econômica da consolidação do PROÁLCOOL, o<br />

governo teve a favor para o lançamento do PNPB o a<strong>um</strong>ento na <strong>de</strong>manda <strong>de</strong><br />

<strong>com</strong>bustíveis, a baixa resistência da indústria automobilística em adotar a nova<br />

matriz energética e o interesse do mercado <strong>de</strong> energia por fontes renováveis para<br />

eliminar a <strong>de</strong>pendência do petróleo.<br />

Com respeito à resistência da indústria, fato contrário foi verificado na meta<strong>de</strong><br />

da década <strong>de</strong> 70, <strong>um</strong>a vez que as empresas automobilísticas multinacionais se<br />

34


ecusaram a adotar <strong>um</strong> motor projetado para o álcool. Contribui também para a atual<br />

aceitação pela indústria do PNPB as pequenas modificações a serem realizadas no<br />

motor e no <strong>veículo</strong> para a utilização do biodiesel. O PNPB quer evitar as<br />

experiências negativas do PROÁLCOOL, que provocou <strong>um</strong>a concentração <strong>de</strong> renda<br />

e terras, buscando o incentivo à agricultura familiar e a regulação do mercado por<br />

meio <strong>de</strong> leilões realizados pela Agência Nacional <strong>de</strong> Petróleo, Gás Natural e<br />

Bio<strong>com</strong>bustíveis (ANP).<br />

O PNPB atualmente está na fase <strong>de</strong> consolidação do mercado e da<br />

participação da agricultura familiar na produção das diferentes oleaginosas<br />

cultivadas no Brasil, visando o c<strong>um</strong>primento ou mesmo a antecipação das próximas<br />

metas <strong>de</strong> ampliação da mistura. Atualmente está em análise a antecipação da<br />

mistura B4 para vigorar em meados <strong>de</strong> 2009. Também há a intenção do B5 ser<br />

antecipado <strong>de</strong> 2013 para 2010 (BRASIL, 2009).<br />

No tópico “Desenvolvimento Tecnológico do PNPB” está previsto o Programa<br />

<strong>de</strong> Testes e Ensaios <strong>com</strong> Motores, no sentido <strong>de</strong> avaliar a viabilida<strong>de</strong> do a<strong>um</strong>ento<br />

gradativo do biodiesel na mistura <strong>com</strong> o óleo diesel. O Programa tem por finalida<strong>de</strong> a<br />

realização <strong>de</strong> testes e ensaios em motores, inicialmente para a validação do uso da<br />

mistura B5 em conjunto <strong>com</strong> os fabricantes <strong>de</strong> <strong>veículo</strong>s e peças, <strong>com</strong> vistas a<br />

assegurar ao cons<strong>um</strong>idor final a manutenção da garantia <strong>de</strong> <strong>veículo</strong>s e<br />

equipamentos. Além disso, a avaliação do uso <strong>de</strong> outros percentuais (Ex.: B10, B20,<br />

B50... B100) é importante também para o uso em frotas cativas e para subsidiar<br />

<strong>de</strong>cisões referentes à ampliação do uso do biodiesel no país.<br />

Outro programa previsto é <strong>de</strong> “Caracterização e Controle <strong>de</strong> Qualida<strong>de</strong> do<br />

Combustível”, visando à praticida<strong>de</strong> e economia <strong>de</strong> cons<strong>um</strong>o do óleo in natura, dos<br />

<strong>com</strong>bustíveis oriundos <strong>de</strong> diversas matérias-primas e suas <strong>misturas</strong>, <strong>com</strong> análise da<br />

qualida<strong>de</strong> segundo critérios e normas estabelecidos e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

metodologias para análise e controle <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. O biodiesel foi introduzido na<br />

matriz energética brasileira pela Lei nº 11.097, <strong>de</strong> 13/1/2005, que fixa em 5% o<br />

vol<strong>um</strong>e <strong>de</strong> biodiesel a ser adicionado ao diesel mineral em <strong>um</strong> prazo <strong>de</strong> 8 (oito)<br />

anos, ou seja, 2013. Salienta-se que <strong>de</strong> 2005 a 2007 a mistura <strong>de</strong> 2% <strong>de</strong> biodiesel<br />

ao diesel <strong>de</strong> petróleo (B2) era facultativa. A partir <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 2008 passou a<br />

vigorar o uso obrigatório da mistura <strong>de</strong> 2% <strong>de</strong> biodiesel ao óleo diesel <strong>de</strong> petróleo<br />

(B2). A partir do segundo semestre <strong>de</strong> 2008 foi autorizado pela ANP o a<strong>um</strong>ento da<br />

mistura <strong>de</strong> 2% para 3%, <strong>com</strong>o forma <strong>de</strong> absorver o crescimento da produção.<br />

35


A ANP registrava, em janeiro <strong>de</strong> 2007, <strong>um</strong>a capacida<strong>de</strong> instalada <strong>de</strong> produção<br />

<strong>de</strong> biodiesel no Brasil <strong>de</strong> 638.820 m 3 /ano e <strong>um</strong>a produção média <strong>de</strong> 2.129,4 m 3 /dia.<br />

Em janeiro <strong>de</strong> 2009 a capacida<strong>de</strong> instalada <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> biodiesel no Brasil foi <strong>de</strong><br />

3.702 mil m 3 /ano, ou 11.383,83 m 3 /dia, <strong>com</strong> <strong>um</strong>a produção média <strong>de</strong> 3.333,3 m 3 /dia.<br />

Na Fig. 4 po<strong>de</strong>-se verificar a localização das atuais unida<strong>de</strong>s produtoras <strong>de</strong> biodiesel<br />

no Brasil. Na Fig. 5 é apresentada a evolução da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção <strong>de</strong><br />

biodiesel (B100) no Brasil e a capacida<strong>de</strong> nominal autorizada pela ANP.<br />

Diversos setores do Brasil, notadamente as entida<strong>de</strong>s ligadas à tecnologia,<br />

estão envolvidos na discussão, estudo, formulação e divulgação <strong>de</strong> conhecimentos<br />

ligados à produção e utilização <strong>de</strong> biodiesel. Po<strong>de</strong>m-se citar entida<strong>de</strong>s <strong>com</strong>o<br />

universida<strong>de</strong>s, prefeituras, montadoras <strong>de</strong> automóveis, fabricantes <strong>de</strong> autopeças,<br />

empresas <strong>de</strong> petróleo e energia e associações <strong>de</strong> engenheiros. O Centro <strong>de</strong><br />

Pesquisas da Petrobrás (CENPES) <strong>de</strong>senvolve duas linhas <strong>de</strong> pesquisa inéditas<br />

referentes à produção <strong>de</strong> biodiesel, empregando o etanol <strong>com</strong>o reagente. A primeira<br />

visa simplificar o processo utilizado atualmente na indústria para produção do<br />

biodiesel a partir dos óleos vegetais. A segunda tem <strong>com</strong>o objetivo produzir o<br />

biodiesel diretamente da semente da mamona.<br />

Figura 4: Localização geográfica das unida<strong>de</strong>s produtoras <strong>de</strong> Biodiesel.<br />

Fonte: BRASIL, 2009a, p. 2.<br />

36


A utilização do biodiesel no Brasil po<strong>de</strong> ser dividida em dois mercados<br />

distintos: mercado automotivo e estações estacionárias. Cada <strong>um</strong> <strong>de</strong>stes mercados<br />

possui características próprias e po<strong>de</strong>m ser subdivididos em sub-mercados. O<br />

mercado <strong>de</strong> estações estacionárias caracteriza-se basicamente por instalações <strong>de</strong><br />

geração <strong>de</strong> energia elétrica e representam casos específicos e regionalizados.<br />

Tipicamente, po<strong>de</strong>-se consi<strong>de</strong>rar a geração <strong>de</strong> energia nas localida<strong>de</strong>s não supridas<br />

pelo sistema regular nas regiões remotas do País. O vol<strong>um</strong>e <strong>de</strong> biodiesel envolvido<br />

neste mercado não é significativo, mas po<strong>de</strong> representar reduções significativas <strong>com</strong><br />

os custos <strong>de</strong> transporte e, principalmente, a inclusão social e o resgate da cidadania<br />

das <strong>com</strong>unida<strong>de</strong>s usuárias. Outros nichos <strong>de</strong> mercado para utilização do biodiesel<br />

para geração <strong>de</strong> energia po<strong>de</strong>m ser encontrados na pequena indústria e no<br />

<strong>com</strong>ércio, <strong>com</strong>o forma <strong>de</strong> redução do cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> energia no horário <strong>de</strong> ponta,<br />

aliada aos aspectos <strong>de</strong> propaganda e marketing.<br />

Figura 5: Evolução da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> biodiesel (B100) e da capacida<strong>de</strong> nominal<br />

autorizada pela ANP.<br />

Fonte: BRASIL, 2009b, p. 9.<br />

37


O mercado automotivo po<strong>de</strong> ser subdividido em dois grupos: o <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

cons<strong>um</strong>idores e o <strong>de</strong> cons<strong>um</strong>o a varejo. O grupo <strong>com</strong>posto por gran<strong>de</strong>s<br />

cons<strong>um</strong>idores tem circulação geograficamente restrita, tais <strong>com</strong>o empresas <strong>de</strong><br />

transportes urbanos, <strong>de</strong> prestação <strong>de</strong> serviços municipais, transporte ferroviário e<br />

hidroviário, entre outras. No grupo <strong>de</strong> cons<strong>um</strong>o a varejo, <strong>com</strong> a venda do<br />

<strong>com</strong>bustível nos postos <strong>de</strong> revenda tradicionais, estão incluídos os transportes<br />

interestaduais <strong>de</strong> cargas e passageiros, <strong>veículo</strong>s leves e cons<strong>um</strong>idores em geral.<br />

2.4 O Biodiesel na Europa<br />

O uso <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> biomassa <strong>com</strong>o <strong>com</strong>bustível é presente na Europa <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

invenção do motor <strong>de</strong> ignição por <strong>com</strong>pressão. Na década <strong>de</strong> 1950 os <strong>com</strong>bustíveis<br />

<strong>de</strong> origem vegetal representavam <strong>um</strong>a parte significativa do cons<strong>um</strong>o. Seu uso foi<br />

progressivamente abandonado <strong>de</strong>vido à redução do preço dos <strong>com</strong>bustíveis fósseis.<br />

Nos últimos vinte anos há <strong>um</strong> renovado e <strong>de</strong>cisivo interesse sobre os<br />

bio<strong>com</strong>bustíveis por <strong>um</strong>a razão <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência energética em relação ao petróleo<br />

e, também, para minimizar a poluição urbana. Os bio<strong>com</strong>bustíveis têm, ainda, <strong>um</strong><br />

custo <strong>de</strong> produção elevado, mas sua utilização parece inexorável <strong>de</strong>vido à<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reduzir o efeito estufa e o cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> petróleo, principalmente no<br />

setor <strong>de</strong> transporte.<br />

A União Européia (UE) <strong>de</strong>finiu <strong>um</strong>a estratégia direcionada à utilização <strong>de</strong><br />

energia renovável <strong>com</strong> os seguintes objetivos:<br />

− <strong>com</strong>bater as mudanças climáticas do planeta.<br />

− reduzir o impacto ambiental <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s h<strong>um</strong>anas sobre o meio-ambiente.<br />

− criar empregos e novas fontes <strong>de</strong> renda na UE, que atualmente engloba 25<br />

países.<br />

− contribuir para que se estabeleça <strong>um</strong> suprimento seguro <strong>de</strong> energia para a<br />

socieda<strong>de</strong>.<br />

Para atingir tais objetivos, foi <strong>de</strong>finido <strong>um</strong> cronograma incorporado na<br />

legislação da UE que, <strong>com</strong> seus países membros, <strong>de</strong>finiram o objetivo <strong>de</strong> a<strong>um</strong>entar<br />

a produção e o uso <strong>de</strong> energia renovável a <strong>um</strong> mínimo <strong>de</strong> 12% do total <strong>de</strong> cons<strong>um</strong>o<br />

doméstico <strong>de</strong> energia até o ano 2010. As quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> energia ver<strong>de</strong> e <strong>de</strong><br />

38


io<strong>com</strong>bustíveis <strong>de</strong>veriam ser <strong>de</strong> 2,2% e 5,75%, respectivamente. A França adotou<br />

<strong>um</strong> calendário <strong>de</strong> utilização mais intenso, prevendo 2% para 2007, 5,45% em 2008,<br />

7% em 2010 e 10% em 2015.<br />

Em 28 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2003 a resolução européia para a promoção <strong>de</strong><br />

bio<strong>com</strong>bustíveis entrou em vigor. O ponto central <strong>de</strong>sta resolução foi <strong>um</strong> plano <strong>de</strong><br />

ação que prescrevia <strong>um</strong>a proporção mínima <strong>de</strong> bio<strong>com</strong>bustíveis para cada país<br />

membro, <strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> sua parcela no mercado do produto. Esse plano <strong>de</strong> ação<br />

estabeleceu que, a partir <strong>de</strong> 2005, o biodiesel <strong>de</strong>veria correspon<strong>de</strong>r a <strong>um</strong>a parcela<br />

<strong>de</strong> 2% do total <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustíveis cons<strong>um</strong>idos na UE. O plano previu também que esta<br />

parcela <strong>de</strong>verá crescer gradativamente a 5,75% até o ano 2010. As estratégias dos<br />

países membros da UE para promover a energia renovável diferem enormemente e<br />

po<strong>de</strong>m ser <strong>com</strong>provadas pelas diferentes vantagens tributárias.<br />

No início dos anos 90, o processo <strong>de</strong> industrialização do biodiesel foi iniciado<br />

na Europa. A UE produz anualmente mais <strong>de</strong> 1,35 milhões <strong>de</strong> toneladas <strong>de</strong> biodiesel<br />

em cerca <strong>de</strong> 40 unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção, correspon<strong>de</strong>ndo a 90% da produção mundial<br />

<strong>de</strong> biodiesel. O governo garante incentivo fiscal aos produtores, além <strong>de</strong> promover<br />

leis específicas para o produto visando melhoria das condições ambientais através<br />

da utilização <strong>de</strong> fontes <strong>de</strong> energia mais limpas. A concessão <strong>de</strong> <strong>de</strong>soneração<br />

tributária também está associada à <strong>com</strong>provação da origem da biomassa presente<br />

no bio<strong>com</strong>bustível em questão. A tributação dos <strong>com</strong>bustíveis <strong>de</strong> petróleo na<br />

Europa, inclusive do óleo diesel mineral, é extremamente alta, garantindo a<br />

<strong>com</strong>petitivida<strong>de</strong> do biodiesel no mercado.<br />

As refinarias <strong>de</strong> petróleo da Europa têm buscado a eliminação do enxofre do<br />

óleo diesel. Como a lubricida<strong>de</strong> do óleo diesel mineral diminui excessivamente <strong>com</strong><br />

a redução da concentração <strong>de</strong> enxofre em sua <strong>com</strong>posição, a correção tem sido feita<br />

pela adição do biodiesel, já que sua lubricida<strong>de</strong> é extremamente elevada. Esse<br />

<strong>com</strong>bustível tem sido <strong>de</strong>signado por alguns distribuidores europeus <strong>de</strong> “Super<br />

Diesel”.<br />

Um importante aspecto para o fortalecimento da indústria <strong>de</strong> biodiesel é a<br />

re<strong>com</strong>endação, presente na resolução diretiva da UE, <strong>de</strong> que a produção <strong>de</strong><br />

biodiesel esteja <strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> a EN 14214, que entrou em vigor a partir <strong>de</strong><br />

novembro <strong>de</strong> 2003. De acordo <strong>com</strong> a resolução instituída para promover o biodiesel,<br />

os países membros são obrigados a monitorar a qualida<strong>de</strong> do biodiesel nas<br />

unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> abastecimento, bem <strong>com</strong>o a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> bio<strong>com</strong>bustível permitida no<br />

39


<strong>com</strong>bustível diesel ou na gasolina (petróleo) – neste caso o etanol, a <strong>um</strong> percentual<br />

<strong>de</strong> adição máximo <strong>de</strong> 5%. A nova norma européia para o <strong>com</strong>bustível diesel<br />

convencional, a EN 590, permite a adição <strong>de</strong>, no máximo, 5% <strong>de</strong> biodiesel que<br />

esteja <strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> a norma européia EN 14214. A resolução para promover o<br />

biodiesel estabelece a exigência <strong>de</strong> <strong>um</strong>a rotulagem especial para <strong>com</strong>bustíveis que<br />

apresentem níveis <strong>de</strong> mistura superiores a 5%. Os novos países membros <strong>de</strong>verão<br />

aten<strong>de</strong>r a estes critérios <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o momento <strong>de</strong> suas respectivas<br />

integrações ao bloco.<br />

O maior produtor e cons<strong>um</strong>idor mundial <strong>de</strong> biodiesel é a Alemanha,<br />

responsável por cerca <strong>de</strong> 42% da produção mundial. Na Alemanha, 90% da matéria-<br />

prima utilizada para a produção <strong>de</strong> biodiesel é o óleo <strong>de</strong> colza. A extração do óleo<br />

gera farelo protéico, a ração animal. Como a Alemanha é o único país em que o<br />

biodiesel puro é distribuído e <strong>com</strong>ercializado, o biodiesel <strong>de</strong>ve estar rigorosamente<br />

conforme a norma EN 14214, ou seja, isento <strong>de</strong> mistura ou aditivos. A re<strong>de</strong> alemã <strong>de</strong><br />

abastecimento <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustíveis é <strong>com</strong>posta por cerca <strong>de</strong> 1700 postos. A capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> produção <strong>de</strong> biodiesel na Alemanha é apresentada na Fig. 6.<br />

Figura 6: Capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> biodiesel na Alemanha<br />

Fonte: Gazzoni, 2008b.<br />

40


A AGQM (do alemão, ArbeitsGemeinschaft Qualitats Management Biodiesel),<br />

ou Associação para a Gestão da Qualida<strong>de</strong> do Biodiesel, tem por objetivo assegurar<br />

que todos os critérios <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> sejam atendidos, <strong>de</strong> modo que os <strong>veículo</strong>s<br />

possam utilizar tal <strong>com</strong>bustível sem quaisquer inconvenientes relacionados a este<br />

<strong>com</strong>bustível. Conforme citado anteriormente, o mercado alemão difere dos <strong>de</strong>mais<br />

países membros da UE, <strong>um</strong>a vez que os <strong>de</strong>mais países ven<strong>de</strong>m o biodiesel<br />

misturado ao óleo diesel <strong>de</strong> petróleo em proporções variáveis. As exigências da<br />

AGQM <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>m todo o ciclo <strong>de</strong> vida do biodiesel, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a matéria-prima até os<br />

postos <strong>de</strong> abastecimento, além <strong>de</strong> <strong>de</strong>finir a padronização do biodiesel, realizar<br />

pesquisas <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>, re<strong>com</strong>endar aditivos para melhoramento <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> fluxo a frio e promover ações <strong>de</strong> pesquisa e <strong>de</strong>senvolvimento. Foram fortes<br />

motivações para a criação da AGQM os fatos <strong>de</strong>scritos a seguir.<br />

Em 1999 a indústria automotiva alemã, que já tinha aprovado o uso do<br />

biodiesel, iniciou <strong>um</strong>a série <strong>de</strong> reclamações sobre problemas <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>.<br />

Ocorrências <strong>com</strong>o entupimento <strong>de</strong> filtros <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível e danificação <strong>de</strong> sistemas<br />

<strong>de</strong> injeção foram diretamente relacionadas à qualida<strong>de</strong> do bio<strong>com</strong>bustível. A não<br />

homogeneida<strong>de</strong> da estrutura da indústria alemã implicava, em alguns casos, na falta<br />

<strong>de</strong> domínio técnico necessário sobre a tecnologia.<br />

Entre 2006 e 2007 houve <strong>um</strong> forte incremento na produção <strong>de</strong> biodiesel na<br />

Europa. Os fatores mais importantes que estimularam o salto produtivo foram a<br />

conferência <strong>de</strong> cúpula do G8 em Heiligendamm e as metas estabelecidas a médio<br />

prazo pela União Européia (EU), aproveitando que a Alemanha se encontrava na<br />

Presidência do Conselho. Sob o pressuposto <strong>de</strong> que outros países industriais<br />

também se <strong>com</strong>prometam a <strong>de</strong>finir metas <strong>com</strong>paráveis, os objetivos da UE visam<br />

reduzir as <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> gases <strong>com</strong> efeito estufa em 30% até 2020 <strong>com</strong> relação ao<br />

nível <strong>de</strong> 1990. No que diz respeito especificamente à Alemanha, estes objetivos<br />

implicam em <strong>um</strong>a redução <strong>de</strong> 40% nos gases <strong>de</strong> efeito estufa em <strong>com</strong>paração <strong>com</strong><br />

1990. Na reta final para as negociações internacionais, a UE já se <strong>com</strong>prometeu a<br />

reduzir os gases <strong>de</strong> efeito estufa em 20% e, simultaneamente, a<strong>um</strong>entar a eficiência<br />

energética e a proporção <strong>de</strong> energias renováveis na matriz energética para 20%.<br />

Um importante elemento estratégico da política da União Européia é<br />

a<strong>um</strong>entar a proporção obrigatória <strong>de</strong> bio<strong>com</strong>bustíveis para 10%, em base<br />

energética, para todos os estados membros da UE em 2020. Desta maneira, os<br />

chefes <strong>de</strong> Governo da UE apontam para o entendimento <strong>de</strong> que a mitigação das<br />

41


mudanças climáticas só po<strong>de</strong> ser alcançada através <strong>de</strong> <strong>um</strong>a estratégia <strong>de</strong> dupla<br />

abordagem. Além disso, o "Relatório Stern" e o Instituto Alemão <strong>de</strong> Investigação<br />

Econômica (do inglês, German Institute for Economic Research) têm <strong>de</strong>monstrado<br />

exaustivamente aos políticos e formadores <strong>de</strong> opinião o que custaria às economias<br />

nacionais se medidas eficazes não forem aplicadas rapidamente.<br />

Nos termos das metas <strong>de</strong> médio prazo da EU, através do seu Programa<br />

Integrado <strong>de</strong> Clima e Energia (do Inglês, Integrated Climate and Energy<br />

Programme), a Alemanha está avançando na implementação <strong>de</strong> medidas que<br />

favorecem, simultaneamente, <strong>um</strong> novo impulso para a economia e a sua<br />

consolidação <strong>com</strong>o <strong>um</strong> lí<strong>de</strong>r internacional em tecnologia <strong>de</strong> bio<strong>com</strong>bustíveis.<br />

Por conseguinte, a atual política alemã abrange 30 medidas que impactam as<br />

áreas financeiras e legislativas para facilitar a adoção do uso <strong>de</strong> bio<strong>com</strong>bustíveis.<br />

Dentro do âmbito <strong>de</strong> aplicação <strong>de</strong>ste pacote global <strong>de</strong> medidas, o objetivo é atingir<br />

<strong>um</strong>a redução anual das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> gases <strong>com</strong> efeito estufa <strong>de</strong> 30 milhões <strong>de</strong><br />

toneladas a partir <strong>de</strong> 2020 através da melhoria da eficiência dos <strong>veículo</strong>s e do<br />

a<strong>um</strong>ento da quota obrigatória <strong>de</strong> mistura dos bio<strong>com</strong>bustíveis.<br />

A política geral da UE tem por meta reduzir a média das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> CO2 dos<br />

automóveis novos <strong>de</strong> 130 a 120 g/km em 2012. A estratégia é obter esta redução<br />

mediante o uso <strong>com</strong>pulsório <strong>de</strong> bio<strong>com</strong>bustíveis. Verifica-se que existe <strong>um</strong>a<br />

dualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> propósitos finais nesta estratégia, sendo a principal a mitigação dos<br />

efeitos das mudanças climáticas e a segunda a diversificação <strong>de</strong> fontes energéticas<br />

para fugir da <strong>de</strong>pendência do monopólio dos <strong>com</strong>bustíveis fósseis. Na sua visão<br />

sobre política energética para a Europa em <strong>um</strong> relatório apresentado ao Conselho<br />

Europeu e ao Parlamento no ano passado, a Comissão da UE ilustra a necessida<strong>de</strong><br />

urgente <strong>de</strong> ação e os aspectos fundamentais para facilitar o alinhamento da futura<br />

política energética européia, <strong>um</strong> pré-requisito para c<strong>um</strong>prir as obrigações <strong>de</strong><br />

proteção climática contidas no Acordo <strong>de</strong> Kyoto. A Tab. 1 apresenta as<br />

características do uso do biodiesel em alguns países <strong>de</strong> UE.<br />

42


País Tipo <strong>de</strong> biodiesel<br />

<strong>com</strong>ercializado<br />

Alemanha Os postos possuem o B100 e<br />

o óleo diesel aditivado (B5)<br />

TABELA 1<br />

Características do uso do biodiesel em países da Europa.<br />

Itália B100: utilizado para indústria<br />

e aquecimento resi<strong>de</strong>ncial.<br />

B5 e B25: utilizados para<br />

transporte.<br />

França . Diesel <strong>com</strong>ercializado <strong>com</strong><br />

5% <strong>de</strong> biodiesel<br />

(> 50% do total).<br />

. Denominado <strong>de</strong> "Diester".<br />

. B30: gran<strong>de</strong> utilização em<br />

frotas cativas.<br />

2.5 O Biodiesel nos EUA<br />

Matériaprima<br />

Observações<br />

43<br />

Colza .1.800 postos <strong>de</strong> abastecimento<br />

.Maior produtor da Europa<br />

. Mais <strong>de</strong> 2,5 milhões <strong>de</strong> <strong>veículo</strong>s aprovados<br />

para utilizar biodiesel<br />

.Menor custo em relação ao óleo diesel(-12%)<br />

Colza e<br />

Girassol<br />

Colza e<br />

Girassol<br />

Fonte: Suarez, 2009.<br />

. 17 produtores <strong>de</strong> biodiesel<br />

. 3 gran<strong>de</strong>s produtores <strong>de</strong> biodiesel.<br />

. 13 refinarias no país, 7 misturam o B5<br />

ao óleo diesel <strong>de</strong> petróleo.<br />

. 4.000 <strong>veículo</strong>s utilizam o biodiesel em<br />

mistura (mais da meta<strong>de</strong> <strong>com</strong> B30).<br />

Ao longo da maior parte do século XX os <strong>com</strong>bustíveis <strong>de</strong>rivados do petróleo<br />

permaneceram <strong>com</strong> baixo custo e abundantes. Novos campos <strong>de</strong> petróleo foram<br />

<strong>de</strong>scobertos em todo o mundo, e havia a sensação que os EUA po<strong>de</strong>riam <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r<br />

para sempre do petróleo <strong>com</strong>o <strong>um</strong>a fonte <strong>de</strong> energia <strong>de</strong> baixo custo e facilmente<br />

disponível. O transporte motorizado proliferou logo após a invenção do automóvel e<br />

foi fortemente alimentado pelo incessante <strong>de</strong>sejo da socieda<strong>de</strong> americana pela<br />

mobilida<strong>de</strong>. Durante este período a indústria americana progrediu para aten<strong>de</strong>r às<br />

necessida<strong>de</strong>s da população e o transporte a diesel, seja por caminhões, trens ou<br />

navios, prevaleceu <strong>com</strong>o o meio mais eficiente para bens industriais e serviços.<br />

Com o a<strong>um</strong>ento da população e o crescimento da produção industrial nos<br />

EUA, a poluição (aérea, aquática e terrestre) passou a se constituir <strong>um</strong>a<br />

preocupação crescente. A concessão <strong>de</strong> autorizações para a construção <strong>de</strong> novas<br />

refinarias <strong>de</strong> petróleo tornou-se cada vez mais difícil e o custo das refinarias<br />

bastante variável. Como resultado a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> refino dos EUA se encontra no


limite, o que tem resultado em <strong>um</strong> a<strong>um</strong>ento progressivo da importação <strong>de</strong><br />

<strong>com</strong>bustíveis <strong>com</strong>o a gasolina e o óleo diesel <strong>de</strong> petróleo. Atualmente, cerca <strong>de</strong> 60%<br />

da <strong>de</strong>manda total <strong>de</strong> petróleo dos EUA <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> outros países.<br />

No final da década <strong>de</strong> 1970 e no início da década <strong>de</strong> 1980, após a crise<br />

estabelecida pela Organização dos Países Exportadores <strong>de</strong> Petróleo (OPEP), o<br />

Departamento <strong>de</strong> Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e outros pesquisadores<br />

investigaram o uso <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível <strong>de</strong> óleos vegetais. De <strong>um</strong>a forma geral, a<br />

conclusão atingida naquela época foi a <strong>de</strong> que os óleos vegetais eram muito<br />

viscosos para serem utilizados por longos períodos <strong>de</strong> operação em motores diesel<br />

mo<strong>de</strong>rnos. A solução era a transesterificação <strong>de</strong>stes óleos vegetais em ésteres<br />

metílicos. Este <strong>com</strong>bustível não era econômico e foi então consi<strong>de</strong>rado <strong>com</strong>o <strong>um</strong><br />

<strong>com</strong>bustível emergencial, o que levou a <strong>um</strong>a <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong> parcial das pesquisas.<br />

Pequenas ativida<strong>de</strong>s investigativas continuaram durante a década <strong>de</strong> 1980,<br />

voltando a crescer somente no início da década <strong>de</strong> 1990. Na oportunida<strong>de</strong> o<br />

Congresso Americano incentivou a busca <strong>de</strong> alternativas à importação <strong>de</strong><br />

<strong>com</strong>bustíveis <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> petróleo logo após a Guerra das Tempesta<strong>de</strong>s do<br />

Deserto (Desert Storm War). Junto a esta iniciativa, a aprovação do Ato Regulador<br />

<strong>de</strong> Energia (Energy Policy Act) <strong>de</strong> 1992 e a formação do Conselho Nacional <strong>de</strong><br />

Desenvolvimento do Biodiesel <strong>de</strong> Soja por onze Conselhos Estaduais <strong>de</strong> Soja<br />

Qualificados, dirigidos por produtos rurais, representaram o início das ativida<strong>de</strong>s<br />

<strong>com</strong>erciais e industriais do biodiesel nos Estados Unidos.<br />

O Conselho Nacional <strong>de</strong> Desenvolvimento do Biodiesel <strong>de</strong> Soja foi ampliado<br />

para outras matérias-primas em 1995, alterando seu nome para Conselho Nacional<br />

<strong>de</strong> Biodiesel dos EUA (National Biodiesel Board - NBB). O Conselho passou a<br />

concentrar os seus esforços principalmente na discussão das exigências técnicas e<br />

reguladoras necessárias para a <strong>com</strong>ercialização <strong>de</strong>ste novo <strong>com</strong>bustível nos EUA.<br />

Os primeiros esforços incluíram o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> especificações padronizadas<br />

para o biodiesel (ASTM D6751) e <strong>um</strong>a quantida<strong>de</strong> significativa <strong>de</strong> testes <strong>de</strong><br />

<strong>emissões</strong> em <strong>um</strong>a varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> aplicações. A manutenção da legalida<strong>de</strong> do<br />

biodiesel foi realizada através dos registros necessários junto à Agência <strong>de</strong> Proteção<br />

Ambiental (Environmental Protection Agency - EPA). Ainda, foram concluídos os<br />

testes <strong>de</strong> <strong>emissões</strong> Tier1 e Tier2 exigidos nos a<strong>de</strong>ndos <strong>de</strong> 1990 do Ato Regulador<br />

do Ar Limpo (Clean Air Act). Testes <strong>de</strong> campo em situações reais foram conduzidos<br />

<strong>com</strong> sucesso (KNOTHE et al. 2006).<br />

44


O BQ-9000, Programa Nacional <strong>de</strong> Cre<strong>de</strong>nciamento do Biodiesel, é <strong>um</strong><br />

programa cooperativo e voluntário para cre<strong>de</strong>nciamento <strong>de</strong> produtores e<br />

<strong>com</strong>erciantes <strong>de</strong> biodiesel. O Programa é <strong>um</strong>a <strong>com</strong>binação única <strong>de</strong> normas para o<br />

biodiesel (ASTM D6751) e <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> que inclui armazenamento,<br />

amostragem, testes, <strong>misturas</strong>, expedição, distribuição e práticas <strong>de</strong> manejo <strong>de</strong><br />

<strong>com</strong>bustíveis.<br />

Atualmente a situação dos EUA é a mais grave do mundo nos que diz<br />

respeito aos bio<strong>com</strong>bustíveis. Nem o etanol nem o biodiesel po<strong>de</strong>riam substituir em<br />

larga escala o petróleo sem impacto no suprimento <strong>de</strong> alimentos. Conforme estudo<br />

publicado em 2006 pela revista científica Proceedings of the National Aca<strong>de</strong>my of<br />

Sciences, se toda a produção <strong>de</strong> soja for <strong>de</strong>dicada ao biodiesel, este substituiria<br />

apenas 6% da <strong>de</strong>manda norte-americana <strong>de</strong> óleo diesel. No presente os EUA<br />

utilizam menos <strong>de</strong> 1% <strong>de</strong> biodiesel para aten<strong>de</strong>r a sua <strong>de</strong>manda por óleo diesel.<br />

No último período <strong>de</strong> sua administração o Presi<strong>de</strong>nte Clinton havia assinado a<br />

Or<strong>de</strong>m Executiva (EO 13149). A EO 13149 instruiu todas as agências fe<strong>de</strong>rais para<br />

a redução do cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> energia fóssil em 20% no ano <strong>de</strong> 2005, em <strong>com</strong>paração<br />

<strong>com</strong> os níveis observados em 1999. Em janeiro <strong>de</strong> 2005 o então Presi<strong>de</strong>nte George<br />

W. Bush assinou a lei <strong>de</strong> incentivo à produção e uso <strong>de</strong> biodiesel. Pela lei, a cada<br />

1% <strong>de</strong> adição <strong>de</strong> biodiesel no óleo diesel o distribuidor recebe US$ 0,01/galão <strong>de</strong><br />

crédito tributário. Neste caso o uso <strong>de</strong> B20 foi a opção para aten<strong>de</strong>r a EO 13149.<br />

Não há mistura obrigatória <strong>de</strong> biodiesel ao óleo diesel nos EUA, embora<br />

tramite no senado norte-americano <strong>um</strong>a legislação prevendo <strong>um</strong> mandato fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong><br />

adição <strong>de</strong> 2% <strong>de</strong> biodiesel <strong>de</strong> imediato, a<strong>um</strong>entando a mistura para 5% na próxima<br />

década. Esta medida representa 8 bilhões <strong>de</strong> litros <strong>de</strong> biodiesel <strong>de</strong> imediato e 20<br />

bilhões <strong>de</strong> litros <strong>de</strong> biodiesel no médio prazo. Enquanto alguns estados dos EUA<br />

exigem o uso da mistura mínima, outros instituem o uso da mistura na frota pública e<br />

alguns conce<strong>de</strong>m incentivos fiscais. As <strong>misturas</strong> mais populares nos EUA são B2,<br />

B10, B11 e B20, sendo esta última a mais <strong>com</strong>ercializada (70%). Conforme dados<br />

do Conselho Nacional <strong>de</strong> Biodiesel dos EUA (NBB), há alguns estados conce<strong>de</strong>ndo<br />

incentivos fiscais, <strong>com</strong>o é o caso do Estado <strong>de</strong> Illinois, on<strong>de</strong> o B11 custa menos na<br />

bomba <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível dos postos do que o óleo diesel <strong>de</strong> petróleo (B0). Em<br />

Minnesotta o mínimo obrigatório é B2, enquanto em Washington até B2 po<strong>de</strong> ser<br />

encontrado. A Fig. 7 apresenta os estados dos EUA, em <strong>de</strong>staque no mapa, que<br />

adotaram iniciativas relacionadas ao uso do biodiesel.<br />

45


Figura 7: Estados dos EUA <strong>com</strong> iniciativas relacionadas ao biodiesel.<br />

Fonte: NATIONAL BIODIESEL BOARD, 2006, p.10.<br />

Atualmente o maior obstáculo é manter o preço do biodiesel <strong>com</strong>petitivo<br />

<strong>de</strong>vido ao elevado preço da soja. O a<strong>um</strong>ento no uso do <strong>com</strong>bustível e o<br />

favorecimento <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões políticas têm motivado <strong>um</strong> substancial a<strong>um</strong>ento no<br />

número <strong>de</strong> distribuidores e produtores <strong>de</strong> biodiesel nos EUA. Quanto ao número <strong>de</strong><br />

usinas, em 1995 havia apenas <strong>um</strong>a <strong>com</strong>panhia produtora e distribuidora. Em 2003<br />

eram registrados mais <strong>de</strong> 1100 distribuidores e 300 pontos <strong>de</strong> venda. Em 2004 havia<br />

20 usinas e, <strong>de</strong> 2007 a 2008, o número <strong>de</strong> usinas passou <strong>de</strong> 90 para 160.<br />

Em 2003, o NBB estimou que cerca <strong>de</strong> 80% do biodiesel produzido foi<br />

utilizado <strong>com</strong>o B20 por frotas estaduais, fe<strong>de</strong>rais e governamentais. As estimativas<br />

do NBB para 2003 também indicam que parte do biodiesel produzido foi utilizado em<br />

<strong>misturas</strong> contendo 2% <strong>de</strong> biodiesel em diesel <strong>de</strong> petróleo (B2), sendo esta mistura<br />

empregada principalmente pelos agricultores do centro-oeste. O restante do<br />

biodiesel foi utilizado sem mistura (ou puro) por indivíduos ou entida<strong>de</strong>s<br />

ambientalmente conservadoras da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Berkeley na Califórnia e proprietários<br />

<strong>de</strong> automóveis da marca Volkswagen movidos a óleo diesel. (KNOTHE et al. 2006).<br />

A distribuição do biodiesel está concentrada no centro-leste do país, sendo<br />

escassa nas costas e áreas urbanas, <strong>um</strong>a vez que o biodiesel é muito utilizado por<br />

caminhões e fazen<strong>de</strong>iros. Para a distribuição utiliza-se meio rodoviário (caminhões),<br />

ferroviário e pontos <strong>de</strong> venda <strong>com</strong> <strong>misturas</strong>. Também, há estudos para avaliação da<br />

viabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> distribuição do biodiesel por tubulações. Vale <strong>de</strong>stacar o esforço extra<br />

46


da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> São Francisco, estado da Califórnia que iniciou o uso do B20 em sua<br />

frota cativa. O B20 vem sendo utilizado em 1.500 <strong>veículo</strong>s usados pela<br />

administração da cida<strong>de</strong>, maior frota do país, incluindo ambulâncias, <strong>veículo</strong>s do<br />

corpo <strong>de</strong> bombeiros e <strong>de</strong> atendimento aos aeroportos, caminhões <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> lixo e<br />

ônibus municipais. As balsas que operam na região <strong>de</strong> São Francisco têm<br />

apresentado bons resultados <strong>com</strong> o uso <strong>de</strong> B20. Encontra-se em vigor <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

25/04/2006 <strong>um</strong> <strong>de</strong>creto do Governador estabelecendo a meta <strong>de</strong> produzir e utilizar<br />

<strong>um</strong> mínimo <strong>de</strong> 20% <strong>de</strong> bio<strong>com</strong>bustíveis na Califórnia em 2010, 40% até 2020, e 75%<br />

em 2050. Alg<strong>um</strong>as bases militares, <strong>com</strong>o a <strong>de</strong> porto Hueneme, estão construindo<br />

unida<strong>de</strong>s para a produção local <strong>de</strong> biodiesel a partir <strong>de</strong> óleos <strong>com</strong>estíveis usados<br />

(óleo <strong>de</strong> fritura). Além disso, o B20 está sendo usado por todas as divisões das<br />

forças armadas (Exército, Marinha, Forças Aéreas e Fuzileiros Navais) em várias<br />

localida<strong>de</strong>s dos EUA. (GAZZONI, 2008a). A Fig. 8 apresenta o crescimento na<br />

produção <strong>de</strong> biodiesel nos EUA no período <strong>de</strong> 1999 a 2008.<br />

Figura 8: Produção <strong>de</strong> biodiesel nos EUA.<br />

Fonte: Gazzoni, 2008a.<br />

2.6 Utilização <strong>de</strong> Óleos Vegetais <strong>com</strong>o Combustível<br />

É <strong>de</strong> conhecimento que os óleos vegetais e as gorduras animais já foram<br />

pesquisados <strong>com</strong>o <strong>com</strong>bustíveis para motores do ciclo diesel muito tempo antes da<br />

47


crise energética da década <strong>de</strong> 1970. Os primeiros anos da década <strong>de</strong> 1980<br />

ampliaram o interesse nestes <strong>com</strong>bustíveis alternativos. (KNOTHE et al. 2006).<br />

Segundo Knothe et al. (2006), Rudolf Diesel (1858-1913) também teve<br />

interesse neste tipo <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível conforme citações em seus artigos históricos. As<br />

afirmações <strong>de</strong> Diesel sobre o uso <strong>de</strong> óleos vegetais visavam prover subsídios para<br />

as colônias tropicais européias, buscando torná-las auto-suficientes em aplicações<br />

fundamentais <strong>com</strong>o a geração <strong>de</strong> energia. Na década <strong>de</strong> 1940, vários países da<br />

Europa <strong>de</strong>monstravam anseio por in<strong>de</strong>pendência energética.<br />

Os óleos vegetais também foram usados <strong>com</strong>o <strong>com</strong>bustíveis <strong>de</strong> emergência<br />

durante a Segunda Guerra Mundial, <strong>de</strong>ntre outras aplicações. Por exemplo, o Brasil<br />

proibiu a exportação <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> algodão porque este produto po<strong>de</strong>ria ser utilizado<br />

para substituir as importações <strong>de</strong> óleo diesel. Na Argentina também foi reduzida a<br />

importação <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustíveis líquidos, o que exigiu maior exploração <strong>com</strong>ercial <strong>de</strong><br />

