Eremitismo em Portugal na época Moderna : homens e imagens ...
Eremitismo em Portugal na época Moderna : homens e imagens ...
Eremitismo em Portugal na época Moderna : homens e imagens ...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
86 José Adriano de Freitas Carvalho<br />
século XV e nos começos de Quinhentos 13 , se expande – ou parece expandir-se<br />
– e talvez mesmo se intensifica e se renova, mercê de novos impulsos da<br />
espiritualidade e do sentimento religioso derivados, <strong>em</strong> parte pelo menos, dos<br />
caminhos abertos – ou fechados – pelas reformas tridenti<strong>na</strong>s. E isto s<strong>em</strong> falar da<br />
renovação do er<strong>em</strong>itismo que virá a dar-se <strong>na</strong> reforma de algumas ordens<br />
religiosas mendicantes – o Carmelo descalço 14 ..., <strong>em</strong> algumas províncias dos<br />
franciscanos observantes... –, para já não falar dos benedictinos de Monserrat<br />
abertos a er<strong>em</strong>itas seculares... Em linhas gerais, com grande cópia de<br />
documentação – literária e iconográfica, especialmente –, este último «t<strong>em</strong>po»<br />
contra-reformista já mereceu para Espanha notáveis abordagens 15 . O que,<br />
porém, aqui intentar<strong>em</strong>os procurará, muito mais limitadamente, encontrar uma<br />
base documental, se b<strong>em</strong> que pouco sist<strong>em</strong>ática e, por isso mesmo, provisória e<br />
sujeita a correcções, que, de algum modo, permita começar a medir – talvez<br />
fosse melhor dizer vislumbrar – a extensão – casos..., modos..., zo<strong>na</strong>s<br />
geográficas... – do er<strong>em</strong>itismo in strictu sensu no <strong>Portugal</strong> dos séculos XV a<br />
XVIII e oferecer os comentários de outro tipo de textos a essas abordagens.<br />
Naturalmente, ter<strong>em</strong>os que aproveitar e discutir algumas sugestões desses vastos<br />
inquéritos.<br />
Deste modo, recorrendo às «súplicas» feitas aos papas entre 1418 e<br />
1431 – isto é, ape<strong>na</strong>s, infelizmente, às que estão publicadas nos ben<strong>em</strong>éritos<br />
Monumenta <strong>Portugal</strong>iae Vatica<strong>na</strong> 16 – e às crónicas das ordens religiosas, a esse<br />
vastíssimo inquérito que ofereceu Jorge Cardoso no seu Agiológio Lusitano 17 –<br />
infelizmente também incompleto 18 – e às referências que se pod<strong>em</strong> ir colhendo<br />
13<br />
Jean LECLERCQ, Un humaniste ermite: le Bx Paul Giustiniani (1476-1528), Rome, 1951;<br />
Témoins de la spiritualité occidentale, ed. cit, 342-360.<br />
14<br />
Fer<strong>na</strong>ndo R. DE LA FLOR, De las Batuecas a las Hurdes. Fragmentos para u<strong>na</strong> historia mítica<br />
de la Extr<strong>em</strong>adura, Junta de Extrmadura, s. a. (1999);<br />
15<br />
Alain SAINT-SAËNS, La nostalgie du désert. L’idéal érémitique en Castille au Siècle d’Or,<br />
[Thèse pour Doctorat Nouveau Régime sous la direction de Bartolomé Ben<strong>na</strong>ssar], Toulouse,<br />
Déc<strong>em</strong>bre 1989 (ex<strong>em</strong>pl. policopiado); Fer<strong>na</strong>ndo R. DE LA FLOR, El jardin de Yahvé in La<br />
Península metafísica. Arte, literatura y pensameiento en la España de la Contrarreforma, Madrid,<br />
1999, 124-154. (Agradeço a Fer<strong>na</strong>ndo R. de la Flor a generosidade amiga com que pôs à nossa<br />
disposição o seu ex<strong>em</strong>plar da tese de A. Saint-Saëns, cuja edição impressa, San Francisco, Mellen<br />
Research University Press, 1993 não pud<strong>em</strong>os consultar senão quando, muitos meses depois de ter<br />
tentado adquirir ou ver um ex<strong>em</strong>plar, estas notas já estavam totalmente redigidas).<br />
16<br />
Monumenta <strong>Portugal</strong>iae Vatica<strong>na</strong>. Suplicas do pontificado de Martinho V (anos 8 a 14).<br />
Documentos publicados com introdução e notas por António Domingues de Sousa Costa, O.F.M.,<br />
Braga, 1970.<br />
17<br />
Jorge CARDOSO, Agiologio Lusitano dos sanctos, e varoens illustres <strong>em</strong> virtude do reino de<br />
<strong>Portugal</strong>, e suas conquistas (I, Lisboa, Offici<strong>na</strong> Craesbeekia<strong>na</strong>, 1652; II, Lisboa, Offici<strong>na</strong> de<br />
Henrique Valente de Oliveira, 1657; III, Lisboa, Antonio Craesbeeck de Mello, 1666),<br />
compreendendo os meses de Janeiro a Junho.<br />
18<br />
Antonio Caetano de SOUSA, Agiologio Lusitano dos sanctos, e varoens illustres <strong>em</strong> virtude do<br />
reino de <strong>Portugal</strong>, e suas conquistas, IV, Lisboa, Regia Offici<strong>na</strong> Sylvia<strong>na</strong>, 1744, levou a obra até