19.07.2013 Views

Eremitismo em Portugal na época Moderna : homens e imagens ...

Eremitismo em Portugal na época Moderna : homens e imagens ...

Eremitismo em Portugal na época Moderna : homens e imagens ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

84 José Adriano de Freitas Carvalho<br />

<strong>em</strong> geral, por causa da admiração e atracção que esse mesmo radicalismo<br />

exerceu ou <strong>na</strong> devoção – traduzida <strong>em</strong> esmolas ou oferta de lugares para seu<br />

retiro 7 – ou <strong>na</strong> reprovação de alguns traços de algumas etapas do seu estilo de<br />

vida – alguns, por ex<strong>em</strong>plo, davam <strong>em</strong> pregadores itinerantes de oratória n<strong>em</strong><br />

s<strong>em</strong>pre pacífica para com as hierarquias domi<strong>na</strong>ntes 8 . Naturalmente, estamos a<br />

referir-nos ao er<strong>em</strong>itismo in stricto sensu, quer dizer, o a<strong>na</strong>coretismo, e não às<br />

fundações religiosas de cunho er<strong>em</strong>ítico como os camaldulenses..., os cartuxos –<br />

os primeiros s<strong>em</strong> existência <strong>na</strong> Península Ibérica e os últimos, aliás, só fixados<br />

entre nós <strong>em</strong> 1587 (o que não deixa de ser um tanto estranho), graças à acção do<br />

arcebispo de Évora, D. Teotónio de Bragança 9 –, os Er<strong>em</strong>itas da Serra de Ossa,<br />

«cenobitizados» estes já no século XII sob a regra de Santo Agostinho e<br />

completamente institucio<strong>na</strong>lizados como Er<strong>em</strong>itas de S. Paulo, por reforma, <strong>em</strong><br />

1578, a instâncias do cardeal Henrique de <strong>Portugal</strong> 10 ..., ou até os basílicos<br />

espanhóis, ord<strong>em</strong> de conhecidas origens er<strong>em</strong>íticas 11 . E ainda menos aos<br />

<strong>homens</strong> – clérigos ou não – e mulheres que, ad vitam ou mais ou menos<br />

transitoriamente, se encarregaram da manutenção litúrgica e conservação<br />

fabriqueira da er<strong>em</strong>ita <strong>em</strong> que, <strong>em</strong> princípio, sob licença de autoridade<br />

episcopal, viviam e, mesmo assim, n<strong>em</strong> s<strong>em</strong>pre obrigatoriamente 12 .<br />

7<br />

José MATTOSO, Er<strong>em</strong>itas portugueses no século XII in Religião e cultura <strong>na</strong> Idade Média<br />

portuguesa, ed. cit., 122.<br />

8<br />

Delio CANTIMORI, Eretici italiani del Cinquecento, Firenze, s.a. (1939), 10-17; Jean<br />

LECLERCQ, Témoins de la spiritualité occidentale, Paris, 1965, 346-347; Ottavia NICCOLI,<br />

Profezie in piazza in Quaderni storici, 40-42 (1979), 500-539 (511-539, especialmente); B.<br />

NOBILE, «Romiti» e vita religiosa nella cro<strong>na</strong>chistica italia<strong>na</strong> fra ‘400 e ‘500 in Cristianesimo<br />

nella Storia, 5 (1984), 303-340; Ottavia NICCOLI, Profeti e popolo nell’Italia del Ri<strong>na</strong>scimento,<br />

Bari, 1987, 130, 138, 139, 225; Samuele GIOMBI, Libri e pulpiti. Letteratura, sapienza e storia<br />

religiosa nel Ri<strong>na</strong>scimento, Roma, 2001, 264-270 .<br />

9<br />

Fortu<strong>na</strong>to de ALMEIDA, História da Igreja <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> (Nova edição preparada e dirigida por<br />

Damião Peres), II, Porto, 1968, 186.<br />

10<br />

Fortu<strong>na</strong>to de ALMEIDA, História da Igreja <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong>, ed. cit., I, 330; II, Porto,143.<br />

11<br />

A. BENITO Y DURÁN, «Basilios» in AA. VV., Diccio<strong>na</strong>rio de Historia Eclesiástica de España<br />

(dirc. de Q. Aldea Vaquero, T. Marín Martínez y J. Vives Gatell), I, Madrid, 1971, 196-198; Grado<br />

Giovanni MERLO, Tra er<strong>em</strong>o e città. Studi su Francesco d’Assisi e sul francescanesimo medievale,<br />

Assisi, 1991, 74-76 permite recordar que a Ordo er<strong>em</strong>itarum Sancti Augustini foi criada, <strong>em</strong> 1256, a<br />

partir da «fusão» de diversos grupos er<strong>em</strong>ítico-penitenciais – «un er<strong>em</strong>itismo in realtà vissuto in<br />

forme quasi cenobitiche assai liberi e mobili» – organizados espontaneamente en torno de er<strong>em</strong>itas<br />

famosos como Guglielmo di Malavalle, Giovanni Bono, etc..<br />

12<br />

Sob o nosso ponto de vista, deveria s<strong>em</strong>pre atender-se a uma clarificação importante: a diferença<br />

entre er<strong>em</strong>ita e ermitão. De acordo com Domingos VIEIRA, Thesouro da língua portuguesa, III,<br />

Porto, 1893 sub voce, Er<strong>em</strong>ita é «pessoa que vive espiritualmente no ermo, deserto» e Ermitão/<br />

Ermitoa «é o que cuida de alguma ermida»; <strong>em</strong> espanhol, pelo menos actualmente, se estivermos<br />

pelo que indica a R.A.L., Diccio<strong>na</strong>rio de la lengua española, Madrid, 1970, sub voce, Er<strong>em</strong>ita (<strong>em</strong><br />

que se r<strong>em</strong>ete para Ermitaño), parece ser o mesmo que a segunda acepção de Ermitaño/Ermitaña:<br />

«Perso<strong>na</strong> que vive en la ermita y cuida de ella; 2 m: El que vive en soledad; como el monje y<br />

profesa vida solitaria». Apesar da importância da distinção, um Fr. Heitor Pinto ou uma Santa<br />

Teresa, por ex<strong>em</strong>plo, dirão s<strong>em</strong>pre «ermitão» e «ermitaño» quando se refer<strong>em</strong> ao «er<strong>em</strong>ita», o que

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!