óleos vegetais. Há relatos que <strong>um</strong> navio <strong>de</strong> guerra japonês, <strong>de</strong>nominado Yamato,<br />

utilizou óleo <strong>de</strong> soja refinado <strong>com</strong>o óleo <strong>com</strong>bustível para os seus motores – óleo<br />

“bunker”. (KNOTHE et al. 2006).<br />

Knothe et al. (2006) relatam que foram <strong>de</strong>senvolvidos estudos <strong>com</strong> 14<br />

diferentes tipos <strong>de</strong> oleaginosas no Brasil no ano <strong>de</strong> 1945. Os autores mencionam<br />

ainda resultados obtidos <strong>de</strong> 20 diferentes tipos <strong>de</strong> óleos: mamona, sementes <strong>de</strong> uva,<br />

milho, camelina, sementes <strong>de</strong> abóbora, semente <strong>de</strong> bétula, colza, lupin, ervilha,<br />

semente <strong>de</strong> papoula, amendoim, cânhamo, linhaça, amêndoa, semente <strong>de</strong> girassol,<br />

palma, azeitona, soja, caroço <strong>de</strong> algodão e manteiga <strong>de</strong> cacau.<br />

2.7 Efeitos do Uso do Biodiesel nas Emissões <strong>de</strong> Poluentes<br />

Souza Junior (2009) <strong>de</strong>senvolveu <strong>um</strong> simulador <strong>de</strong> motores baseado em <strong>um</strong>a<br />

formulação termodinâmica (zero-dimensional), que simula as fases <strong>de</strong> <strong>com</strong>pressão,<br />

<strong>com</strong>bustão e expansão <strong>de</strong> motores diesel <strong>de</strong> injeção direta, utilizando o biodiesel<br />

<strong>com</strong>o <strong>com</strong>bustível alternativo ao óleo diesel mineral. Na simulação realizada foram<br />

obtidas as curvas <strong>de</strong> pressão e temperatura no interior do cilindro, além do cálculo<br />

dos parâmetros <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho do motor. O simulador foi validado em <strong>um</strong> banco <strong>de</strong><br />

provas utilizando <strong>um</strong> motor diesel monocilíndrico do fabricante Agrale, <strong>de</strong> quatro<br />

48


tempos, utilizando <strong>com</strong>o <strong>com</strong>bustíveis diesel <strong>com</strong>ercial (B3) e <strong>misturas</strong> parciais <strong>de</strong><br />

diesel <strong>com</strong>ercial e biodiesel (B10, B20 e B50) até o uso <strong>de</strong> biodiesel puro (B100). Na<br />

bancada <strong>de</strong> testes também foram feitas medições dos gases <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarga (O2, CO2,<br />

CO, NOX e HC) para cada <strong>um</strong> dos <strong>com</strong>bustíveis utilizados. Segundo o autor, os<br />

testes experimentais <strong>de</strong>monstraram redução significativa nos gases <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarga. Os<br />

níveis <strong>de</strong> CO tiveram <strong>um</strong>a redução <strong>de</strong> 67 % em relação a utilização do <strong>com</strong>bustível<br />

B3 quando se utilizou o B100. Os gases não poluentes, O2 e CO2, foram reduzidos<br />

em cerca <strong>de</strong> 5 % e 15 %, respectivamente, utilizando o B100. Os níveis <strong>de</strong> HC<br />

obtiveram reduções significativas, chegando a reduções <strong>de</strong> 47 % na utilização <strong>de</strong><br />

B10. Os níveis utilizando o B20, B50 e B100 reduziram em 39%, 33% e 17%,<br />

respectivamente. Entretanto, os níveis <strong>de</strong> óxidos <strong>de</strong> nitrogênio (NOX) a<strong>um</strong>entaram<br />

<strong>com</strong> o uso do B100 em cerca <strong>de</strong> 65% em relação ao B3.<br />

Fernando, Hall e Jha (2006) realizaram <strong>um</strong> estudo <strong>com</strong> o objetivo <strong>de</strong> revisar a<br />

cinética <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> óxidos <strong>de</strong> nitrogênio (NOX) durante a <strong>com</strong>bustão. Os<br />

autores também fizeram <strong>um</strong>a revisão crítica das técnicas atuais para redução da<br />

formação <strong>de</strong> NOX <strong>com</strong> a utilização <strong>de</strong> biodiesel. Os óxidos <strong>de</strong> nitrogênio po<strong>de</strong>m ser<br />

formados a partir do nitrogênio contido quimicamente no <strong>com</strong>bustível <strong>com</strong>binado<br />

<strong>com</strong> o excesso <strong>de</strong> oxigênio durante o processo <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão. Este tipo <strong>de</strong> formação<br />

<strong>de</strong> NOX não é prevalente <strong>com</strong> o biodiesel <strong>de</strong>vido a este possuir <strong>um</strong>a concentração<br />

média <strong>de</strong> nitrogênio da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 0,02%. Ainda conforme os autores, o biodiesel<br />

produzido a partir <strong>de</strong> óleos vegetais inerentemente não contém qualquer nitrogênio.<br />

Fernando, Hall e Jha (2006) citam que <strong>um</strong> dos modos mais eficientes para<br />

reduzir NOX é a redução da temperatura no interior do cilindro do motor. Os óxidos<br />

<strong>de</strong> nitrogênio são formados em quantida<strong>de</strong>s significativas a partir <strong>de</strong> 1500ºC,<br />

a<strong>um</strong>entando rapidamente <strong>com</strong> o incremento da temperatura. A temperatura da<br />

chama do óleo diesel é cerca <strong>de</strong> 2000 ºC, ou seja, 500ºC acima do limite citado<br />

anteriormente. O método mais <strong>com</strong><strong>um</strong> para a redução da temperatura da câmara <strong>de</strong><br />

<strong>com</strong>bustão do motor é a utilização do sistema <strong>de</strong> recirculação <strong>de</strong> gases <strong>de</strong> exaustão<br />

(E.G.R.). Este sistema utiliza <strong>um</strong>a proporção <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 10 a 25% dos gases <strong>de</strong><br />

exaustão e a conduz <strong>de</strong> volta à admissão do motor. O calor da <strong>com</strong>bustão é usado<br />

parcialmente para aquecer o gás <strong>de</strong> exaustão, que é essencialmente inerte,<br />

resultando em <strong>um</strong>a pequena perda <strong>de</strong> potência e <strong>um</strong>a diminuição <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 80%<br />

nas <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> NOX.<br />

49


As <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> NOX po<strong>de</strong>m ser reduzidas utilizando <strong>um</strong> conversor catalítico<br />

<strong>de</strong> três vias (FERNANDO; HALL; JHA, 2006). O conversor catalítico converte NOX<br />

em nitrogênio (N2), monóxido <strong>de</strong> carbono (CO) em dióxido <strong>de</strong> carbono (CO2) e<br />

hidrocarbonetos não-queimados (HC) em água (H2O). Contudo, os materiais<br />

utilizados incluem platina (Pt), paládio (Pd) e ródio (Rd), <strong>de</strong> elevado custo para a<br />

utilização em <strong>com</strong>ponentes veiculares. Os conversores catalíticos apresentam<br />

melhor eficiência sob condições estequiométricas da relação ar-<strong>com</strong>bustível, que no<br />

caso do motor diesel é <strong>de</strong> 14,7:1. Motores diesel normalmente operam <strong>com</strong> mistura<br />

<strong>com</strong>bustível/ar pobre, reduzindo sua eficiência na conversão <strong>de</strong> NOX.<br />

Adicionalmente, os conversores catalíticos apresentam maior eficiência sob altas<br />

temperaturas. Em motores diesel a temperatura do gás <strong>de</strong> exaustão é mais baixa do<br />

que o observado em motores a gasolina, fazendo <strong>com</strong> que os conversores<br />

catalíticos sejam menos efetivos em motores diesel.<br />

Outro método utilizado para a redução <strong>de</strong> NOX é a redução seletiva catalítica<br />

(SCR), que envolve a injeção <strong>de</strong> amônia na presença <strong>de</strong> <strong>um</strong> catalisador e resulta em<br />

reduções <strong>de</strong> NOX <strong>de</strong> até 90% (FERNANDO; HALL; JHA, 2006). A redução não-<br />

catalítica seletiva utiliza a injeção <strong>de</strong> <strong>um</strong> agente redutor <strong>de</strong> NOX, <strong>com</strong>o amônia ou<br />

uréia, em <strong>um</strong> aquecedor dos gases <strong>de</strong> exaustão a <strong>um</strong>a temperatura <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong><br />

1000 ºC na ausência <strong>de</strong> qualquer catalisador. A amônia ou uréia quebra o NOX em<br />

água e nitrogênio atmosférico, po<strong>de</strong>ndo reduzir em até 70% as <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> NOX.<br />

A emulsão <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível-água resulta em redução das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> NOX<br />

<strong>com</strong> baixo custo, sem mudanças significativas no projeto e sem efeitos adversos na<br />

confiabilida<strong>de</strong> do motor. Contudo, o uso <strong>de</strong> emulsões <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível-água em <strong>um</strong><br />

sistema convencional <strong>de</strong> injeção po<strong>de</strong> causar problemas associados <strong>com</strong> baixa<br />

lubricida<strong>de</strong>.<br />

Alguns métodos para redução <strong>de</strong> NOX envolvendo mudanças no processo <strong>de</strong><br />

<strong>com</strong>bustão são: diminuição do cruzamento <strong>de</strong> válvulas e uso <strong>de</strong> sistemas eletrônicos<br />

<strong>de</strong> injeção Common-Rail. Um cruzamento <strong>de</strong> válvulas elevado auxilia a limpeza da<br />

câmara <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão, expulsando os gases residuais para a <strong>de</strong>scarga. O sistema<br />

Common Rail permite otimizar a <strong>com</strong>bustão através do ajuste da pressão e do<br />

ângulo <strong>de</strong> injeção <strong>de</strong> forma in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. De acordo <strong>com</strong> Fernando, Hall e Jha<br />

(2006) foi obtida <strong>um</strong>a relação linear entre ângulo <strong>de</strong> injeção e as <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> NOX<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da mistura óleo diesel-biodiesel utilizada.<br />

50


Canakci (2007) realizou <strong>um</strong> estudo <strong>com</strong>parativo das características da<br />

<strong>com</strong>bustão e das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> dois diferentes tipos <strong>de</strong> óleo diesel e do biodiesel <strong>de</strong><br />

soja. O objetivo do estudo foi caracterizar o efeito das proprieda<strong>de</strong>s do biodiesel nas<br />

características da <strong>com</strong>bustão, <strong>de</strong>sempenho e <strong>emissões</strong> na exaustão <strong>de</strong> <strong>um</strong> motor<br />

diesel. Os testes foram realizados em condições estabilizadas em <strong>um</strong> motor diesel<br />

<strong>de</strong> quatro cilindros em linha, alimentado por injeção direta, turbo-<strong>com</strong>pressor e<br />

<strong>operando</strong> em plena carga na rotação <strong>de</strong> 1400 rev/min. Os experimentos<br />

<strong>de</strong>monstraram que o uso do biodiesel gera reduções significativas nas <strong>emissões</strong> <strong>de</strong><br />

material particulado, CO e HC. Contudo, o biodiesel provocou <strong>um</strong> a<strong>um</strong>ento <strong>de</strong> 11,2%<br />

nas <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> NOX e <strong>de</strong> 13,8% no cons<strong>um</strong>o específico <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível.<br />

Kegl (2008a) <strong>de</strong>screve a influência do biodiesel <strong>de</strong> canola na injeção do<br />

<strong>com</strong>bustível, no jato e nas características do motor <strong>com</strong> o objetivo <strong>de</strong> reduzir as<br />

<strong>emissões</strong> <strong>de</strong> poluentes. O motor diesel utilizado apresentava <strong>um</strong> sistema <strong>de</strong> injeção<br />

mecânico para aplicação em ônibus testado em vários regimes <strong>de</strong> operação. Os<br />

resultados indicam que o uso <strong>de</strong> biodiesel po<strong>de</strong> reduzir as <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> NOX, CO,<br />

HC e material particulado através do apropriado ajuste <strong>de</strong> avanço da bomba <strong>de</strong><br />

injeção <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível.<br />

Senatore et al. (2008) realizaram <strong>um</strong>a análise <strong>de</strong>talhada da <strong>com</strong>bustão em<br />

<strong>um</strong> mo<strong>de</strong>rno motor diesel utilizando biodiesel. Demonstrou-se <strong>com</strong>o a otimização<br />

dos parâmetros da unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> controle eletrônico (ECU) po<strong>de</strong>ria ser aplicada a <strong>um</strong><br />

motor diesel abastecido <strong>com</strong> <strong>com</strong>bustíveis <strong>de</strong> diferentes características físico-<br />

químicas. O processo <strong>de</strong> otimização do <strong>de</strong>sempenho do motor foi realizado<br />

consi<strong>de</strong>rando o menor po<strong>de</strong>r calorífico inferior e a rápida <strong>com</strong>bustão do biodiesel. Os<br />

autores salientam que a calibração da ECU foi feita <strong>com</strong> incremento no parâmetro<br />

relativo à quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível injetada. Foram modificados os parâmetros <strong>de</strong><br />

avanço <strong>de</strong> injeção e a<strong>um</strong>entados os níveis <strong>de</strong> EGR, <strong>de</strong> modo a obter <strong>um</strong>a relação<br />

satisfatória entre CO e NOX.<br />

Kegl (2008b) realizou análise n<strong>um</strong>érica e experimental a respeito da influência<br />

da temperatura do <strong>com</strong>bustível no processo <strong>de</strong> injeção. Foi utilizado <strong>um</strong> motor diesel<br />

<strong>com</strong> controle mecânico do sistema <strong>de</strong> alimentação para aplicação em ônibus. Os<br />

<strong>com</strong>bustíveis utilizados foram o biodiesel <strong>de</strong> canola e o óleo diesel mineral. Os<br />

resultados experimentais <strong>de</strong>monstram que o cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível, a duração da<br />

injeção <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível e a pressão <strong>de</strong> injeção a<strong>um</strong>entam <strong>com</strong> a queda da<br />

temperatura do <strong>com</strong>bustível. Quando foi usado B100, a redução do vol<strong>um</strong>e <strong>de</strong> vapor<br />

51


juntamente <strong>com</strong> a elevada velocida<strong>de</strong> do som conduziu a <strong>um</strong> menor atraso na<br />

injeção, especialmente sob baixas temperaturas. A distribuição do <strong>com</strong>bustível B100<br />

entre o conjunto <strong>de</strong> injetores tornou-se <strong>de</strong>sigual em temperaturas <strong>com</strong>preendidas<br />

entre –3°C (marcha lenta) e -7°C (região <strong>de</strong> torque máximo). O autor sugere que o<br />

uso do B100 po<strong>de</strong> requerer o aquecimento do <strong>com</strong>bustível <strong>de</strong> modo a evitar tais<br />

efeitos negativos.<br />

Segundo Laforgia e Ardito (1994) o biodiesel po<strong>de</strong> substituir o óleo diesel<br />

<strong>de</strong>rivado petróleo sem alterações substanciais no motor e no seu <strong>de</strong>sempenho.<br />

Foram realizados testes <strong>de</strong> <strong>performance</strong> e <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> poluentes <strong>com</strong> amostras <strong>de</strong><br />

óleo diesel padrão, biodiesel puro (B100) e mistura <strong>de</strong> biodiesel <strong>com</strong> 10% <strong>de</strong><br />

metanol. Utilizou-se <strong>um</strong> motor diesel <strong>de</strong> produção <strong>com</strong> regulagem do avanço <strong>de</strong><br />

injeção conforme especificado pelo fabricante. Ao utilizar o <strong>com</strong>bustível B100 e a<br />

mistura metanol-biodiesel em regimes <strong>de</strong> carga elevada foi verificada pelos autores<br />

<strong>um</strong>a perda <strong>de</strong> 5% na potência do motor, atribuída ao menor po<strong>de</strong>r calorífico <strong>de</strong>stes<br />

<strong>com</strong>bustíveis em relação ao óleo diesel mineral. Também foi observado <strong>um</strong> a<strong>um</strong>ento<br />

do cons<strong>um</strong>o específico <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível e <strong>um</strong> ganho na eficiência térmica <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong><br />

10% ao utilizar o B100 e o metanol-diesel.<br />

Laforgia e Ardito (1994) constataram a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a<strong>um</strong>ento no período<br />

da <strong>com</strong>bustão ao se utilizar tais bio<strong>com</strong>bustíveis. O avanço <strong>de</strong> injeção foi variado <strong>de</strong><br />

modo a a<strong>um</strong>entar a pressão na câmara <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão sem geração excessiva da<br />

emissão <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível não queimado. Um avanço 30% maior que o ajuste padrão<br />

especificado pelo fabricante do motor mostrou-se o valor otimizado para o uso dos<br />

bio<strong>com</strong>bustíveis. Os resultados indicaram <strong>um</strong> a<strong>um</strong>ento <strong>de</strong> 20% na emissão <strong>de</strong> CO<br />

<strong>com</strong> o uso <strong>de</strong> metanol-diesel e, <strong>com</strong> o uso <strong>de</strong> B100, nenh<strong>um</strong>a variação foi notada.<br />

Hidrocarbonetos não queimados tiveram <strong>um</strong> pequeno incremento, e a opacida<strong>de</strong> foi<br />

reduzida em 67% <strong>com</strong> B100 e 52% <strong>com</strong> metanol-diesel. Os autores re<strong>com</strong>endam a<br />

realização <strong>de</strong> testes para verificação das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> NOX.<br />

2.8 Efeitos da Adição <strong>de</strong> Etanol ao Óleo Diesel<br />

De acordo <strong>com</strong> He et al. (2003) o uso <strong>de</strong> aditivos promove a estabilida<strong>de</strong> e a<br />

homogeneida<strong>de</strong> da mistura etanol-óleo diesel. O uso <strong>de</strong> <strong>um</strong> aditivo elevador do<br />

52


número <strong>de</strong> cetano da mistura favorece os efeitos nas proprieda<strong>de</strong>s físico-químicos<br />

relacionadas à ignição e à <strong>com</strong>bustão das <strong>misturas</strong> <strong>com</strong> 10% a 30% <strong>de</strong> etanol por<br />

vol<strong>um</strong>e. Com o a<strong>um</strong>ento da concentração <strong>de</strong> etanol na mistura as seguintes<br />

proprieda<strong>de</strong>s se reduzem: <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, número <strong>de</strong> cetano, viscosida<strong>de</strong> cinemática,<br />

po<strong>de</strong>r calorífico superior e frações <strong>de</strong> aromáticos. Os efeitos do uso do etanol<br />

também são observados na temperatura <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação. A redução da emissão <strong>de</strong><br />

material particulado <strong>de</strong>vido à introdução <strong>de</strong> <strong>com</strong>postos oxigenados <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da<br />

estrutura molecular, do conteúdo <strong>de</strong> oxigênio do <strong>com</strong>bustível e da concentração<br />

local <strong>de</strong> oxigênio no jato <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível.<br />

O etanol puro <strong>com</strong>o aditivo para redução do número do cetano, po<strong>de</strong><br />

rapidamente reduzir o material particulado (HE et al. 2003). O potencial do etanol em<br />

reduzir a emissão <strong>de</strong> material particulado a<strong>um</strong>enta a flexibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> controle <strong>de</strong><br />

emissão <strong>de</strong> NOX em diferentes condições <strong>de</strong> operação do motor. Outros benefícios<br />

associados ao uso do etanol misturado <strong>com</strong> o óleo diesel incluem o a<strong>um</strong>ento da<br />

bio<strong>de</strong>gradabilida<strong>de</strong> e a redução nas <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> gases <strong>de</strong> efeito estufa caso o<br />

etanol seja produzido a partir da biomassa. Porém, em <strong>um</strong> estágio inicial, o a<strong>um</strong>ento<br />

no cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível e a baixa qualida<strong>de</strong> da ignição são as principais<br />

barreiras para aplicação do etanol em motores diesel.<br />

He et. al. (2003) utilizou <strong>um</strong> motor diesel para analisar os efeitos do etanol<br />

nas <strong>emissões</strong> regulamentadas, <strong>com</strong>o material particulado, THC, CO, NOX, e nas<br />

<strong>emissões</strong> não regulamentadas, <strong>com</strong>o CO2, acetal<strong>de</strong>ído e etanol não queimado.<br />

Para a pesquisa foi utilizado <strong>um</strong> aditivo solvente <strong>de</strong> modo a prevenir a<br />

separação <strong>de</strong> fases das <strong>misturas</strong> etanol-diesel e <strong>um</strong> aditivo elevador do número <strong>de</strong><br />

cetano. Foi utilizado óleo diesel puro, <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> E0, e <strong>misturas</strong> contendo 10%<br />

e 30% <strong>de</strong> etanol anidro (99,7% etanol + 0,3% água) por vol<strong>um</strong>e, sendo <strong>de</strong>nominadas<br />

<strong>de</strong> E10 e E30, respectivamente. O E30 sem aditivos manteve-se estável somente<br />

por 1h a temperatura <strong>de</strong> aproximadamente 0ºC. Observou-se que, à medida que a<br />

proporção <strong>de</strong> etanol na mistura a<strong>um</strong>enta o conteúdo <strong>de</strong> oxigenados a<strong>um</strong>enta e a<br />

fração <strong>de</strong> aromáticos, viscosida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> e calor específico superior diminuem.<br />

O uso <strong>de</strong> aditivos po<strong>de</strong> assegurar boa partida a frio, reduzido ruído e longa<br />

durabilida<strong>de</strong> para o motor.<br />

Os impactos do etanol nas <strong>emissões</strong> variam <strong>com</strong> o regime <strong>de</strong> operação do<br />

motor, conteúdo <strong>de</strong> etanol e aditivos utilizados (HE et al. 2003, p. 4970). Em<br />

elevados regimes <strong>de</strong> carga, a mistura <strong>de</strong> etanol-óleo diesel tem fortes efeitos nas<br />

53


<strong>emissões</strong> <strong>de</strong> material particulado, NOX, acetal<strong>de</strong>ído e álcool não queimado. Com o<br />

a<strong>um</strong>ento da concentração <strong>de</strong> etanol, há redução nas <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> material<br />

particulado, NOX e CO2, enquanto as <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> CO, acetal<strong>de</strong>ído e <strong>com</strong>bustível<br />

não queimado a<strong>um</strong>entam sob <strong>um</strong>a mesma condição <strong>de</strong> operação. Em baixas cargas<br />

<strong>de</strong> operação, as <strong>misturas</strong> mostraram ligeiro efeito na redução <strong>de</strong> material particulado<br />

e f<strong>um</strong>aça. Com a utilização <strong>de</strong> aditivos e <strong>um</strong> melhorador <strong>de</strong> ignição, as <strong>emissões</strong> <strong>de</strong><br />

CO, acetal<strong>de</strong>ído e <strong>com</strong>bustível não queimado pu<strong>de</strong>ram ser mo<strong>de</strong>radamente<br />

reduzidas. As <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> THC foram significativamente reduzidas, a níveis até<br />

menores do que os obtidos <strong>com</strong> E0 sob operação do motor em baixas cargas.<br />

As <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> etanol não queimado do motor diesel são maiores que<br />

aquelas obtidas <strong>com</strong> <strong>um</strong> motor <strong>com</strong> ignição por centelha para as mesmas<br />

concentrações <strong>de</strong> etanol e as mesmas cargas (HE et al. 2003). Embora as <strong>emissões</strong><br />

<strong>de</strong> acetal<strong>de</strong>ído na exaustão do motor <strong>com</strong> ignição por centelha antes do catalisador<br />

são maiores que aquelas do motor diesel sob as mesmas condições <strong>de</strong> operação.<br />

Contudo, <strong>de</strong>pois do conversor catalítico <strong>de</strong> três vias baseado em platina/ródio, as<br />

<strong>emissões</strong> <strong>de</strong> acetal<strong>de</strong>ído são menores para o motor <strong>com</strong> ignição por centelha.<br />

Os efeitos da adição <strong>de</strong> etanol ao óleo diesel no cons<strong>um</strong>o específico <strong>de</strong><br />

<strong>com</strong>bustível e no cons<strong>um</strong>o especifico <strong>de</strong> energia também foram investigados por He<br />

et al. (2003). Os resultados indicaram que, <strong>com</strong> o incremento <strong>de</strong> etanol na mistura, o<br />

cons<strong>um</strong>o específico <strong>de</strong> energia se reduz levemente e a duração da <strong>com</strong>bustão<br />

diminui. Entretanto, a taxa <strong>de</strong> calor liberado, o retardo da ignição e o cons<strong>um</strong>o<br />

específico <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível a<strong>um</strong>entam.<br />

De acordo <strong>com</strong> Hansen et al. (2004) a adição <strong>de</strong> etanol ao óleo diesel afeta<br />

proprieda<strong>de</strong>s importantes tais <strong>com</strong>o a estabilida<strong>de</strong> da mistura, viscosida<strong>de</strong>,<br />

lubricida<strong>de</strong>, conteúdo energético e número <strong>de</strong> cetano. A <strong>com</strong>patibilida<strong>de</strong> dos<br />

materiais e corrosivida<strong>de</strong> também são fatores importantes que necessitam ser<br />

consi<strong>de</strong>rados, assim <strong>com</strong>o o ponto <strong>de</strong> fulgor (“flashpoint”) e a bio<strong>de</strong>gradabilida<strong>de</strong>.<br />

Merritt et al. (2005) fizeram <strong>um</strong> estudo <strong>com</strong>parativo <strong>de</strong> <strong>emissões</strong> reguladas e<br />

não reguladas na exaustão <strong>de</strong> <strong>veículo</strong>s fora-<strong>de</strong>-estrada <strong>operando</strong> <strong>com</strong> <strong>misturas</strong> <strong>de</strong><br />

etanol e óleo diesel. Duas amostras <strong>de</strong> óleo diesel (400ppm <strong>de</strong> enxofre) e três<br />

<strong>misturas</strong> <strong>com</strong> 7,7%, 10% e 15% <strong>de</strong> etanol em vol<strong>um</strong>e no óleo diesel foram usadas.<br />

Três <strong>veículo</strong>s fora-estrada <strong>com</strong> motores <strong>de</strong> 6,8, 8,1, e 12,5 litros <strong>de</strong> vol<strong>um</strong>e<br />

<strong>de</strong>slocado, <strong>com</strong> diferentes sistemas <strong>de</strong> injeção <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível, foram empregados.<br />

Além <strong>de</strong> hidrocarbonetos totais, NOX, CO, CO2 e material particulado, foram<br />

54


quantificados os hidrocarbonetos individuais, al<strong>de</strong>ídos, cetonas, álcool,<br />

hidrocarbonetos aromáticos polinucleares (PAH), 1-nitropireno e fração orgânica<br />

solúvel (SOF) <strong>de</strong> particulado. A crescente concentração <strong>de</strong> etanol na mistura<br />

a<strong>um</strong>entou as <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> acetal<strong>de</strong>ído <strong>de</strong> 2,39% até 27%.<br />

Para Lapuerta et al. (2008) o uso da mistura <strong>de</strong> bioetanol anidro <strong>com</strong> óleo<br />

diesel apresenta vantagens, tais <strong>com</strong>o a potencial redução <strong>de</strong> emissão <strong>de</strong> material<br />

particulado sem relevante a<strong>um</strong>ento das <strong>emissões</strong> gasosas. Os autores ressaltam as<br />

seguintes limitações do uso da mistura <strong>de</strong> etanol-óleo diesel, tratado <strong>com</strong>o e-diesel:<br />

menor viscosida<strong>de</strong> e lubricida<strong>de</strong>, atraso na ignição <strong>de</strong>vido à redução no número <strong>de</strong><br />

cetano, elevação da volatibilida<strong>de</strong> e miscibilida<strong>de</strong> inferior. Tais limitações são<br />

restabelecidas pelo uso <strong>de</strong> aditivos ampliadores do número <strong>de</strong> cetano e solventes.<br />

Os autores realizaram experimentos em que nenh<strong>um</strong> aditivo foi adicionado e<br />

nenh<strong>um</strong>a modificação foi feita no motor diesel empregado. Utilizou-se 10% <strong>de</strong> álcool<br />

anidro no óleo diesel e evitou-se a separação <strong>de</strong> fases durante os testes.<br />

Devido ao menor po<strong>de</strong>r calorífico, o e-diesel apresentou <strong>um</strong> a<strong>um</strong>ento <strong>de</strong><br />

cons<strong>um</strong>o em respeito ao óleo diesel <strong>de</strong> petróleo convencional (LAPUERTA et al.<br />

2008). Porém esse a<strong>um</strong>ento é reduzido à medida que o torque é a<strong>um</strong>entado,<br />

permitindo <strong>um</strong> a<strong>um</strong>ento na eficiência térmica. Também foi constatada <strong>um</strong>a redução<br />

na opacida<strong>de</strong> do gás <strong>de</strong> exaustão e na emissão <strong>de</strong> material particulado. Não foram<br />

encontradas diferenças significativas nas <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> NOX. Esse efeito é explicado<br />

pelo elevado calor <strong>de</strong> vaporização do álcool, que causa <strong>um</strong> resfriamento local e até<br />

<strong>um</strong>a extinção da chama quando a temperatura da câmara <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão está<br />

relativamente baixa. O efeito é <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rado em regime <strong>de</strong> operação em média e<br />

alta carga. Não houve diferenças significativas no pico <strong>de</strong> pressão e na temperatura<br />

média na câmara <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão, sugerindo que o uso <strong>de</strong> e-diesel não causaria<br />

problemas <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m térmica ou mecânica.<br />

Lapuerta et al. (2008) também constataram <strong>um</strong> ligeiro a<strong>um</strong>ento do atraso da<br />

ignição quando o e-diesel foi utilizado, sendo tal resultado coerente <strong>com</strong> o menor<br />

número <strong>de</strong> cetano <strong>de</strong>sse <strong>com</strong>bustível. Os autores ressaltam que tal diferença se<br />

torna menor à medida que há <strong>um</strong> a<strong>um</strong>ento da carga, em que a elevação da<br />

temperatura da câmara <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão provavelmente minimiza o efeito do número<br />

<strong>de</strong> cetano. Os autores concluem que o uso do e-diesel po<strong>de</strong> causar ligeira melhoria<br />

na eficiência do motor em relação ao uso do óleo diesel convencional <strong>de</strong>vido ao<br />

a<strong>um</strong>ento da velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> difusão da chama, que <strong>com</strong>pensa o atraso da ignição.<br />

55


Uma análise <strong>de</strong>talhada da <strong>com</strong>bustão a partir da pressão no cilindro do motor mostra<br />

que não são necessárias intervenções na calibração do sistema <strong>de</strong> injeção quando a<br />

mistura <strong>de</strong> e-diesel conter até 10% <strong>de</strong> etanol.<br />

2.9 Estabilida<strong>de</strong> da Mistura Etanol-Óleo Diesel<br />

Lapuerta et al. (2007) estudaram os principais fatores que influenciam na<br />

estabilida<strong>de</strong> da mistura <strong>de</strong> etanol-óleo diesel, ou e-diesel, <strong>com</strong>o citado no texto<br />

anteriormente. Os autores afirmam que o bioetanol é <strong>um</strong> <strong>com</strong>bustível atrativo <strong>de</strong>vido<br />

à sua origem renovável e ao elevado conteúdo <strong>de</strong> oxigênio, mas não é possível ser<br />

utilizado diretamente em motores diesel. Os autores também ressaltam que o e-<br />

diesel tem, no mínimo, o mesmo potencial <strong>de</strong> redução da emissão <strong>de</strong> material<br />

particulado que o biodiesel, além do seu custo <strong>de</strong> produção ser muito menor. A<br />

principal <strong>de</strong>svantagem do e-diesel é que o etanol é imiscível <strong>com</strong> o óleo diesel em<br />

<strong>um</strong>a ampla faixa <strong>de</strong> temperaturas, conduzindo a <strong>um</strong>a separação <strong>de</strong> fases entre<br />

estes <strong>com</strong>bustíveis. Por essa razão torna-se necessário o uso <strong>de</strong> surfactantes e<br />

aditivos co-solventes no e-diesel.<br />

Lapuerta et al. (2007) salientam que há três fatores principais que influenciam<br />

a estabilida<strong>de</strong> do e-diesel: temperatura, conteúdo <strong>de</strong> água e conteúdo inicial <strong>de</strong><br />

etanol. A presença <strong>de</strong> água na mistura etanol-óleo diesel, baixas temperaturas e<br />

elevado conteúdo <strong>de</strong> etanol favorecem a separação <strong>de</strong> fases, enquanto o uso <strong>de</strong><br />

aditivos conduz a <strong>um</strong> efeito contrário. É provado que o uso <strong>de</strong> álcool anidro (livre <strong>de</strong><br />

água) possui boa miscibilida<strong>de</strong> <strong>com</strong> o óleo diesel a temperatura ambiente em países<br />

<strong>de</strong> clima quente. A separação <strong>de</strong> fases se inicia quando a mistura é dopada <strong>com</strong><br />

água ou quando a temperatura cai abaixo <strong>de</strong> 10ºC. As condições mais usuais que<br />

causam a separação <strong>de</strong> fases neste caso são: baixas temperaturas, ambiente <strong>com</strong><br />

elevada <strong>um</strong>ida<strong>de</strong> e contaminação por água em tanques <strong>de</strong> armazenamento ou<br />

dutos.<br />

A separação <strong>de</strong> fases <strong>de</strong> <strong>um</strong>a mistura instável consiste dos seguintes<br />

estágios: turbi<strong>de</strong>z inicial, aparência <strong>de</strong> interface e <strong>de</strong>slocamento da interface até o<br />

equilíbrio (LAPUERTA et al. 2007).<br />

56


Inicialmente a amostra rapidamente se torna em <strong>um</strong>a fase turva, sem<br />

distinção entre as duas fases. Esta turbi<strong>de</strong>z é o primeiro sintoma <strong>de</strong> <strong>um</strong>a amostra<br />

instável, previamente à separação <strong>de</strong> fase, mas há condições <strong>de</strong> <strong>um</strong>ida<strong>de</strong> e<br />

temperatura (no limite da estabilida<strong>de</strong>) na qual a turbi<strong>de</strong>z inicial permanece<br />

inalterada. A seguir, <strong>um</strong>a fase mais transparente na parte superior da mistura é<br />

distinguida, correspon<strong>de</strong>ndo a <strong>um</strong>a fase menos <strong>de</strong>nsa (bioetanol). A fase seguinte à<br />

interface mantém a turbi<strong>de</strong>z. Finalmente, a espessura da fase <strong>de</strong> etanol a<strong>um</strong>enta,<br />

movendo a interface em direção à parte inferior até <strong>um</strong>a posição <strong>de</strong> equilíbrio, ao<br />

passo que a fase do óleo diesel torna-se transparente.<br />

Em alguns casos a separação <strong>de</strong> fases não tem ponto exato se os perfis não<br />

estão superpostos (LAPUERTA et al. 2007). Isto ocorre porque a turbi<strong>de</strong>z inicial<br />

<strong>de</strong>saparece <strong>com</strong> o tempo. Este efeito é tipicamente observado quando as condições<br />

estão no limite da estabilida<strong>de</strong>. Os autores constataram que, à medida que a<br />

temperatura diminui menor concentração <strong>de</strong> etanol é necessária para a separação<br />

das fases. A presença <strong>de</strong> água e aditivos também afetou a solubilida<strong>de</strong> do álcool no<br />

óleo diesel. À medida que a temperatura a<strong>um</strong>enta a solubilida<strong>de</strong> também a<strong>um</strong>enta e<br />

a mistura se torna mais estável. O uso <strong>de</strong> aditivos gerou efeitos contrários em ambos<br />

os casos, no que diz respeito ao etanol e à água.<br />

Lapuerta et al. (2007) afirmam que <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> até 10% em vol<strong>um</strong>e <strong>de</strong> etanol<br />

em óleo diesel po<strong>de</strong>m ser usadas em motores diesel em países on<strong>de</strong> raramente a<br />

temperatura no inverno cai abaixo <strong>de</strong> –5ºC, tal <strong>com</strong>o o Brasil. Os autores <strong>de</strong>stacam<br />

que <strong>de</strong>ve ser tomada precaução quanto à contaminação por água. O uso <strong>de</strong> aditivos<br />

po<strong>de</strong> possibilitar o a<strong>um</strong>ento do conteúdo <strong>de</strong> etanol na mistura, esten<strong>de</strong>r a aplicação<br />

da mistura a áreas geográficas que <strong>com</strong>preen<strong>de</strong>m países <strong>de</strong> clima frio ou ampliar a<br />

margem <strong>de</strong> segurança para evitar a separação <strong>de</strong> fases.<br />

Hansen et al. (2004) salientam que a solubilida<strong>de</strong> do etanol no óleo diesel e<br />

afetada principalmente por dois fatores: temperatura ambiente e conteúdo <strong>de</strong> água<br />

na mistura. Em temperaturas ambientes elevadas o etanol mistura prontamente <strong>com</strong><br />

o óleo diesel. Contudo, sob temperaturas abaixo <strong>de</strong> 10°C, os dois <strong>com</strong>bustíveis se<br />

separam. Esta temperatura limite é facilmente atingida em muitas partes do mundo<br />

em <strong>um</strong> longo período do ano. Os autores citam que a prevenção <strong>de</strong>sta separação<br />

po<strong>de</strong> ser realizada por dois modos: pela adição <strong>de</strong> <strong>um</strong> emulsificador que age <strong>de</strong><br />

modo a suspen<strong>de</strong>r pequenas gotas <strong>de</strong> etanol contidas <strong>de</strong>ntro do óleo diesel ou pela<br />

adição <strong>de</strong> <strong>um</strong> co-solvente que age <strong>com</strong>o <strong>um</strong>a ponte através da <strong>com</strong>patibilida<strong>de</strong><br />

57


molecular, unindo as fases para a produção <strong>de</strong> <strong>um</strong>a mistura homogênea. O<br />

processo <strong>de</strong> emulsificação usualmente requer aquecimento e passos para gerar a<br />

mistura final, enquanto co-solventes permitem simplificar a obtenção da mistura. Os<br />

autores afirmam que o conteúdo aromático do óleo diesel também afeta a<br />

solubilida<strong>de</strong> do álcool na mistura e, por conseqüência, a efetivida<strong>de</strong> dos<br />

emulsificadores e co-solventes.<br />

2.10 Uso <strong>de</strong> Aditivos em Combustíveis para Motores Diesel<br />

Ribeiro et al. (2007) estudaram os aditivos que visam diminuir os<br />

inconvenientes do uso <strong>de</strong> bio<strong>com</strong>bustíveis misturados ao óleo diesel e possibilitar o<br />

atendimento às especificações tais <strong>com</strong>o ASTM D 6751 (ASTM, 2009p) e CEN<br />

14214 (CEN, 2008). Os autores <strong>de</strong>stacam duas tendências que estão se tornando<br />

mais relevantes: a redução progressiva do enxofre e o a<strong>um</strong>ento do uso <strong>de</strong><br />

bio<strong>com</strong>bustíveis. Os autores citam que <strong>um</strong> dos maiores inconvenientes relativos ao<br />

uso <strong>de</strong> <strong>misturas</strong> <strong>com</strong> bio<strong>com</strong>bustíveis é a tendência <strong>de</strong> a<strong>um</strong>ento das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong><br />

NOX. Outro inconveniente é a redução nos intervalos <strong>de</strong> reposição <strong>de</strong> <strong>com</strong>ponentes<br />

do motor, tais <strong>com</strong>o filtros <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustíveis, que são <strong>de</strong>gradados pela exposição<br />

crônica <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong> verniz no tanque e nas tubulações <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível.<br />

Ribeiro et al. (2007) ressaltam que os aditivos melhoram a ignição, a<br />

eficiência da <strong>com</strong>bustão e a estabilização das <strong>misturas</strong> dos <strong>com</strong>bustíveis. Além<br />

disso, os aditivos protegem o motor da abrasão e <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> ceras e reduzem as<br />

<strong>emissões</strong> <strong>de</strong> poluentes, entre outras melhorias. Composições <strong>de</strong> vários aditivos<br />

po<strong>de</strong>m ser empregadas, contanto que mantenham as funções químicas básicas que<br />

são ativas. Misturas <strong>de</strong> óleo diesel e biodiesel usualmente requerem aditivos para<br />

melhorar a lubricida<strong>de</strong>, estabilida<strong>de</strong> e eficiência da <strong>com</strong>bustão através do a<strong>um</strong>ento<br />

do número <strong>de</strong> cetano. Misturas <strong>de</strong> óleo diesel e etanol (e-diesel) usualmente<br />

requerem aditivos para a<strong>um</strong>entar a miscibilida<strong>de</strong> e reduzir a <strong>de</strong>tonação.<br />

Conforme Ribeiro et al. (2007) <strong>um</strong> aditivo relevante é o grupo <strong>de</strong> <strong>com</strong>postos<br />

oxigenados. Alguns <strong>com</strong>postos oxigenados que são utilizados é o etanol, biodiesel,<br />

a mistura <strong>de</strong> etanol e metanol, ésteres acetoacéticos e ésteres <strong>de</strong> ácido<br />

dicarboxílicos, monoacetato <strong>de</strong> etileno glicol, dimetil éter (DME) e dimetil carbonato<br />

58


(DMC), entre outros. Aditivos oxigenados têm sido consi<strong>de</strong>rados para a redução da<br />

temperatura <strong>de</strong> ignição e a emissão <strong>de</strong> particulados. A presença <strong>de</strong> certos aditivos<br />

oxigenados (etanol, entre outros) resulta na formação <strong>de</strong> <strong>um</strong> filme lubrificante <strong>com</strong><br />

benéfica proprieda<strong>de</strong> anti-<strong>de</strong>sgaste.<br />

O a<strong>um</strong>ento da volatilida<strong>de</strong> da mistura também é aparente, <strong>com</strong>o o<br />

abaixamento do ponto <strong>de</strong> fulgor (flash point) à temperatura ambiente. Este<br />

parâmetro não tem efeito direto no <strong>de</strong>sempenho do motor, porém está previsto na<br />

legislação quanto ao seu manuseio do <strong>com</strong>bustível. De acordo <strong>com</strong> Ribeiro et al.<br />

