19.07.2013 Views

Eremitismo em Portugal na época Moderna : homens e imagens ...

Eremitismo em Portugal na época Moderna : homens e imagens ...

Eremitismo em Portugal na época Moderna : homens e imagens ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

128 José Adriano de Freitas Carvalho<br />

unido con ellos», a sua reflexão não é mais que a tradução, igualmente<br />

resumida, de outra de Fr. Heitor Pinto logo no começo do seu Diálogo da Vida<br />

solitária: «N<strong>em</strong> se deve cuidar, por o solitário estar separado dos próximos<br />

quanto ao corpo, que o está quanto à alma, [pois] «estão os <strong>homens</strong> unidos uns<br />

com os outros mediante a caridade» 199 ; e se junto à sua caver<strong>na</strong> pôs «u<strong>na</strong>s<br />

colme<strong>na</strong>s para en los intervalos, que el ti<strong>em</strong>po me da, cont<strong>em</strong>plar en la fabrica<br />

de las benditas y sabias abejuelas, de cuyo orden deprehendo la real y sancta<br />

discipli<strong>na</strong> conventual...», é facil verificar que o faz por conselho e razões de S.<br />

Jerónimo a Rústico: «Apum fabricare alve<strong>na</strong>ria, et mo<strong>na</strong>steriorum ordin<strong>em</strong> ac<br />

reagiam discipli<strong>na</strong>m in parvis disce corporibus» 200 .<br />

Como não interessa aqui discutir a realidade ou a ficção desta<br />

experiência er<strong>em</strong>ítica – Lázaro de Tormes também escreveu uma carta contar<br />

um «caso» da vida um pobre (a sua) que é pura literatura –, aceit<strong>em</strong>o-la como o<br />

seu autor a apresenta e tent<strong>em</strong>os, apoiando-nos <strong>em</strong> alguns aspectos mais<br />

pertinentes, colher a imag<strong>em</strong> que do er<strong>em</strong>ita nos transmite o Tratado de<br />

Cristóvão da Costa que é a obra mais completa – ou, se vier<strong>em</strong> a confirmar-se<br />

os seus limites experienciais, a mais completa construção literária – sobre a<br />

vida er<strong>em</strong>ítica escrita durante o período moderno de que aqui nos ocupamos<br />

(1547-1620).<br />

Depois de meditar longamente sobre ex<strong>em</strong>plos de antigos sábios e<br />

gover<strong>na</strong>dores e os «varones sanctos» que se retiraram do mundo – um mundo<br />

«traidor», «guerreiro», «falso», etc., identificado com a vida «tumultuosa» <strong>em</strong><br />

que, principalmente, Fr. Antonio de Guevara e Heitor Pinto organizam os<br />

<strong>em</strong>préstimos vários para descrever as «miserias do mundo» 201 –, o autor, porque<br />

«hasta agora [há ] estado metido en la caliginosa y oscura noche de la<br />

ignorancia de los que a [su] alma cumplia», decide-se a fugir do mundo e<br />

199 Cristoval ACOSTA, Tratado en contra, y pro de la vida solitaria, ed. cit.,16r; Hector Pinto,<br />

Imag<strong>em</strong> da vida christam..., ed. cit., Diálogo da vida solitária, 2, I, 314.<br />

200 Cristoval ACOSTA, Tratado en contra, y pro de la vida solitaria, ed. cit., 98r; S. JERÓNIMO,<br />

Cartas (Edición bilingüe, Introcución, versión y notas de Daniel Ruiz Bueno), Madrid, 1962, II,<br />

609.<br />

201 Cristoval ACOSTA, Tratado en contra, y pro de la vida solitaria, ed. cit., 33r-51v, discorrendo<br />

depois, <strong>em</strong> capítulos próprios que são como que pequenos tratados independentes e, por vezes,<br />

repetitivos, «De la limos<strong>na</strong>, caridad, y hospitales» (52r-62r), «De la tristeza, soledad, y compañia»<br />

(62v-65v), de «Amigos» (66r-67v); de «Bienes de la soledad» (68r-87v); de «Diferencia de la vida<br />

solitaria, quieta,y acompaãda» (88r-90v); de «El espiritu humano no reposa <strong>na</strong>turalmente» (91r-<br />

91v); de «Bienes de la soledad, y de saber el hombre huir del hombre, y de las miserias del mundo»<br />

(92r-97r); de «Discursos del dia en el desierto» (97r-100r); de «La S. Crux, y de la oracion» (100v-<br />

106r); de «Entretenimientos [en el] desierto (106v); de «Tarde en el desierto, y sus bienes, y de los<br />

banquetes, y modo de comer» (107r-111v); de «Noche en el desierto y sus bienes» (116r-117v),<br />

etc.. Há, porém, que notar que Cristóvão da Costa r<strong>em</strong>ete alguma vez para um sua «Collacion a los<br />

mohatreros y usureros, apareceros, tratantes y seducadores» cujo título v<strong>em</strong> <strong>na</strong> pág. 112r, mas que<br />

parece faltar, pois o texto que se segue não diz respeito a tal matéria, mas, sim, à dos banquetes que<br />

antes se anunciara.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!