(2007), através do a<strong>um</strong>ento da concentração <strong>de</strong> etanol há <strong>um</strong>a redução no número<br />

<strong>de</strong> cetano e <strong>um</strong> a<strong>um</strong>ento <strong>de</strong> hidrocarbonetos que conduzem a <strong>um</strong>a redução na<br />

emissão <strong>de</strong> CO <strong>de</strong> até 20% em relação ao óleo diesel sem tal aditivo.<br />

Hansen et al. (2005) também mencionam que o a<strong>um</strong>ento da concentração <strong>de</strong><br />

etanol no óleo diesel provoca a diminuição proporcional do número <strong>de</strong> cetano da<br />

mistura. Os autores estimaram que o número <strong>de</strong> cetano do etanol está<br />

<strong>com</strong>preendido entre 5 e 15.<br />

He et al. (2003) verificaram que o teor <strong>de</strong> etanol <strong>de</strong> 30% na mistura <strong>com</strong> o<br />

óleo diesel equivale ao número <strong>de</strong> cetano igual a 26. Com a concentração <strong>de</strong> 10%<br />

<strong>de</strong> etanol, a mistura apresentou <strong>um</strong> número <strong>de</strong> cetano igual a 44. O óleo diesel puro<br />

apresentava número <strong>de</strong> cetano 50.<br />

59


3 FUNDAMENTOS TEÓRICOS<br />

Neste capítulo são apresentadas as características do óleo diesel mineral, do<br />

biodiesel e do etanol, assim <strong>com</strong>o <strong>de</strong>finições vinculadas ao <strong>de</strong>sempenho do motor<br />

térmico na partida a frio sub-zero, ao cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível e à emissão <strong>de</strong> gases<br />

poluentes na exaustão do motor.<br />

3.1 Características do biodiesel, óleo diesel e etanol<br />

De acordo <strong>com</strong> Basshuysen e Schaefer (1995), a qualida<strong>de</strong> do <strong>com</strong>bustível<br />

afeta as <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> motores diesel mais diretamente do que as <strong>emissões</strong> <strong>de</strong><br />

motores <strong>com</strong> ignição por centelha, especialmente HC, CO e material particulado.<br />

Depen<strong>de</strong>ndo da <strong>com</strong>posição e das características do óleo diesel, as maiores<br />

diferenças são notadas na formação da mistura, na <strong>com</strong>bustão e,<br />

consequentemente, nos produtos formados. Os critérios <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> do<br />

<strong>com</strong>bustível diesel requerem baixa <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>, baixos teores <strong>de</strong> enxofre e <strong>de</strong><br />

<strong>com</strong>postos aromáticos e elevado número <strong>de</strong> cetano. Os requisitos para o controle <strong>de</strong><br />

<strong>emissões</strong> <strong>de</strong> poluentes contrastam <strong>com</strong> as <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong> potência do motor e<br />

economia <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível, <strong>um</strong>a vez que <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> elevada equivale a elevado<br />

conteúdo <strong>de</strong> aromáticos, que provoca baixa qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ignição. O conteúdo<br />

elevado <strong>de</strong> substâncias aromáticas no <strong>com</strong>bustível reduz sua qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ignição<br />

e, ao mesmo tempo, as <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> material particulado. Se o conteúdo <strong>de</strong><br />

aromáticos no <strong>com</strong>bustível é reduzido, as <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> material particulado tornam-<br />

se <strong>um</strong>a função forte do número <strong>de</strong> cetano.<br />

Vários estudos têm <strong>de</strong>monstrado que as características do biodiesel são<br />

muito próximas às do óleo diesel. Pelas semelhanças <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong>s<br />

fluidodinâmicas e termodinâmicas, o biodiesel e o óleo diesel do petróleo possuem<br />

características equivalentes, especialmente sob os aspectos da <strong>com</strong>bustibilida<strong>de</strong> em<br />

motores do ciclo diesel. Knothe et al. (2006) salientam que a proprieda<strong>de</strong> do<br />

<strong>com</strong>bustível que melhor <strong>de</strong>monstra esta <strong>com</strong>patibilida<strong>de</strong> é o número <strong>de</strong> cetano.<br />

Além da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ignição expressa pelo número <strong>de</strong> cetano, muitas outras<br />

proprieda<strong>de</strong>s são igualmente importantes para <strong>de</strong>monstrar a a<strong>de</strong>quação do biodiesel<br />

60


<strong>com</strong>o <strong>com</strong>bustível alternativo. O calor <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão, o ponto <strong>de</strong> flui<strong>de</strong>z, a<br />

viscosida<strong>de</strong> cinemática, a estabilida<strong>de</strong> à oxidação e a lubricida<strong>de</strong> estão entre as<br />

proprieda<strong>de</strong>s mais importantes. Portanto, o <strong>de</strong>sempenho e o cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong><br />

<strong>com</strong>bustível são praticamente equivalentes, sem que haja necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

a<strong>de</strong>quações dos motores para funcionar regularmente <strong>com</strong> óleo diesel <strong>de</strong> petróleo<br />

ou biodiesel.<br />

Demonstra-se que o uso do biodiesel causa a redução da maior parte dos<br />

gases presentes nas <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> motores diesel (KNOTHE et al. 2006). Segundo<br />

Degobert (1995), as <strong>emissões</strong> obtidas <strong>com</strong> óleos vegetais e ésteres mostram os<br />

seguintes resultados:<br />

− As <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> CO são menores <strong>com</strong> ésteres e maiores <strong>com</strong> óleos vegetais.<br />

− As <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> NOX são praticamente as mesmas <strong>com</strong> óleo diesel mineral,<br />

óleos vegetais e seus ésteres.<br />

− Comparando <strong>com</strong> o óleo diesel mineral, as <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> hidrocarbonetos não-<br />

queimado são maiores <strong>com</strong> óleo <strong>de</strong> colza, menores <strong>com</strong> metil-oleato e<br />

idênticas <strong>com</strong> ésteres <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> colza.<br />

− Medições <strong>de</strong> al<strong>de</strong>ídos mostram que <strong>um</strong>a global mutiplicação por 4 e por 7<br />

para o caso específico <strong>de</strong> acroleína <strong>com</strong> óleo <strong>de</strong> colza. Com os ésteres <strong>de</strong>ste<br />

último as <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> al<strong>de</strong>ídos são baixas, <strong>com</strong>paráveis às do óleo diesel<br />

mineral.<br />

− As <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> f<strong>um</strong>aça são reduzidas quando <strong>com</strong>paradas <strong>com</strong> o óleo diesel<br />

mineral para ambos, o óleo vegetal e seus ésteres.<br />

Pela equivalência <strong>de</strong> suas proprieda<strong>de</strong>s físico-químicas, o biodiesel e o óleo<br />

diesel mineral são miscíveis. As <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel <strong>com</strong> o óleo diesel mineral<br />

po<strong>de</strong>m ser empregadas em qualquer proporção. Esta condição é vantajosa,<br />

especialmente quando <strong>com</strong>parado <strong>com</strong> o etanol hidratado. Três fatores principais<br />

influenciam a estabilida<strong>de</strong> da mistura do etanol ao óleo diesel ou ao biodiesel:<br />

temperatura, conteúdo <strong>de</strong> água no etanol e concentração <strong>de</strong> etanol hidratado na<br />

mistura. A presença <strong>de</strong> água na mistura etanol-óleo diesel, baixas temperaturas e<br />

elevado conteúdo <strong>de</strong> etanol favorecem a separação <strong>de</strong> fases, po<strong>de</strong>ndo requerer o<br />

uso <strong>de</strong> aditivos para produzir <strong>um</strong> efeito contrário. É provado que o álcool anidro (teor<br />

<strong>de</strong> água inferior a 2%) possui boa miscibilida<strong>de</strong> <strong>com</strong> o óleo diesel a temperatura<br />

61


ambiente em países <strong>de</strong> clima quente. A separação <strong>de</strong> fases se inicia quando a<br />

temperatura cai abaixo <strong>de</strong> 10ºC.<br />

Conforme a legislação vigente, o teor máximo permitido <strong>de</strong> água no<br />

<strong>com</strong>bustível diesel é <strong>de</strong> 0,05% em base vol<strong>um</strong>étrica. O álcool etílico hidratado possui<br />

<strong>de</strong> 6,4 a 7,4% <strong>de</strong> água em sua <strong>com</strong>posição. Tal utilização produz efeitos negativos<br />

em termos <strong>de</strong> funcionamento do motor, <strong>um</strong>a vez que reduz a lubricida<strong>de</strong> bem <strong>com</strong>o<br />

favorece a separação <strong>de</strong> fases entre os <strong>com</strong>bustíveis. Outro fator que agrava a<br />

utilização do álcool etílico hidratado é o seu reduzido po<strong>de</strong>r calorífico, o que impacta<br />

em <strong>um</strong> a<strong>um</strong>ento do cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível. De acordo <strong>com</strong> Hansen et al. (2004), a<br />

adição <strong>de</strong> etanol ao óleo diesel afeta ainda proprieda<strong>de</strong>s importantes tais <strong>com</strong>o a<br />

estabilida<strong>de</strong> da mistura, viscosida<strong>de</strong> e lubricida<strong>de</strong>. A <strong>com</strong>patibilida<strong>de</strong> dos materiais e<br />

corrosivida<strong>de</strong> também seriam fatores importantes que necessitariam serem<br />

consi<strong>de</strong>rados, assim <strong>com</strong>o o ponto <strong>de</strong> fulgor (“flashpoint”) e a bio<strong>de</strong>gradabilida<strong>de</strong>.<br />

Por outro lado, espera-se que, <strong>com</strong> o a<strong>um</strong>ento do conteúdo <strong>de</strong> etanol na<br />

mistura <strong>com</strong> óleo diesel, ocorra <strong>um</strong>a redução das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> NOX. O elevado calor<br />

<strong>de</strong> vaporização do etanol resulta em redução dos picos <strong>de</strong> temperatura na<br />

<strong>com</strong>bustão, reduzindo a geração <strong>de</strong> NOx. Uma consequência da redução <strong>de</strong> NOX é<br />

flexIbilida<strong>de</strong> no controle <strong>de</strong> material particulado, <strong>um</strong>a vez que o balanço<br />

“NOX/Material Particulado” po<strong>de</strong> ser otimizado no processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

<strong>um</strong> motor diesel. Outra influência esperada <strong>com</strong> a adição <strong>de</strong> etanol na mistura óleo<br />

diesel-biodiesel é a redução nas <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> CO2, consi<strong>de</strong>rando a baixa relação<br />

C/H e elevado conteúdo <strong>de</strong> oxigênio do etanol.<br />

3.2 Proprieda<strong>de</strong>s físico-químicas dos <strong>com</strong>bustíveis<br />

A <strong>com</strong>bustibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>com</strong>bustível diz respeito ao seu grau <strong>de</strong> facilida<strong>de</strong><br />

para realizar a <strong>com</strong>bustão no motor <strong>de</strong> forma a<strong>de</strong>quada. Em motores diesel a<br />

<strong>com</strong>bustibilida<strong>de</strong> relaciona-se principalmente ao po<strong>de</strong>r calorífico e ao número <strong>de</strong><br />

cetano do <strong>com</strong>bustível. A viscosida<strong>de</strong> cinemática e a tensão superficial, pelo fato <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>finirem a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pulverização na injeção do <strong>com</strong>bustível, participam também<br />

<strong>com</strong>o fatores <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> da <strong>com</strong>bustão. Tais proprieda<strong>de</strong>s exercem gran<strong>de</strong><br />

influência na circulação e na injeção do <strong>com</strong>bustível.<br />

62


O teor <strong>de</strong> enxofre e o teor <strong>de</strong> hidrocarbonetos aromáticos no <strong>com</strong>bustível são<br />

características importantes inerentes aos impactos nas <strong>emissões</strong>. A <strong>com</strong>patibilida<strong>de</strong><br />

ao uso diz respeito à longevida<strong>de</strong> do motor e dos seus <strong>com</strong>ponentes periféricos,<br />

representada pela lubricida<strong>de</strong> e pela corrosivida<strong>de</strong>. Esta última é <strong>de</strong>finida<br />

principalmente pelo teor <strong>de</strong> enxofre e pela aci<strong>de</strong>z do <strong>com</strong>bustível.<br />

A <strong>com</strong>patibilida<strong>de</strong> ao manuseio diz respeito ao transporte, ao armazenamento<br />

e à distribuição do <strong>com</strong>bustível. A corrosivida<strong>de</strong>, a toxi<strong>de</strong>z e o ponto <strong>de</strong> fulgor as<br />

proprieda<strong>de</strong>s mais importantes neste item. Em países <strong>de</strong> clima mais frio o ponto <strong>de</strong><br />

flui<strong>de</strong>z torna-se também <strong>um</strong>a importante proprieda<strong>de</strong>, sinalizando para a adição <strong>de</strong><br />

aditivos anticongelantes.<br />

O <strong>com</strong>bustível diesel é produzido <strong>de</strong> modo a aten<strong>de</strong>r a requisitos específicos<br />

<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>. Tais requisitos visam garantir que o produto apresente condições <strong>de</strong><br />

suportar todas as exigências necessárias ao bom funcionamento dos motores diesel,<br />

inclusive a <strong>de</strong> manter <strong>um</strong> baixo nível <strong>de</strong> emissão <strong>de</strong> poluentes. As especificações<br />

técnicas dos <strong>com</strong>bustíveis óleo diesel metropolitano S500, S50, do biodiesel (B100),<br />

e do etanol <strong>com</strong>bustível estão contidas nos Anexos C a G. A seguir são<br />

apresentadas as <strong>de</strong>scrições das principais características previstas nas<br />

especificações do <strong>com</strong>bustível diesel, seus significados e sua influência no<br />

funcionamento dos motores.<br />

3.2.1 Aspecto<br />

A observação do aspecto do <strong>com</strong>bustível é o teste que permite que se<br />

obtenha <strong>um</strong>a rápida indicação visual da sua qualida<strong>de</strong>, possibilitando a i<strong>de</strong>ntificação<br />

<strong>de</strong> contaminantes no produto. O <strong>com</strong>bustível diesel <strong>de</strong>ve apresentar-se límpido e<br />

isento <strong>de</strong> materiais em suspensão <strong>com</strong>o água, borra, material arenoso, ferrugem e<br />

material sólido em geral. Estes contaminantes, quando presentes, po<strong>de</strong>m reduzir a<br />

vida útil dos filtros dos <strong>veículo</strong>s e <strong>de</strong> equipamentos, além <strong>de</strong> prejudicar o<br />

funcionamento dos motores. O método para <strong>de</strong>terminação do aspecto é <strong>de</strong>scrito<br />

pelas normas NBR 14954 (ABNT, 2003) e ASTM D 4176 (ASTM, 2009).<br />

63


3.2.2 Cor<br />

Este item correspon<strong>de</strong> à avaliação da cor característica do produto.<br />

Alterações na mesma po<strong>de</strong>m ser <strong>um</strong> indicativo <strong>de</strong> problemas no processo produtivo,<br />

contaminação ou <strong>de</strong>gradação. Esta última ocorre quando o óleo diesel é estocado<br />

por longos períodos, ficando exposto a temperaturas acima do ambiente ou quando<br />

está contaminado por material estranho ao produto, <strong>com</strong>o ferrugem proveniente da<br />

corrosão dos tanques <strong>de</strong> armazenagem. O método para <strong>de</strong>terminação da cor é<br />

<strong>de</strong>scrito pelas normas NBR 14483 (ABNT, 2008) e ASTM D 1500 (ASTM, 2001).<br />

3.2.3 Destilação<br />

A <strong>de</strong>stilação <strong>de</strong>screve o estágio final do processo <strong>de</strong> evaporação, quando do<br />

gotejamento <strong>de</strong> <strong>um</strong> líquido <strong>de</strong> <strong>um</strong> con<strong>de</strong>nsador para <strong>um</strong> recipiente <strong>de</strong> coleta. Na<br />

indústria do petróleo, a <strong>de</strong>stilação é o processo <strong>de</strong> separação mais utilizado. Assim<br />

<strong>com</strong>o a gasolina, o óleo diesel é <strong>um</strong>a mistura <strong>de</strong> <strong>um</strong> gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong><br />

hidrocarbonetos cada <strong>um</strong> <strong>com</strong> seu próprio ponto <strong>de</strong> ebulição. O teste para obtenção<br />

da curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação tem <strong>com</strong>o objetivo avaliar as características <strong>de</strong> volatilida<strong>de</strong> do<br />

<strong>com</strong>bustível, <strong>de</strong>finindo-se a temperatura na qual <strong>um</strong>a parcela do produto<br />

previamente na fase líquida se evapora. A curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação do <strong>com</strong>bustível é<br />

<strong>de</strong>terminada pelo método <strong>de</strong>scrito nas normas NBR 9619 (ABNT, 2009) e ASTM D<br />

86 (ASTM, 2009). A curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação po<strong>de</strong>, <strong>de</strong> <strong>um</strong>a forma simplificada, ser<br />

representada por três pontos: T10, T50 e T90 (ou T85). Estes são, respectivamente, as<br />

temperaturas em que ocorre a vaporização <strong>de</strong> 10, 50 e 90% (ou 85%) do vol<strong>um</strong>e<br />

inicial do <strong>com</strong>bustível, caracterizando a volatilida<strong>de</strong> das frações leves, médias e<br />

pesadas dos hidrocarbonetos presentes no <strong>com</strong>bustível.Estas são, respectivamente,<br />

as temperaturas em que ocorre a vaporização <strong>de</strong> 10%, 50% e 90% do vol<strong>um</strong>e inicial<br />

do <strong>com</strong>bustível, caracterizando a volatilida<strong>de</strong> das frações leves, médias e pesadas<br />

dos hidrocarbonetos presentes no <strong>com</strong>bustível.<br />

64


3.2.3.1 Temperatura da <strong>de</strong>stilação T10<br />

A temperatura <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação T10 é a temperatura na qual 10% do vol<strong>um</strong>e do<br />

produto é <strong>de</strong>stilado. A análise da temperatura T10 visa controlar o teor <strong>de</strong> frações <strong>de</strong><br />

leves <strong>de</strong> hidrocarbonetos. A temperatura <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação T10 tem influência na partida<br />

a frio e quente do motor, <strong>um</strong>a vez que favorece o processo <strong>de</strong> atomização do<br />

<strong>com</strong>bustível <strong>com</strong> o oxigênio. (KEITH, 1995).<br />

3.2.3.2 Temperatura da <strong>de</strong>stilação T50<br />

A temperatura <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação T50 é a temperatura na qual 50% do vol<strong>um</strong>e do<br />

produto é <strong>de</strong>stilado. A análise da temperatura T50 visa controlar a relação entre o<br />

teor <strong>de</strong> frações <strong>de</strong> hidrocarbonetos leves e pesadas no produto. O controle <strong>de</strong>ste<br />

ponto da <strong>de</strong>stilação contribui para <strong>um</strong> bom <strong>de</strong>sempenho do motor durante a<br />

operação em regime permanente e nas retomadas <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>. As características<br />

<strong>de</strong>ssa fração do <strong>com</strong>bustível, seja gasolina ou óleo diesel, tem influência direta na<br />

fase <strong>de</strong> aquecimento dos motores “warm-up”, pois a mesma está relacionada a<br />

facilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ignição <strong>de</strong>sse <strong>com</strong>bustível. (KEITH, 1995).<br />

3.2.3.3 Temperatura da <strong>de</strong>stilação T85<br />

A temperatura <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação T85 é a temperatura na qual 85% do vol<strong>um</strong>e do<br />

produto é <strong>de</strong>stilado. A análise <strong>de</strong>sta temperatura visa controlar o teor <strong>de</strong> frações<br />

pesadas no <strong>com</strong>bustível diesel <strong>com</strong> o objetivo <strong>de</strong> minimizar a formação <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos<br />

no motor, as <strong>emissões</strong> gasosas <strong>de</strong> hidrocarbonetos não queimados e óxidos <strong>de</strong><br />

nitrogênio e a emissão <strong>de</strong> f<strong>um</strong>aça preta. (KEITH, 1995).<br />

65


3.2.3.4 Temperatura da <strong>de</strong>stilação T90<br />

A temperatura <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação T90 é a temperatura na qual 90% do vol<strong>um</strong>e do<br />

produto é <strong>de</strong>stilado. Esta análise visa controlar o teor <strong>de</strong> frações pesadas no<br />

<strong>com</strong>bustível, gasolina ou óleo diesel, <strong>com</strong> o objetivo <strong>de</strong> minimizar a formação <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>pósitos no motor, as <strong>emissões</strong> gasosas <strong>de</strong> hidrocarbonetos não queimados, a<br />

emissão <strong>de</strong> f<strong>um</strong>aça preta (motor diesel) e <strong>de</strong> óxidos <strong>de</strong> nitrogênio. A volatilida<strong>de</strong> das<br />

frações pesadas também é responsável pela economia <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível <strong>com</strong> o motor<br />

quente. (KEITH, 1995).<br />

3.2.4 Teor <strong>de</strong> enxofre<br />

O teor <strong>de</strong> enxofre é <strong>um</strong> indicativo da concentração <strong>de</strong>sse elemento no óleo<br />

diesel, que se apresenta, principalmente, na forma <strong>de</strong> benzotiofenos e<br />

dibenzotiofenos. O enxofre é <strong>um</strong> elemento in<strong>de</strong>sejável em qualquer <strong>com</strong>bustível<br />

<strong>de</strong>vido à ação corrosiva <strong>de</strong> seus <strong>com</strong>postos e à formação <strong>de</strong> gases tóxicos <strong>com</strong> o<br />

SO2 (dióxido <strong>de</strong> enxofre) e SO3 (trióxido <strong>de</strong> enxofre) que ocorre durante o processo<br />

<strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão. Na presença <strong>de</strong> água o trióxido <strong>de</strong> enxofre leva à formação <strong>de</strong> ácido<br />

sulfúrico (H2SO4), que é altamente corrosivo para as partes metálicas dos<br />

equipamentos e entornos, além <strong>de</strong> ser poluente. (PETROBRÁS, 2000).<br />

3.2.5 Massa Específica a 20ºC<br />

A massa específica é obtida na relação 20/4 ºC. Trata-se da relação entre a<br />

massa específica do óleo diesel na temperatura <strong>de</strong> 20ºC e a massa específica da<br />

água na temperatura <strong>de</strong> 4ºC. A massa específica é <strong>de</strong>terminada pelo método<br />

<strong>de</strong>scrito pelas normas ASTM D 1298 (ASTM, 2009b), ASTM D 4052 (ASTM, 2009c)<br />

e NBR 7148 (ABNT, 2001). Os motores são projetados para operar <strong>com</strong><br />

<strong>com</strong>bustíveis em <strong>um</strong>a <strong>de</strong>terminada faixa <strong>de</strong> massa específica, <strong>um</strong>a vez que o<br />

66


sistema <strong>de</strong> injeção <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível controla o vol<strong>um</strong>e injetado. Variações na massa<br />

específica levam a <strong>um</strong>a significativa variação na massa <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível injetada, que<br />

dificulta a obtenção <strong>de</strong> <strong>um</strong>a mistura ar/<strong>com</strong>bustível balanceada. Um valor <strong>de</strong> massa<br />

específica elevado po<strong>de</strong> levar à produção <strong>de</strong> <strong>um</strong>a mistura ar/<strong>com</strong>bustível rica, o que<br />

a<strong>um</strong>enta a emissão <strong>de</strong> poluentes <strong>com</strong>o hidrocarbonetos, monóxido <strong>de</strong> carbono e<br />

material particulado. Valores baixos <strong>de</strong> massa específica po<strong>de</strong>m favorecer a<br />

formação <strong>de</strong> mistura pobre, o que leva a <strong>um</strong>a perda <strong>de</strong> potência do motor e a <strong>um</strong><br />

a<strong>um</strong>ento no cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível. (PETROBRÁS, 2000).<br />

3.2.6 Número <strong>de</strong> cetano<br />

O número <strong>de</strong> cetano indica a tendência à ignição <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>com</strong>bustível para<br />

motores diesel e tem influência direta na partida a frio do motor e no seu<br />

funcionamento sob carga. O teste para <strong>de</strong>terminação do número <strong>de</strong> cetano foi<br />

<strong>de</strong>senvolvido na década <strong>de</strong> 1930 pelo CFR (Cooperative Fuel Research Commitee).<br />

A <strong>de</strong>terminação do número <strong>de</strong> cetano requer o uso <strong>de</strong> <strong>um</strong> motor monocilíndrico <strong>de</strong><br />

teste padrão (motor CFR), <strong>com</strong> razão <strong>de</strong> <strong>com</strong>pressão variável, <strong>operando</strong> sob as<br />

condições estabelecidas na norma técnica ASTM D613 (ASTM, 2009d).<br />

Combustíveis <strong>com</strong> alto teor <strong>de</strong> parafinas apresentam alto número <strong>de</strong> cetano,<br />

enquanto produtos ricos em hidrocarbonetos aromáticos apresentam baixo número<br />

<strong>de</strong> cetano. Quanto maior for o número <strong>de</strong> cetano <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>com</strong>bustível, melhor será a<br />

<strong>com</strong>bustão <strong>de</strong>sse <strong>com</strong>bustível em <strong>um</strong> motor diesel.<br />

Na <strong>de</strong>terminação do número <strong>de</strong> cetano, o <strong>de</strong>sempenho do óleo diesel é<br />

<strong>com</strong>parado <strong>com</strong> o <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> <strong>um</strong>a mistura do cetano <strong>com</strong> o alfa-metil-<br />

naftaleno. O n-hexa<strong>de</strong>cano é <strong>um</strong> produto parafínico <strong>de</strong> fórmula química C16H34<br />

conhecido <strong>com</strong>ercialmente <strong>com</strong>o cetano, ao qual é atribuído <strong>um</strong> número <strong>de</strong> cetano<br />

igual a 100. O alfa-metil-naftaleno é <strong>um</strong> produto aromático <strong>com</strong> fórmula química<br />

C10H7CH3, ao qual é atribuído <strong>um</strong> número <strong>de</strong> cetano igual a zero. Para exemplificar,<br />

po<strong>de</strong>-se dizer que, se o óleo diesel apresenta <strong>um</strong> número <strong>de</strong> cetano igual a 45, seu<br />

uso no motor atinge o mesmo <strong>de</strong>sempenho (mesmo ângulo <strong>de</strong> atraso <strong>de</strong> ignição)<br />

que aquele apresentado por <strong>um</strong>a mistura <strong>de</strong> 45% <strong>de</strong> cetano <strong>com</strong> 55% alfa-metil-<br />

naftaleno. (PETROBRÁS, 2000).<br />

67


Fisicamente o número <strong>de</strong> cetano se relaciona diretamente <strong>com</strong> o atraso da<br />

ignição do <strong>com</strong>bustível no motor. Quanto menor o número <strong>de</strong> cetano, maior será o<br />

atraso da ignição. Consequentemente, a queima retardada gera <strong>um</strong>a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

energia superior àquela necessária no tempo em que ocorre, ocasionando <strong>um</strong> mau<br />

funcionamento do motor. O pico <strong>de</strong> energia força o pistão a <strong>de</strong>scer <strong>com</strong> velocida<strong>de</strong><br />

superior àquela requerida pelo sistema, provocando esforços anormais sobre o<br />

pistão e po<strong>de</strong>ndo causar danos mecânicos e perda <strong>de</strong> potência. Valores baixos do<br />

número <strong>de</strong> cetano acarretam dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> partida a frio e formação <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos <strong>de</strong><br />

carbono nos pistões. (PETROBRÁS, 2000). Atualmente, o valor mínimo do número<br />

<strong>de</strong> cetano do óleo diesel metropolitano e interior é 42. O número <strong>de</strong> cetano para o<br />

óleo diesel S50 (teor <strong>de</strong> enxofre 50 ppm) é 46, conforme po<strong>de</strong> ser constatado nos<br />

Anexos C e D.<br />

Hansen et al. (2005) mencionam que o a<strong>um</strong>ento da concentração <strong>de</strong> etanol<br />

no óleo diesel provoca a diminuição do número <strong>de</strong> cetano da mistura. Estima-se que<br />

o número <strong>de</strong> cetano do etanol esteja <strong>com</strong>preendido entre 5 e 15. He et al. (2003)<br />

verificaram que o teor <strong>de</strong> etanol <strong>de</strong> 30% na mistura <strong>com</strong> o óleo diesel equivale ao<br />

número <strong>de</strong> cetano igual a 26 (TAB. 2 ). Tal fato torna crítico o uso <strong>de</strong> concentrações<br />

elevadas do álcool etílico hidratado em <strong>misturas</strong> <strong>com</strong> óleo diesel ou biodiesel. A<br />

principal conseqüência negativa é o a<strong>um</strong>ento no atraso da ignição.<br />

TABELA 2: Variação do número <strong>de</strong> cetano <strong>com</strong> a concentração <strong>de</strong> etanol na mistura <strong>com</strong> o óleo<br />

diesel.<br />

3.2.7 Índice <strong>de</strong> cetano<br />

TEOR DE ETANOL (%) NÚMERO DE CETANO<br />

0 50<br />

10 44<br />

30 26<br />

Fonte: He et al., 2003.<br />

Assim <strong>com</strong>o o número <strong>de</strong> cetano, o índice <strong>de</strong> cetano está ligado à qualida<strong>de</strong><br />

da ignição do óleo diesel. Alternativamente ao ensaio <strong>de</strong> Número <strong>de</strong> Cetano fica<br />

permitida a <strong>de</strong>terminação do Índice <strong>de</strong> Cetano calculado pelo método NBR 14759<br />

68


(ABNT, 2007) e ASTM D 4737 (ABNT, 2009e), cuja especificação fica estabelecida<br />

no valor mínimo <strong>de</strong> 45. Em caso <strong>de</strong> <strong>de</strong>sacordo <strong>de</strong> resultados prevalecerá o valor do<br />

Número <strong>de</strong> Cetano.<br />

A Eq. (1) s<strong>um</strong>ariza o cálculo do índice <strong>de</strong> cetano. Este é efetuado através da<br />

equação das quatro variáveis, na qual é consi<strong>de</strong>rada a massa específica do<br />

<strong>com</strong>bustível medida a 15ºC e as temperaturas <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação T10, T50 e T90.<br />

IC =<br />

45,<br />

2<br />

0,<br />

901B<br />

0,<br />

00049<br />

0,<br />

0892(<br />

T10<br />

− 215)<br />

+ 0,<br />

131(<br />

T50<br />

− 260)<br />

+ 0,<br />

0523(<br />

T90<br />

− 310)<br />

( T50<br />

− 260)<br />

− 0,<br />

420B(<br />

T90<br />

− 310)<br />

+ 0,<br />

00049(<br />

T10<br />

2<br />

− 215)<br />

−<br />

( T<br />

2<br />

2<br />

− 310)<br />

+ 107,<br />

0B<br />

+ 60,<br />

0B<br />

+<br />

90<br />

[ −3,<br />

5<br />

B e<br />

( ρ−<br />

0,<br />

85<br />

=<br />

) ]<br />

− 1<br />

on<strong>de</strong> IC é o índice <strong>de</strong> cetano e ρ é a massa específica do <strong>com</strong>bustível medida a<br />

15ºC, em g/cm 3 .<br />

3.2.8 Corrosivida<strong>de</strong> ao cobre<br />

O grau <strong>de</strong> corrosivida<strong>de</strong> ao cobre fornece <strong>um</strong>a indicação do potencial <strong>de</strong><br />

corrosivida<strong>de</strong> do <strong>com</strong>bustível diesel. A corrosivida<strong>de</strong> impacta diretamente sobre os<br />

<strong>com</strong>ponentes metálicos e as ligas <strong>de</strong> cobre que fazem parte do sistema <strong>de</strong><br />

alimentação <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível dos <strong>veículo</strong>s e das instalações <strong>de</strong> armazenamento. A<br />

corrosivida<strong>de</strong> do cobre é normalmente associada à presença <strong>de</strong> enxofre elementar<br />

(S°) e gás sulfídrico (H2S). O método para a realização do teste <strong>de</strong> corrosivida<strong>de</strong> ao<br />

cobre é <strong>de</strong>finido pelas normas NBR 14359 (ABNT, 2005) e ASTM D130 (ASTM,<br />

2009f). (PETROBRÁS, 2000).<br />

3.2.9 Resíduo <strong>de</strong> carbono Ramsbottom<br />

O teor do resíduo <strong>de</strong> carbono é obtido após a evaporação das frações voláteis<br />

do <strong>com</strong>bustível (resíduo dos 10% finais da <strong>de</strong>stilação), quando este é submetido ao<br />

+<br />

69<br />

(1)<br />

(2)


aquecimento sob condições controladas. Consi<strong>de</strong>rando-se o <strong>com</strong>bustível sem<br />

aditivos, o teor <strong>de</strong> resíduo <strong>de</strong> carbono correlaciona-se <strong>com</strong> a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>pósitos que po<strong>de</strong>m ser formados pelo óleo diesel na câmara <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão.<br />

Valores elevados <strong>de</strong> carbono po<strong>de</strong>m levar à formação <strong>de</strong> <strong>um</strong>a quantida<strong>de</strong><br />

excessiva <strong>de</strong> resíduo na câmara <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão, além <strong>de</strong> maior emissão <strong>de</strong> f<strong>um</strong>aça<br />

pela exaustão e maior contaminação do óleo lubrificante por fuligem. O método para<br />

a realização do teste é <strong>de</strong>finido pelas normas NBR 14318 (ABNT, 1999) e ASTM<br />

D524 (ABNT, 2009g). (PETROBRÁS, 2000).<br />

3.2.10 Teor <strong>de</strong> água e sedimentos<br />

Este item trata <strong>de</strong> <strong>um</strong>a avaliação do teor <strong>de</strong> água, <strong>de</strong> contaminantes sólidos<br />

ou <strong>de</strong> partículas <strong>de</strong> material orgânico que se encontra em suspensão no produto e<br />

que se sedimenta durante o teste. A presença <strong>de</strong>stes contaminantes em níveis<br />

superiores àqueles pré-fixados é altamente prejudicial ao óleo diesel, pois prejudica<br />

sua <strong>com</strong>bustão além <strong>de</strong> acelerar a saturação dos filtros <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível e provocar<br />

danos ao sistema <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível. No sistema <strong>de</strong> armazenagem estes<br />

contaminantes ten<strong>de</strong>m a se <strong>de</strong>positar no fundo dos tanques e, se houver a presença<br />

<strong>de</strong> água, favorece a <strong>de</strong>terioração do óleo diesel pelo <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> colônias<br />

<strong>de</strong> bactérias. O teor <strong>de</strong> água e sedimentos é <strong>de</strong>terminado pelo método <strong>de</strong>scrito<br />

pelas normas ASTM D1796 (ASTM, 2009h) e NBR14647 (ABNT,<br />

2001).(PETROBRÁS, 2000).<br />

3.2.11 Teor <strong>de</strong> cinzas<br />

O teor <strong>de</strong> cinzas correspon<strong>de</strong> à concentração <strong>de</strong> resíduos inorgânicos, não<br />

<strong>com</strong>bustíveis, apurado após a queima <strong>de</strong> <strong>um</strong>a amostra do produto. Esta avaliação<br />

visa garantir que os sais ou óxidos metálicos não venham a causar <strong>de</strong>pósitos em<br />

<strong>um</strong>a quantida<strong>de</strong> que prejudique os pistões e a câmara <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão. O ensaio<br />

consiste na queima <strong>de</strong> <strong>um</strong>a <strong>de</strong>terminada quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> amostra, seguida da<br />

70


calcinação do resíduo <strong>de</strong>sta queima. Após a calcinação, o material resultante é<br />

quantificado <strong>com</strong>o cinzas, possibilitando que se calcule o teor <strong>de</strong> cinzas do óleo<br />

diesel. O teor <strong>de</strong> cinzas é <strong>de</strong>terminado pelo método <strong>de</strong>scrito pelas normas ASTM D<br />

482 (ASTM, 2009i) e NBR 9842 (ABNT, 2009). (PETROBRÁS, 2000).<br />

3.2.12 Viscosida<strong>de</strong> a 40ºC<br />

A viscosida<strong>de</strong> é <strong>um</strong>a medida da resistência oferecida pelo fluido ao<br />

escoamento. Seu controle no <strong>com</strong>bustível visa permitir <strong>um</strong>a atomização a<strong>de</strong>quada<br />

durante a injeção do <strong>com</strong>bustível e preservar a característica lubrificante do fluido.<br />

Valores <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong> abaixo da faixa re<strong>com</strong>endada po<strong>de</strong>m levar ao <strong>de</strong>sgaste<br />

excessivo nas partes lubrificadas do sistema <strong>de</strong> injeção, vazamento na bomba <strong>de</strong><br />

<strong>com</strong>bustível e danos ao pistão do motor. Valores <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong> superiores à faixa<br />

indicada ocasionam <strong>um</strong> a<strong>um</strong>ento do trabalho da bomba <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível, que operará<br />

forçada e <strong>com</strong> maior <strong>de</strong>sgaste. Outros efeitos <strong>de</strong>vido à elevação da viscosida<strong>de</strong> do<br />

<strong>com</strong>bustível é a má atomização, a <strong>com</strong>bustão in<strong>com</strong>pleta e o a<strong>um</strong>ento da f<strong>um</strong>aça<br />

emitida na exaustão do <strong>veículo</strong>. A viscosida<strong>de</strong> é <strong>de</strong>terminada pelos métodos<br />

<strong>de</strong>scritos nas normas ASTM D 445 (ASTM, 2009) e NBR 10441 (ABNT, 2007).<br />

A maior razão para que óleos vegetais e gorduras animais <strong>de</strong>vam ser<br />

convertidos em alquil ésteres (biodiesel) é a viscosida<strong>de</strong> cinemática, buscando<br />

aproximá-la daquela do óleo diesel do petróleo. Segundo Knothe et al. (2006) a<br />

viscosida<strong>de</strong> cinemática <strong>de</strong> óleos vegetais é cerca <strong>de</strong> <strong>um</strong>a or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> magnitu<strong>de</strong><br />

superior à <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustíveis <strong>de</strong>rivados do petróleo. A alta viscosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> matérias-<br />

primas graxas não transesterificadas causam a má atomização do <strong>com</strong>bustível na<br />

câmara <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão, acarretando problemas operacionais nos motores diesel,<br />

<strong>com</strong>o a ocorrência <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos em várias partes internas do motor. Apesar <strong>de</strong><br />

alguns tipos <strong>de</strong> motores e sistemas <strong>de</strong> injeção po<strong>de</strong>rem utilizar óleos vegetais não<br />

transesterificados, a maior parte dos motores atualmente exige a utilização <strong>de</strong><br />

<strong>com</strong>bustíveis <strong>com</strong> viscosida<strong>de</strong> inferior às dos óleos vegetais. As viscosida<strong>de</strong>s<br />

cinemáticas e dinâmicas dos <strong>com</strong>bustíveis em estudo são apresentadas na Tab. 3.<br />

Os dados <strong>de</strong>monstram que a adição do etanol ao óleo diesel ou à mistura <strong>com</strong><br />

71


iodiesel reduz a viscosida<strong>de</strong> cinemática, o que contribui para a atomização da<br />

mistura ar-<strong>com</strong>bustível no interior da câmara <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão.<br />

TABELA 3<br />

Viscosida<strong>de</strong> cinemática e massa específica do etanol, óleo diesel e biodiesel.<br />

COMBUSTÍVEL<br />

VISCOSIDADE<br />

CINEMÁTICA A<br />

40ºC (mm 2 /s)<br />

MASSA<br />

ESPECÍFICA<br />

A 20ºC (kg/m 3 )<br />

Etanol anidro <strong>com</strong>bustível (AEAC) 12 1,36 791,5<br />

Óleo diesel mineral (S500) 23 2-5 820-865<br />

Óleo diesel mineral (S50) 34 2-5 820-850<br />

Biodiesel (B100) 45 3-6 850-900<br />

3.2.13 Ponto <strong>de</strong> entupimento <strong>de</strong> filtro a frio<br />

O ponto <strong>de</strong> entupimento <strong>de</strong> filtro a frio (CFPP - Cold Filter Plugging Point) é<br />

<strong>de</strong>finido <strong>com</strong>o a menor temperatura na qual o <strong>com</strong>bustível, quando resfriado sob<br />

condições controladas, não escoará ou necessitará <strong>de</strong> <strong>um</strong> tempo superior a 60 s<br />

para escoar a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 20 ml através <strong>de</strong> <strong>um</strong> filtro ou, ainda, não retorna<br />

<strong>com</strong>pletamente para o frasco <strong>de</strong> teste. Na prática, o CFPP representa a temperatura<br />

ambiente na qual o óleo diesel <strong>com</strong>eça a causar entupimento <strong>de</strong> filtros e dificulda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> bombeamento e <strong>de</strong> atomização para queima da mistura ar-<strong>com</strong>bustível na<br />

câmara <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão. Estes problemas são causados pela cristalização das<br />

parafinas (<strong>com</strong>postos presentes no óleo diesel) e pela água. O CFPP é <strong>de</strong>terminado<br />

pelo método <strong>de</strong>scrito nas normas ASTM D 6371 (ASTM, 2009k) e NBR 14747<br />

(ABNT, 2008). (PETROBRÁS, 2000).<br />

1 Resolução ANP nº 36, <strong>de</strong> 6.12.2005<br />

2 Resolução ANP nº 15, <strong>de</strong> 17.07.2006<br />

3 Resolução ANP Nº 32, <strong>de</strong> 16.10.2007<br />

4 Resolução ANP nº 7, <strong>de</strong> 19.03.2008<br />

72


3.2.14 Ponto <strong>de</strong> fulgor<br />

O ponto <strong>de</strong> fulgor é a menor temperatura na qual o <strong>com</strong>bustível gera <strong>um</strong>a<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vapores que se inflama quando se dá a aplicação <strong>de</strong> <strong>um</strong>a chama sob<br />

condições controladas. Esta característica do óleo diesel está ligada à sua<br />

inflamabilida<strong>de</strong> e serve <strong>com</strong>o indicativo dos cuidados a serem tomados durante o<br />

manuseio, transporte, armazenamento e uso do produto. O ponto <strong>de</strong> fulgor varia em<br />

função do teor <strong>de</strong> hidrocarbonetos leves existentes no óleo diesel. Esta<br />

característica limita o ponto inicial <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação do <strong>com</strong>bustível e,<br />

consequentemente, reduz o vol<strong>um</strong>e produzido. O ponto <strong>de</strong> fulgor é <strong>de</strong>terminado<br />

pelos métodos previstos nas normas ASTM D93 (ASTM, 2009l) e ISO2719 (ISO,<br />

2002). (PETROBRÁS, 2000).<br />

3.2.15 Ponto <strong>de</strong> névoa e ponto <strong>de</strong> flui<strong>de</strong>z<br />

O ponto <strong>de</strong> névoa é a temperatura na qual o líquido, submetido à refrigeração,<br />

<strong>com</strong>eça a ficar turvo. O ponto <strong>de</strong> flui<strong>de</strong>z é a temperatura na qual o líquido não mais<br />

escoa livremente. Estas proprieda<strong>de</strong>s são consi<strong>de</strong>radas importantes no que diz<br />

respeito à temperatura ambiente sob a qual o <strong>com</strong>bustível <strong>de</strong>ve ser armazenado e<br />

utilizado. A partir do ponto <strong>de</strong> névoa a flui<strong>de</strong>z do <strong>com</strong>bustível se reduz, a perda <strong>de</strong><br />

carga nos filtros do sistema <strong>de</strong> alimentação a<strong>um</strong>enta e alteram-se a forma e as<br />

dimensões das gotas na saída do bico injetor. Conseqüentemente, ocorre redução<br />

do <strong>de</strong>sempenho do motor e a<strong>um</strong>ento da emissão <strong>de</strong> material particulado. Do norte<br />

ao sul do Brasil as temperaturas são amenas, não constituindo problema <strong>de</strong><br />

congelamento do <strong>com</strong>bustível. O ponto <strong>de</strong> névoa é <strong>de</strong>terminado pelas normas ASTM<br />

D2500(ASTM, 2009o) e ABNT 11347 (ABNT, 2007). O ponto <strong>de</strong> flui<strong>de</strong>z é<br />

<strong>de</strong>terminado pelas normas ASTM D97 (ASTM, 2009n) e ABNT NBR 11349 (ABNT,<br />

2009). (PETROBRÁS, 2000).<br />

73


3.2.16 Lubricida<strong>de</strong><br />

A lubricida<strong>de</strong> é <strong>um</strong>a medida do po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> lubrificação <strong>de</strong> <strong>um</strong>a substância,<br />

sendo <strong>um</strong>a função <strong>de</strong> várias <strong>de</strong> suas proprieda<strong>de</strong>s físicas, <strong>de</strong>stacando-se a<br />

viscosida<strong>de</strong> e a tensão superficial. Diferentemente dos motores <strong>com</strong> ignição por<br />

centelha, os motores diesel exigem que o <strong>com</strong>bustível tenha lubricida<strong>de</strong> elevada.<br />

Assim, possibilita a lubrificação a<strong>de</strong>quada dos <strong>com</strong>ponentes internos em movimento,<br />

tais <strong>com</strong>o bombas <strong>de</strong> alta pressão e injetores <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível.<br />

A lubricida<strong>de</strong> é <strong>de</strong>terminada pelo método previsto na norma ASTM D6079<br />

(ASTM, 2009m). (PETROBRÁS, 2000).<br />

3.2.17 Po<strong>de</strong>r calorífico<br />

O po<strong>de</strong>r calorífico <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>com</strong>bustível é <strong>de</strong>finido <strong>com</strong>o a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> calor<br />

<strong>de</strong>sprendida durante a sua <strong>com</strong>bustão estequiométrica (λ = 1). O po<strong>de</strong>r calorífico<br />

é obtido em laboratório a partir <strong>de</strong> <strong>um</strong> calorímetro <strong>de</strong> temperatura controlada e<br />

<strong>um</strong>a bomba <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão. Caso a água gerada <strong>com</strong>o produto da <strong>com</strong>bustão se<br />

encontre na fase vapor, a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> calor liberada no processo é <strong>de</strong>nominada<br />

po<strong>de</strong>r calorífico inferior (PCI). Se a água formada na <strong>com</strong>bustão é totalmente<br />

con<strong>de</strong>nsada para a fase líquida, a energia liberada pelo <strong>com</strong>bustível é chamada<br />

po<strong>de</strong>r calorífico superior (PCS). A diferença entre o PCS e o PCI é a entalpia <strong>de</strong><br />

vaporização da água formada no processo <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão (GARCIA, 2002).<br />

Normalmente o PCI é o mais utilizado em processos <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão, <strong>um</strong>a vez que a<br />

água contida nos produtos a alta temperatura se encontra na fase vapor. O po<strong>de</strong>r<br />

calorífico do óleo diesel situa-se em torno <strong>de</strong> 43,0 MJ/kg, e o do biodiesel (B100)<br />

38,0 MJ/kg. (KEGL, 2008a).<br />

74


3.3 Influência das proprieda<strong>de</strong>s do <strong>com</strong>bustível na partida a frio<br />

Segundo Rezen<strong>de</strong> e Ávila (2008), os motores <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão interna <strong>com</strong><br />

ignição por <strong>com</strong>pressão utilizados em <strong>veículo</strong>s diesel estão sujeitos a problemas <strong>de</strong><br />

funcionamento e/ou <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho em situações <strong>de</strong> partida a frio. Parafinas <strong>de</strong> alta<br />

massa molar presentes nesse <strong>com</strong>bustível se cristalizam a baixas temperaturas,<br />

formando <strong>um</strong>a cera suspensa na fase líquida. Esses cristais po<strong>de</strong>m interromper o<br />

fluxo <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível <strong>de</strong>vido ao entupimento do filtro <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível. Da mesma<br />

forma que o óleo diesel, o biodiesel também está sujeito a problemas <strong>de</strong><br />

entupimento <strong>de</strong> filtro. O <strong>com</strong>portamento a frio do biodiesel está diretamente<br />

relacionado <strong>com</strong> a <strong>com</strong>posição do triglicerí<strong>de</strong>o da matéria-prima <strong>de</strong> origem. O<br />

biodiesel produzido a partir <strong>de</strong> matéria-prima <strong>com</strong>posta por alta concentração <strong>de</strong><br />

ácidos graxos saturados <strong>de</strong> ca<strong>de</strong>ias longas ten<strong>de</strong> a ter baixa flui<strong>de</strong>z em<br />

temperaturas baixas. Uma amostra <strong>de</strong> biodiesel <strong>com</strong> elevada concentração <strong>de</strong><br />

insaturados, apesar <strong>de</strong> possuir boas características <strong>de</strong> flui<strong>de</strong>z, apresenta baixa<br />

estabilida<strong>de</strong> à oxidação. O equilíbrio <strong>de</strong>ssas duas proprieda<strong>de</strong>s po<strong>de</strong> ser atingido<br />

através do balanço entre saturados e insaturados ou por meio <strong>de</strong> aditivos.<br />

No Brasil, o óleo diesel possui <strong>um</strong> limite máximo <strong>de</strong> CFPP que varia <strong>de</strong> 0 a<br />

12°C, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da região do país e do mês. Para o biodiesel puro (B100),<br />

alg<strong>um</strong>as regiões possuem limite máximo <strong>de</strong> 19°C. Para as <strong>de</strong>mais regiões o valor<br />

<strong>de</strong>ve ser anotado. O biodiesel po<strong>de</strong>rá ser <strong>com</strong>ercializado <strong>com</strong> o valor <strong>de</strong> CFPP<br />

superior ao limite <strong>de</strong> especificação, caso haja acordo entre as partes envolvidas.<br />

Segundo a ANP (2008), os métodos <strong>de</strong> análises indicados não po<strong>de</strong>m ser<br />

empregados apenas para o biodiesel oriundo <strong>de</strong> mamona. Para os casos <strong>de</strong><br />

<strong>misturas</strong> óleo diesel/biodiesel consi<strong>de</strong>ra-se a especificação do diesel.<br />

De acordo <strong>com</strong> Rezen<strong>de</strong> e Ávila (2008), da mesma forma que as <strong>de</strong>mais<br />

proprieda<strong>de</strong>s do <strong>com</strong>bustível avaliadas a frio, a viscosida<strong>de</strong> também a<strong>um</strong>enta <strong>com</strong> o<br />

tamanho da ca<strong>de</strong>ia e <strong>com</strong> o grau <strong>de</strong> saturação das moléculas. A viscosida<strong>de</strong> é <strong>um</strong><br />

parâmetro importante para os sistemas <strong>de</strong> alimentação e <strong>de</strong> injeção dos <strong>veículo</strong>s.<br />

Viscosida<strong>de</strong>s elevadas dificultam a admissão <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível no tanque e sua<br />

vaporização na câmara <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão. A viscosida<strong>de</strong> influencia também o CFPP.<br />

Quanto maior o valor da viscosida<strong>de</strong>, maior a resistência ao escoamento e maior o<br />

tempo necessário para passagem do <strong>com</strong>bustível pelo filtro.<br />

75


3.4 Cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível<br />

Uma medida representativa para o cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível é o cons<strong>um</strong>o<br />

específico <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível (SFC - Specific Fuel Cons<strong>um</strong>ption):<br />

On<strong>de</strong>:<br />

⋅<br />

⋅<br />

76<br />

mf<br />

SFC = (3)<br />

P<br />

mf = taxa <strong>de</strong> escoamento <strong>de</strong> massa <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível admitida pelo motor (kg/h)<br />

P = Potência <strong>de</strong>senvolvida pelo motor (kW).<br />

O SFC me<strong>de</strong> a eficiência do uso do <strong>com</strong>bustível pelo motor para produzir<br />

trabalho. Para mo<strong>de</strong>rnos motores diesel o valor <strong>de</strong> referência do SFC é 0,200<br />

kg/kW.h, embora valores cada vez menores sejam <strong>de</strong>sejáveis (HEYWOOD, 1988,<br />

p.52). Para <strong>um</strong>a análise da quantida<strong>de</strong> do po<strong>de</strong>r calorífico do <strong>com</strong>bustível que é<br />

convertida em energia útil, utiliza-se o termo eficiência <strong>de</strong> conversão do <strong>com</strong>bustível:<br />

3600<br />

η f =<br />

(4)<br />

SFC ⋅ PCI<br />

Segundo Schafer e Basshuysen (1995) os fatores relacionados a seguir são<br />

consi<strong>de</strong>rados <strong>de</strong> relevante importância para o cons<strong>um</strong>o específico <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível<br />

em motores diesel <strong>de</strong> injeção direta.<br />

3.4.1 Duração da injeção<br />

Basshuysen e Schaefer (2004) ressaltam que a duração da injeção <strong>de</strong><br />

<strong>com</strong>bustível exerce <strong>um</strong> impacto significativo sobre o cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível, além<br />

<strong>de</strong> efeitos <strong>de</strong> tensões mecânicas nos <strong>com</strong>ponentes do motor, ruído <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão e


<strong>emissões</strong> <strong>de</strong> poluentes. Os <strong>com</strong>ponentes do sistema <strong>de</strong> alimentação (bombas <strong>de</strong><br />

alta pressão e injetores, por exemplo) asseguram a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível<br />

injetado <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> <strong>um</strong> certo periodo <strong>de</strong> tempo.<br />

A duração da injeção é <strong>com</strong>preendida pelo início da injeção e o término da<br />

mesma, ocorrendo neste intervalo a ignição. A diferença entre o início da injeção e a<br />

ignição é <strong>de</strong>finida <strong>com</strong>o o atraso <strong>de</strong> ignição. Portanto, o atraso <strong>de</strong> ignição em <strong>um</strong><br />

motor diesel é o tempo requerido após o início da injeção <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível para o<br />

processo <strong>de</strong> ignição produza os núcleos da chama na câmara <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão e <strong>um</strong>a<br />

<strong>com</strong>bustão <strong>de</strong>tectável. Em função das condições existentes no motor, no que diz<br />

respeito à injeção <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível, o atraso <strong>de</strong> ignição é cerca <strong>de</strong> 2 ms.<br />

De modo a possibilitar <strong>um</strong>a otimização física e química do processo <strong>de</strong><br />

<strong>com</strong>bustão da mistura, é <strong>de</strong>sejável <strong>um</strong> reduzido atraso <strong>de</strong> ignição <strong>de</strong> modo que<br />

ocorra <strong>um</strong> mo<strong>de</strong>rado a<strong>um</strong>ento da pressão e da temperatura na câmara <strong>de</strong><br />

<strong>com</strong>bustão após a ignição, além <strong>de</strong> reduzir a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível injetada. O<br />

a<strong>um</strong>ento do atraso <strong>de</strong> ignição gera <strong>um</strong>a maior troca térmica entre as pare<strong>de</strong>s do<br />

cilindro e da mistura, favorecendo ignições localizadas <strong>com</strong> conseqüente <strong>com</strong>bustão<br />

in<strong>com</strong>pleta, a<strong>um</strong>ento no cons<strong>um</strong>o específico e formação <strong>de</strong> fuligem (BASSHUYEN e<br />

SCHAEFER, 2004; KHAIR, 2006).<br />

Segundo Basshuysen e Schaefer (2004), <strong>um</strong> curto atraso <strong>de</strong> ignição é gerado<br />

por influências físicas e químicas. As influências físicas são exercidas por elevada<br />

temperatura e pressão do gás na câmara <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão no início da injeção <strong>de</strong><br />

<strong>com</strong>bustível, forte atomização do <strong>com</strong>bustível e elevadas velocida<strong>de</strong>s relativas do<br />

<strong>com</strong>bustível e do ar. As influências químicas são estabelecidas por elevada<br />

ignibilida<strong>de</strong> do <strong>com</strong>bustível (elevado número <strong>de</strong> cetano), elevada temperatura do<br />

<strong>com</strong>bustível, elevada pressão e temperatura do gás no início da injeção.<br />

3.4.2 Pressão <strong>de</strong> injeção<br />

Pressões <strong>de</strong> injeção elevadas, maiores que 1500 bar, são <strong>de</strong>sejáveis para<br />

reduzir o cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível e a emissão <strong>de</strong> poluentes. Basshuyssen e<br />

Schaefer (2004) citam que o atual patamar <strong>de</strong> pressões <strong>de</strong> injeção, superiores a<br />

77


2000 bar, <strong>com</strong>parado ao dos sistemas primitivos possuem <strong>com</strong>o potencialida<strong>de</strong>s e<br />

efeitos a redução do diâmetro <strong>de</strong> abertura dos injetores, o a<strong>um</strong>ento da velocida<strong>de</strong> do<br />

jato <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível a antecipação do início da formação <strong>de</strong> mistura ar-<strong>com</strong>bustível<br />

(em virtu<strong>de</strong> do a<strong>um</strong>ento da área superficial reativa e da melhor distribuição da<br />

mistura) e a redução do diâmetro médio das gotas <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível (maior área da<br />

superfície para a reação). Outros efeitos são a geração da mistura mais intensa,<br />

evaporação <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível mais rápida, distribuição da mistura mais rápida,<br />

a<strong>um</strong>ento da taxa <strong>de</strong> conversão, a<strong>um</strong>ento do grau <strong>de</strong> homogenização da mistura fria,<br />

redução da duração <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão, melhoramento (interno) da oxidação da fuligem<br />

e menores partículas <strong>de</strong> fuligem.<br />

3.4.3 Recirculação do gás <strong>de</strong> exaustão<br />

No início da década <strong>de</strong> 1970 a recirculação externa <strong>de</strong> gases <strong>de</strong> exaustão foi<br />

utilizada pela primeira vez em automóveis <strong>de</strong> produção em série nos EUA. Esta<br />

técnica foi usada <strong>de</strong> modo a aten<strong>de</strong>r os limites <strong>de</strong> <strong>emissões</strong> da época. Durante a<br />

recirculação <strong>de</strong> gases <strong>de</strong> exaustão, <strong>um</strong>a parte do gás queimado é direcionada a<br />

partir do coletor <strong>de</strong> exaustão ao coletor <strong>de</strong> admissão, on<strong>de</strong> é misturada <strong>com</strong> a<br />

mistura fresca. A adição <strong>de</strong> gases <strong>de</strong> exaustão queimados reduz o pico <strong>de</strong><br />

temperatura da <strong>com</strong>bustão e, por sua vez, reduz as <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> NOx.<br />

Adicionalmente os gases <strong>de</strong> exaustão recirculados po<strong>de</strong>m também auxiliar a reduzir<br />

o cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível em <strong>um</strong>a faixa <strong>de</strong> carga parcial <strong>de</strong> operação do motor.<br />

(BASSHUYSEN; SCHAEFER, 2004). Degobert (1995) cita que a otimização da EGR<br />

possibilita reduzir as <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> NOX em até 40% sem impactos no cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong><br />

<strong>com</strong>bustível ou nas <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> HC e sem penalizar excessivamente as <strong>emissões</strong><br />

<strong>de</strong> CO e <strong>de</strong> material particulado.<br />

78


3.5 Combustão em motores diesel<br />

3.5.1 Equação <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão em motores diesel<br />

A <strong>com</strong>bustão é <strong>um</strong>a seqüência <strong>com</strong>plexa <strong>de</strong> reações químicas exotérmicas<br />

entre <strong>um</strong> <strong>com</strong>bustível e <strong>um</strong> oxidante. Em <strong>um</strong>a reação <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão <strong>com</strong>pleta, <strong>um</strong><br />

<strong>com</strong>posto reage <strong>com</strong> <strong>um</strong> elemento tal <strong>com</strong>o o oxigênio, e os produtos são<br />

<strong>com</strong>postos <strong>de</strong> cada elemento do <strong>com</strong>bustível <strong>com</strong> o elemento <strong>de</strong> oxidação. Como<br />

exemplo, a reação <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão do do<strong>de</strong>cano, C12H26, é estabelecida pela Eq. (5):<br />

C12 H26<br />

+ 37O2<br />

→ 12CO2<br />

+ 13H2O<br />

+calor (5)<br />

No caso dos motores <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão interna, <strong>com</strong>o na maioria das aplicações,<br />

o oxidante é o oxigênio presente no ar ambiente. Usualmente consi<strong>de</strong>ra-se, n<strong>um</strong>a<br />

aproximação suficientemente aceitável, o ar atmosférico <strong>com</strong>posto <strong>de</strong> 21% <strong>de</strong><br />

oxigênio (O2) e 79% <strong>de</strong> nitrogênio (N2).<br />

3.5.2 Razão <strong>de</strong> Equivalência da Mistura<br />

O <strong>com</strong>burente utilizado nos motores <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão interna é o oxigênio<br />

presente no ar introduzido no motor pelo sistema <strong>de</strong> admissão. A razão<br />

ar/<strong>com</strong>bustível é a razão entre a massa <strong>de</strong> ar e a massa <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível admitida<br />

pelo motor por ciclo. O parâmetro inverso é a razão <strong>com</strong>bustível/ar. É <strong>um</strong> dos<br />

principais parâmetros <strong>de</strong> <strong>de</strong>finição das condições <strong>de</strong> operação do motor:<br />

A<br />

F<br />

⎛<br />

= ⎜<br />

⎝<br />

F ⎞<br />

⎟<br />

A ⎠<br />

−1<br />

=<br />

ma<br />

mF<br />

=<br />

⋅<br />

ma<br />

⋅<br />

mF<br />

79<br />

(6)


Razão estequiométrica é a relação entre a massa <strong>de</strong> ar e massa <strong>de</strong><br />

<strong>com</strong>bustível que proporciona <strong>um</strong>a reação <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão <strong>com</strong>pleta, ou seja, resulta<br />

unicamente dióxido <strong>de</strong> carbono (CO2), vapor d’água (H2O) e nitrogênio (N2) <strong>com</strong>o<br />

produtos da <strong>com</strong>bustão. Como exemplo, a <strong>com</strong>bustão estequiométrica do do<strong>de</strong>cano<br />

em ar atmosférico é assim escrita:<br />

C H + 18,<br />

5(<br />

O + 3,<br />

773N<br />

→ 12CO<br />

+ 13H<br />

O + 69,<br />

80N<br />

(7)<br />

12<br />

26<br />

2<br />

2<br />

Define-se <strong>com</strong>o Fator Lambda da mistura, λ, a relação entre a razão<br />

ar/<strong>com</strong>bustível admitida pelo motor e a razão ar/<strong>com</strong>bustível estequiométrica para o<br />

mesmo <strong>com</strong>bustível. A Eq. (8) apresenta a equação para <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong> λ.<br />

<strong>de</strong>finida:<br />

( A / F)<br />

( A / F)<br />

S<br />

2<br />

2<br />

2<br />

80<br />

λ =<br />

(8)<br />

Similarmente, a razão <strong>de</strong> equivalência da mistura <strong>com</strong>bustível/ar, φ, é assim<br />

φ = λ<br />

−1<br />

=<br />

( / F)<br />

( A / F)<br />

A S<br />

Desse modo, a reação <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão in<strong>com</strong>pleta do do<strong>de</strong>cano para mistura<br />

rica (quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível acima da razão estequiométrica) ou pobre<br />

(quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível abaixo da requerida para a razão estequiométrica) po<strong>de</strong><br />

ser expressa:<br />

C<br />

12<br />

H<br />

26<br />

18,<br />

5<br />

+<br />

φ<br />

( O + 3,<br />

773N<br />

)<br />

2<br />

2<br />

→ aCO<br />

+ fH<br />

2<br />

2<br />

+ bCO + cH O + dN<br />

+ gO + hH + iOH + jNO<br />

2<br />

2<br />

+ eO<br />

2<br />

(9)<br />

(10)<br />

on<strong>de</strong> a ... j são as concentrações dos produtos da <strong>com</strong>bustão rica (φ > 1) ou<br />

pobre (φ < 1), que, neste caso, po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>terminadas por <strong>um</strong> balanço atômico<br />

entre produtos e reagentes.


3.5.3 Equação <strong>de</strong> queima <strong>de</strong> Wiebe<br />

A equação <strong>de</strong> energia aplicada à câmara <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão <strong>de</strong> <strong>um</strong> motor <strong>com</strong><br />

ignição por <strong>com</strong>pressão na fase fechada do ciclo (válvulas <strong>de</strong> admissão e exaustão<br />

fechadas) é dada por (Ramos, 1989):<br />

On<strong>de</strong>:<br />

Qc = calor liberado pelo <strong>com</strong>bustível (kJ).<br />

Q W = calor transferido às pare<strong>de</strong>s da câmara (kJ).<br />

hc = entalpia <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível (kJ/kg).<br />

1<br />

Qc − Qw + h ⋅ ∆m<br />

= U − U + W<br />

(11)<br />

2<br />

1<br />

2<br />

∆ mc<br />

= massa <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível injetado entre os estados 1(PMI) e 2(PMS) na<br />

fase <strong>de</strong> <strong>com</strong>pressão (kg).<br />

U2 − U1=<br />

variação da energia interna dos gases no interior da câmara (kJ).<br />

1Qw 2 = trabalho realizado pelos gases sobre o pistão do motor (kJ).<br />

On<strong>de</strong>:<br />

A equação do trabalho realizado pelos gases sobre o pistão é dada por:<br />

1<br />

2C<br />

PCI c = calor liberado pelo <strong>com</strong>bustível (kJ).<br />

c<br />

C<br />

c<br />

c<br />

c<br />

2<br />

1<br />

1<br />

2<br />

81<br />

Q = ∆m<br />

⋅ PCI ⋅ ∆χ<br />

(12)<br />

∆ χc<br />

= fração <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível queimado entre os estados 1 e 2.<br />

A equação do calor transferido as pare<strong>de</strong>s do cilindro é dada por:<br />

1<br />

Qw<br />

2<br />

⎧<br />

⎪<br />

= ⎨C<br />

⎪<br />

⎩<br />

1<br />

⎛ − ⎞<br />

K ⎜ ρ V D ⎟<br />

⎜ ⎟<br />

D ⎜ µ ⎟<br />

⎝ ⎠<br />

C2<br />

4 4<br />

[ ∑ A ( T − T ) + C ∑ A ( T − T ) ]<br />

W<br />

W<br />

3<br />

W<br />

W<br />

⎫<br />

⎪ ∆<br />

⎬ ⋅<br />

⎪ 360<br />

⎭<br />

1<br />

W(<br />

rps)<br />

(13)


On<strong>de</strong>:<br />

µ = coeficiente <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong> dinâmica (kJ)<br />

K = X · Y<br />

C = β ⋅ σ = constante <strong>de</strong> Stefan-Boltzman = 5,67x10 -8 (W/m 2 ·K 4 )<br />

3<br />

On<strong>de</strong>:<br />

A entalpia que a<strong>com</strong>panha a massa <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível injetado é dada por:<br />

82<br />

hc ⋅ ∆mc<br />

= hc<br />

⋅ mc<br />

⋅ ∆χc<br />

(14)<br />

A correlação semi-empírica <strong>de</strong> Wiebbe é <strong>de</strong>scrita pela Eq. (15):<br />

⎡<br />

m+1<br />

⎛ θ − θ ⎤<br />

⎢ ig ⎞<br />

χ = 1 − exp − a⎜<br />

⎟ ⎥<br />

(15)<br />

⎢ ⎜ ⎟ ⎥<br />

⎣<br />

⎝ ∆θb<br />

⎠<br />

⎦<br />

a = parâmetro <strong>de</strong> eficiência da <strong>com</strong>bustão (4,065 ≤ a ≤ 6,908 ).<br />

θ ig = ângulo <strong>de</strong> ignição (grau).<br />

∆ θb<br />

= ângulo <strong>de</strong> duração da <strong>com</strong>bustão (grau).<br />

θ = ângulo <strong>de</strong> ignição (grau).<br />

m = fator <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da forma da câmara <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão.<br />

On<strong>de</strong>:<br />

A função dupla <strong>de</strong> Wiebbe é dada por:<br />

d = fase difusiva da <strong>com</strong>bustão.<br />

p = pré-mistura do <strong>com</strong>bustível.<br />

⎡<br />

mp<br />

+ 1⎤<br />

⎡<br />

md+<br />

1<br />

⎛ θ − θ<br />

⎛ θ − θ ⎞ ⎤<br />

ig ⎞<br />

ig<br />

χ = 1 − χ ⎢ ⎜ ⎟ ⎥ − χ ⋅ ⎢−<br />

⎜ ⎟ ⎥<br />

p ⋅ exp − a<br />

⎢ ⎜ ⎟<br />

d exp a<br />

⎥ ⎢ ⎜ ⎟<br />

(16)<br />

⎥<br />

⎣ ⎝ ∆θ<br />

⎣ ⎝ ∆θb<br />

⎠<br />

b<br />

⎦<br />

⎠ ⎦<br />

χ p = fração do <strong>com</strong>bustível queimada na fase <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão.


∆ θp<br />

= duração da fase <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão difusiva (grau).<br />

m p = fator <strong>de</strong> forma da câmara para a fase <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão pré-misturada.<br />

m d = fator <strong>de</strong> forma da câmara para a fase <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão difusiva.<br />

Ainda,<br />

83<br />

χ d = 1− χa<br />

(17)<br />

∆ θ = ∆θ<br />

(18)<br />

p<br />

3.6 Formação e <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> poluentes na exaustão <strong>de</strong> motores diesel<br />

3.6.1 Poluentes regulados<br />

b<br />

Os poluentes controlados pela legislação e que inci<strong>de</strong>m em gran<strong>de</strong><br />

quantida<strong>de</strong> no período <strong>de</strong> início <strong>de</strong> funcionamento a frio do motor a diesel são os<br />

hidrocarbonetos (HC), monóxido <strong>de</strong> carbono (CO), os óxidos <strong>de</strong> nitrogênio (NOx), o<br />

material particulado (MP) e o Índice <strong>de</strong> Opacida<strong>de</strong>.<br />

De acordo <strong>com</strong> Majewski e Khair (2006, p.122), existem diversos poluentes<br />

não regulamentados ou poluentes suspeitos que po<strong>de</strong>m ser encontrados na<br />

exaustão diesel, usualmente em níveis <strong>de</strong> concentrações bem menores do que<br />

aqueles poluentes regulamentados. Os autores citam que alguns <strong>de</strong>stes<br />

<strong>com</strong>ponentes são partes da <strong>com</strong>plexa emissão <strong>de</strong> material particulado e outros são<br />

espécies totalmente separadas na fase gasosa. A lista das <strong>emissões</strong> diesel não<br />

regulamentadas incluem os seguintes <strong>com</strong>ponentes:<br />

− Hidrocarbonetos polinucleares aromáticos (PAH), que são <strong>com</strong>postos<br />

orgânicos pesados encontrados frequentemente em DPM (somente alguns<br />

PAH estão presentes também na fase gasosa).<br />

− Frações orgânicas solúveis (SOF), que constituem parte do DPM.<br />

− Al<strong>de</strong>ídos, R-CHO, que são <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> hidrocarbonetos (formal<strong>de</strong>ído,<br />

HCHO, é regulamentado em alg<strong>um</strong>as aplicações).


− Dióxido <strong>de</strong> enxofre (SO2), a partir do enxofre presente no <strong>com</strong>bustível.<br />

− Óxido nitroso (N2O), não incluído no NOx.<br />

− Dioxinas: embora não haja nenh<strong>um</strong>a prova conclusiva, neste momento, as<br />

<strong>emissões</strong> <strong>de</strong> diesel são suspeitas <strong>de</strong> serem <strong>um</strong>a fonte potencial <strong>de</strong> emissão<br />

<strong>de</strong> dioxinas.<br />

− Óxidos <strong>de</strong> metais: diversos aditivos <strong>de</strong> óleos lubrificantes incluem <strong>com</strong>postos<br />

metalorgânicos resultando em emissão <strong>de</strong> óxido <strong>de</strong> metal incluindo fósforo,<br />

zinco e cálcio. Aditivos para <strong>com</strong>bustíveis <strong>com</strong> objetivo <strong>de</strong> controle <strong>de</strong><br />

<strong>emissões</strong> po<strong>de</strong>m resultar em <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> ferro, cério ou outros metais.<br />

3.6.2 Monóxido <strong>de</strong> carbono<br />

A <strong>com</strong>bustão <strong>de</strong> hidrocarbonetos é <strong>um</strong> processo <strong>de</strong> oxi-redução, ocorrendo a<br />

oxidação do carbono e a redução do hidrogênio, <strong>com</strong> liberação <strong>de</strong> energia e<br />

formação <strong>de</strong> novos <strong>com</strong>postos, sendo o principal elemento o dióxido <strong>de</strong> carbono<br />

(CO2). Quando a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oxigênio presente na mistura ar/<strong>com</strong>bustível é<br />

insuficiente para promover a <strong>com</strong>pleta oxidação do carbono presente na câmara <strong>de</strong><br />

<strong>com</strong>bustão ocorre à formação <strong>de</strong> monóxido <strong>de</strong> carbono (CO).<br />

Segundo Majewski e Khair (2006, p.124), a <strong>um</strong>a elevada temperatura ou<br />

através <strong>de</strong> <strong>um</strong> catalisador oxidante, o monóxido <strong>de</strong> carbono po<strong>de</strong> ser oxidado pelo<br />

oxigênio e formar dióxido <strong>de</strong> carbono. A Eq. (19) <strong>de</strong>monstra a reação citada:<br />

2CO + O2<br />

→ 2CO2<br />

+ 565,<br />

6 kJ/mol (19)<br />

Esta reação produz elevado efeito térmico, sendo que no caso <strong>de</strong> gases <strong>de</strong><br />

exaustão ricos em CO, po<strong>de</strong>m causar <strong>um</strong> significativo a<strong>um</strong>ento na temperatura do<br />

gás em reatores catalíticos projetados para oxidar o CO. Uma oxidação adiabática<br />

<strong>de</strong> 1% <strong>de</strong> CO no fluxo <strong>de</strong> gases <strong>de</strong> exaustão a<strong>um</strong>entam a temperatura do gás em<br />

aproximadamente 100 ºC.<br />

Atualmente as <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> CO dos novos motores diesel são relativamente<br />

baixas, estando em <strong>um</strong>a faixa entre 10 a 500 ppm. (MAJEWSKI; KHAIR, 2006).<br />

84


Heywood (1988) afirma que a formação <strong>de</strong> monóxido <strong>de</strong> carbono (CO) em<br />

motores <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão interna <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> primariamente da razão <strong>de</strong> equivalência da<br />

mistura <strong>com</strong>bustível/ar (φ). Misturas ricas fazem <strong>com</strong> que falte O2 para formação do<br />

CO2. Todas as outras variáveis ocasionam variações menos relevantes. Em motores<br />

multi-cilindros, se a meta<strong>de</strong> dos cilindros roda <strong>com</strong> <strong>um</strong>a mistura pobre e a outra<br />

meta<strong>de</strong> <strong>com</strong> <strong>um</strong>a mistura rica, então os cilindros <strong>com</strong> mistura pobre produzem muito<br />

menos CO do que os cilindros <strong>com</strong> mistura rica. A média <strong>de</strong> emissão do CO no<br />

motor correspon<strong>de</strong>ria a sua razão <strong>de</strong> equivalência <strong>de</strong> mistura mais rica do que<br />

média. Assim, a chave para minimizar a emissão <strong>de</strong> CO é minimizar o tempo que o<br />

motor opera <strong>com</strong> a mistura rica e a utilização <strong>de</strong> <strong>um</strong> sistema <strong>de</strong> indução que<br />

minimize a variação <strong>de</strong> φ <strong>de</strong> cilindro para cilindro e <strong>de</strong> ciclo a ciclo.<br />

Motores Diesel operam <strong>com</strong> <strong>misturas</strong> mais pobres, conseqüentemente, suas<br />

<strong>emissões</strong> <strong>de</strong> monóxido <strong>de</strong> carbono são mais baixas e, geralmente, não são<br />

consi<strong>de</strong>radas <strong>um</strong> problema.<br />

A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enriquecimento da mistura quando o motor está frio faz<br />

<strong>com</strong> que as <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> monóxido <strong>de</strong> carbono durante o aquecimento do motor<br />

sejam muito maiores em relação à operação do motor <strong>com</strong>pletamente aquecido. Os<br />

maiores índices <strong>de</strong> potência são obtidos <strong>com</strong> a mistura levemente rica, que<br />

apresenta níveis <strong>de</strong> <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> NO e CO elevados. Nas <strong>misturas</strong> ligeiramente<br />

pobres o nível <strong>de</strong> CO se reduz, mas o nível <strong>de</strong> NO é relativamente alto. Com o<br />

objetivo <strong>de</strong> reduzir o nível <strong>de</strong> NO, usa-se a recirculação dos gases residuais,<br />

afetando a qualida<strong>de</strong> da <strong>com</strong>bustão. A FIGURA 9 apresenta a variação da<br />

concentração <strong>de</strong> CO e NO em função da razão <strong>de</strong> equivalência da mistura<br />

<strong>com</strong>bustível/ar (φ).<br />

85


Figura 9: Variação das concentrações <strong>de</strong> NO e CO na exaustão <strong>de</strong> <strong>um</strong> motor convencional do ciclo<br />

Otto <strong>com</strong> a razão <strong>de</strong> equivalência da mistura <strong>com</strong>bustível/ar.<br />

Fonte: Raggi (2005)<br />

3.6.3 Hidrocarbonetos<br />

Em motores <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão interna <strong>com</strong> ignição por <strong>com</strong>pressão são duas as<br />

causas principais da presença <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível não queimado na exaustão<br />

(HEYWOOD, 1988):<br />

− o <strong>com</strong>bustível misturado entre o início da sua injeção e o início da <strong>com</strong>bustão<br />

é mais pobre que o limite <strong>de</strong> mistura pobre a<strong>de</strong>quado para o motor.<br />

− a não ocorrência <strong>de</strong> mistura do <strong>com</strong>bustível <strong>com</strong> o ar <strong>de</strong>vido à baixa<br />

velocida<strong>de</strong> do <strong>com</strong>bustível ao sair dos furos do bico injetor.<br />

Segundo Degobert (1995), a emissão <strong>de</strong> hidrocarbonetos não queimados, ou<br />

substâncias orgânicas <strong>de</strong> <strong>um</strong> modo geral, resulta da <strong>com</strong>bustão in<strong>com</strong>pleta <strong>de</strong><br />

hidrocarbonetos. Contrariamente ao CO e NOx, estes formados em <strong>um</strong>a fase<br />

homogênea a elevada temperatura, os hidrocarbonetos resultam a partir <strong>de</strong> efeitos<br />

heterogêneos na mistura e na vizinhança <strong>com</strong> as pare<strong>de</strong>s do cilindro,<br />

86


consequentemente a <strong>um</strong>a baixa temperatura. Hidrocarbonetos não queimados<br />

incluem <strong>um</strong>a ampla varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> hidrocarbonetos os quais são perigosos a saú<strong>de</strong><br />

ou possuem diferentes reativida<strong>de</strong>s nas conversões químicas troposféricas. Em<br />

particular, HC não queimados contém <strong>um</strong>a ampla proporção <strong>de</strong> metano, o qual é<br />

inerte neste sentido. Enquanto <strong>com</strong>postos carbonílicos são consi<strong>de</strong>rados para<br />

somente <strong>um</strong> pequeno percentual <strong>de</strong> <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> HC em motores <strong>de</strong> ignição por<br />

centelha, al<strong>de</strong>ídos po<strong>de</strong>m ter <strong>um</strong>a variação acima <strong>de</strong> 10% nas <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> HC em<br />

motores diesel a entre estas al<strong>de</strong>ídos e formal<strong>de</strong>ídos representam 20% do total <strong>de</strong><br />

<strong>com</strong>postos carbonílicos.<br />

Mesmo <strong>com</strong> excesso <strong>de</strong> oxigênio, característica esta da <strong>com</strong>bustão diesel,<br />

condições heterogêneas da câmara <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão po<strong>de</strong>m causar reações <strong>de</strong><br />

oxidação in<strong>com</strong>pletas e não queimadas ou parcialmente hidrocarbonetos oxidados<br />

na exaustão em adição ao CO. Alguns <strong>de</strong>stes <strong>com</strong>ponentes são responsáveis pelo<br />

odor típico da exaustão diesel. Todos os parâmetros que melhoram a exploração do<br />

oxigênio na câmara <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão (tal <strong>com</strong>o o escoamento turbulento da mistura) ou<br />

a<strong>um</strong>ento das temperaturas da <strong>com</strong>bustão po<strong>de</strong>m reduzir as <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> CO e HC.<br />

(BASSHUYSEN; SCHAFER, 2004, p.601).<br />

3.6.4 Óxidos <strong>de</strong> nitrogênio<br />

Os óxidos <strong>de</strong> nitrogênio (NOX) apresentam-se nos gases <strong>de</strong> exaustão <strong>com</strong>o<br />

óxido nítrico (NO) e dióxido <strong>de</strong> nitrogênio (NO2). Os elementos óxido nítrico (NO) e<br />

dióxido <strong>de</strong> nitrogênio (NO2) são usualmente agrupados <strong>com</strong>o NOX. Porém, a<br />

produção <strong>de</strong> óxido nítrico é predominante em motores <strong>com</strong> ignição por centelha<br />

(HEYWOOD, 1988), correspon<strong>de</strong>ndo a cerca <strong>de</strong> 90% do total <strong>de</strong> NOX. Assim neste<br />

trabalho, os resultados apresentados para NO serão representativos para NOX.<br />

Heywood (1988) menciona que o NOX forma-se nas regiões <strong>de</strong> altas temperaturas<br />

atrás da frente <strong>de</strong> chama. Quanto maior a temperatura, maior a sua formação. A<br />

taxa <strong>de</strong> formação dos óxidos <strong>de</strong> nitrogênio <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da temperatura atingida pelos<br />

gases durante a <strong>com</strong>bustão, normalmente acima <strong>de</strong> 1600°C, e do tempo <strong>de</strong><br />

permanência dos gases à alta temperatura. Os NOX formam-se através <strong>de</strong> reações<br />

químicas envolvendo moléculas <strong>de</strong> nitrogênio (N2) e oxigênio (O2) dissociadas do ar<br />

87


<strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão. Para a formação <strong>de</strong> óxido nítrico na <strong>com</strong>bustão <strong>de</strong> <strong>misturas</strong> próximas<br />

da estequiométrica são <strong>com</strong><strong>um</strong>ente aceitas as reações do mecanismo <strong>de</strong> Zeldovich<br />

(HEYWOOD, 1988):<br />

88<br />

O + N → NO + N<br />

(20)<br />

+ O → NO O<br />

(21)<br />

N 2 +<br />

N + OH → NO + H<br />

(22)<br />

Nos motores <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão interna <strong>com</strong> ignição por <strong>com</strong>pressão o dióxido <strong>de</strong><br />

nitrogênio po<strong>de</strong> atingir valores entre 10 e 30% do total <strong>de</strong> NOX presente na<br />

exaustão. Um mecanismo plausível <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> NO2 é (HEYWOOD, 1988):<br />

N 2 2<br />

+ HO → NO + OH<br />

(23)<br />

O dióxido <strong>de</strong> nitrogênio formado na região da chama é rapidamente<br />

convertido em óxido nítrico pela reação <strong>de</strong>scrita na Eq. (33).<br />

NO + O → NO + O<br />

(24)<br />

2<br />

As exceções são os casos em que o NO2 é rapidamente misturado <strong>com</strong><br />

<strong>com</strong>bustível frio, o que ocorre em motores <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão interna <strong>com</strong> ignição por<br />

<strong>com</strong>pressão <strong>operando</strong> <strong>com</strong> baixa carga, condição necessária para que as regiões<br />

<strong>com</strong> temperaturas menores que a da chama sejam difusas. O óxido nítrico se forma<br />

na queima <strong>de</strong> <strong>um</strong>a mistura <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível típico e ar a partir da temperatura <strong>de</strong><br />

426,85 °C (700 K) e pressão <strong>de</strong> 15 atm (15,2 bar). A taxa <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> óxido<br />

nítrico cresce <strong>com</strong> o a<strong>um</strong>ento da temperatura e da pressão.<br />

2


3.6.5 Material particulado<br />

Segundo a EPA (U.S. Enviromental Protection Agency), o material particulado<br />

é <strong>de</strong>finido <strong>com</strong>o qualquer massa coletada em <strong>um</strong> filtro posicionado na exaustão <strong>de</strong><br />

<strong>um</strong> <strong>veículo</strong> após <strong>um</strong> <strong>de</strong>terminado ciclo <strong>de</strong> operação, <strong>com</strong> a temperatura <strong>de</strong> exaustão<br />

mantida a 52 ºC. O material particulado produzido por <strong>um</strong> motor diesel consiste,<br />

basicamente, <strong>de</strong> aglomerados <strong>de</strong> núcleos <strong>de</strong> carbono e <strong>de</strong> hidrocarbonetos, SO3 ou<br />

ácido sulfúrico, e água adsorvidos ou con<strong>de</strong>nsados sobre esses núcleos carbônicos.<br />

O material particulado forma-se em altas temperaturas, em regiões da câmara <strong>de</strong><br />

<strong>com</strong>bustão ricas em <strong>com</strong>bustível, a partir <strong>de</strong> gotículas individuais.<br />

É importante salientar que o material particulado apresenta <strong>um</strong>a estrutura<br />

<strong>com</strong>plexa, que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> vários fatores <strong>com</strong>o o tipo <strong>de</strong> motor, carga, modo <strong>de</strong><br />

condução do <strong>veículo</strong>, qualida<strong>de</strong> do óleo lubrificante do motor e <strong>com</strong>bustível utilizado.<br />

De acordo <strong>com</strong> Heywood (1988) a formação do material particulado po<strong>de</strong> ocorrer<br />

pela reação:<br />

m<br />

CnHm + yO2<br />

→ 2yCO<br />

+ H2<br />

+ ( n − 2y)<br />

C fuligerm<br />

(25)<br />

2<br />

A ocorrência <strong>de</strong>sta equação é possível somente quando o fator ( n − 2y)<br />

> 0, ou<br />

seja, quando a razão entre a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> carbono e a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oxigênio é<br />

maior que a unida<strong>de</strong>. Em outros termos, a oxigenação do <strong>com</strong>bustível na câmara <strong>de</strong><br />

<strong>com</strong>bustão, que nos motores <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão interna <strong>com</strong> ignição por <strong>com</strong>pressão<br />

ocorre <strong>com</strong> a sua pulverização efetuada pelo injetor, é fator prepon<strong>de</strong>rante para a<br />

redução da formação <strong>de</strong> fuligem. O processo <strong>de</strong> formação da fuligem é influenciado<br />

pela chama, pelo fluxo do <strong>com</strong>bustível e, sobretudo, pelo tipo <strong>de</strong> hidrocarboneto,<br />

pressão e temperatura.<br />

89


4 METODOLOGIA EXPERIMENTAL<br />

Neste capítulo são apresentados os equipamentos e os procedimentos<br />

experimentais adotados neste trabalho. O sistema <strong>de</strong> injeção foi alterado <strong>de</strong> modo a<br />

impedir o livre ajuste <strong>de</strong> seu mapa <strong>de</strong> calibração aos diferentes <strong>com</strong>bustíveis<br />

testados. Para caracterização do motor foram realizados testes pilotos <strong>com</strong> o óleo<br />

diesel padrão <strong>de</strong> <strong>emissões</strong> Euro IV (S10), para posterior <strong>com</strong>paração às <strong>misturas</strong> <strong>de</strong><br />

óleo diesel metropolitano <strong>com</strong> biodiesel <strong>de</strong> soja e etanol. Os experimentos realizados<br />

foram: testes <strong>de</strong> cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível, método gravimétrico, no ciclo<br />

<strong>de</strong> <strong>emissões</strong> NBR 6601 (ABNT, 2005); análise <strong>de</strong> <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> poluentes, seguindo<br />

o procedimento Euro III; e partida frio do motor na temperatura ambiente <strong>de</strong> -5ºC.<br />

4.1 Aparato experimental<br />

4.1.1 Motor <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão interna e <strong>veículo</strong> utilizado<br />

O motor utilizado nos experimentos foi o mo<strong>de</strong>lo FIAT SMALL DIESEL, <strong>com</strong><br />

1,248 × 10 -3 m 3 <strong>de</strong> vol<strong>um</strong>e <strong>de</strong>slocado, 16 válvulas, sendo duas <strong>de</strong> admissão e duas<br />

<strong>de</strong> exaustão por cilindro, quatro cilindros em linha, ignição por <strong>com</strong>pressão, ciclo <strong>de</strong><br />

quatro tempos, razão <strong>de</strong> <strong>com</strong>pressão 17,6:1, aspiração turbo-<strong>com</strong>primida <strong>com</strong><br />

intercooler ar/ar, injeção direta <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível e alimentação <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível do tipo<br />

Common Rail Multijet. As FIGURAs 10 e 11 apresentam a vista posterior e a vista<br />

frontal do motor. O motor utiliza <strong>um</strong> turbo-<strong>com</strong>pressor <strong>de</strong> geometria fixa <strong>com</strong> controle<br />

eletrônico da pressão e <strong>um</strong> trocador <strong>de</strong> calor do tipo ar/ar (intercooler) para redução<br />

da temperatura do ar admitido. A utilização <strong>de</strong> válvula <strong>de</strong> recirculação dos gases <strong>de</strong><br />

exaustão (EGR) refrigerada possibilita a emissão <strong>de</strong> baixos níveis <strong>de</strong> <strong>emissões</strong> <strong>de</strong><br />

NOX. Outra característica do motor é o sistema <strong>de</strong> aceleração drive-by-wire, que<br />

substitui o cabo do acelerador. O motor atinge a potência máxima 85 cv (62,6 kW) a<br />

4.000 rev/min e torque <strong>de</strong> 20,4 kgf.m (200,1 N.m) a 1.750 rev/min, <strong>operando</strong> <strong>com</strong><br />

óleo diesel conforme a norma EN590 (ECS, 2009).<br />

90


Figura 10: Motor FIAT 1.3 Small Diesel Multijet – vista posterior<br />

Fonte: FPTPOWERTRAIN, 2009.<br />

Figura 11: Motor FIAT 1.3 Small Diesel Multijet – vista frontal<br />

Fonte: FPTPOWERTRAIN, 2009.<br />

91


O motor utiliza <strong>um</strong> sistema <strong>de</strong> partida a frio constituído por <strong>um</strong>a resistência<br />

elétrica localizada no interior do copo do filtro para aquecimento do <strong>com</strong>bustível e<br />

por velas <strong>de</strong> pré-aquecimento do ar instaladas na câmara <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão do motor.<br />

Um conversor catalítico do tipo cerâmico impregnado <strong>com</strong> metais nobres do tipo<br />

platina-ródio (Pt/Rh) é instalado no duto <strong>de</strong> exaustão para controle das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong><br />

gases poluentes.<br />

O <strong>veículo</strong> utilizado foi <strong>um</strong> mo<strong>de</strong>lo FIAT Palio Weekend, <strong>com</strong> carroceria do tipo<br />

station wagon. O <strong>veículo</strong> possui <strong>um</strong> sistema <strong>de</strong> câmbio manual <strong>de</strong> cinco marchas a<br />

frente e <strong>um</strong>a marcha-a-ré e é provido do sistema EOBD (European On-Board<br />

Diagnosis). Tal sistema <strong>de</strong> diagnóstico visa <strong>de</strong>tectar eventuais falhas no <strong>veículo</strong> que<br />

possam afetar as características dos gases <strong>de</strong> exaustão.<br />

4.1.2 Sistema <strong>de</strong> aquisição <strong>de</strong> parâmetros <strong>de</strong> controle do motor<br />

Para monitoramento e aquisição dos dados enviados por vários sensores<br />

instalados no motor foi utilizado o sistema HELIOS, <strong>de</strong>senvolvido pela Magneti<br />

Marelli Powertrain Systems para calibração e registro <strong>de</strong> variáveis da unida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

controle eletrônico do motor (ECU). O sistema permite registrar os dados <strong>de</strong><br />

operação do motor por meio <strong>de</strong> <strong>com</strong>unicação <strong>com</strong> a ECU via re<strong>de</strong> CAN (Controller<br />

Area Network).<br />

4.1.3 Sensores <strong>de</strong> temperatura<br />

Vários termopares foram instalados no motor para monitoramento da<br />

temperatura em pontos consi<strong>de</strong>rados relevantes para caracterização e análise das<br />

condições <strong>de</strong> testes. As temperaturas dos seguintes fluidos e <strong>com</strong>ponentes foram<br />

monitoradas: ar ambiente, ar no coletor <strong>de</strong> admissão, água <strong>de</strong> arrefecimento do<br />

cabeçote, óleo lubrificante do motor, entrada do <strong>com</strong>bustível diesel na bomba <strong>de</strong> alta<br />

pressão, gás na saída do coletor <strong>de</strong> exaustão, gás na entrada no catalisador,<br />

superfície cerâmica na entrada do catalisador, superfície cerâmica no centro do<br />

catalisador, superfície cerâmica na saída do catalisador e gás na saída do<br />

92


catalisador. Para a <strong>de</strong>terminação das temperaturas indicadas foram utilizados<br />

termopares convencionais e <strong>de</strong> isolação mineral (sonda), do tipo K. O par<br />

termoelétrico é <strong>com</strong>posto <strong>de</strong> Chromel <strong>com</strong>o elemento positivo e Al<strong>um</strong>el <strong>com</strong>o<br />

elemento negativo, <strong>com</strong> faixa <strong>de</strong> medição <strong>de</strong> temperatura <strong>com</strong>preendida entre 0 e<br />

1260°C e incerteza <strong>de</strong> ± 1,1°C. A FIGURA 12 apresenta o coletor <strong>de</strong> <strong>de</strong>scarga do<br />

motor <strong>com</strong> alojamento apropriado para instalação <strong>de</strong> termopar tipo sonda (T0). A<br />

FIGURA 13 apresenta a localização dos pontos instr<strong>um</strong>entados no conversor<br />

catalítico (T1 a T5). Neste trabalho apenas os resultados referentes a T3 são<br />

apresentados no Cap. 5. Na FIGURA 14 po<strong>de</strong> ser observado o conversor catalítico<br />

instalado no <strong>veículo</strong> <strong>com</strong> os respectivos termopares.<br />

Figura 12: Termopar localizado no coletor <strong>de</strong> exaustão<br />

Figura 13: Termopares localizados no conversor catalítico dos gases <strong>de</strong> exaustão.<br />

93


Figura 14: Conversor catalítico dos gases <strong>de</strong> exaustão instalado no motor do <strong>veículo</strong><br />

4.1.4 Equipamentos para medição do cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível<br />

Para medição da massa <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível cons<strong>um</strong>ida nos testes utilizou-se <strong>um</strong>a<br />

balança digital do fabricante Filizola, mo<strong>de</strong>lo BP15, <strong>com</strong> capacida<strong>de</strong> para 15 kg e<br />

resolução <strong>de</strong> 0,005 kg. Para <strong>de</strong>terminação do cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível foi utilizada<br />

<strong>um</strong>a câmara climática equipada <strong>com</strong> <strong>um</strong> dinamômetro <strong>de</strong> chassi elétrico monorolo,<br />

<strong>de</strong> 48” (1,2192 m) <strong>de</strong> diâmetro nominal, do fabricante AVL-Zöllner. A câmara<br />

climática po<strong>de</strong> ser operada no modo <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> constante, modo <strong>de</strong> força<br />

constante ou no modo <strong>de</strong> simulação <strong>de</strong> cargas do <strong>veículo</strong> em estrada a partir das<br />

forças resistivas e <strong>com</strong> velocida<strong>de</strong> variável (road load simulation). A câmara<br />

climática possibilita a programação <strong>de</strong> <strong>um</strong> ciclo térmico <strong>com</strong> <strong>de</strong>z variações e <strong>com</strong><br />

possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rampa. As condições <strong>de</strong> controle da câmara climática são <strong>de</strong>scritas<br />

na Tabela 4. A FIGURA 15 apresenta <strong>um</strong>a vista da câmara climática utilizada nos<br />

testes <strong>de</strong> cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível, instalada nos laboratórios da Fiat Automóveis<br />

em Betim, MG.<br />

94


TABELA 4<br />

Características da câmara climática<br />

PARÂMETRO VALOR<br />

Temperatura 30 ºC ... +50 ºC<br />

Taxa <strong>de</strong> variação <strong>de</strong> temperatura 20 ºC/h<br />

Umida<strong>de</strong> 20 % ... 99 %<br />

Radiação solar máxima 0 W/m 2 ...1.200 W/m 2<br />

Velocida<strong>de</strong> máxima do vento 140 km/h<br />

Velocida<strong>de</strong> máxima do rolo 200 km/h<br />

Força máxima 10 kN<br />

Potência máxima 204 hp (152,2 kW)<br />

Potência <strong>de</strong> refrigeração 143.000 kcal/h (166,3 kW)<br />

Potência equivalente <strong>de</strong> refrigeração 226 hp (168,6 kW)<br />

Figura 15: Câmara Climática <strong>com</strong> rolo dinamométrico.<br />

95


4.1.5 Sistema <strong>de</strong> controle do motor<br />

Uma central eletrônica para <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> controle do<br />

motor para aplicações diesel foi utilizada, conectada aos chicotes elétricos do<br />

<strong>veículo</strong> e do motor. Por meio <strong>de</strong>sta central eletrônica foram registrados diversos<br />

parâmetros <strong>de</strong> funcionamento do motor. A ECU é equipada <strong>com</strong> <strong>um</strong> dispositivo<br />

interno MEB (Memory Emulation Board). O dispositivo MEB permite o registro <strong>de</strong><br />

dados e a <strong>com</strong>unicação da ECU <strong>com</strong> <strong>um</strong> <strong>com</strong>putador e outros módulos do sistema<br />

<strong>de</strong> calibração e aquisição <strong>de</strong> dados HELIOS. Originalmente calibrada para aten<strong>de</strong>r<br />

os limites <strong>de</strong> <strong>emissões</strong> Euro III previstos para a Argentina (ver Anexo H), a ECU foi<br />

recalibrada <strong>com</strong> a estratégia <strong>de</strong> auto-adaptação <strong>de</strong>sabilitada, <strong>de</strong> modo a não permitir<br />

a adaptação do motor aos diferentes <strong>com</strong>bustíveis, <strong>com</strong> o objetivo <strong>de</strong> possibilitar a<br />

<strong>com</strong>provação e a quantificação dos efeitos das <strong>misturas</strong> na <strong>com</strong>bustão. A<br />

<strong>com</strong>unicação do Sistema HELIOS <strong>com</strong> o <strong>com</strong>putador é realizada através <strong>de</strong> <strong>um</strong><br />

cartão do tipo PCMCIA.<br />

4.1.6 .Câmara climática para testes <strong>de</strong> partida a frio.<br />

Uma câmara climática do fabricante Mecalor, similar à apresentada na<br />

FIGURA 15, porém, sem o rolo dinamométrico, foi utilizada para os testes <strong>de</strong> partida<br />

a frio. A câmara não possui sistema <strong>de</strong> pressurização, tendo sido os testes<br />

realizados sob a pressão atmosférica local (900 mbar), à temperatura <strong>de</strong> -5ºC e<br />

<strong>um</strong>ida<strong>de</strong> relativa igual a 0%.<br />

4.1.7 Analisador <strong>de</strong> opacida<strong>de</strong><br />

Para medição do índice <strong>de</strong> opacida<strong>de</strong> do gás <strong>de</strong> exaustão uitilizou-se o<br />

analisador <strong>de</strong> opacida<strong>de</strong> (opacímetro) mo<strong>de</strong>lo NA-9020, do fabricante NAPRO (FIG.<br />

16). O opacímetro consiste em <strong>um</strong> sensor ótico, <strong>com</strong>posto <strong>de</strong> sonda para captação<br />

<strong>de</strong> gases e célula ótica <strong>de</strong> medição, acoplado a <strong>um</strong> sistema provido <strong>de</strong> <strong>um</strong> módulo<br />

controlado por <strong>um</strong> microprocessador <strong>com</strong> software <strong>de</strong>dicado.<br />

96


Figura 16: Analisador <strong>de</strong> opacida<strong>de</strong><br />

4.1.8 Dinamômetro <strong>de</strong> chassi para reprodução do ciclo <strong>de</strong> <strong>emissões</strong><br />

Para reprodução do ciclo <strong>de</strong> <strong>emissões</strong> foi utilizado <strong>um</strong> dinamômetro <strong>de</strong> chassi<br />

elétrico monorolo, <strong>com</strong> 48 polegadas (1,2192 m) <strong>de</strong> diâmetro nominal, capacida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> medição <strong>de</strong> 0 a 160 km/h e resolução <strong>de</strong> 0,01% do fundo <strong>de</strong> escala e potência <strong>de</strong><br />

até 150 hp (111,9 kW) (FIGURA 18). O dinamômetro <strong>de</strong> chassi simula em laboratório<br />

a resistência ao <strong>de</strong>slocamento do <strong>veículo</strong>, através <strong>de</strong> <strong>um</strong>a unida<strong>de</strong> elétrica <strong>de</strong><br />

absorção <strong>de</strong> potência. A <strong>de</strong>terminação da resistência ao <strong>de</strong>slocamento é realizada<br />

submetendo o <strong>veículo</strong> a <strong>um</strong>a <strong>de</strong>saceleração livre em pista <strong>de</strong> rolamento, conforme a<br />

NBR 10312 (ABNT, 2009). A potência resistiva no rolo do dinamômetro é<br />

<strong>de</strong>terminada em função <strong>de</strong> fatores relacionados <strong>com</strong> a <strong>de</strong>saceleração do <strong>veículo</strong>,<br />

<strong>com</strong>o inércia equivalente, resistência aerodinâmica e a resistência ao rolamento. A<br />

inércia equivalente do <strong>veículo</strong> é simulada no dinamômetro através <strong>de</strong> <strong>um</strong> conjunto<br />

97


<strong>de</strong> massas <strong>de</strong> inércia que são acopladas ao eixo do rolo, reproduzindo <strong>um</strong> efeito<br />

dinâmico equivalente à massa <strong>de</strong> inércia do <strong>veículo</strong> em movimento linear.<br />

Figura 17: Laboratório para ensaios <strong>de</strong> <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> poluentes<br />

Fonte: HORIBA, 2009.<br />

4.1.9 Sistema <strong>de</strong> amostragem e análise <strong>de</strong> HC, CO, NOX e material particulado<br />

O sistema <strong>de</strong> amostragem dos gases é do tipo amostrador <strong>de</strong> vol<strong>um</strong>e<br />

constante (CVS – Constant Vol<strong>um</strong>e Sampler). O sistema permite a medição das<br />

massas reais das substâncias emitidas pelo motor através do tubo <strong>de</strong> exaustão do<br />

<strong>veículo</strong>. O vol<strong>um</strong>e total da mistura gás <strong>de</strong> escape <strong>com</strong> o ar <strong>de</strong> diluição é medido,<br />

sendo <strong>um</strong>a parte <strong>de</strong>ste vol<strong>um</strong>e continuamente coletada para análise. O sistema é<br />

provido <strong>de</strong> balões <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> amostras para o ar <strong>de</strong> diluição e para o gás <strong>de</strong><br />

exaustão diluído. Estes balões (bags) são confeccionados em material especial para<br />

impedir alterações nas análises dos gases armazenados. Na FIGURA 18 é mostrado<br />

esquematicamente o dinamômetro <strong>de</strong> chassi, sistema <strong>de</strong> amostragem e<br />

analisadores <strong>de</strong> gases. O sistema <strong>de</strong> análise <strong>de</strong> HC, CO e NOX po<strong>de</strong> realizar<br />

análises em tempo real antes e <strong>de</strong>pois do catalisador (análise modal), além das<br />

98


análises das amostras que são coletadas e armazenados nos balões durante o<br />

teste.<br />

Figura 18: Esquema do dinamômetro <strong>de</strong> chassi, sistema <strong>de</strong> amostragem e analisadores <strong>de</strong> gases.<br />

Os analisadores <strong>de</strong> gases HORIBA são instalados em <strong>um</strong> gabinete<br />

customizado, e utilizam ar sintético puro para suprimento <strong>de</strong> oxigênio (O2) para<br />

calibração e operação do equipamento. Localizado próximo ao gabinete encontra-se<br />

<strong>um</strong> <strong>de</strong>s<strong>um</strong>idificador para retirada do vapor d’água existente no gás <strong>de</strong> amostra, para<br />

o correto funcionamento dos analisadores. A amostra coletada no duto <strong>de</strong> exaustão<br />

passa inicialmente por <strong>um</strong> filtro aquecido, antes <strong>de</strong> ser conduzida aos analisadores<br />

através <strong>de</strong> <strong>um</strong>a linha aquecida. O filtro e a linha são ambos mantidos entre 100 e<br />

130ºC, <strong>com</strong> o objetivo <strong>de</strong> evitar a con<strong>de</strong>nsação dos <strong>com</strong>ponentes mais pesados do<br />

gás <strong>de</strong> amostra.<br />

Para a medição da concentração <strong>de</strong> hidrocarbonetos totais (THC) na<br />

exaustão utilizou-se <strong>um</strong> analisador <strong>com</strong> <strong>de</strong>tector por ionização da chama (FID –<br />

Flame Ionization Detector), mo<strong>de</strong>lo HORIBA F1A-720. As características técnicas do<br />

equipamento estão apresentadas na Tabela 5. O analisador é calibrado <strong>com</strong> <strong>um</strong> gás<br />

hidrocarboneto padrão (no caso, propano – C3H8), diluído em nitrogênio (N2) na<br />

concentração <strong>de</strong> 3000 ppm.<br />

99


TABELA 5<br />

Especificações do analisador Horiba mo<strong>de</strong>lo FIA-720 THC (método FID).<br />

PARÂMETRO ESPECIFICAÇÃO<br />

Faixa <strong>de</strong> medição 10...20.000 ppmC<br />

Repetibilida<strong>de</strong> < ±1% do fundo <strong>de</strong> escala<br />

Desvio (zero) < ±1% do fundo <strong>de</strong> escala/24h<br />

Ruído (interferência total) < ±0,5% do fundo <strong>de</strong> escala<br />

Linearida<strong>de</strong> < ±1% do fundo <strong>de</strong> escala ou<br />

< ±2% da escala <strong>de</strong> medição<br />

Tempo <strong>de</strong> resposta (em 90 s) < 1,5 s a partir do gás <strong>de</strong> entrada<br />

Vazão <strong>de</strong> gás <strong>de</strong> amostra 0,5 l/min<br />

Fonte: Horiba, 1997.<br />

As concentrações <strong>de</strong> óxido nítrico (NO) e óxidos <strong>de</strong> nitrogênio (NOX) – que<br />

engloba NO e NO2 (dióxido <strong>de</strong> nitrogênio) – foram obtidas através do analisador <strong>de</strong><br />

gás HORIBA mo<strong>de</strong>lo CLA-750A, cujo princípio <strong>de</strong> funcionamento é a<br />

quimiol<strong>um</strong>inescência (Chemil<strong>um</strong>inescent Detector - CLD) entre o ozônio (O3) e NO,<br />

fornecendo NO2 e oxigênio (O2). As características técnicas do equipamento CLA-<br />

750A estão apresentadas na Tabela 6.<br />

TABELA 6<br />

Especificações do analisador Horiba mo<strong>de</strong>lo CLA-750A NO/NOX (método CLD)<br />

PARÂMETRO ESPECIFICAÇÃO<br />

Faixa <strong>de</strong> medição 10...10.000 ppm<br />

Repetibilida<strong>de</strong> < ±1% do fundo <strong>de</strong> escala<br />

Desvio (zero) < ±1% do fundo <strong>de</strong> escala/24h<br />

Ruído (interferência total) < ±0,5% do fundo <strong>de</strong> escala<br />

Linearida<strong>de</strong> < ±1% do fundo <strong>de</strong> escala ou<br />

< ±2% da escala <strong>de</strong> medição<br />

Tempo <strong>de</strong> resposta (em 90 s) < 1,5 s a partir do gás <strong>de</strong> entrada<br />

Vazão <strong>de</strong> gás <strong>de</strong> amostra 0,5 l/min<br />

Fonte: Horiba, 1997.<br />

100


As concentrações <strong>de</strong> CO e CO2 no gás <strong>de</strong> exaustão foram obtidas através do<br />

uso dos analisadores <strong>de</strong> gases HORIBA mo<strong>de</strong>lo AIA-721 para baixas concentrações<br />

<strong>de</strong> CO, e AIA-722, para altas concentrações <strong>de</strong> CO e CO2. Os analisadores utilizam<br />

<strong>um</strong> <strong>de</strong>tector por infravermelho não-dispersivo (Non-Dispersive Infrared Detector -<br />

NDIR). As características técnicas dos equipamentos AIA-721 e AIA-722 estão<br />

apresentadas nas Tabelas 7 e 8, respectivamente.<br />

TABELA 7<br />

Especificações analisador Horiba m<strong>de</strong>lo AIA-721 CO (método NDIR).<br />

PARÂMETRO ESPECIFICAÇÃO<br />

Faixa <strong>de</strong> medição 50...2.500 ppm<br />

Repetibilida<strong>de</strong> < ±1% do fundo <strong>de</strong> escala<br />

Desvio (zero) >100ppm: < ±1% do fundo <strong>de</strong> escala/24h<br />

50...100ppm: < ±2% do fundo <strong>de</strong> escala/24h<br />

Ruído (interferência total) < ±0,5% do fundo <strong>de</strong> escala<br />

Linearida<strong>de</strong> < ±1% do fundo <strong>de</strong> escala ou<br />

< ±2% da escala <strong>de</strong> medição<br />

Tempo <strong>de</strong> resposta (em 90 s) < 100 ppm: < 3 s a partir do gás <strong>de</strong> entrada<br />

>100 ppm: < 2 s a partir do gás <strong>de</strong> entrada<br />

Vazão <strong>de</strong> gás <strong>de</strong> amostra 3 l/min<br />

Fonte: Horiba, 1997.<br />

TABELA 8<br />

Especificações do analisador Horiba mo<strong>de</strong>lo AIA-722 CO/CO2 (método NDIR)<br />

PARÂMETRO ESPECIFICAÇÃO<br />

Faixa <strong>de</strong> medição CO: 5.000 ppm...10% (v/v)<br />

CO2: 5.000 ppm... 20% (v/v)<br />

Repetibilida<strong>de</strong> < ±1% do fundo <strong>de</strong> escala<br />

Desvio (zero) < ±1% do fundo <strong>de</strong> escala/24h<br />

Ruído (interferência total) < ±0,5% do fundo <strong>de</strong> escala<br />

Linearida<strong>de</strong> < ±1% do fundo <strong>de</strong> escala ou<br />

< ±2% da escala <strong>de</strong> medição<br />

Tempo <strong>de</strong> resposta (em 90 s) < 1,5 s a partir do gás <strong>de</strong> entrada<br />

Vazão <strong>de</strong> gás <strong>de</strong> amostra 2 l/min<br />

Fonte: Horiba, 1997.<br />

101


4.2 Procedimento experimental<br />

4.2.1 Preparação das <strong>misturas</strong><br />

Através <strong>de</strong> <strong>um</strong>a planilha eletrônica foram inseridas as concentrações<br />

<strong>de</strong>sejadas <strong>de</strong> óleo diesel, biodiesel e etanol anidro. As correspon<strong>de</strong>ntes quantida<strong>de</strong>s<br />

vol<strong>um</strong>étricas foram preparadas em recipientes limpos e apropriados para<br />

<strong>com</strong>bustível. As amostras obtidas são discriminadas abaixo na Tabela 9.<br />

TABELA 9<br />

Misturas <strong>de</strong> óleo diesel, biodiesel e etanol utilizadas nos testes.<br />

SIGLA DISCRIMINAÇÃO<br />

S10 óleo diesel padrão <strong>de</strong> <strong>emissões</strong> EuroIV <strong>com</strong> 10 ppm <strong>de</strong> enxofre (S10)<br />

B3 óleo diesel metropolitano S500 <strong>com</strong> 3% <strong>de</strong> biodiesel<br />

B5 óleo diesel metropolitano S500 <strong>com</strong> 5% <strong>de</strong> biodiesel<br />

B10 óleo diesel metropolitano S500 <strong>com</strong> 10% <strong>de</strong> biodiesel <strong>de</strong> soja<br />

B20 óleo diesel metropolitano S500 <strong>com</strong> 20% <strong>de</strong> biodiesel <strong>de</strong> soja<br />

B20E2 óleo diesel metropolitano S500 <strong>com</strong> 20% <strong>de</strong> biodiesel <strong>de</strong> soja e 2%<br />

<strong>de</strong> etanol anidro<br />

B20E5 óleo diesel metropolitano S500 <strong>com</strong> 20% <strong>de</strong> biodiesel <strong>de</strong> soja e 5%<br />

<strong>de</strong> etanol anidro<br />

4.2.2 Testes <strong>de</strong> cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível<br />

Os testes <strong>de</strong> cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível do <strong>veículo</strong> foram realizados em <strong>um</strong> rolo<br />

dinamométrico situado em <strong>um</strong>a câmara climática, ambos <strong>de</strong>scritos na Seção 4.1.<br />

Consi<strong>de</strong>rando as condições usuais <strong>de</strong> uso do <strong>veículo</strong>, foi adotada a temperatura<br />

ambiente <strong>de</strong> 25ºC e <strong>um</strong>ida<strong>de</strong> relativa <strong>de</strong> 60% para todos os testes realizados. O<br />

cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível foi medido seguindo o ciclo <strong>de</strong> <strong>emissões</strong> NBR6601 (ABNT,<br />

2005), que adota <strong>um</strong> percurso urbano segundo o procedimento <strong>de</strong> teste fe<strong>de</strong>ral<br />

102


Americano FTP-75 (Fe<strong>de</strong>ral Test Procedure) e é o padrão brasileiro para avaliação<br />

<strong>de</strong> <strong>emissões</strong> gasosas <strong>de</strong> <strong>veículo</strong>s <strong>de</strong> passeio e <strong>veículo</strong>s <strong>com</strong>erciais leves (FIGURA<br />

19). O ciclo FTP-75 reproduz as velocida<strong>de</strong>s dos <strong>veículo</strong>s nas ruas <strong>de</strong> Los Angeles<br />

durante o tráfego matutino (BOSCH, 2005). Utilizou-se o método gravimétrico para<br />

medição da massa cons<strong>um</strong>ida <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível através <strong>de</strong> instalação a<strong>de</strong>quada e<br />

utilização da balança digital anteriormente <strong>de</strong>scrita. A FIGURA 20 apresenta o<br />

veiculo utilizado e a instalação <strong>com</strong> tanque <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível externo, balança digital e<br />

tubulações. O controle do rolo dinamométrico e do ventilador para arrefecimento do<br />

motor do <strong>veículo</strong> é realizado através do software AVL-Zölner Chassi Dyna.<br />

VELOCIDADE (km/h)<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

0 500 1000 1500 2000 2500<br />

TEMPO (s)<br />

Figura 19: Ciclo FTP-75<br />

Fonte: NBR 6601 (ABNT, 2005)<br />

Figura 20: Veículo e equipamentos para medição do cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível.<br />

103


O teste seguindo a norma NBR6601 (ABNT, 2005) simula <strong>um</strong>a viagem <strong>de</strong><br />

percurso médio <strong>de</strong> aproximadamente 18 km em área urbana. Este percurso é<br />

<strong>de</strong>finido <strong>com</strong>o ciclo urbano, que é representado por <strong>um</strong> gráfico contínuo <strong>de</strong><br />

velocida<strong>de</strong> em função do tempo. O ciclo consiste <strong>de</strong> seqüências não repetidas dos<br />

regimes <strong>de</strong> marcha lenta, acelerações, velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cruzeiro e <strong>de</strong>sacelerações em<br />

magnitu<strong>de</strong>s e <strong>com</strong>binações variadas. Para garantir esta simulação, a tolerância na<br />

velocida<strong>de</strong> é <strong>de</strong>finida por dois limites em qualquer instante no ciclo <strong>de</strong> condução, <strong>um</strong><br />

inferior e outro superior. As velocida<strong>de</strong>s objetivadas e as obtidas são apresentadas<br />

ao motorista em <strong>um</strong> monitor (FIGURA 21 ).<br />

O ciclo FTP-75 é formado por duas etapas: a primeira correspon<strong>de</strong> a 12,1 km<br />

<strong>com</strong> partida a frio e a segunda se esten<strong>de</strong> por 5,8 km <strong>com</strong> partida a quente. O<br />

resultado das medições realizadas é a média pon<strong>de</strong>rada entre as duas etapas,<br />

representando <strong>um</strong>a viagem <strong>com</strong> percurso total <strong>de</strong> 18 km. Entre as duas partes do<br />

teste (partida a frio e a quente) existe <strong>um</strong> intervalo <strong>de</strong> 10 minutos, durante o qual o<br />

<strong>veículo</strong> permanece sobre o dinamômetro <strong>de</strong> chassi <strong>com</strong> o capô fechado. Neste<br />

trabalho substituiu-se a operação <strong>de</strong> <strong>de</strong>sligamento do <strong>veículo</strong> seguido pela partida a<br />

quente do motor pela manutenção do regime <strong>de</strong> marcha-lenta entre a primeira e a<br />

segunda etapa do ciclo. Esta adaptação da norma teve por objetivo evitar a perda <strong>de</strong><br />

dados <strong>de</strong>vido a <strong>um</strong>a eventual falha do motor na partida, tendo em vista a elevada<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> testes realizados e outros fatores <strong>com</strong>o prazos e custos.<br />

Antes do início dos testes foi realizado o aquecimento (warm-up) dos rolos<br />

visando obter <strong>um</strong>a menor perda por atrito nos seus rolamentos, <strong>de</strong> modo a atingir a<br />

maior aproximação possível das forças resistivas da estrada. O procedimento <strong>de</strong><br />

warm-up do rolo dinamométrico é realizado sob temperatura ambiente e à<br />

velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 100 km/h por <strong>um</strong> tempo total <strong>de</strong> 30 min. Em seguida o <strong>veículo</strong> foi<br />

operado na fase <strong>de</strong> aquecimento até que todas as temperaturas do <strong>veículo</strong> e do<br />

motor atingissem o regime permanente.<br />

Foram realizados três testes <strong>com</strong> cada amostra <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível previamente<br />

preparada e i<strong>de</strong>ntificada em <strong>um</strong> recipiente <strong>de</strong> aço inox, <strong>com</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> 20 litros,<br />

apropriado para armazenamento <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustíveis. O <strong>com</strong>bustível era pesado no<br />

início e ao término <strong>de</strong> cada teste. A linha <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível era purgada sempre que o<br />

<strong>com</strong>bustível era trocado. A temperatura do <strong>com</strong>bustível era monitorada na entrada<br />

da bomba <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível <strong>de</strong> alta pressão do motor. Durante os testes as condições<br />

ambientes – pressão, temperatura e <strong>um</strong>ida<strong>de</strong> – foram monitoradas.<br />

104


4.2.3 Partida a frio<br />

Figura 21: Display do “AVL-Drive Aid” (Unida<strong>de</strong> auxiliar do motorista).<br />

Os testes <strong>de</strong> partida a frio foram realizados em câmara climática <strong>com</strong> tempo<br />

<strong>de</strong> condicionamento do <strong>veículo</strong> por 12 horas na temperatura ambiente <strong>de</strong> -5ºC. O<br />

condicionamento tem por finalida<strong>de</strong> possibilitar que todos os sistemas do <strong>veículo</strong><br />

estejam em regime permanente no momento da partida. Tal procedimento é prática<br />

<strong>com</strong><strong>um</strong> na indústria automotiva e entre os fabricantes <strong>de</strong> <strong>com</strong>ponentes do sistema<br />

<strong>de</strong> partida do motor.<br />

4.2.4 Análise <strong>de</strong> opacida<strong>de</strong><br />

Com o objetivo <strong>de</strong> atendimento às legislações <strong>de</strong> <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> poluentes<br />

vigentes para <strong>veículo</strong>s automotores, o teste <strong>de</strong> avaliação da opacida<strong>de</strong> – ou índice<br />

<strong>de</strong> f<strong>um</strong>aça – do gás <strong>de</strong> exaustão emitido por <strong>veículo</strong>s automotores equipados <strong>com</strong><br />

105


motor diesel é <strong>de</strong>terminado pela norma NBR 13037 (ABNT, 2001). Esta norma<br />

<strong>de</strong>screve o método <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminação da opacida<strong>de</strong>, sob condições <strong>de</strong> aceleração<br />

livre, <strong>com</strong> emprego <strong>de</strong> opacímetro. Este método também é utilizado <strong>com</strong>o parâmetro<br />

<strong>de</strong> regulagem do motor e avaliação do estado <strong>de</strong> manutenção <strong>de</strong> <strong>veículo</strong>s em uso.<br />

O teste consiste na instalação <strong>de</strong> sonda ótica <strong>de</strong> captação dos gases<br />

próximos ao bocal <strong>de</strong> saída do duto <strong>de</strong> exaustão. Em seguida, partindo do regime <strong>de</strong><br />

marcha-lenta, o motor é acelerado lentamente e <strong>de</strong> modo contínuo até atingir a<br />

rotação máxima. Este procedimento <strong>de</strong>scrito anteriormente é realizado <strong>de</strong>z vezes<br />

em sequência. Toma-se <strong>com</strong>o medida <strong>de</strong> cada procedimento o valor máximo<br />

registrado pelo sensor ótico. Em seguida, realiza-se a média aritmética <strong>de</strong> quatro<br />

medições consecutivas que não variem entre si mais <strong>de</strong> 0,25 m -1 e estejam em<br />

or<strong>de</strong>m crescente, <strong>de</strong>sprezando as três primeiras acelerações. Ressalta-se que são<br />

<strong>de</strong>sprezadas as três primeiras acelerações para cálculo da média. Os testes foram<br />

realizados sob a temperatura ambiente <strong>de</strong> 20 ºC, <strong>com</strong> a temperatura <strong>de</strong> óleo<br />

lubrificante do motor mantida acima <strong>de</strong> 80 ºC.<br />

4.2.5 Testes <strong>de</strong> <strong>emissões</strong><br />

O teste <strong>de</strong> <strong>emissões</strong> gasosas na exaustão é realizado <strong>com</strong> o <strong>veículo</strong> sobre<br />

<strong>um</strong> rolo em dinamômetros <strong>de</strong> chassi. O método é <strong>de</strong>finido para simular <strong>um</strong>a<br />

<strong>de</strong>terminada condição <strong>de</strong> operação o mais próximo possível da condição real <strong>de</strong><br />

utilização do <strong>veículo</strong>.<br />

4.2.5.1 Ciclo <strong>de</strong> <strong>emissões</strong> Euro III<br />

O ciclo <strong>de</strong> <strong>emissões</strong> Euro III, adotado neste trabalho, data <strong>de</strong> 1º <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong><br />

2000 (BOSCH, 2005). A análise dos gases é realizada segundo a Diretiva Européia<br />

70/220/CEE (CEE, 1995). O ciclo <strong>de</strong> teste Euro III é constituído por duas fases: a<br />

primeira é <strong>de</strong>nominada <strong>de</strong> “ciclo <strong>de</strong> direção urbana” (UDC) e a segunda é <strong>de</strong>finida<br />

<strong>com</strong>o “ciclo <strong>de</strong> direção extra-urbano” (EUDC). O ciclo <strong>de</strong> teste produzido a partir da<br />

106


<strong>com</strong>binação <strong>de</strong>stes ciclos é <strong>de</strong>nominado <strong>de</strong> “novo ciclo <strong>de</strong> direção europeu” (NEDC)<br />

(BOSCH, 2005). Conforme a Diretiva da Comunida<strong>de</strong> Européia nº70/220/CEE, a<br />

fase do ciclo urbano apresenta velocida<strong>de</strong> média 19 km/h, tempo <strong>de</strong> marcha efetivo<br />

195 s, distância teórica percorrida por ciclo 1,013 km e distância teórica para os 4<br />

ciclos 4,052 km. A fase do ciclo extra-urbano tem velocida<strong>de</strong> média 62,6 km/h,<br />

tempo <strong>de</strong> marcha efetivo 400 s, distância teórica percorrida 6,955 km, velocida<strong>de</strong><br />

máxima 120 km/h, aceleração máxima 0,833 m/s 2 e <strong>de</strong>saceleração máxima -1,389<br />

m/s 2 . Portanto, o ciclo NEDC (ver FIGURA 22) tem <strong>com</strong>o características distância<br />

total 11,0 km, velocida<strong>de</strong> média 32,5 km/h e velocida<strong>de</strong> máxima 120 km/h.<br />

VELOCIDADE (km/h)<br />

140<br />

120<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

4.2.5.2 Ajuste do teste <strong>de</strong> <strong>emissões</strong><br />

0<br />

0 200 400 600 800 1000 1200<br />

TEMPO (s)<br />

Figura 22: Ciclo <strong>de</strong> marcha <strong>com</strong>pleto (NEDC).<br />

Fonte: Diretiva Européia 70/220/CEE (CEE, 1995).<br />

Para o teste <strong>de</strong> <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> gases <strong>de</strong> exaustão o <strong>veículo</strong> foi condicionado a<br />

<strong>um</strong>a temperatura ambiente situada entre 20 e 30°C durante o período mínimo <strong>de</strong> 12<br />

horas. As rodas <strong>de</strong> tração do <strong>veículo</strong> testado foram colocadas sobre os rolos<br />

rotativos do dinamômetro <strong>de</strong> chassi. As forças que agem sobre o <strong>veículo</strong>, ou seja, os<br />

momentos <strong>de</strong> inércia do <strong>veículo</strong>, a resistência ao rolamento e o arrasto aerodinâmico<br />

foram simulados <strong>de</strong> modo que o percurso realizado sobre os rolos rotativos<br />

reproduzisse níveis <strong>de</strong> <strong>emissões</strong> <strong>com</strong>paráveis àqueles obtidos durante <strong>um</strong>a viagem<br />

107


na estrada. Um ventilador <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> foi instalado na frente do <strong>veículo</strong>,<br />

<strong>de</strong> modo a assegurar o a<strong>de</strong>quado resfriamento do motor. O duto <strong>de</strong> exaustão do<br />

<strong>veículo</strong> testado foi conectado ao sistema <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> gás <strong>de</strong> amostra. No final do<br />

ciclo, por meio dos analisadores <strong>de</strong> gases <strong>de</strong>scritos na seção 4.1, foram analisadas<br />

as concentrações <strong>de</strong> HC, NOX, CO, CO2 e MP. A concentração <strong>de</strong> CO2 é necessária<br />

para o cálculo do cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível pelo método do balanço <strong>de</strong> carbono<br />

(BOSCH, 2005). Na condução do ciclo NEDC, conforme prescrito em norma, é<br />

permitida <strong>um</strong>a tolerância <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ± 2 km/h e <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> ±1,0 s.<br />

4.2.5.3 Sistema <strong>de</strong> diluição da amostra<br />

O método usado para coleta da amostra do gás <strong>de</strong> exaustão foi o<br />

procedimento <strong>de</strong> diluição por amostragem <strong>de</strong> vol<strong>um</strong>e constante (CVS). No método<br />

CVS o gás <strong>de</strong> exaustão é analisado apenas no final do teste. Inicialmente o gás<br />

emitido na exaustão do <strong>veículo</strong> <strong>de</strong> teste foi diluído <strong>com</strong> ar ambiente em <strong>um</strong> relação<br />

média <strong>de</strong> 1:5 a 1:10. A <strong>com</strong>posição foi extraída através <strong>de</strong> <strong>um</strong> sistema especial <strong>de</strong><br />

bombas, <strong>de</strong> modo que o fluxo vol<strong>um</strong>étrico total, <strong>com</strong>posto pelo gás <strong>de</strong> exaustão e<br />

pelo ar <strong>de</strong> diluição, permanecesse constante. Uma amostra representativa foi<br />

extraída continuamente do fluxo <strong>de</strong> gás <strong>de</strong> exaustão diluído e coletada em <strong>um</strong> ou<br />

mais sacos <strong>de</strong> amostra. Assim, a concentração dos <strong>com</strong>ponentes do gás <strong>de</strong><br />

exaustão em <strong>um</strong> saco <strong>de</strong> amostra, no final do processo <strong>de</strong> enchimento, permaneceu<br />

idêntica ao valor médio da sua concentração no gás <strong>de</strong> exaustão diluído durante o<br />

processo em que os sacos foram cheios.<br />

Simultaneamente, à medida que os sacos <strong>de</strong> amostra <strong>de</strong> gás <strong>de</strong> exaustão<br />

foram cheios, foi tomada <strong>um</strong>a amostra do ar <strong>de</strong> diluição e coletada em <strong>um</strong> ou mais<br />

sacos <strong>de</strong> amostras para medir a concentração <strong>de</strong> poluente no ar <strong>de</strong> diluição. O<br />

processo <strong>de</strong> enchimento dos sacos <strong>de</strong> amostra do gás <strong>de</strong> exaustão correspon<strong>de</strong>, em<br />

geral, às fases ou ciclos parciais e que os ciclos <strong>de</strong> testes são divididos. A massa <strong>de</strong><br />

poluente emitida durante o teste foi calculada a partir do vol<strong>um</strong>e total do gás <strong>de</strong><br />

exaustão diluído e das concentrações dos <strong>com</strong>ponentes poluentes nos sacos <strong>de</strong><br />

amostra <strong>de</strong> gás <strong>de</strong> exaustão e ar. Neste trabalho foi empregado o sistema <strong>de</strong><br />

medição <strong>de</strong> gases Horiba Série 7200, que utiliza o sistema <strong>de</strong> diluição do método do<br />

108


venturi <strong>de</strong> fluxo crítico (CFV). No método CFV <strong>um</strong> tubo do tipo venturi e <strong>um</strong>a<br />

ventoinha padrão são usados no estado crítico.<br />

4.2.5.4 Medição da emissão <strong>de</strong> material particulado<br />

Adicionalmente aos poluentes gasosos, materiais particulados sólidos foram<br />

também medidos, visto que constituem poluentes sujeitos ao controle da legislação.<br />

O processo gravimétrico foi adotado para medir as <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> materiais<br />

particulados. No processo é retirada <strong>um</strong>a amostra <strong>de</strong> parte do gás <strong>de</strong> exaustão<br />

diluído no túnel <strong>de</strong> diluição durante o ciclo <strong>de</strong> <strong>emissões</strong>, e direcionada em seguida<br />

aos filtros <strong>de</strong> particulados. A carga <strong>de</strong> particulados é calculada a partir do peso dos<br />

filtros <strong>de</strong> particulados antes e <strong>de</strong>pois do teste. A fração do gás <strong>de</strong> exaustão foi<br />

amostrada no centro do tubo <strong>de</strong> exaustão <strong>de</strong> modo a direcionar <strong>um</strong> fluxo controlado<br />

através <strong>de</strong> <strong>um</strong> filtro Pallflex T60A20, <strong>de</strong> 47 mm <strong>de</strong> diâmetro, instalado no interior <strong>de</strong><br />

<strong>um</strong> porta-filtro <strong>de</strong> aço inox. Os filtros foram condicionados antes <strong>de</strong> toda pesagem<br />

em <strong>um</strong>a câmara climática <strong>com</strong> controle <strong>de</strong> temperatura entre 20 ºC e 30 ºC e<br />

<strong>um</strong>ida<strong>de</strong> entre 30 e 70%. Para isso, o filtro foi colocado em <strong>um</strong>a placa <strong>de</strong> Petri<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> <strong>um</strong> <strong>de</strong>ssecador <strong>de</strong> vidro por <strong>um</strong>a hora antes da pesagem. A pesagem foi<br />

realizada antes e após a retirada da amostra <strong>de</strong> gases, <strong>de</strong>terminando assim o total<br />

<strong>de</strong> massa <strong>de</strong> material particulado coletado no filtro. Para tal foi utilizada <strong>um</strong>a balança<br />

digital do fabricante Sartorius, mo<strong>de</strong>lo M5P-000V001, <strong>com</strong> capacida<strong>de</strong> para 1500 mg<br />

e resolução <strong>de</strong> 0,001 mg. Para cada operação <strong>de</strong> pesagem do filtro, a balança é<br />

aferida <strong>com</strong> <strong>um</strong> filtro padrão antes do teste subsequente.<br />

4.3 Caracterização das amostras <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível<br />

As amostras das <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> óleo diesel e biodiesel foram analisadas no<br />

Laboratório Químico da Engenharia <strong>de</strong> Materiais/Divisão Química da FIAT<br />

Automóveis S/A. As proprieda<strong>de</strong>s mensuradas foram <strong>de</strong>terminadas <strong>com</strong> os<br />

respectivos métodos <strong>de</strong> teste <strong>de</strong>scritos na Tabela 10.<br />

109


TABELA 10<br />

Proprieda<strong>de</strong>s ensaiadas e respectivos métodos.<br />

PROPRIEDADE MÉTODO DE ENSAIO<br />

Densida<strong>de</strong> NBR 7148 / NBR 14065 / ASTM D 1298<br />

Viscosida<strong>de</strong> Cinemática ASTM D 445 / NBR 10441<br />

Viscosida<strong>de</strong> Dinâmica ASTM D 445 / NBR 10441<br />

Temperatura<strong>de</strong> Destilação NBR 9619 / ASTM D 86<br />

Teor <strong>de</strong> Enxofre ASTM D 5453<br />

Entupimento a Frio ABNT 14747 / ASTM D6371<br />

Aci<strong>de</strong>z ASTM D 664 / ABNT 14448 / EN 14104<br />

Estabilida<strong>de</strong> Oxidativa ASTM D 525<br />

Fonte: ANP, 2006; ANP, 2008<br />

110


5 RESULTADOS E DISCUSSÕES<br />

Os resultados <strong>de</strong>ste trabalho são apresentados divididos nos seguintes<br />

tópicos: proprieda<strong>de</strong>s físico-químicas dos <strong>com</strong>bustíveis, cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível,<br />

partida a frio abaixo <strong>de</strong> 0°C, <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> gases poluentes na exaustão e<br />

temperatura do catalisador.<br />

5.1 Proprieda<strong>de</strong>s físico-químicas dos <strong>com</strong>bustíveis<br />

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Bio<strong>com</strong>bustíveis – ANP<br />

regulamenta o uso <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustíveis no Brasil. A resolução ANP nº 15, <strong>de</strong> 17/072006,<br />

publicada no Diário Oficial da União em 19/07/2006, estabelece as especificações<br />

<strong>de</strong> óleo diesel e mistura óleo diesel/biodiesel (B4) para uso rodoviário e<br />

<strong>com</strong>ercialização em todo o território nacional. O biodiesel é regulamentado pela<br />

resolução ANP nº 7, <strong>de</strong> 19/03/2008, publicada no Diário Oficial da União em<br />

20/03/2008. Através do regulamento técnico ANP nº 1/2008, esta resolução<br />

estabelece as características do B100 a ser adicionado ao óleo diesel<br />

<strong>com</strong>ercializado no país, atualmente na proporção <strong>de</strong> 4% v/v. As características dos<br />

<strong>com</strong>bustíveis apresentadas, que influenciam no cons<strong>um</strong>o e <strong>emissões</strong>, são<br />

resultantes <strong>de</strong> análises das <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> óleo diesel e biodiesel conforme a<br />

Resolução ANP nº 15, <strong>de</strong> 17/07/2006. Com o propósito <strong>de</strong> fornecer subsídios às<br />

análises dos resultados <strong>de</strong> <strong>emissões</strong> e <strong>performance</strong> observados experimentalmente,<br />

são apresentadas a seguir as proprieda<strong>de</strong>s analisadas dos <strong>com</strong>bustíveis testados.<br />

5.1.1 Viscosida<strong>de</strong><br />

A faixa <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong> cinemática a 40 ºC especificada pela ANP para o<br />

biodiesel é <strong>de</strong> 3,0 a 6,0 mm 2 /s. Para o óleo diesel a faixa é <strong>de</strong> 2,0 a 5,0 mm 2 /s. O<br />

óleo diesel S10 Euro IV tem especificado pela norma EN 590:2004 a faixa <strong>de</strong> 2,0 a<br />

111


4,5 mm 2 /s. Na FIGURA 23 po<strong>de</strong>-se constatar que todas as <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustíveis<br />

apresentam valores <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong> cinemática <strong>de</strong>ntro dos limites prescritos em<br />

norma. A afirmação também é válida para o biodiesel puro <strong>de</strong> soja (B100). A<br />

viscosida<strong>de</strong> para todos os <strong>com</strong>bustíveis se reduz <strong>com</strong> o a<strong>um</strong>ento da temperatura,<br />

cujas curvas <strong>de</strong> tendência po<strong>de</strong>riam ser <strong>de</strong>scritas por funções logarítmicas (REID et<br />

al. 1987). A <strong>um</strong>a dada temperatura a mistura <strong>de</strong> biodiesel ao óleo diesel mineral<br />

a<strong>um</strong>enta a viscosida<strong>de</strong> da mistura, embora não haja <strong>um</strong>a relação direta <strong>com</strong> a<br />

concentração adicionada. Para todas as temperaturas o <strong>com</strong>bustível B100<br />

apresenta a maior viscosida<strong>de</strong>; contudo, a viscosida<strong>de</strong> apresentada pela mistura B3<br />

é maior que as apresentadas pelas <strong>misturas</strong> B10 e B20. A FIGURA 24 mostra a<br />

viscosida<strong>de</strong> dinâmica dos <strong>com</strong>bustíveis, <strong>de</strong>rivada do produto da viscosida<strong>de</strong><br />

cinemática pela massa específica.<br />

O a<strong>um</strong>ento da viscosida<strong>de</strong> do <strong>com</strong>bustível promovido pelo biodiesel <strong>de</strong> soja<br />

(FIG. 23 e FIG. 24) <strong>de</strong>ve exercer impacto sobre a dinâmica do jato <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível,<br />

a<strong>um</strong>entando a sua velocida<strong>de</strong> e distância <strong>de</strong> penetração. Por consequência, obtém-<br />

se <strong>um</strong> a<strong>um</strong>ento da quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> movimento turbulento do jato e, <strong>de</strong>ste modo, <strong>um</strong><br />

a<strong>um</strong>ento da taxa <strong>de</strong> preparação da mistura ar-<strong>com</strong>bustível quando adicionado<br />

biodiesel ao óleo diesel. De acordo <strong>com</strong> Tsuji e Neto (2008), o efeito negativo<br />

esperado <strong>de</strong>ste a<strong>um</strong>ento da viscosida<strong>de</strong> do <strong>com</strong>bustível é a ampliação do <strong>de</strong>sgaste<br />

nos <strong>com</strong>ponentes do motor, tais <strong>com</strong>o trem <strong>de</strong> engrenagens e eixo do <strong>com</strong>ando <strong>de</strong><br />

válvulas, <strong>de</strong>vido à maior pressão <strong>de</strong> injeção. A viscosida<strong>de</strong> do biodiesel é<br />

influenciada pelo tamanho <strong>de</strong> sua molécula e pelo a<strong>um</strong>ento <strong>de</strong> insaturações da<br />

molécula, e está diretamente relacionada <strong>com</strong> a origem do óleo vegetal ou gordura.<br />

A adição <strong>de</strong> etanol ao <strong>com</strong>bustível B20 reduz a viscosida<strong>de</strong> da mistura <strong>com</strong><br />

biodiesel e óleo diesel mineral (FIG. 24 e FIG. 25), concordando <strong>com</strong> as afirmações<br />

<strong>de</strong> Hansen et al. (2005). A redução na viscosida<strong>de</strong> da mistura promovida pelo etanol<br />

é aproximadamente proporcional à concentração <strong>de</strong>ste. Para qualquer temperatura<br />

a mistura B20E5 sempre apresenta menor valor <strong>de</strong> viscosida<strong>de</strong> que a mistura B20E2<br />

que, por sua vez, é menor que aquela apresentada por B20. Para altas temperaturas<br />

a viscosida<strong>de</strong> da mistura B20E5 se aproxima daquela apresentada pelo <strong>com</strong>bustível<br />

<strong>de</strong> referência, o óleo diesel mineral S10. Assim, a adição <strong>de</strong> etanol na mistura po<strong>de</strong><br />

se contrapor aos efeitos negativos gerados pela elevação da viscosida<strong>de</strong> do<br />

<strong>com</strong>bustível diesel pela mistura <strong>com</strong> o biodiesel.<br />

112


VISCOSIDADE CINEMÁTICA (mm 2/s)<br />

VISCOSIDADE DINÂMICA (mPa.s)<br />

8.0<br />

7.0<br />

6.0<br />

5.0<br />

4.0<br />

3.0<br />

2.0<br />

1.0<br />

0.0<br />

S10<br />

20 30 40 50 60 70 80 90 100<br />

TEMPERATURA ( OC)<br />

B3<br />

B10<br />

B20<br />

B20E2<br />

B20E5<br />

B100<br />

Figura 23: Viscosida<strong>de</strong> Cinemática para as diferentes <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel.<br />

7.0<br />

6.0<br />

5.0<br />

4.0<br />

3.0<br />

2.0<br />

1.0<br />

0.0<br />

S10<br />

20 30 40 50 60 70 80 90 100<br />

TEMPERATURA ( OC)<br />

B3<br />

B10<br />

B20<br />

B20E2<br />

B20E5<br />

B100<br />

Figura 24: Viscosida<strong>de</strong> Dinâmica para as diferentes <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel.<br />

113


5.1.2 Massa específica<br />

A FIGURA 25 mostra que a massa específica do <strong>com</strong>bustível a<strong>um</strong>enta <strong>com</strong> a<br />

mistura <strong>de</strong> biodiesel e etanol ao óleo diesel, para todas as temperaturas testadas.<br />

Em geral, a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> apresenta <strong>um</strong> <strong>de</strong>créscimo linear <strong>com</strong> o a<strong>um</strong>ento da<br />

temperatura. Com exceção do B100, todos os <strong>com</strong>bustíveis testados aten<strong>de</strong>m a<br />

especificação <strong>de</strong> máxima massa específica (865 kg/m 3 a 20°C) para o <strong>com</strong>bustível<br />

diesel <strong>de</strong>stinado ao uso metropolitano. Os resultados das <strong>misturas</strong> <strong>com</strong> biodiesel<br />

concordam <strong>com</strong> Valente (2007), que afirma que, para uso o urbano, a concentração<br />

<strong>de</strong> biodiesel na mistura não <strong>de</strong>ve ultrapassar 25% para aten<strong>de</strong>r o limite máximo <strong>de</strong><br />

massa específica do <strong>com</strong>bustível diesel. Como os sistemas <strong>de</strong> injeção <strong>de</strong><br />

<strong>com</strong>bustível operam por <strong>de</strong>slocamento vol<strong>um</strong>étrico fixo, o a<strong>um</strong>ento na massa<br />

específica do <strong>com</strong>bustível incrementa a massa total injetada. Assim, a adição do<br />

biodiesel e do etanol no óleo diesel mineral potencializa o a<strong>um</strong>ento da potência e<br />

das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> hidrocarbonetos, monóxido <strong>de</strong> carbono e fuligem, se forem<br />

mantidas as condições originais <strong>de</strong> operação do motor.<br />

MASSA ESPECÍFICA × 10 -3 (kg/m 3 )<br />

0.920<br />

0.900<br />

0.880<br />

0.860<br />

0.840<br />

0.820<br />

0.800<br />

0.780<br />

0.760<br />

20 30 40 50 60 70 80 90 100<br />

TEMPERATURA ( O C)<br />

Figura 25: Massa específica para as diferentes <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel.<br />

S10<br />

B3<br />

B10<br />

B20<br />

B20E2<br />

B20E5<br />

B100<br />

114


5.1.3 Teor <strong>de</strong> Enxofre<br />

A FIGURA 26 apresenta teor <strong>de</strong> enxofre <strong>de</strong>crescente nas <strong>misturas</strong> <strong>com</strong><br />

concentrações crescentes <strong>de</strong> biodiesel <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> soja no óleo diesel mineral. Nota-<br />

se que a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> enxofre é praticamente nula para biodiesel <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> soja<br />

puro (B100). Todas as amostras contendo biodiesel apresentaram teor <strong>de</strong> enxofre<br />

inferior ao estabelecido pelas normas vigentes para aplicações metropolitanas, <strong>de</strong><br />

500 mg/kg. As <strong>misturas</strong> <strong>com</strong> concentrações <strong>de</strong> biodiesel <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> soja superiores<br />

a 90% permitiriam reduzir o teor <strong>de</strong> enxofre a valores inferiores a 10 mg/kg,<br />

aten<strong>de</strong>ndo as especificações para o <strong>com</strong>bustível diesel S10 Euro IV. Vale ressaltar<br />

que, <strong>com</strong> a adição <strong>de</strong> etanol na mistura óleo diesel-bio<strong>de</strong>siel, espera-se <strong>um</strong>a<br />

redução proporcional à concentração do álcool na formação <strong>de</strong> SO2, <strong>um</strong>a vez que o<br />

enxofre é ausente naquela substância.<br />

Os óxidos <strong>de</strong> enxofre são percursores para a formação <strong>de</strong> ácido sulfúrico, e<br />

nesse contexto, sua concentração na atmosfera em grau elevado, provoca, quando<br />

precipitado, chuva ácida. A redução da concentração <strong>de</strong> enxofre pela adição <strong>de</strong><br />

biodiesel ou etanol no óleo diesel mineral representa <strong>um</strong>a significativa redução <strong>de</strong><br />

custo no processo <strong>de</strong> produção <strong>de</strong>ste <strong>com</strong>bustível.<br />

As novas tecnologias <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> poluentes, <strong>com</strong>o, por exemplo, o filtro<br />

para material particulado, são restritas as aplicações <strong>com</strong> teor <strong>de</strong> enxofre menor do<br />

que 50 ppm <strong>de</strong>vido a formação <strong>de</strong> SO2 no filtro, sendo proibitivo o uso <strong>de</strong>sta<br />

tecnologia em países <strong>com</strong> <strong>com</strong>bustível alto teor <strong>de</strong> enxofre. A presença <strong>de</strong> elevados<br />

percentuais <strong>de</strong> enxofre no óleo diesel a<strong>um</strong>enta a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> material particulado<br />

gerado no processo <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão. Como resultado, a emissão <strong>de</strong> f<strong>um</strong>aça é<br />

a<strong>um</strong>entada, principalmente na fase <strong>de</strong> aquecimento do motor. Nos países europeus<br />

a eliminação do enxofre do óleo diesel ocorre pelo processo <strong>de</strong> hidrogenação nas<br />

refinarias <strong>de</strong> petróleo. Como a lubricida<strong>de</strong> do óleo diesel mineral <strong>de</strong>ssulfurado é<br />

reduzida, a correção é realizada através da adição <strong>de</strong> aditivos químicos ao diesel<br />

mineral. Os óleos vegetais e as gorduras <strong>de</strong> animais não possuem enxofre, o<br />

biodiesel e o etanol são praticamente isentos <strong>de</strong>sse elemento, po<strong>de</strong>ndo, assim,<br />

auxiliar na redução das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> material particulado e SO2. Adicionalmente,<br />

<strong>com</strong>o sua lubricida<strong>de</strong> é elevada, o biodiesel po<strong>de</strong> ser utilizado <strong>com</strong>o aditivo<br />

ecológico ao óleo diesel mineral <strong>de</strong>ssulfurado para melhoria <strong>de</strong>sta proprieda<strong>de</strong>.<br />

115


TEOR DE ENXOFRE (mg/kg)<br />

125<br />

100<br />

75<br />

50<br />

25<br />

0<br />

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100<br />

CONCENTRAÇÃO DE BIODIESEL (%)<br />

Figura 26: Teor <strong>de</strong> Enxofre para as diferentes <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel.<br />

5.1.4 Temperatura <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação<br />

A FIGURA 27 mostra as curvas <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação dos <strong>com</strong>bustíveis testados,<br />

exceto para B100, por limitação do equipamento utilizado. A partir da análise da<br />

temperatura T80 po<strong>de</strong>-se afirmar que todas as <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> óleo diesel mineral e<br />

biodiesel <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> soja apresentam elevada estabilida<strong>de</strong>, o que é <strong>de</strong>sejável do<br />

ponto <strong>de</strong> vista da volatilida<strong>de</strong> das frações pesadas do <strong>com</strong>bustível. Segundo Keith<br />

(1995), a análise <strong>de</strong>sta temperatura visa controlar o teor <strong>de</strong> frações pesadas no<br />

<strong>com</strong>bustível diesel <strong>com</strong> o objetivo <strong>de</strong> minimizar a formação <strong>de</strong> <strong>de</strong>pósitos no motor,<br />

as <strong>emissões</strong> gasosas <strong>de</strong> hidrocarbonetos não queimados, <strong>de</strong> óxidos <strong>de</strong> nitrogênio e<br />

a emissão <strong>de</strong> f<strong>um</strong>aça preta. Outro importante indicador é a temperatura T85, que,<br />

juntamente <strong>com</strong> a temperatura T90, mostra a tendência do <strong>com</strong>bustível para produzir<br />

f<strong>um</strong>aça (OWEN; COLEY, 1995). A curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação do óleo diesel S10 po<strong>de</strong> ser<br />

consi<strong>de</strong>rada <strong>com</strong>o <strong>um</strong> referencial para a legislação <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> <strong>emissões</strong> <strong>de</strong><br />

poluentes brasileira, <strong>um</strong>a vez que este <strong>com</strong>bustível aten<strong>de</strong> ao limite Euro IV.<br />

116


Conforme po<strong>de</strong> ser observado na FIGURA 27, a adição <strong>de</strong> etanol na mistura<br />

B20 modificou a forma das curvas <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação em temperaturas abaixo <strong>de</strong> T40<br />

(~275 ºC). A análise <strong>com</strong>parativa das curvas <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação <strong>de</strong> B20, B20E2 e B20E5<br />

permite concluir que, quanto maior o conteúdo <strong>de</strong> etanol na mistura óleo diesel-<br />

biodiesel, mais volátil é o <strong>com</strong>bustível. Como indicador, a adição <strong>de</strong> etanol na<br />

mistura reduziu a temperatura T10, correspon<strong>de</strong>nte a 10% <strong>de</strong> vol<strong>um</strong>e <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível<br />

evaporado, que indica a facilida<strong>de</strong> do <strong>com</strong>bustível para volatilizar-se. A volatilida<strong>de</strong>,<br />

ou volatilização, é a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>um</strong>a substância passar da fase líquida para a<br />

fase vapor, processo necessário para que a ignição se realize. A volatilida<strong>de</strong> dos<br />

<strong>com</strong>bustíveis utilizados nos motores <strong>com</strong> ignição por <strong>com</strong>pressão tem influência na<br />

potência, na formação <strong>de</strong> fuligem e <strong>de</strong>pósitos na câmara <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão e no sistema<br />

<strong>de</strong> exaustão dos motores. Quanto mais volátil for o <strong>com</strong>bustível, menor será a<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fuligem e resíduos que se formarão na exaustão e na câmara <strong>de</strong><br />

<strong>com</strong>bustão. Assim, <strong>com</strong> a adição <strong>de</strong> etanol à mistura <strong>de</strong> biodiesel e óleo diesel<br />

mineral, espera-se a redução na formação <strong>de</strong> fuligem e material particulado.<br />

TEMPERATURA DE DESTILAÇÃO ( O C)<br />

400<br />

350<br />

300<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

S10<br />

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100<br />

VOLUME RECUPERADO (%)<br />

B3<br />

B5<br />

B10<br />

B20<br />

B20E2<br />

B20E5<br />

Figura 27: Curva <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação para as diferentes <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel.<br />

117


5.1.5 Índice <strong>de</strong> cetano<br />

Na FIGURA 28 po<strong>de</strong> ser observado que a adição <strong>de</strong> até 20% <strong>de</strong> biodiesel no<br />

óleo diesel mineral S500 não altera significativamente o índice <strong>de</strong> cetano. Ressalta-<br />

se que o óleo diesel metropolitano base para as <strong>misturas</strong> <strong>com</strong> biodiesel e etanol<br />

(S500) apresenta número <strong>de</strong> cetano superior ao do óleo diesel mineral apresentado<br />

<strong>com</strong>o referência (S10). A adição <strong>de</strong> etanol anidro na mistura <strong>com</strong> óleo diesel-<br />

biodiesel causou <strong>um</strong>a substancial redução no índice <strong>de</strong> cetano. Este resultado está<br />

<strong>de</strong> acordo <strong>com</strong> o mencionado por Hansen et al. (2005), acusando que o a<strong>um</strong>ento da<br />

concentração <strong>de</strong> etanol no óleo diesel provoca a diminuição proporcional do número<br />

<strong>de</strong> cetano da mistura. Reduzidos valores do índice <strong>de</strong> cetano acarretam dificulda<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> partida a frio, <strong>de</strong>pósito <strong>de</strong> carvão nos pistões e mau funcionamento do motor.<br />

Estes efeitos limitam a concentração <strong>de</strong> etanol que po<strong>de</strong> ser utilizado misturado ao<br />

óleo diesel e ao biodiesel. O índice <strong>de</strong> cetano apresentado na FIGURA 28 foi<br />

calculado pelas Eqs. (1) e (2).<br />

ÍNDICE DE CETANO (ASTM D 4737)<br />

53.0<br />

52.0<br />

51.0<br />

50.0<br />

49.0<br />

48.0<br />

47.0<br />

46.0<br />

45.0<br />

S10 B3 B10 B20 B20E2 B20E5<br />

Figura 28: Índice <strong>de</strong> cetano para as <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel.<br />

118


5.1.6 Ponto <strong>de</strong> entupimento <strong>de</strong> filtro a frio – CFPP<br />

O ponto <strong>de</strong> entupimento <strong>de</strong> filtro a frio <strong>de</strong>terminado pelos testes <strong>com</strong> as<br />

<strong>misturas</strong> <strong>de</strong> óleo diesel-biodiesel apresenta valores inferiores ao valor máximo <strong>de</strong><br />

0ºC (FIG. 29), estabelecido pela legislação brasileira. Destaca-se o baixo valor <strong>de</strong><br />

CFPP do óleo diesel S10, igual a -26ºC. O óleo diesel S10 tem o CFPP especificado<br />

na faixa <strong>de</strong> +5 a -44ºC para países árticos e <strong>de</strong> inverno severo, conforme a norma<br />

EN590 (ECS, 2009). É observada <strong>um</strong>a diferença significativa somente entre o CFPP<br />

do <strong>com</strong>bustível S10 e as <strong>de</strong>mais <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel <strong>com</strong> óleo diesel S500.<br />

Ressalta-se que a adição <strong>de</strong> etanol ao B20 nas concentrações <strong>de</strong> 2 e 5% não<br />

alteraram seu CFPP, igual a -7 ºC. Tal característica tem influência na <strong>performance</strong><br />

da partida a frio do motor em condição sub-zero. O ponto <strong>de</strong> entupimento representa<br />

a temperatura ambiente na qual o óleo diesel <strong>com</strong>eça a causar entupimento <strong>de</strong><br />

filtros, dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> bombeamento e <strong>de</strong> atomização da mistura ar-<strong>com</strong>bustível para<br />

queima na câmara <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão. Estes problemas são causados pela cristalização<br />

das parafinas presentes no <strong>com</strong>bustível sob baixa temperatura e pela água<br />

(REZENDE; ÁVILA, 2008).<br />

TEMPERATURA (ºC)<br />

0<br />

-5<br />

-10<br />

-15<br />

-20<br />

-25<br />

-30<br />

S10 B3 B10 B20 B20E2 B20E5 B100<br />

Figura 29: CFPP para as diferentes <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel.<br />

119


5.2 Cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível<br />

Consi<strong>de</strong>rando que o etanol apresenta <strong>um</strong> baixo po<strong>de</strong>r calorífico inferior<br />

(Tabela 11), é esperado <strong>um</strong> a<strong>um</strong>ento no cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível quando o etanol é<br />

misturado ao óleo diesel ou biodiesel. Porém, no caso <strong>de</strong> concentrações <strong>de</strong> até 10%<br />

v/v <strong>de</strong> etanol em <strong>misturas</strong> <strong>com</strong> o óleo diesel e/ou biodiesel, as reduções na<br />

<strong>performance</strong> do motor são diminutas, conforme po<strong>de</strong> ser verificado na Tabela 11.<br />

TABELA 11<br />

Po<strong>de</strong>r calorífico inferior <strong>de</strong> diversos <strong>com</strong>bustíveis.<br />

COMBUSTÍVEL PODER CALORÍFICO INFERIOR<br />

(MJ/kg)<br />

FONTE<br />

Óleo Diesel 43 Heywood, 1998<br />

Óleo Diesel + 10% etanol 40 Lapuerta, 2008<br />

Biodiesel B100 <strong>de</strong> soja 38 Kegl, 2008b<br />

Etanol 27 Heywood, 1995<br />

Com o objetivo <strong>de</strong> possibilitar <strong>um</strong> <strong>com</strong>parativo do <strong>de</strong>sempenho do motor<br />

unicamente <strong>de</strong>vido às diferenças entre as características físico-químicas dos<br />

<strong>com</strong>bustíveis testados, o sistema <strong>de</strong> auto-adaptação dos parâmetros <strong>de</strong> operação<br />

do motor foi <strong>de</strong>sabilitado. Este sistema adapta o motor às variações impostas pelo<br />

uso <strong>de</strong> diferentes <strong>com</strong>bustíveis, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> <strong>um</strong> limite. Mesmo <strong>com</strong> o sistema <strong>de</strong> auto-<br />

adaptação <strong>de</strong>sabilitado, não foram apresentadas diferenças significativas <strong>de</strong><br />

cons<strong>um</strong>o para os diversos <strong>com</strong>bustíveis testados, <strong>com</strong>o mostra a FIGURA 30. O<br />

cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível das <strong>misturas</strong> foi medido segundo o ciclo FTP-75, <strong>com</strong>o<br />

relatado no item 4.2.2. Os resultados encontrados nas circunstâncias <strong>de</strong>scritas são<br />

divergentes daqueles relatados por outros autores. Ribeiro et al. (2008) relatam <strong>um</strong><br />

estudo em que a adição <strong>de</strong> 4% <strong>de</strong> etanol ao óleo diesel a<strong>um</strong>entou a potência <strong>de</strong><br />

saída do motor e reduziu o cons<strong>um</strong>o específico <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível. Em oposição, os<br />

mesmos autores mencionam <strong>um</strong> outro estudo em que ocorreu <strong>um</strong>a leve redução na<br />

potência e <strong>um</strong> a<strong>um</strong>ento em 9% no cons<strong>um</strong>o específico <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível <strong>com</strong> o uso <strong>de</strong><br />

concentrações superiores a 20% <strong>de</strong> etanol no óleo diesel. As diferentes condições<br />

<strong>de</strong> operação dos motores nestes trabalhos influenciaram nos resultados obtidos.<br />

120


CONSUMO DE COMBUSTÍVEL (km/l)<br />

16.0<br />

15.5<br />

15.0<br />

14.5<br />

14.0<br />

15.15<br />

15.29<br />

15.44<br />

15.16 15.26<br />

15.41<br />

S10 B3 B5 B10 B20 B20E2 B20E5<br />

Figura 30: Cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível para as diferentes <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel.<br />

5.3 Tempo <strong>de</strong> partida a frio<br />

15.11<br />

As <strong>misturas</strong> B20, B20E2 e B20E5 possuem elevada volatilida<strong>de</strong> sob<br />

temperaturas <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação abaixo <strong>de</strong> T30 (ver FIG. 27), o que indica <strong>um</strong>a maior<br />

facilida<strong>de</strong> do <strong>com</strong>bustível em volatilizar, auxiliando o início da queima da mistura e,<br />

consequentemente, o início <strong>de</strong> funcionamento do motor em condições ambientais <strong>de</strong><br />

temperaturas abaixo <strong>de</strong> 0ºC. Neste trabalho foi realizado o teste <strong>de</strong> partida a frio na<br />

temperatura ambiente <strong>de</strong> -5ºC, que representa a menor temperatura média invernal<br />

do Brasil. Antes <strong>de</strong> cada teste o <strong>veículo</strong> foi condicionado em <strong>um</strong>a câmara climática<br />

por 12 horas. A FIGURA 31 mostra que a do motor térmico não foi dificultosa,<br />

apresentando <strong>um</strong> tempo <strong>de</strong> partida curto para todas as <strong>misturas</strong>, consi<strong>de</strong>rando que<br />

o tempo <strong>de</strong> partida a frio é consi<strong>de</strong>rado aceitável até 3,0 s. Este resultado está <strong>de</strong><br />

acordo <strong>com</strong> o estudo realizado por Lapuerta et al. (2007), que afirmam que <strong>misturas</strong><br />

<strong>de</strong> óleo diesel <strong>com</strong> até 10% v/v <strong>de</strong> etanol po<strong>de</strong>m ser utilizadas em motores diesel em<br />

países nos quais as temperaturas no inverno não atingem valores abaixo <strong>de</strong> -5ºC.<br />

121


TEMPO DE PARTIDA (ms)<br />

1400<br />

1200<br />

1000<br />

800<br />

600<br />

400<br />

200<br />

0<br />

S10 B3 B5 B10 B20 B20E2 B20E5<br />

Figura 31: Tempos <strong>de</strong> partida a frio para as diferentes <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel.<br />

5.4 Emissões na exaustão<br />

5.4.1 Dióxido <strong>de</strong> carbono<br />

Na FIGURA 32 po<strong>de</strong>-se verificar <strong>um</strong>a tendência <strong>de</strong> a<strong>um</strong>ento das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong><br />

CO2 à medida que a concentração do biodiesel a<strong>um</strong>enta na mistura <strong>com</strong> o óleo<br />

diesel mineral, mantendo-se aproximadamente estável entre B10 e B20. O a<strong>um</strong>ento<br />

da formação <strong>de</strong> CO2 é <strong>de</strong>vido à alta relação carbono/hidrogênio e à presença <strong>de</strong><br />

oxigênio na molécula do biodiesel. Por outro lado, <strong>um</strong>a diminuição substancial na<br />

emissão <strong>de</strong> CO2 ocorre quando o etanol é adicionado ao <strong>com</strong>bustível B20. Este<br />

resultado concorda <strong>com</strong> a observação <strong>de</strong> He et al. (2003), que constataram que,<br />

<strong>com</strong> o a<strong>um</strong>ento do conteúdo <strong>de</strong> etanol na mistura <strong>com</strong> óleo diesel, ocorre <strong>um</strong>a<br />

diminuição nas <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> CO2. Tal fato é explicado pela baixa relação<br />

carbono/hidrogênio na molécula do etanol. Assim, o uso <strong>de</strong> etanol misturado ao óleo<br />

diesel e biodiesel se mostra importante para o controle do aquecimento global.<br />

122


CO 2 (g/km)<br />

172.5<br />

170.0<br />

167.5<br />

165.0<br />

162.5<br />

160.0<br />

S10 B3 B5 B10 B20 B20E2 B20E5<br />

Figura 32: Emissões <strong>de</strong> CO2 na exaustão para as diferentes <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel.<br />

5.4.2 Monóxido <strong>de</strong> carbono<br />

Na FIGURA 33 verifica-se que o a<strong>um</strong>ento da concentração <strong>de</strong> biodiesel no<br />

<strong>com</strong>bustível não implica em variações significativas nas <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> CO, por<br />

<strong>com</strong>paração entre as <strong>misturas</strong> B3, B10 e B20. Porém, as <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> CO<br />

a<strong>um</strong>entaram proporcionalmente à concentração <strong>de</strong> etanol adicionada na mistura<br />

B20. Novamente, este resultado concorda <strong>com</strong> aqueles obtidos por He et al. (2003),<br />

que também constataram que o a<strong>um</strong>ento do conteúdo <strong>de</strong> etanol na mistura <strong>com</strong> o<br />

óleo diesel gera <strong>um</strong> a<strong>um</strong>ento nas <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> CO. O a<strong>um</strong>ento da formação <strong>de</strong> CO<br />

<strong>com</strong> o uso <strong>de</strong> etanol misturado ao óleo diesel é <strong>de</strong>vido à redução da temperatura <strong>de</strong><br />

<strong>com</strong>bustão e o conseqüente resfriamento da chama. Este último efeito é causado<br />

pelo elevado calor latente <strong>de</strong> vaporização do etanol, resultando em reduzida taxa <strong>de</strong><br />

oxidação do CO em CO2.<br />

123


CO (g/km)<br />

0.80<br />

0.70<br />

0.60<br />

0.50<br />

0.40<br />

0.30<br />

0.20<br />

0.10<br />

0.00<br />

5.4.3 Hidrocarbonetos<br />

LIMITE EURO III: 0,64 (g/km)<br />

S10 B3 B5 B10 B20 B20E2 B20E5<br />

Figura 33: Emissões <strong>de</strong> CO para as diferentes <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel.<br />

A FIGURA 34 mostra <strong>um</strong>a redução nas <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> hidrocarbonetos <strong>com</strong> o<br />

a<strong>um</strong>ento da concentração <strong>de</strong> biodiesel na mistura <strong>com</strong> o óleo diesel, e <strong>um</strong> a<strong>um</strong>ento<br />

na concentração <strong>de</strong> HC <strong>com</strong> a adição <strong>de</strong> etanol ao B20. Este <strong>com</strong>portamento po<strong>de</strong><br />

estar vinculado ao índice <strong>de</strong> cetano da mistura, que a<strong>um</strong>enta <strong>com</strong> a concentração <strong>de</strong><br />

biodiesel e se reduz <strong>com</strong> a adição <strong>de</strong> etanol (ver FIG. 28). O a<strong>um</strong>ento do índice <strong>de</strong><br />

cetano reduz o atraso da ignição e a queima in<strong>com</strong>pleta <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível,<br />

consequentemente reduzindo as <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> HC. O efeito contrário ocorre <strong>com</strong> a<br />

redução do índice <strong>de</strong> cetano proporcionado pelo etanol. Os resultados encontrados<br />

concordam <strong>com</strong> He et al. (2003), que observaram que o a<strong>um</strong>ento da concentração<br />

<strong>de</strong> etanol na mistura <strong>com</strong> o óleo diesel a<strong>um</strong>enta as <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> HC. Segundo os<br />

autores, o a<strong>um</strong>ento das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> HC po<strong>de</strong> advir da vaporização mais lenta do<br />

etanol ou da heterogeneida<strong>de</strong> da sua mistura <strong>com</strong> o óleo diesel, que contribui para o<br />

empobrecimento da mistura em alg<strong>um</strong>as regiões da câmara <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão.<br />

124


HC (g/km)<br />

0.30<br />

0.25<br />

0.20<br />

0.15<br />

0.10<br />

0.05<br />

0.00<br />

S10 B3 B5 B10 B20 B20E2 B20E5<br />

Figura 34: Emissões <strong>de</strong> HC para as diferentes <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel.<br />

5.4.4 Óxidos <strong>de</strong> nitrogênio<br />

Na FIGURA 35 po<strong>de</strong> ser observado que as <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> NOX a<strong>um</strong>entam <strong>com</strong><br />

concentrações mo<strong>de</strong>radas <strong>de</strong> biodiesel (B10 e B20) e se reduzem <strong>com</strong> a adição <strong>de</strong><br />

etanol (B20E2 e B20E5). O maior índice <strong>de</strong> cetano do biodiesel em relação ao óleo<br />

diesel (ver FIG. 28) produz maiores temperaturas <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão que, adicionadas à<br />

presença <strong>de</strong> oxigênio na molécula do biodiesel, a<strong>um</strong>entam a formação <strong>de</strong> NOX <strong>com</strong><br />

o uso das <strong>misturas</strong> B10 e B20. Por outro lado, <strong>um</strong>a vez que o po<strong>de</strong>r calorífico do<br />

etanol é baixo, maior é a quantida<strong>de</strong> dos <strong>com</strong>bustíveis B20E2 e B20E5 injetada para<br />

suprir a <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> potência em relação à mistura B20, intensificando a<br />

vaporização <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível e o resfriamento da câmara <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustão. Assim, os<br />

picos <strong>de</strong> pressão e temperatura são reduzidos e, consequentemente, a taxa <strong>de</strong><br />

formação <strong>de</strong> NOX também é reduzida. Como observado neste trabalho, He et al.<br />

(2003) também constataram que o a<strong>um</strong>ento do conteúdo <strong>de</strong> etanol na mistura <strong>com</strong><br />

óleo diesel acarreta em <strong>um</strong>a redução nas <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> NOX.<br />

125


NO x (g/km)<br />

0.80<br />

0.70<br />

0.60<br />

0.50<br />

0.40<br />

0.30<br />

0.20<br />

0.10<br />

0.00<br />

LIMITE EURO III: 0,50 (g/km)<br />

S10 B3 B5 B10 B20 B20E2 B20E5<br />

Figura 35: Emissões <strong>de</strong> NOX para as diferentes <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel.<br />

5.4.5 Material particulado<br />

Conforme os resultados apresentados na FIGURA 36, o uso <strong>de</strong><br />

concentrações mo<strong>de</strong>radas <strong>de</strong> biodiesel na mistura <strong>com</strong> o óleo diesel reduz as<br />

<strong>emissões</strong> <strong>de</strong> material particulado, enquanto a adição <strong>de</strong> etanol a<strong>um</strong>enta as<br />

<strong>emissões</strong> <strong>de</strong> MP. No primeiro caso, a redução da formação <strong>de</strong> material particulado<br />

se dá <strong>de</strong>vido ao a<strong>um</strong>ento do índice <strong>de</strong> cetano do <strong>com</strong>bustível pelo uso do biodiesel.<br />

A situação inversa ocorre <strong>com</strong> a adição <strong>de</strong> etanol nas <strong>misturas</strong> B20E2 e B20E5<br />

<strong>de</strong>vido ao menor índice <strong>de</strong> cetano no álcool. Estes resultados estão <strong>de</strong> acordo <strong>com</strong><br />

Owen e Coley (1995), que afirmam que o baixo número <strong>de</strong> cetano resulta em<br />

a<strong>um</strong>ento <strong>de</strong> material particulado e ruído, e Valente (2007), que constatou que o<br />

a<strong>um</strong>ento da concentração <strong>de</strong> biodiesel na mistura <strong>com</strong> o óleo diesel produz menor<br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fuligem na exaustão. Ribeiro et al. (2008) afirmam que o uso <strong>de</strong><br />

aditivos para a<strong>um</strong>entar o número <strong>de</strong> cetano em <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> óleo diesel <strong>com</strong> etanol<br />

po<strong>de</strong> reduzir a formação <strong>de</strong> material particulado.<br />

126


MATERIAL PARTICULADO (g/km)<br />

0.10<br />

0.08<br />

0.06<br />

0.04<br />

0.02<br />

0.00<br />

LIMITE EURO III: 0,05 (g/km)<br />

S10 B3 B5 B10 B20 B20E2 B20E5<br />

Figura 36: Emissões <strong>de</strong> MP para as diferentes <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel.<br />

5.5 Temperatura do catalisador<br />

Degobert (1995) <strong>de</strong>staca que os gases <strong>de</strong> exaustão <strong>de</strong> motores diesel,<br />

<strong>com</strong>parando aos <strong>de</strong> motores <strong>com</strong> ignição por centelha, são caracterizados por <strong>um</strong>a<br />

elevada proporção <strong>de</strong> oxigênio residual, <strong>um</strong> baixo conteúdo <strong>de</strong> CO e HC e elevado<br />

grau <strong>de</strong> NOX. Os motores diesel operam <strong>com</strong> baixas temperaturas do gás <strong>de</strong><br />

exaustão no percurso urbano, inferiores a 450ºC, atingindo 750ºC em estradas.<br />

Sales (2001), testando <strong>um</strong> motor <strong>com</strong> ignição por centelha <strong>operando</strong> <strong>com</strong> etanol,<br />

observou que cerca <strong>de</strong> 40% dos hidrocarbonetos emitidos na exaustão durante o<br />

ciclo <strong>de</strong> <strong>emissões</strong> FTP-75 ocorre nos primeiros 50 s. As <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> al<strong>de</strong>ídos e<br />

monóxido <strong>de</strong> carbono também são maiores neste período, não havendo o<br />

catalisador atingido a temperatura i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> operação. Observa-se na FIGURA 37<br />

que as <strong>misturas</strong> contendo etanol (B20E2 e B20E5) proporcionaram maior<br />

temperatura do catalisador no início do ciclo <strong>de</strong> <strong>emissões</strong> NEDC, po<strong>de</strong>ndo auxiliar<br />

na oxidação <strong>de</strong> HC, CO e al<strong>de</strong>ídos nesta fase.<br />

127


TEMPERATURA (°C)<br />

450<br />

400<br />

350<br />

300<br />

250<br />

200<br />

150<br />

100<br />

50<br />

0<br />

S10<br />

B5<br />

B10<br />

B20<br />

B20E 2<br />

B20E 5<br />

Ci cl o N E DC<br />

0 200 400 600 800 1000 1200<br />

TEMPO (s)<br />

140<br />

120<br />

100<br />

Figura 37: Temperaturas no centro do catalisador para as diferentes <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel.<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

128<br />

VELOCIDADE (km/h)


6 CONCLUSÕES<br />

Neste capítulo são s<strong>um</strong>arizadas as principais conclusões obtidas neste<br />

trabalho. São também fornecidas sugestões para trabalhos futuros.<br />

6.1 Proprieda<strong>de</strong>s físico-químicas dos <strong>com</strong>bustíveis<br />

− Todas as <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel testadas, incluindo o biodiesel <strong>de</strong> soja puro<br />

(B100), têm viscosida<strong>de</strong> cinemática a 40°C abaixo do limite estabelecido para<br />

aplicações a motores diesel, <strong>de</strong> 5 mm 2 /s.<br />

− As <strong>misturas</strong> testadas contendo até 20% <strong>de</strong> biodiesel <strong>de</strong> soja e até 5% <strong>de</strong><br />

etanol anidro estiveram <strong>de</strong>ntro do limite <strong>de</strong> 865 kg/m 3 , estabelecido pela atual<br />

legislação para o óleo diesel metropolitano. O <strong>com</strong>bustível B100 apresentou<br />

massa específica inferior a 900 kg/m 3 .<br />

− Todas as <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel apresentaram teor <strong>de</strong> enxofre inferior ao<br />

estabelecido pelas normas vigentes para aplicações metropolitanas, <strong>de</strong> 500<br />

mg/kg. Concentrações <strong>de</strong> biodiesel superiores a 55% permitem reduzir o teor<br />

<strong>de</strong> enxofre a valores inferiores a 50 mg/kg, aten<strong>de</strong>ndo as especificações<br />

estabelecidas para o óleo diesel S50 (contendo 50 mg/kg <strong>de</strong> enxofre)<br />

<strong>com</strong>ercializado nas principais capitais do Brasil. Adicionalmente, <strong>misturas</strong> <strong>com</strong><br />

concentrações <strong>de</strong> biodiesel <strong>de</strong> óleo <strong>de</strong> soja superiores a 90% permitem<br />

reduzir o teor <strong>de</strong> enxofre a valores inferiores a 10 mg/kg, aten<strong>de</strong>ndo as<br />

especificações européias para o óleo diesel S10 (10 mg/kg <strong>de</strong> enxofre) na<br />

legislação <strong>de</strong> <strong>emissões</strong> Euro IV.<br />

− As curvas <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação das <strong>misturas</strong> contendo biodiesel e etanol se situaram<br />

<strong>de</strong>ntro dos limites estabelecidos pela legislação atual para <strong>com</strong>bustíveis<br />

diesel.<br />

− A adição do etanol anidro reduziu o índice <strong>de</strong> cetano nas <strong>misturas</strong> B20E2 e<br />

B20E5 <strong>com</strong>parativamente à mistura B20. Não obstante, todas as <strong>misturas</strong><br />

testadas apresentaram índice <strong>de</strong> cetano acima do limite especificado.<br />

129


6.2 Cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível<br />

− A utilização <strong>de</strong> <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> óleo diesel <strong>com</strong> até 20% <strong>de</strong> biodiesel e 5% <strong>de</strong><br />

etanol não resultam em variações significativas no cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível<br />

<strong>com</strong> relação ao óleo diesel mineral.<br />

6.3 Tempo <strong>de</strong> partida a frio<br />

− Não ocorreu dificulda<strong>de</strong> na partida do motor sob a temperatura ambiente <strong>de</strong> -<br />

5°C <strong>operando</strong> <strong>com</strong> as <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> óleo diesel e biodiesel, nem mesmo <strong>com</strong> a<br />

mistura contendo 20% <strong>de</strong> biodiesel e 5% <strong>de</strong> etanol (B20E5). Todavia, foram<br />

constatados inconvenientes transitórios durante a fase <strong>de</strong> aquecimento do<br />

motor, tais <strong>com</strong>o oscilação da velocida<strong>de</strong> angular do motor e elevação do<br />

ruído gerado pela queima da <strong>misturas</strong> contendo biodiesel. Quanto à<br />

dirigibilida<strong>de</strong> durante o período <strong>de</strong> aquecimento do <strong>veículo</strong>, constatou-se <strong>um</strong>a<br />

maior disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> potência nas acelerações e nas retomadas <strong>com</strong> o<br />

uso das <strong>misturas</strong> contendo etanol.<br />

6.4 Emissões <strong>de</strong> gases da exaustão pelas diferentes <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel<br />

− Com o a<strong>um</strong>ento do conteúdo <strong>de</strong> biodiesel na mistura <strong>com</strong> o óleo diesel<br />

ocorreu <strong>um</strong> a<strong>um</strong>ento nas <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> CO2. Contudo, as <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> CO2<br />

foram reduzidas <strong>com</strong> a adição <strong>de</strong> etanol na mistura contendo 20% <strong>de</strong><br />

biodiesel em óleo diesel.<br />

− Para concentrações <strong>de</strong> biodiesel <strong>de</strong> até 20% na mistura <strong>com</strong> o óleo diesel<br />

mineral as <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> monóxido <strong>de</strong> carbono apresentaram pouca variação.<br />

Contudo, o nível <strong>de</strong> emissão <strong>de</strong> CO foi maior para os <strong>com</strong>bustíveis contendo<br />

etanol adicionado à mistura do biodiesel <strong>com</strong> o óleo diesel mineral.<br />

− Uma ligeira tendência <strong>de</strong> redução nas <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> hidrocarbonetos foi<br />

observada à medida que a concentração <strong>de</strong> biodiesel em óleo diesel<br />

130


a<strong>um</strong>enta, até o limite <strong>de</strong> 20%. A adição <strong>de</strong> etanol na mistura contendo 20%<br />

<strong>de</strong> biodiesel a<strong>um</strong>entou as <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> HC.<br />

− As <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> óxidos <strong>de</strong> nitrogênio foram ligeiramente a<strong>um</strong>entadas para as<br />

<strong>misturas</strong> contendo concentrações mo<strong>de</strong>radas <strong>de</strong> biodiesel (B10 e B20). Com<br />

a adição <strong>de</strong> 2 a 5% <strong>de</strong> etanol na mistura B20 os níveis <strong>de</strong> <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> NOX<br />

foram reduzidos para aquele do óleo diesel mineral.<br />

− Com o a<strong>um</strong>ento da concentração <strong>de</strong> biodiesel na mistura, menor emissão <strong>de</strong><br />

material particulado foi verificada. Entretanto, os <strong>com</strong>bustíveis contendo<br />

etanol adicionado à mistura apresentaram <strong>um</strong> a<strong>um</strong>ento na emissão <strong>de</strong><br />

material particulado.<br />

6.5 Temperatura do Catalisador<br />

− Operando o motor <strong>com</strong> as <strong>misturas</strong> contendo etanol (B20E2 e B20E5) o<br />

catalisador apresentou maior temperatura nos primeiros 50 s do ciclo <strong>de</strong><br />

<strong>emissões</strong>, período em que a formação <strong>de</strong> HC, CO e al<strong>de</strong>ídos na câmara <strong>de</strong><br />

<strong>com</strong>bustão é mais intensa. A elevada temperatura do catalisador amplia a sua<br />

eficiência <strong>de</strong> conversão dos gases poluentes em <strong>com</strong>ponentes inofensivos à<br />

saú<strong>de</strong> h<strong>um</strong>ana. A mistura contendo 5% <strong>de</strong> biodiesel (B5) também apresentou<br />

resultado similar.<br />

6.6 Sugestões para trabalhos futuros<br />

− Sugere-se a realização <strong>de</strong> estudos relativos à adaptação do sistema <strong>de</strong><br />

injeção <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível às diferentes <strong>misturas</strong> contendo biodiesel e etanol. Os<br />

resultados <strong>de</strong>ste trabalho indicam que possíveis modificações no tempo <strong>de</strong><br />

injeção, período <strong>de</strong> injeção, pressão <strong>de</strong> injeção e nas características<br />

geométricas do injetor po<strong>de</strong>m ampliar os benefícios relatados pela utilização<br />

<strong>de</strong> <strong>misturas</strong> contendo óleo diesel, biodiesel e etanol.<br />

131


− Outro trabalho sugerido é a investigação da durabilida<strong>de</strong> do catalisador, do<br />

motor e dos <strong>com</strong>ponentes do sistema <strong>de</strong> injeção <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível <strong>com</strong> o uso <strong>de</strong><br />

<strong>misturas</strong> contendo biodiesel e baixos teores <strong>de</strong> etanol.<br />

− Finalmente, sugere-se o estudo da <strong>com</strong>bustão na câmara <strong>de</strong> motores <strong>de</strong><br />

ignição por <strong>com</strong>pressão <strong>operando</strong> <strong>com</strong> <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> biodiesel por meio <strong>de</strong><br />

simulação <strong>com</strong>putacional, tendo por meta a redução do cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong><br />

<strong>com</strong>bustível e das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> poluentes.<br />

132


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142


APÊNDICE A – ANÁLISE DE INCERTEZA<br />

Os experimentos para medição <strong>de</strong> cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível, <strong>emissões</strong> <strong>de</strong><br />

poluentes e tempo <strong>de</strong> partida a frio em condição sub-zero foram realizados em<br />

laboratórios distintos, porém utilizando o mesmo <strong>veículo</strong> e motor. As incertezas<br />

<strong>de</strong>stas gran<strong>de</strong>zas foram calculadas e, para simplificação, são apresentados <strong>com</strong>o<br />

valores máximos ou médios, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong> sua importância para o objeto <strong>de</strong>ste<br />

trabalho.<br />

A.1 Incerteza das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> poluentes<br />

A incerteza das leituras dos <strong>com</strong>ponentes HC, CO e NOX é especificada pelo<br />

fabricante dos analisadores <strong>com</strong>o 0,5%. Para o cálculo da incerteza máxima das<br />

medições foram utilizados os resultados <strong>de</strong> <strong>emissões</strong>, em g/ciclo, das <strong>misturas</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>com</strong>bustíveis testadas. Nas Tabelas 12 a 16 estão apresentados os resultados das<br />

incertezas nas leituras dos poluentes em questão.<br />

On<strong>de</strong>:<br />

143<br />

ICOC = ± COC ⋅0,<br />

5%<br />

(26)<br />

ICO C = ± CO C ⋅ 0,<br />

5%<br />

(27)<br />

2<br />

2<br />

IHCC = ± HCC ⋅ 0,<br />

5%<br />

(28)<br />

INO x<br />

x C = ± NO C ⋅ 0,<br />

5%<br />

(29)<br />

IMPC = ± NOx<br />

C ⋅ 0,<br />

5%<br />

(30)<br />

COC = concentração total <strong>de</strong> CO no ciclo Euro III (g/ciclo)<br />

CO2 C = concentração total <strong>de</strong> CO2 no ciclo Euro III (g/ciclo)<br />

HCC = concentração <strong>de</strong> total HC no ciclo Euro III (g/ciclo)


Combustível<br />

Combustível<br />

NOx C = concentração total <strong>de</strong> NOX no ciclo Euro III (g/ciclo)<br />

MPC = concentração total <strong>de</strong> MP no ciclo Euro III (g/ciclo)<br />

ICOC = incerteza <strong>de</strong> leitura <strong>de</strong> CO (g/ciclo)<br />

ICO2 C = incerteza <strong>de</strong> leitura <strong>de</strong> CO2 (g/ciclo)<br />

IHCC = incerteza <strong>de</strong> leitura <strong>de</strong> HC (g/ciclo)<br />

INOx C = incerteza <strong>de</strong> leitura <strong>de</strong> NOX (g/ciclo)<br />

IMPC = incerteza <strong>de</strong> leitura <strong>de</strong> MP (g/ciclo)<br />

Concentração<br />

média no ciclo<br />

EuroIII<br />

(g/km)<br />

Concentração<br />

média no ciclo<br />

EuroIII<br />

(g/km)<br />

TABELA 12<br />

Incerteza <strong>de</strong> leitura das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> CO2.<br />

TABELA 13<br />

Incerteza <strong>de</strong> leitura das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> CO.<br />

Distância<br />

percorrida<br />

no ciclo<br />

(km)<br />

Concentração<br />

total (COC)<br />

(g/ciclo)<br />

144<br />

Incerteza <strong>de</strong> leitura<br />

(ICOC)<br />

(g/ciclo)<br />

S10 0,250 2,746 0,014<br />

B3 0,429 4,719 0,024<br />

B5 0,444 4,884 0,024<br />

B10 0,381 11<br />

4,187 0,021<br />

B20 0,377 4,147 0,021<br />

B20E2 0,459 5,053 0,025<br />

B20E5 0,607<br />

Distância<br />

percorrida<br />

no ciclo<br />

(km)<br />

Concentração<br />

total (CO2C)<br />

(g/ciclo)<br />

Incerteza <strong>de</strong> leitura<br />

(ICO2C)<br />

(g/ciclo)<br />

S10 162,4 1786,4 8,9<br />

B3 161,3 1774,7 8,9<br />

B5 165,1 1816,1 9,1<br />

B10 170,9 11<br />

1880,3 9,4<br />

B20 170,5 1875,1 9,4<br />

B20E2 164,2 1806,2 9,0<br />

B20E5 166,2<br />

1828,2 9,1<br />

6,673 0,033


Combustível<br />

Concentração<br />

média no ciclo<br />

EuroIII<br />

(g/km)<br />

TABELA 14<br />

Incerteza <strong>de</strong> leitura das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> HC.<br />

Distância<br />

percorrida no<br />

ciclo<br />

(km)<br />

Concentração<br />

total (HCC)<br />

(g/ciclo)<br />

145<br />

Incerteza <strong>de</strong><br />

leitura<br />

(IHCC)<br />

(g/ciclo)<br />

S10 0,069 0,763 0,004<br />

B3 0,151 1,665 0,008<br />

B5 0,145 1,599 0,008<br />

B10 0,115 11<br />

1,261 0,006<br />

B20 0,111 1,225 0,006<br />

B20E2 0,156 1,716 0,009<br />

B20E5 0,225<br />

Combustível<br />

Concentração<br />

média no ciclo<br />

EuroIII<br />

(g/km)<br />

TABELA 15<br />

Incerteza <strong>de</strong> leitura das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> NOx.<br />

Distância<br />

percorrida no<br />

ciclo<br />

(km)<br />

2,471 0,012<br />

Concentração total<br />

(NOxC)<br />

(g/ciclo)<br />

Incerteza <strong>de</strong><br />

leitura<br />

(INOxC)<br />

(g/ciclo)<br />

S10 0,442 4,862 0,024<br />

B3 0,458 5,034 0,025<br />

B5 0,415 4,565 0,023<br />

B10 0,486 11<br />

5,346 0,027<br />

B20 0,484 5,324 0,027<br />

B20E2 0,457 5,031 0,025<br />

B20E5 0,460<br />

5,056 0,025


Combustível<br />

Concentração<br />

média no ciclo<br />

EuroIII<br />

(g/km)<br />

TABELA 16<br />

Incerteza <strong>de</strong> leitura das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> MP.<br />

Distância<br />

percorrida no<br />

ciclo<br />

(km)<br />

A incerteza máxima da distância registrada pelo equipamento é <strong>de</strong> ± 0,<br />

1%<br />

.<br />

Logo, a incerteza da distância, Id (km)<br />

é dada por:<br />

• Incerteza Máxima das Emissões <strong>de</strong> CO2<br />

146<br />

Id = d ⋅ 0,<br />

1%<br />

(31)<br />

Id<br />

Id<br />

= 11⋅<br />

0,<br />

001<br />

=<br />

0,<br />

011<br />

A incerteza máxima da concentração <strong>de</strong> hidrocarbonetos medidos, em g/km,<br />

<strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar as incertezas ac<strong>um</strong>uladas <strong>de</strong> leitura do poluente e da distância.<br />

Utilizando a metodologia <strong>de</strong> Kline e McClintock (1953):<br />

km<br />

CO2C<br />

CO2<br />

= (32)<br />

d<br />

2<br />

Concentração total<br />

(MPC)<br />

(g/ciclo)<br />

⎡⎛<br />

∂CO<br />

⎞ ⎤<br />

2<br />

⎡⎛<br />

∂CO2<br />

⎞ ⎤<br />

ICO 2 = ± ⎢ ⎜<br />

⎟ ⋅ ICO2C⎥<br />

+ ⎢⎜<br />

⎟ ⋅ Id ⎥ (33)<br />

⎣⎝<br />

∂CO2C<br />

⎠ ⎦ ⎣⎝<br />

∂d<br />

⎠ ⎦<br />

2<br />

Incerteza <strong>de</strong><br />

leitura<br />

(IMPC)<br />

(g/ciclo)<br />

S10 0,023 0,257 0,001<br />

B3 0,057 0,624 0,003<br />

B5 0,070 0,772 0,004<br />

B10 0,045 11<br />

0,494 0,002<br />

B20 0,044 0,481 0,002<br />

B20E2 0,049 0,539 0,003<br />

B20E5 0,066<br />

0,723 0,004


On<strong>de</strong>:<br />

2<br />

2<br />

147<br />

⎡⎛<br />

1 ⎞ ⎤ ⎡⎛<br />

CO2C<br />

⎞ ⎤<br />

ICO 2 = ± ⎢⎜<br />

⎟ ⋅ ICO2C⎥<br />

+ ⎢⎜−<br />

⋅ 2 ⎟ Id⎥<br />

(34)<br />

⎣⎝<br />

d ⎠ ⎦ ⎣⎝<br />

d ⎠ ⎦<br />

CO 2 = concentração <strong>de</strong> HC emitido (g/km)<br />

ICO 2 = incerteza <strong>de</strong> medição das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> HC (g/km)<br />

Calculando a incerteza máxima:<br />

2<br />

⎡⎛<br />

1 ⎞ ⎤ ⎡⎛<br />

CO2C<br />

⎞ ⎤<br />

ICO 2 = ± ⎢⎜<br />

⎟ ⋅ ICO2C<br />

+<br />

0,<br />

0011<br />

2<br />

11<br />

⎥ ⎢⎜−<br />

⎟ ⋅<br />

11<br />

⎥<br />

(35)<br />

⎣⎝<br />

⎠ ⎦ ⎣⎝<br />

⎠ ⎦<br />

O <strong>de</strong>svio padrão das medições efetuadas é apresentado na Tabela 16. Logo,<br />

a incerteza total das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> CO2 para as <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustíveis po<strong>de</strong> ser<br />

calculada <strong>com</strong>o:<br />

On<strong>de</strong>:<br />

IT = incerteza total da leitura (g/km)<br />

σ = <strong>de</strong>svio-padrão da leitura (%)<br />

2 2<br />

IT = ICO2<br />

+ σ<br />

(36)<br />

As incertezas máximas para cada <strong>um</strong>a das <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustíveis estão<br />

apresentadas na Tabela 17.<br />

2


Combustível<br />

d<br />

(km)<br />

Id<br />

(km)<br />

TABELA 17<br />

Incerteza Máxima das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> CO2.<br />

σ<br />

(%)<br />

Concentração<br />

total (CO2C)<br />

(g/ciclo)<br />

Incerteza<br />

<strong>de</strong> leitura<br />

(ICO2C)<br />

(g/ciclo)<br />

Incerteza<br />

<strong>de</strong> Máx. <strong>de</strong><br />

leitura<br />

(ICO2)<br />

(g/km)<br />

Incerteza<br />

Total<br />

(IT)<br />

(g/km)<br />

S10 0,56 1786,4 8,9 0,83 0,998<br />

B3 0,25 1774,7 8,9 0,82 0,860<br />

B5 1,25 1816,1 9,1 0,84 1,510<br />

B10 11 0,011 0,65 1880,3 9,4 0,87 1,088<br />

B20 1,82 1875,1 9,4 0,87 2,020<br />

B20E2 1,97 1806,2 9,0 0,84 2,140<br />

B20E5<br />

• Incerteza Máxima das Emissões <strong>de</strong> CO<br />

0,17 1828,2 9,1 0,85 0,865<br />

Em procedimento similar ao cálculo efetuado para HC, a incerteza máxima<br />

das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> CO é dada pela sequência abaixo.<br />

On<strong>de</strong>:<br />

148<br />

COC<br />

CO = (37)<br />

d<br />

2<br />

⎡⎛<br />

∂CO<br />

⎞ ⎤ ⎡⎛<br />

∂CO<br />

⎞ ⎤<br />

ICO = ± ⎢⎜<br />

⎟ ⋅ ICOC⎥<br />

+ ⎢⎜<br />

⎟ ⋅ Id⎥<br />

(38)<br />

⎣⎝<br />

∂COC<br />

⎠ ⎦ ⎣⎝<br />

∂d<br />

⎠ ⎦<br />

2<br />

⎡⎛<br />

1 ⎞ ⎤ ⎡⎛<br />

COC ⎞ ⎤<br />

ICO = ± ⎢⎜<br />

⎟ ⋅ ICOC⎥<br />

+ ⎢⎜−<br />

⋅ 2 ⎟ Id⎥<br />

(39)<br />

⎣⎝<br />

d ⎠ ⎦ ⎣⎝<br />

d ⎠ ⎦<br />

CO – concentração <strong>de</strong> CO emitido (g/km)<br />

ICO – incerteza <strong>de</strong> medição das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> CO (g/km)<br />

2<br />

2


Calculando a incerteza máxima:<br />

2<br />

2<br />

149<br />

⎡⎛<br />

1 ⎞ ⎤ ⎡⎛<br />

COC ⎞ ⎤<br />

ICO = ± ⎢⎜<br />

⎟ ⋅ ICOC + ⎢ ⋅ 0,<br />

011<br />

2 ⎥<br />

11<br />

⎥ ⎜<br />

⎢⎣<br />

( 11)<br />

⎟<br />

(40)<br />

⎣⎝<br />

⎠ ⎦ ⎝ ⎠ ⎥⎦<br />

O <strong>de</strong>svio padrão das medições efetuadas é apresentado na Tabela 18. Logo,<br />

a incerteza total das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> CO para as <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustíveis po<strong>de</strong> ser<br />

calculada <strong>com</strong>o:<br />

Combustível<br />

d<br />

(km)<br />

Id<br />

(km)<br />

2 2<br />

IT = ICO + σ<br />

(41)<br />

TABELA 18<br />

Incerteza Máxima das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> CO.<br />

σ<br />

(%)<br />

Concentração<br />

total (COC)<br />

(g/ciclo)<br />

Incerteza<br />

<strong>de</strong> leitura<br />

(ICOC)<br />

(g/ciclo)<br />

Incerteza<br />

<strong>de</strong> Máx. <strong>de</strong><br />

leitura<br />

(ICO)<br />

(g/km)<br />

Incerteza<br />

Total<br />

(IT)<br />

(g/km)<br />

S10 0,021 2,746 0,014 0,001 0,021<br />

B3 0,015 4,719 0,024 0,002 0,015<br />

B5 0,031 4,884 0,024 0,002 0,031<br />

B10 11 0,011 0,014 4,187 0,021 0,002 0,014<br />

B20 0,029 4,147 0,021 0,002 0,029<br />

B20E2 0,018 5,053 0,025 0,002 0,018<br />

B20E5<br />

• Incerteza Máxima das Emissões <strong>de</strong> HC<br />

0,022 6,673 0,033 0,003 0,022<br />

Em procedimento similar ao cálculo efetuado para o CO, a incerteza máxima<br />

das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> HC é dada pela sequência abaixo.


On<strong>de</strong>:<br />

HC – concentração <strong>de</strong> HC emitido (g/km)<br />

150<br />

HCC<br />

HC = (42)<br />

d<br />

2<br />

⎡⎛<br />

∂HC<br />

⎞ ⎤ ⎡⎛<br />

∂HC<br />

⎞ ⎤<br />

IHC = ± ⎢⎜<br />

⎟ ⋅IHCC<br />

+ Id<br />

HCC<br />

⎥ ⎢⎜<br />

⎟ ⋅<br />

d<br />

⎥ (43)<br />

⎣⎝<br />

∂ ⎠ ⎦ ⎣⎝<br />

∂ ⎠ ⎦<br />

2<br />

2<br />

⎡⎛<br />

1⎞<br />

⎤ ⎡⎛<br />

HCC ⎞ ⎤<br />

IHC ± ⎢⎜<br />

⎟ ⋅IHCC<br />

+ ⎢⎜<br />

− ⎟ ⋅Id<br />

d<br />

⎥<br />

2 ⎥<br />

⎣⎝<br />

⎠ ⎦ ⎣⎝<br />

d ⎠ ⎦<br />

= (44)<br />

IHC – incerteza <strong>de</strong> medição das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> HC (g/km)<br />

Calculando a incerteza máxima:<br />

2<br />

⎡⎛<br />

1 ⎞ ⎤ ⎡⎛<br />

HCC ⎞ ⎤<br />

IHC = ± ⎢⎜<br />

⎟ × IHCC + ⎢ ⋅ 0,<br />

011<br />

2 ⎥<br />

11<br />

⎥ ⎜<br />

⎢⎣<br />

( 11)<br />

⎟<br />

(45)<br />

⎣⎝<br />

⎠ ⎦ ⎝ ⎠ ⎥⎦<br />

O <strong>de</strong>svio padrão das medições efetuadas é apresentado na Tabela 19. Logo,<br />

a incerteza total das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> HC para as <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustíveis po<strong>de</strong> ser<br />

calculada <strong>com</strong>o:<br />

On<strong>de</strong>:<br />

IT = incerteza total da leitura (g/km)<br />

σ = <strong>de</strong>svio-padrão da leitura (%)<br />

IT = IHC<br />

(46)<br />

2 2<br />

+ σ<br />

As incertezas máximas para cada <strong>um</strong>a das <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustíveis estão<br />

apresentadas na Tabela 19.<br />

2<br />

2


Combustível d<br />

(km)<br />

Id<br />

(km)<br />

TABELA 19<br />

Incerteza Máxima das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> HC.<br />

σ<br />

(%)<br />

Concentração<br />

total (HCC)<br />

(g/ciclo)<br />

Incerteza<br />

<strong>de</strong> leitura<br />

(IHCC)<br />

(g/ciclo)<br />

Incerteza <strong>de</strong><br />

Máx. <strong>de</strong><br />

leitura<br />

(IHC)<br />

(g/km)<br />

151<br />

Incerteza<br />

Total<br />

(IT)<br />

(g/km)<br />

S10 0,008 0,763 0,004 0,000 0,008<br />

B3 0,013 1,665 0,008 0,001 0,013<br />

B5 0,006 1,599 0,008 0,001 0,006<br />

B10 11 0,011 0,006 1,261 0,006 0,001 0,006<br />

B20 0,015 1,225 0,006 0,001 0,015<br />

B20E2 0,004 1,716 0,009 0,001 0,004<br />

B20E5<br />

• Incerteza Máxima das Emissões <strong>de</strong> NOx<br />

0,007 2,471 0,012 0,001 0,007<br />

O procedimento <strong>de</strong> cálculo da incerteza máxima dos resultados para NOX é<br />

similar ao adotado para HC e CO.<br />

On<strong>de</strong>:<br />

NOx – concentração <strong>de</strong> NOx emitido (g/km)<br />

INOx – incerteza das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> NOx (g/km)<br />

NOxC<br />

NOx<br />

= (47)<br />

d<br />

2<br />

⎡⎛<br />

∂NO<br />

⎤<br />

x ⎞<br />

⎡⎛<br />

∂NOx<br />

⎞ ⎤<br />

INOx<br />

= ± ⎢ ⎜<br />

⎟ ⋅ INOxC⎥<br />

+ ⎢⎜<br />

⎟ ⋅ Id ⎥<br />

(48)<br />

⎣⎝<br />

∂NOxC<br />

⎠ ⎦ ⎣⎝<br />

∂d<br />

⎠ ⎦<br />

2<br />

⎡⎛<br />

1 ⎞ ⎤ ⎡⎛<br />

NOxC<br />

⎞ ⎤<br />

INOx<br />

= ± ⎢⎜<br />

⎟ ⋅ INOxC<br />

⎥ + ⎢⎜−<br />

⋅ 2 ⎟ Id ⎥<br />

(49)<br />

⎣⎝<br />

d ⎠ ⎦ ⎣⎝<br />

d ⎠ ⎦<br />

2<br />

2


Calculando a incerteza máxima:<br />

2<br />

2<br />

152<br />

⎡⎛<br />

1 ⎞ ⎤ ⎡⎛<br />

NOxC<br />

⎞ ⎤<br />

INOx<br />

= ± ⎢⎜<br />

⎟ ⋅ INOxC<br />

+<br />

0,<br />

011<br />

2<br />

11<br />

⎥ ⎢⎜−<br />

⎟ ⋅<br />

11<br />

⎥<br />

(50)<br />

⎣⎝<br />

⎠ ⎦ ⎣⎝<br />

⎠ ⎦<br />

O <strong>de</strong>svio padrão das medições efetuadas é apresentado na Tabela 20. Logo,<br />

a incerteza total das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> NOx para as <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustíveis po<strong>de</strong> ser<br />

calculada <strong>com</strong>o:<br />

Combustível<br />

d<br />

(km)<br />

Id<br />

(km)<br />

2 2<br />

+ σ<br />

IT = INOX<br />

(51)<br />

TABELA 20<br />

Incerteza Máxima das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> NOX.<br />

σ<br />

(%)<br />

Concentração<br />

total (NOxC)<br />

(g/ciclo)<br />

Incerteza<br />

<strong>de</strong> leitura<br />

(INOxC)<br />

(g/ciclo)<br />

Incerteza <strong>de</strong><br />

Máx. <strong>de</strong><br />

leitura<br />

(INOx)<br />

(g/km)<br />

Incerteza<br />

Total<br />

(IT)<br />

(g/km)<br />

S10 0,442 4,862 0,024 0,002 0,442<br />

B3 0,458 5,034 0,025 0,002 0,458<br />

B5 0,415 4,565 0,023 0,002 0,415<br />

B10 11 0,011 0,486 5,346 0,027 0,002 0,486<br />

B20 0,484 5,324 0,027 0,002 0,484<br />

B20E2 0,457 5,031 0,025 0,002 0,457<br />

B20E5<br />

• Incerteza Máxima das Emissões <strong>de</strong> MP<br />

0,460 5,056 0,025 0,002 0,460<br />

O procedimento <strong>de</strong> cálculo da incerteza máxima dos resultados do MP é<br />

similar ao adotado para HC, CO e NOX.


On<strong>de</strong>:<br />

MP – concentração <strong>de</strong> MP emitido (g/km)<br />

IMP – incerteza das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> MP (g/km)<br />

Calculando a incerteza máxima:<br />

153<br />

MPC<br />

MP = (52)<br />

d<br />

2<br />

⎡⎛<br />

∂MP<br />

⎞ ⎤ ⎡⎛<br />

∂MP<br />

⎞ ⎤<br />

IMP = ± ⎢⎜<br />

⎟ ⋅ IMPC⎥<br />

+ ⎢⎜<br />

⎟ ⋅ Id ⎥<br />

(53)<br />

⎣⎝<br />

∂MPC<br />

⎠ ⎦ ⎣⎝<br />

∂d<br />

⎠ ⎦<br />

2<br />

⎡⎛<br />

1 ⎞ ⎤ ⎡⎛<br />

MPC ⎞ ⎤<br />

IMP = ± ⎢⎜<br />

⎟ ⋅ IMPC⎥<br />

+ ⎢⎜−<br />

⋅ 2 ⎟ Id ⎥<br />

(54)<br />

⎣⎝<br />

d ⎠ ⎦ ⎣⎝<br />

d ⎠ ⎦<br />

2<br />

⎡⎛<br />

1 ⎞ ⎤ ⎡⎛<br />

MPC ⎞ ⎤<br />

IMP = ± ⎢⎜<br />

⎟ ⋅ IMPC +<br />

0,<br />

011<br />

2<br />

11<br />

⎥ ⎢⎜−<br />

⎟ ⋅<br />

11<br />

⎥<br />

(55)<br />

⎣⎝<br />

⎠ ⎦ ⎣⎝<br />

⎠ ⎦<br />

O <strong>de</strong>svio padrão das medições efetuadas é apresentado na Tabela 21. Logo,<br />

a incerteza total das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> MP para as <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustíveis po<strong>de</strong> ser<br />

calculada <strong>com</strong>o:<br />

IT = IMP<br />

(56)<br />

2 2<br />

+ σ<br />

2<br />

2<br />

2


Combustível<br />

d<br />

(km)<br />

Id<br />

(km)<br />

TABELA 21<br />

Incerteza Máxima das <strong>emissões</strong> <strong>de</strong> MP.<br />

σ<br />

(%)<br />

Concentração<br />

total (MPC)<br />

(g/ciclo)<br />

Incerteza<br />

<strong>de</strong> leitura<br />

(IMPC)<br />

(g/ciclo)<br />

Incerteza <strong>de</strong><br />

Máx. <strong>de</strong><br />

leitura<br />

(IMP)<br />

(g/km)<br />

154<br />

Incerteza<br />

Total<br />

(IT)<br />

(g/km)<br />

S10 0,004 0,257 0,001 0,0001 0,004<br />

B3 0,003 0,624 0,003 0,0003 0,003<br />

B5 0,004 0,772 0,004 0,0004 0,004<br />

B10 11 0,011 0,003 0,494 0,002 0,0002 0,003<br />

B20 0,002 0,481 0,002 0,0002 0,002<br />

B20E2 0,003 0,539 0,003 0,0003 0,003<br />

B20E5<br />

A.2 Incerteza do cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível<br />

0,004 0,723 0,004 0,0003 0,004<br />

O cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível é <strong>de</strong>finido pela taxa <strong>de</strong> escoamento <strong>de</strong> massa <strong>de</strong><br />

<strong>com</strong>bustível convertida em energia <strong>de</strong> movimento, para <strong>um</strong> dado tempo e percurso a<br />

ser percorrido pelo <strong>veículo</strong>.<br />

A.2.1 Incerteza da Taxa <strong>de</strong> Escoamento <strong>de</strong> Massa <strong>de</strong> Combustível<br />

A massa <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível cons<strong>um</strong>ida no ciclo para medição do cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong><br />

<strong>com</strong>bustível foi medida diretamente do visor digital da balança. Realizou-se três<br />

ensaios <strong>com</strong> cada <strong>um</strong>a das <strong>misturas</strong> <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustíveis. Foram anotados os valores <strong>de</strong><br />

massa inicial e da massa final em cada teste. Através <strong>de</strong> <strong>um</strong> termopar instalado na<br />

entrada da bomba <strong>de</strong> alta pressão, foi obtida a temperatura média do <strong>com</strong>bustível.<br />

Por meio da curva <strong>de</strong> massa específica por temperatura <strong>de</strong> cada mistura <strong>de</strong><br />

<strong>com</strong>bustível foi obtida o vol<strong>um</strong>e cons<strong>um</strong>ido. Por fim, optou-se por <strong>de</strong>finir o cons<strong>um</strong>o<br />

<strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível, em km/l, <strong>com</strong>o a média aritmética dos três testes realizados <strong>com</strong><br />

cada <strong>com</strong>bustível, <strong>com</strong>o mostra a Tabela 22.


Combustível<br />

TABELA 22<br />

Massa <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível cons<strong>um</strong>ida para as <strong>misturas</strong> testadas.<br />

d<br />

(km)<br />

Id<br />

(km)<br />

Ensaio1<br />

(kg)<br />

Ensaio2<br />

(kg)<br />

Ensaio3<br />

(kg)<br />

Média<br />

(kg)<br />

σ<br />

(kg)<br />

S10 0,965 0,950 0,950 0,955 0,009<br />

B3 0,965 0,975 0,980 0,973 0,008<br />

B5 0,990 0,950 0,955 0,965 0,022<br />

B10 18 0,018 0,960 0,985 1,000 0,982 0,020<br />

B20 1,000 0,970 0,960 0,977 0,021<br />

B20E2 0,975 0,980 0,965 0,973 0,008<br />

B20E5<br />

A.2.2 Incerteza do Cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> Combustível<br />

O cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível é <strong>de</strong>finido <strong>com</strong>o:<br />

On<strong>de</strong>:<br />

0,965 1,025 0,995 0,995 0,030<br />

155<br />

D ⋅ ρ<br />

FC = (57)<br />

m<br />

d=Distância percorrida no ciclo para <strong>de</strong> medição cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível<br />

(km)<br />

ρ = massa específica (kg/dm 3 )<br />

m = massa <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível cons<strong>um</strong>ida no ciclo para medição do cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong><br />

<strong>com</strong>bustível (kg)<br />

A incerteza dos resultados <strong>de</strong> cons<strong>um</strong>o <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível é dada em função da<br />

incerteza <strong>de</strong> dois parâmetros: a massa <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível cons<strong>um</strong>ida medida pela<br />

balança digital e pela instalação utilizada. A incerteza da medição da massa <strong>de</strong><br />

<strong>com</strong>bustível cons<strong>um</strong>ida é proveniente da balança digital e <strong>de</strong> fatores aleatórios<br />

associados a instalação do laboratório, tais <strong>com</strong>o variações <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>s do vento,


força do rolo dinamométrico, distância percorrida, sensor <strong>de</strong> temperatura do<br />

<strong>com</strong>bustível (termopar) e vibracões do piso.<br />

A balança digital para medição do variação <strong>de</strong> massa <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível possui<br />

as seguintes características citadas abaixo. A incerteza expandida da balança digital<br />

é fornecida pelo certificado <strong>de</strong> calibração, sendo igual a ± 0,005 kg.<br />

− Faixa <strong>de</strong> indicação: 0...15 kg<br />

− Faixa <strong>de</strong> medição: 0,125 kg...15 kg<br />

− Resolução: 0,005 kg<br />

As incertezas foram calculadas pela metodologia <strong>de</strong> Kline e McClintock<br />

(1953). A incerteza padrão, u , é <strong>de</strong>finida <strong>com</strong>o:<br />

Para a balança digital, tem-se que:<br />

156<br />

U 95%<br />

u = (58)<br />

K<br />

0,<br />

005<br />

u = ⇒ u = ± 0,<br />

0025 kg (59)<br />

2<br />

A análise <strong>de</strong> incerteza referente ao teste realizado é mostrada na Tabela 23.<br />

A incerteza padrão <strong>com</strong>binada é representada por:<br />

U<br />

c<br />

2<br />

2<br />

2<br />

2<br />

2<br />

2<br />

= u1<br />

+ u2<br />

+ .... u p = 0,<br />

0026 + 0,<br />

0025 + 0,<br />

0025 ⇒ U c = 0,0044 kg (60)


TABELA 23<br />

Incerteza da Massa <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível cons<strong>um</strong>ida do teste <strong>de</strong> cons<strong>um</strong>o <strong>com</strong> óleo diesel S10.<br />

Fontes <strong>de</strong> incertezas<br />

Símbolo Descrição Correção<br />

Efeitos<br />

sistemáticos Efeitos aleatórios<br />

Valor<br />

bruto<br />

Tipo <strong>de</strong><br />

distribuição Divisor U ν<br />

Re Repetitivida<strong>de</strong> 0,000 0,0026 Normal 1 0,0026 2<br />

R Resolução 0,000 0,005 Uniforme 2 0,0025 2<br />

Cal<br />

Cc<br />

uc<br />

U95%<br />

Erros <strong>de</strong>tectados<br />

na calibração<br />

Correção<br />

0,010 0,005 Normal 2 0,0025 5<br />

<strong>com</strong>binada 0,010<br />

Incerteza padrão<br />

<strong>com</strong>binada Normal 0,0044 69<br />

Incerteza<br />

expandida (95%) Normal 0,0090<br />

A.3 Incerteza do tempo <strong>de</strong> partida a frio<br />

As incertezas relacionadas ao teste <strong>de</strong> partida são basicamente:<br />

- Erro aleatório <strong>de</strong>vido a medição para <strong>de</strong>terminação do tempo <strong>de</strong> partida realizada<br />

por meio <strong>de</strong> diferença gráfica.<br />

- Erro sistemático <strong>de</strong>vido a leitura dos sensores termopares tipo K instalados no<br />

motor, os sensores <strong>de</strong> temperatura e pressão do motor assim <strong>com</strong> os sensores <strong>de</strong><br />

temperatura da câmara climática.<br />

Por meio <strong>de</strong> medição direta, a incerteza da medição do tempo <strong>de</strong> partida se<br />

refere ao erro na <strong>de</strong>terminação do tempo realizada por meio da diferença gráfica<br />

entre o início do a<strong>um</strong>ento <strong>de</strong> pressão <strong>de</strong> <strong>com</strong>bustível no ac<strong>um</strong>ulador <strong>de</strong> pressão rail<br />

até o primeiro vale após o pico da pressão na partida do motor térmico.<br />

Portanto, consi<strong>de</strong>rando neste análise consi<strong>de</strong>rou-se que tal fonte <strong>de</strong> incerteza<br />

tenha efeito superior as <strong>de</strong>mais incertezas envolvidas. Estima-se que a incerteza<br />

expandida da média das “n” medições realizada é dada por:<br />

U<br />

95 %<br />

157<br />

ReFI<br />

= (61)<br />

n


On<strong>de</strong>:<br />

−<br />

s(<br />

t)<br />

=<br />

U 95%<br />

= Incerteza expandida do processo <strong>de</strong> medição <strong>com</strong> nível <strong>de</strong> confiança <strong>de</strong> 95%.<br />

Re FI=<br />

Repetivida<strong>de</strong> da fonte <strong>de</strong> incerteza<br />

n = número <strong>de</strong> medições realizadas.<br />

σ(<br />

t)<br />

σ ( t)<br />

= <strong>de</strong>svio-padrão experimental da variável tempo (t)<br />

s( t)<br />

−<br />

= <strong>de</strong>svio padrão experimental da variável tempo (t).<br />

n<br />

158<br />

(62)<br />

O <strong>de</strong>svio padrão experimental po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado <strong>um</strong>a estimada da<br />

incerteza padrão associada, fornecendo <strong>um</strong>a indicação da Repetivida<strong>de</strong> (Re).<br />

Portanto, a análise da incerteza <strong>de</strong> medição do tempo <strong>de</strong> partida sob condições <strong>de</strong><br />

temperatura sub-zero (-5 ºC) é dada pela Tabela 24.<br />

TABELA 24<br />

Incerteza do teste <strong>de</strong> partida a frio.<br />

Combustível Teste1 Teste2 Teste3 Teste4 n Média<br />

(ms)<br />

σ<br />

(ms)<br />

Re<br />

(ms)<br />

S10 843 925 - - 2 884 58 41 29<br />

B3 891 - - - 1 891 - - -<br />

B5 992 804 987 - 3 928 107 62 36<br />

B10 1164 1094 1070 - 3 1109 49 28 16<br />

B20 1099 1095 - - 2 1097 3 2 1<br />

B20E2 1128 1086 1070 1393 4 1169 151 76 38<br />

B20E5 1191 - - - 1 1191 - - -<br />

U95%<br />

(ms)


APÊNDICE B – DADOS OBTIDOS NOS TESTES DE EMISSÕES DE POLUENTES<br />

Nas Tabelas 25 a 29 são mostrados os valores medidos nos testes <strong>de</strong><br />

<strong>emissões</strong> <strong>de</strong> CO2, CO, HC, NOX e material particulado.<br />

Combustível<br />

TABELA 25<br />

Análise <strong>de</strong> CO2 no gás <strong>de</strong> exaustão.<br />

CO2<br />

(g/km)<br />

Teste 1 Teste 2 Teste 3<br />

Média<br />

(g/km)<br />

Desvio<br />

Padrão<br />

(g/km)<br />

S10 161,800 162,900 162,500 162,400 0,557<br />

B3 161,100 161,300 161,600 161,333 0,252<br />

B5 165,000 163,900 166,400 165,100 1,253<br />

B10 170,900 170,300 171,600 170,933 0,651<br />

B20 170,800 172,100 168,500 170,467 1,823<br />

B20E2 166,400 163,600 162,600 164,200 1,970<br />

B20E5 166,400 166,100 166,100 166,200 0,173<br />

Combustível<br />

TABELA 26<br />

Análise <strong>de</strong> CO no gás <strong>de</strong> exaustão.<br />

CO<br />

(g/km)<br />

Teste 1 Teste 2 Teste 3<br />

Média<br />

(g/km)<br />

Desvio<br />

Padrão<br />

(g/km)<br />

S10 0,274 0,234 0,241 0,250 0,021<br />

B3 0,430 0,443 0,414 0,429 0,015<br />

B5 0,466 0,422 --- 0,444 0,031<br />

B10 0,388 0,389 0,365 0,381 0,014<br />

B20 0,344 0,393 0,394 0,377 0,029<br />

B20E2 0,445 0,454 0,479 0,459 0,018<br />

B20E5 0,601 0,588 0,631 0,607 0,022<br />

159


Combustível<br />

TABELA 27<br />

Análise <strong>de</strong> HC no gás <strong>de</strong> exaustão.<br />

HC<br />

(g/km)<br />

Teste 1 Teste 2 Teste 3<br />

Média<br />

(g/km)<br />

Desvio<br />

Padrão<br />

(g/km)<br />

S10 0,078 0,068 0,062 0,069 0,008<br />

B3 0,161 0,137 0,156 0,151 0,013<br />

B5 0,152 0,144 0,140 0,145 0,006<br />

B10 0,121 0,110 0,113 0,115 0,006<br />

B20 0,100 0,106 0,128 0,111 0,015<br />

B20E2 0,153 0,160 0,155 0,156 0,004<br />

B20E5 0,233 0,222 0,219 0,225 0,007<br />

Combustível<br />

TABELA 28<br />

Análise <strong>de</strong> NOX no gás <strong>de</strong> exaustão.<br />

NOx<br />

(g/km)<br />

Teste 1 Teste 2 Teste 3<br />

Média<br />

(g/km)<br />

Desvio<br />

Padrão<br />

(g/km)<br />

S10 0,438 0,442 0,446 0,442 0,004<br />

B3 0,497 0,433 0,443 0,458 0,034<br />

B5 0,438 0,379 0,428 0,415 0,032<br />

B10 0,474 0,487 0,497 0,486 0,012<br />

B20 0,496 0,503 0,453 0,484 0,027<br />

B20E2 0,467 0,466 0,439 0,457 0,016<br />

B20E5 0,456 0,465 0,458 0,460 0,005<br />

160


Combustível<br />

TABELA 29<br />

Análise <strong>de</strong> material particulado no gás <strong>de</strong> exaustão.<br />

MP<br />

(g/km)<br />

Teste 1 Teste 2 Teste 3<br />

Média<br />

(g/km)<br />

Desvio<br />

Padrão<br />

(g/km)<br />

S10 0,027 0,022 0,021 0,023 0,004<br />

B3 0,054 0,058 0,058 0,057 0,003<br />

B5 0,068 0,069 0,074 0,070 0,004<br />

B10 0,042 0,046 0,047 0,045 0,003<br />

B20 0,042 0,046 0,043 0,044 0,002<br />

B20E2 0,051 0,050 0,046 0,049 0,003<br />

B20E5 0,070 0,065 0,062 0,066 0,004<br />

161


ANEXO A – LAUDO ÓLEO DIESEL MINERAL 10PPM<br />

162


ANEXO B – CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DAS AMOSTRAS DE<br />

BIODIESEL É ÓLEO DIESEL<br />

B.1 Viscosida<strong>de</strong> dinâmica, viscosida<strong>de</strong> cinemática e massa específica.<br />

TABELA 30<br />

Viscosida<strong>de</strong> dinâmica, viscosida<strong>de</strong> cinemática e massa específica das <strong>misturas</strong> B3, B10 e B20 (óleo<br />

diesel S500 <strong>com</strong> biodiesel <strong>de</strong> soja).<br />

COMBUSTÍVEL TEMPERATURA<br />

B3<br />

B10<br />

B20<br />

(°C)<br />

VISCOSIDADE<br />

DINÂMICA<br />

(mPa.s)<br />

VISCOSIDADE<br />

CINEMÁTICA<br />

(mm 2 /s)<br />

MASSA<br />

ESPECÍFICA<br />

× 10 -3 (kg/m 3 )<br />

19,99 5,6076 6,5940 0,8504<br />

30,00 4,2280 5,0107 0,8438<br />

40,00 3,2900 3,9312 0,8369<br />

50,00 2,6327 3,1717 0,8301<br />

60,00 2,1540 2,6165 0,8232<br />

70,00 1,7962 2,2001 0,8164<br />

80,00 1,5223 1,8803 0,8096<br />

90,00 1,3077 1,6291 0,8027<br />

100,00 1,1380 1,4301 0,7958<br />

20,00 5,2830 6,1989 0,8523<br />

30,00 4,0008 4,7353 0,8449<br />

40,00 3,1375 3,7441 0,8380<br />

50,00 2,5247 3,0380 0,8311<br />

60,00 2,0761 2,5195 0,8240<br />

70,00 1,7384 2,1274 0,8171<br />

80,00 1,4786 1,8248 0,8103<br />

90,00 1,2745 1,5867 0,8032<br />

100,00 1,1125 1,3970 0,7964<br />

20,00 5,2771 6,1729 0,8549<br />

30,00 4,0259 4,7471 0,8481<br />

40,00 3,1675 3,7659 0,8411<br />

50,00 2,5556 3,0639 0,8341<br />

60,00 2,1069 2,5474 0,8271<br />

70,00 1,7680 2,1554 0,8203<br />

79,99 1,5063 1,8522 0,8133<br />

90,00 1,2999 1,6125 0,8062<br />

100,00 1,1360 1,4214 0,7992<br />

163


TABELA 31<br />

Viscosida<strong>de</strong> dinâmica, viscosida<strong>de</strong> cinemática e massa específica das <strong>misturas</strong> B20E2, B20E5 e<br />

B100 (óleo diesel S500 <strong>com</strong> biodiesel <strong>de</strong> soja e etanol) e do óleo diesel S10.<br />

COMBUSTÍVEL TEMPERATURA<br />

B20E2<br />

B20E5<br />

B100<br />

S10<br />

(°C)<br />

VISCOSIDADE<br />

DINÂMICA<br />

(mPa.s)<br />

VISCOSIDADE<br />

CINEMÁTICA<br />

(mm 2 /s)<br />

MASSA<br />

ESPECÍFICA<br />

× 10 -3 (kg/m 3 )<br />

20,00 5,0766 5,8934 0,8614<br />

30,00 3,8728 4,5305 0,8548<br />

40,00 3,0442 3,5910 0,8477<br />

50,00 2,4540 2,9192 0,8407<br />

60,00 2,0192 2,4217 0,8338<br />

70,00 1,6844 2,0377 0,8266<br />

80,00 1,4210 1,7342 0,8194<br />

20,00 4,6349 5,3918 0,8596<br />

30,00 3,5495 4,1634 0,8526<br />

40,00 2,7979 3,3100 0,8453<br />

50,00 2,2584 2,6955 0,8378<br />

60,00 1,8597 2,2392 0,8305<br />

70,00 1,5434 1,8745 0,8234<br />

80,00 1,2649 1,5509 0,8156<br />

20,00 5,7526 6,5220 0,8820<br />

30,00 4,4964 5,1395 0,8749<br />

40,00 3,6089 4,1601 0,8675<br />

50,00 2,9594 3,4400 0,8603<br />

60,00 2,4718 2,8980 0,8529<br />

70,00 2,0964 2,4791 0,8456<br />

80,00 1,8024 2,1492 0,8386<br />

90,00 1,5678 1,8858 0,8313<br />

100,00 1,3783 1,6724 0,8241<br />

20,00 3,8882 4,6716 0,8310<br />

30,00 3,0156 3,6580 0,8244<br />

40,00 2,4091 2,9473 0,8174<br />

50,00 1,9684 2,4286 0,8105<br />

60,00 1,6389 2,0394 0,8036<br />

70,00 1,3867 1,7408 0,7966<br />

79,99 1,1895 1,5066 0,7896<br />

90,00 1,0335 1,3205 0,7827<br />

100,00 0,90827 1,1706 0,7759<br />

164


B.2 Temperaturas <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação<br />

VOLUME<br />

RECUPERADO<br />

(%)<br />

TABELA 32<br />

Temperaturas <strong>de</strong> <strong>de</strong>stilação dos <strong>com</strong>bustíveis.<br />

B3<br />

(°C)<br />

B10<br />

(°C)<br />

B20<br />

(°C)<br />

B20E2<br />

(°C)<br />

B20E5<br />

(°C)<br />

S10<br />

(°C)<br />

0 180,5 168,5 173,2 78,8 78,4 187<br />

5 217,3 216,3 223,4 211,6 183,7 209,9<br />

10 233,4 233,2 239,6 227,0 219,0 217,4<br />

15 242,7 245,4 252,4 236,3 234,6 225,2<br />

20 253,7 255,2 261,1 251,1 241,8 233,0<br />

25 260,0 263,0 270,2 264,3 254,2 239,8<br />

30 266,6 269,2 277,7 274,2 267,1 246,2<br />

35 272,9 275,6 284,4 282,1 278,3 252,3<br />

40 279,2 282,9 291,5 290,3 288,2 257,6<br />

45 285,3 289,1 298,5 298,4 296,0 262,6<br />

50 290,5 296,2 305,0 306,3 303,9 268,1<br />

55 297,2 303,0 311,6 312,0 310,9 273,3<br />

60 304,7 309,8 317,9 319,2 317,5 279,5<br />

65 311,4 316,1 323,0 324,6 323,0 285,6<br />

70 318,5 323,1 328,6 329,8 328,7 294,1<br />

75 326,6 329,9 333,8 334,3 333,9 303,4<br />

80 334,8 336,9 338,9 339,1 338,2 314,2<br />

85 344,9 344,3 344,6 344,2 343,8 327,0<br />

90 357,4 354,5 352,8 352,0 350,9 341,0<br />

95 376,3 372,1 369,4 367,1 365,9 355,6<br />

165


B.3 Ponto <strong>de</strong> entupimento <strong>de</strong> filtro a frio<br />

TABELA 33<br />

Ponto <strong>de</strong> entupimento <strong>de</strong> filtro a frio dos <strong>com</strong>bustíveis.<br />

COMBUSTÍVEL CFPP (°C)<br />

B3 -6<br />

B10 -6<br />

B20 -7<br />

B100 -6<br />

B20 E2 -7<br />

B20 E5 -7<br />

S10 < -26<br />

166


ANEXO C – ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DO ÓLEO DIESEL S500<br />

Diesel Fuel specification for Brazil / METROPOLITAN- "D"<br />

Year of implementation jul/09<br />

Spec Name<br />

Portaria ANP N°<br />

15, 2006<br />

Property Test Method<br />

Cetane n<strong>um</strong>ber, min 42 ASTM D 613<br />

ASTM D 2622/ASTM D<br />

1552/ASTM D 4294/ASTM D<br />

5453/ABNT NBR 14875/ABNT<br />

Sulfur, ppm, max 500<br />

NBR 14533<br />

Density @ 20°C, kg/m3, min 820<br />

Density @ 20°C, kg/m3, max 865<br />

167<br />

ASTM D 1298/ASTM D<br />

4052/ABNT NBR 7148/ABNT<br />

NBR 14065<br />

ASTM D 1298/ASTM D<br />

4052/ABNT NBR 7148/ABNT<br />

NBR 14065<br />

Viscosity @ 40°C, cSt, min 2 ASTM D 445/ABNT NBR 10441<br />

Viscosity @ 40°C, cSt, max 5 ASTM D 445/ABNT NBR 10441<br />

Distillation<br />

T50, °C, min 245 ABNT NBR 9619/ASTM D 86<br />

T50, °C, max 310 ABNT NBR 9619/ASTM D 86<br />

T85, °C, max 360 ABNT NBR 9619/ASTM D 86<br />

Flash Point, °C, min 38<br />

ASTM D 56/ASTM D 93/ASTM<br />

D 3828/ABNT NBR 7974/ABNT<br />

NBR 14598<br />

Carbon residue 10%, wt%, max 0,25 ASTM D 524/ABNT NBR 14318<br />

Cold Filter Plugging Point (CFPP), °C, max (1)<br />

Water and sediment, vol%, max 0,05<br />

ASTM D 6371/ABNT NBR<br />

14747<br />

ASTM D 1796/ABNT NBR<br />

14647<br />

Ash, wt%, max 0,01 ASTM D 482/ABNT NBR 9842<br />

Lubricity, HFRR wear scar diam @ 60°C,<br />

micron, max 460 ASTM D 6079<br />

Copper corrosion, 3hr @ 50°C, merit (class),<br />

max 1 ASTM D 130/ABNT NBR 14359<br />

Color, max 3<br />

ASTM D 1500/ABNT NBR<br />

14483<br />

Appearance free of impurities<br />

FAME content, vol%, min (2)(3)<br />

Notes:<br />

1. Varies based on season and region: values are listed in Table 2 of the ANP Resolução no. 15, issued July 17th, 2006.<br />

2. Compulsory addition of biodiesel in percentage <strong>de</strong>termined by current legislation.<br />

3. Diesel fuel is required to be blen<strong>de</strong>d with 3 vol% biodiesel as of July 2008 and with 4 vol% biodiesel as of July 2009.<br />

Fonte: IFQC,2009


ANEXO D – ESPECIFICAÇÕES TÉCNIICAS DO ÓLEO DIESEL S50<br />

Diesel Fuel specification for Brazil / S50<br />

Year of implementation jul/09<br />

Spec Name<br />

Portaria ANP<br />

N° 32, 2007<br />

Property S50(1) Test Method<br />

Cetane n<strong>um</strong>ber, min 46<br />

Sulfur, ppm, max 50<br />

ASTM D 2622/ASTM D 5453/ABNT<br />

NBR 14533<br />

Polyaromatics, wt%, max Report ASTM D 5186<br />

ASTM D 1298/ASTM D 4052/ABNT<br />

Density @ 20°C, kg/m3, min 820 NBR 7148/ABNT NBR 14065<br />

ASTM D1298/ASTM D4052/ ABNT<br />

Density @ 20°C, kg/m3, max 850 NBR 7148/ABNT NBR 14065<br />

Viscosity @ 40°C, cSt, min 2 ASTM D 445/ABNT NBR 10441<br />

Viscosity @ 40°C, cSt, max<br />

Distillation<br />

5 ASTM D 445/ABNT NBR 10441<br />

T10, °C, min Report<br />

T10, °C, max Report<br />

T50, °C, min 245<br />

T50, °C, max 310<br />

T90, °C, max 360<br />

Flash Point, °C, min 38<br />

ASTM D 56/ASTM D 93/ABNT NBR<br />

7974/ABNT NBR 14598<br />

Carbon residue 10%, wt%, max 0,25<br />

ASTM D 524/ABNT NBR<br />

14318/NBR 14318<br />

Cold Filter Plugging Point (CFPP), °C, max 12(2) ASTM D 6371/ABNT NBR 14747<br />

Water and sediment, vol%, max 0,05 ASTM D 1796/ABNT NBR 14647<br />

Water, vol%, max Report ASTM D 6304/ABNT NBR 11348<br />

Ash, wt%, max 0,01 ASTM D 482/ABNT NBR 9842<br />

Lubricity, HFRR wear scar diam @ 60°C,<br />

micron, max 460(3) ISO 12156<br />

Copper corrosion, 3hr @ 50°C, merit (class),<br />

max 1 ASTM D 130/NBR 14359<br />

Oxidation stability, mg/100ml, max Report ASTM D 2274<br />

Total acid n<strong>um</strong>ber, mg KOH/g, max Report ASTM D 974/ABNT NBR 14248<br />

Color, max 3<br />

Clean, free of<br />

ASTM D 1500/ABNT NBR 14533<br />

Appearance<br />

impurities Visual<br />

FAME content, vol%, min (4)(5)<br />

Notes:<br />

1. This specification is not required by ANP; the resolution states that S-50 will be ma<strong>de</strong> available <strong>com</strong>mercially when<br />

a<strong>de</strong>quacy of logistics supply be<strong>com</strong>es available.<br />

2. Maxim<strong>um</strong> limits for CFPP vary according to state and season--limits are listed on Resolução ANP N°32.<br />

3. Alternatively can be adopted to ASTM D 6079, with a maxim<strong>um</strong> wear scar of 520 microns.<br />

4. Compulsory addition of biodiesel in percentage <strong>de</strong>termined by current legislation.<br />

5. Diesel fuel is required to be blen<strong>de</strong>d with 3 vol% biodiesel as of July 2008 and with 4 vol% biodiesel as of July 2009.<br />

Fonte: IFQC,2009<br />

168


ANEXO E – ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DO BIODIESEL B100 (ANP)<br />

Biodiesel Fuel specification for Brazil<br />

Year of implementation mar/08<br />

Spec Name<br />

Resolução ANP N° 7,<br />

2008<br />

Property B100 Test Method<br />

ASTM D 613/EN ISO<br />

Cetane n<strong>um</strong>ber, min Report(1) 5165/ASTM D 6890<br />

Ester content (concentration), wt%, min 96.5(2)(3) ABNT NBR 15342/EN 14103<br />

ASTM D 5453/ISO 20846/ISO<br />

Sulfur, ppm, max 50<br />

20884<br />

ABNT NBR 7148/ABNT NBR<br />

14065/ASTM D 1298/ASTM D<br />

4052/EN ISO 3675/EN ISO<br />

Density @ 20°C, kg/m3, min 850 12185<br />

ABNT NBR 7148/ABNT NBR<br />

14065/ASTM D 1298/ASTM D<br />

4052/EN ISO 3675/EN ISO<br />

Density @ 20°C, kg/m3, max 900 12185<br />

ASTM D 445/ABNT NBR<br />

Viscosity @ 40°C, cSt, min 3<br />

10441/EN ISO 3104<br />

ASTM D 445/ABNT NBR<br />

Viscosity @ 40°C, cSt, max 6<br />

10441/EN ISO 3104<br />

ASTM D 93/ABNT NBR<br />

Flash Point, °C, min 100(4) 14958/EN ISO 3679<br />

Carbon residue 100% (CCR), wt%, max 0,05 ASTM D 4530<br />

Water, vol%, max .044(5)(6) ASTM D6304/EN ISO 12937<br />

ABNT NBR 6294/ASTM D<br />

Sulfated Ash, wt%, max 0,02 874/EN ISO 3987<br />

Total contamination, ppm, max 24 EN ISO 12662<br />

ABNT NBR 14359/ASTM D<br />

Copper corrosion, 3hr @ 100°C, max 1<br />

130/EN ISO 2160<br />

ASTM D 664/ABNT 14448/EN<br />

Acid value, mg KOH/g, max 0,5<br />

14104<br />

Methanol, vol%, max 0.20(7) ABNT NBR 15343/EN 14110<br />

Ethanol, vol%, max 0.20(8) ABNT NBR 15343/EN 14110<br />

ABNT NBR 15342/ASTM D<br />

Monoglyceri<strong>de</strong>s, wt%, max Report(9)(10)(11) 6584/EN 14105<br />

ABNT NBR 15342/ASTM<br />

Diglyceri<strong>de</strong>s, wt%, max Report(12)(13)(11) D6584/EN 14105<br />

Triglyceri<strong>de</strong>s, wt%, max Report(14)(11)(10)<br />

Glycerol .025(14)(10)<br />

Free Glycerol, wt%, max 0.02(15)(10)<br />

ABNT NBR 15342/ABNT<br />

15344/ASTM D6584/EN 14105<br />

ABNT NBR 15344/ASTM D<br />

6584/EN 14105<br />

ABNT NBR 15341/ASTM<br />

D6584/EN 14105/EN 14106<br />

Total, wt%, max 0,25<br />

ABNT NBR 15341/ASTM<br />

D6584/EN 14105/EN 14106<br />

Iodine n<strong>um</strong>ber, g/100g, max Report(11) EN 14111<br />

169


Year of implementation mar/08<br />

Spec Name<br />

Resolução ANP N° 7,<br />

2008<br />

Property B100 Test Method<br />

ABNT NBR 15553/ASTM D<br />

Phosphorus, ppm, max 10 4951/EN 14107<br />

ABNT NBR 15554/ABNT NBR<br />

15555/ABNT NBR 15553/ABNT<br />

NBR 15556/EN 14108/EN<br />

Alkali, Group I (Na, K), ppm, max 5 14109/EN 14538<br />

Metals, Group II (Ca, Mg), ppm, max<br />

Distillation<br />

T90, °C, max<br />

ABNT NBR 15553/ABNT NBR<br />

5 15556/EN 14538<br />

Cold Filter Plugging Point (CFPP), °C,<br />

ABNT 14747/ASTM D6371/EN<br />

max 19(16)(17)<br />

116<br />

Oxidation stability @ 110°C, hour, min 6 EN 14112(18)<br />

Others (use of additives etc.)<br />

Notes:<br />

(19)<br />

1. Cetane n<strong>um</strong>ber, monoglyceri<strong>de</strong>s, diglyceri<strong>de</strong>s, triglyceri<strong>de</strong>s and iodine n<strong>um</strong>ber must all be<br />

analyzed together every trimester. The results of these tests must be sent by the biodiesel producer<br />

to ANP, and must be based on a sample of the biodiesel sold by the producer during each<br />

corresponding trimester. If the producer changes the feedstock(s) used in the biodiesel, the<br />

producer must then submit analyses of a n<strong>um</strong>ber of samples corresponding to each of the different<br />

feedstocks used. If the producer changes the feedstock(s) used in the biodiesel, the producer must<br />

then submit analyses of a n<strong>um</strong>ber of samples corresponding to each of the different feedstocks<br />

used.<br />

2. For biodiesel samples <strong>de</strong>rived from animal fats, method ABNT NBR 15342 can be used.<br />

3. If the biodiesel being tested inclu<strong>de</strong>s castor oil AND is the product of more than one feedstock,<br />

ABNT NBR 15342 should be used to test ester content.<br />

4. If flash point is greater than 130 <strong>de</strong>grees Celsius, the methanol/ethanol limit is waived.<br />

5. Resolução ANP N° 7 actually limits water content to 500mg/Kg; ass<strong>um</strong>ing a biodiesel <strong>de</strong>nsity of<br />

880Kg/m 3 , the resulting water content by vol<strong>um</strong>e is 0.044%.<br />

6. This water content limit must be met by whomever is responsible for obtaining certification, be it<br />

the producer or the importer.<br />

7. This limit is for s<strong>um</strong> total of methanol and ethanol.<br />

8. This limit is for the s<strong>um</strong> total of methanol and ethanol.<br />

9. If the biodiesel being tested inclu<strong>de</strong>s castor oil AND is the product of more than one feedstock,<br />

ABNT NBR 15342 should be used to test monoglyceri<strong>de</strong> content.<br />

10. The EN/ISO & ASTM test methods apply to feedstocks whose processing involves methods<br />

and/or routes other than ethyl (ethanol) route.<br />

Notes:<br />

11. Cetane n<strong>um</strong>ber, monoglyceri<strong>de</strong>s, diglyceri<strong>de</strong>s, triglyceri<strong>de</strong>s and iodine n<strong>um</strong>ber must all be<br />

analyzed together every trimester. The results of these tests must be sent by the biodiesel producer<br />

to ANP, and must be based on a sample of the biodiesel sold by the producer during each<br />

corresponding trimester. If the producer changes the feedstock(s) used in the biodiesel, the<br />

producer must then submit analyses of a n<strong>um</strong>ber of samples corresponding to each of the different<br />

feedstocks used.<br />

12. If the biodiesel being tested inclu<strong>de</strong>s castor oil AND is the product of more than one feedstock,<br />

ABNT NBR 15342 should be used to test diglyceri<strong>de</strong> content.<br />

13. The EN/ISO & ASTM test methods apply to feedstocks whose processing involves methods and<br />

routes other than ethyl (ethanol) route.<br />

170


14. If the biodiesel being tested inclu<strong>de</strong>s castor oil AND is the product of more than one feedstock,<br />

ABNT NBR 15344 should be used to test triglyceri<strong>de</strong> content.<br />

15. If the biodiesel being tested inclu<strong>de</strong>s castor oil AND is the product of more than one feedstock,<br />

ABNT NBR 15341 should be used to test triglyceri<strong>de</strong> content.<br />

16. The 19°C limit applies to the South, Southeast and Midwest Regions and the state of Bahia. For<br />

other regions, the biodiesel may be <strong>de</strong>livered at temperatures above 19°C, provi<strong>de</strong>d that both buyer<br />

and seller agree to this stipulation before the sale.<br />

17. The test methods listed in this specification cannot be used for testing biodiesel ma<strong>de</strong> entirely<br />

from castor beans.<br />

18. This EN/ISO test method applies to feedstocks whose processing involves methods and/or<br />

routes other than ethyl (ethanol) route.<br />

19. Biodiesel must appear clear and free of impurities.<br />

Fonte: INTERNATIONAL FUEL QUALITY CENTER,2009<br />

171


ANEXO F – ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DO BIODIESEL B100 (EN 14214)<br />

Biodiesel Fuel specification for EU /FAME (Fatty Acid Methyl Esters)<br />

Year of implementation mai/09<br />

Spec Name EN 14214:2008<br />

Property Test Method<br />

Cetane n<strong>um</strong>ber, min 51 EN ISO 5165<br />

Ester content (concentration), wt%, min 96,5 EN 14103(1)<br />

Sulfur, ppm, max 10 EN ISO 20846, EN ISO 20884<br />

Density @ 15°C (60°F), kg/m3, min 860 EN ISO 3675/EN ISO 12185/(2)<br />

Density @ 15°C (60°F), kg/m3, max 900 EN ISO 3675/EN ISO 12185/(2)<br />

Density @ 20°C, kg/m3, min (3)<br />

Density @ 20°C, kg/m3, max (3)<br />

Viscosity @ 40°C, cSt, min 3,5 EN ISO 3104<br />

Viscosity @ 40°C, cSt, max 5 EN ISO 3104<br />

Flash Point, °C, min 101 EN ISO 2719, EN ISO 3679<br />

Carbon residue 10%, wt%, max 0,3 EN ISO 10370<br />

Water, vol%, max 500 EN ISO 12937<br />

Sulfated Ash, wt%, max 0,02 ISO 3987<br />

Total contamination, ppm, max 24 EN 12662 (1)<br />

Copper corrosion, 3hr @ 100°C, max class 1 (4) EN ISO 2160<br />

Acid value, mg KOH/g, max<br />

Alcohol<br />

0,5 EN 14104<br />

Methanol, vol%, max<br />

Ethanol, vol%, max<br />

0,2 EN 14110<br />

Monoglyceri<strong>de</strong>s, wt%, max 0,8 EN 14105<br />

Diglyceri<strong>de</strong>s, wt%, max 0,2 EN 14105<br />

Triglyceri<strong>de</strong>s, wt%, max<br />

Glycerol<br />

0,2 EN 14105 (1)<br />

Free Glycerol, wt%, max 0,02 EN 14105 / EN 14106 (1)<br />

Total, wt%, max 0,25 EN 14105<br />

Linolenic acid methyl ester, wt%, max 12 EN 14103<br />

Polyunsaturated methyl esters, wt%,<br />

max<br />

1<br />

Iodine n<strong>um</strong>ber, g/100g, max 120 EN 14111<br />

Phosphorus, ppm, max 4 EN 14107<br />

Alkali, Group I (Na, K), ppm, max 5<br />

EN 14108, EN 14109, EN<br />

14538(1)<br />

Metals, Group II (Ca, Mg), ppm, max 5 EN 14538<br />

Oxidation stability @ 110°C, hour, min 6 prEN 15751, EN 14112<br />

Others (use of additives etc.) (5)<br />

Notes:<br />

(1) Current methods do not meet the 2R requirement of EN ISO 4259 at the limit values specified in this standard.<br />

(2) Density may be measured by EN ISO 3675 over a range of temperatures from 20°C to 60°C.<br />

A factor of 0.723 kg/m 3 may be used to convert observed <strong>de</strong>nsity to <strong>de</strong>nsity at 15°C.<br />

(3) Density may be measured over a range of temperatures from 20°C to 60°C.<br />

(4) The use of dyes and markers is allowed.<br />

Fonte: INTERNATIONAL FUEL QUALITY CENTER,2009<br />

172


ANEXO G – ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS DO ETANOL<br />

Ethanol Fuel specification for Brazil<br />

Year of implementation jul/09<br />

Spec Name<br />

Resolução ANP N°<br />

36, 2005<br />

Property<br />

Anhydrous<br />

Ethanol<br />

Test Method<br />

Ethanol, vol%, min 99.6(1) ASTM D 5501<br />

Density @ 20°C, kg/m3, max 791,5 ASTM D 3505/ASTM D 4052<br />

Chlori<strong>de</strong>, ppm, max<br />

Copper, ppm, max 7(4)(5) ABNT NBR 10893<br />

Iron, g/l<br />

Acetic Acid, g/l, 100% EtOH, max 0,03 ASTM D 1613/ABNT NBR 9866<br />

Alcohol, wt%, min 99,3 ABNT NBR 5992<br />

Non-volatile matter, g/100ml, max<br />

Color, APHA, max Colorless(8) Visual<br />

Sulfate, ppm, max 4(4) ABNT NBR 10894/ABNT NBR 12120<br />

Electrical Conductivity, µS/m, max 500 ASTM D 1125/ABNT NBR 10547<br />

Appearance<br />

pH, max<br />

Clear, free of<br />

impurities(9) Visual<br />

Aromatics, vol%, max<br />

Sodi<strong>um</strong>, ppm, max<br />

3 ABNT NBR 13993<br />

Year of implementation jul/09<br />

Spec Name<br />

Resolução ANP N°<br />

36, 2005<br />

Property Hydrous Ethanol Test Method<br />

Ethanol, vol%, min 95.1(1) ASTM D 5501<br />

Density @ 20°C, kg/m3, min 807.6(2) ASTM D 3505/ASTM D 4052<br />

Density @ 20°C, kg/m3, max 811.0(2) ASTM D 3505/ASTM D 4052<br />

Chlori<strong>de</strong>, ppm, max<br />

Copper, ppm, max<br />

1(3)<br />

ABNT NBR 10894/ABNT NBR<br />

10895/ASTM D 512<br />

Iron, g/l 3.95(6)(4) ABNT NBR 11331<br />

Acetic Acid, g/l, 100% EtOH, max 0,03 ASTM D 1613/ABNT NBR 9866<br />

Alcohol, wt%, min 92.6(7) ABNT NBR 5992<br />

Non-volatile matter, g/100ml, max<br />

Color, APHA, max Colorless Visual<br />

Sulfate, ppm, max 4.0(4) ABNT NBR 10894/ABNT NBR 12120<br />

173


Electrical Conductivity, µS/m, max 500 ASTM D 1125/ABNT NBR 10547<br />

Appearance<br />

Clear, free of<br />

impurities Visual<br />

pH, min 6 ABNT NBR 10891<br />

pH, max 8 ABNT NBR 10891<br />

Aromatics, vol%, max 3(3) ABNT NBR 13993<br />

Sodi<strong>um</strong>, ppm, max 2(4) ABNT NBR 10422<br />

Notes:<br />

1Compliance with this specification is mandatory for ethanol that is not <strong>de</strong>rived from fermentation of sugar cane and in cases<br />

where there is suspicion that the ethanol in question is contaminated with other types of alcohol.<br />

2. In the case of importation, distribution and resale of ethanol the minim<strong>um</strong> and maxim<strong>um</strong> <strong>de</strong>nsity limits are 805.0 and 811.0,<br />

respectively.<br />

3. Testing for and meeting limits for distillation residue, aromatics and chlori<strong>de</strong> is required for importation, distribution and<br />

resale of ethanol; it is NOT required of producers in the process of issuing a Certificate of Quality for their ethanol.<br />

4. The producer will have to write into to the Certificate of Quality the test results for sulfate, iron, sodi<strong>um</strong> obtained in the<br />

latest biweekly set of tests, as <strong>de</strong>tailed in Article 5, § 1 of Resolução ANP N° 36, 2005.<br />

5. Must be measured on Anhydrous Ethanol that has <strong>com</strong>e into contact with equipment and/or piping containing copper or<br />

copper alloys during transportation and/or production.<br />

6. Actual limit is 5 mg/kg. In vol<strong>um</strong>e terms, limit is 3.95 mg ass<strong>um</strong>ing that ethanol <strong>de</strong>nsity is equal to 789 g/l.<br />

7. This specification also inclu<strong>de</strong>s a maxim<strong>um</strong> alcohol limit of 93.8% by weight for Hydrous Ethanol.<br />

8. Colorless before a dye’s addition, as specified in Table II of the Technical Rules, which must be ad<strong>de</strong>d at a concentration<br />

of 15 mg/L giving the product an orange color.<br />

9. Clean and without impurities.<br />

10. Examination of the heater tube to <strong>de</strong>termine the visual tube rating using the Visual Tuberator shall be carried out within<br />

120 minutes of <strong>com</strong>pletion of the test.<br />

11. Hydrocarbon content is limited to a maxim<strong>um</strong> of 3.0 vol% per ABNT/NBR 13993<br />

12. There is a maxim<strong>um</strong> limit for sodi<strong>um</strong> content at 2.0 ppm as measured by ABNT/NBR 10422.<br />

13. There is a requirement for total alcohol, °INPM of between 92.6 and 93.8 vol% as measured by ABNT/NBR 5992.<br />

Fonte: INTERNATIONAL FUEL QUALITY CENTER,2009<br />

174


ANEXO H – LIMITES DE EMISSÕES PARA VEÍCULOS A DIESEL (BRASIL E<br />

UNIÃO EUROPÉIA)<br />

VEÍCULOS LEVES DE<br />

PASSAGEIROS<br />

BRASIL<br />

ARGENTINA<br />

CEN<br />

CONAMA FASE II<br />

(similar USA'87)<br />

CONAMA FASE III<br />

(similar TIER 1)<br />

CONAMA FASE IV<br />

(similar TIER 2)<br />

CO<br />

(g/km)<br />

HC<br />

(g/km)<br />

NOX<br />

(g/km)<br />

HC + NOX<br />

(g/km)<br />

175<br />

MP<br />

(g/km)<br />

2,00 0,30 - 0,60 0,05<br />

2,00 - 0,16 0,60 0,05<br />

2,00 - 0,05 0,25 0,05<br />

EURO II 1,00 - - 0,70 0,08<br />

EURO III 0,64 - 0,50 0,56 0,05<br />

EURO IV 0,50 - 0,25 0,30 0,025<br />

EURO II 0,50 - 0,25 0,30 0,025<br />

EURO III 0,50 - 0,18 0,23 0,025<br />

EURO IV 0,50 - 0,08 0,17 0,025

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