Eremitismo em Portugal na época Moderna : homens e imagens ...
Eremitismo em Portugal na época Moderna : homens e imagens ...
Eremitismo em Portugal na época Moderna : homens e imagens ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>Er<strong>em</strong>itismo</strong> <strong>em</strong> <strong>Portugal</strong> 101<br />
serra (distante hüa legoa do povoado) [<strong>em</strong>] hüa aspera cova, para nella morar<br />
toda a vida». O voto, porque <strong>na</strong> ermida de Nossa Senhora a Velha de Niza faria<br />
mais serviço a Deus, foi-lhe comutado por D. Fr. Amador Arrais, eleito bispo de<br />
Portalegre <strong>em</strong> 1581, e nessa ermida morou até à sua morte. «Usava diversas<br />
mortificações... vestia aspera çaragoça à raiz da carne, andava descalço, jejuava<br />
o mais t<strong>em</strong>po a pão, e agoa, a qu<strong>em</strong> as ervas silvestres erão as maiores delicias.<br />
E com isto vivia tam valente, que (quando vinha à cidade pedir esmola, que<br />
deixava aos presos) trazia as costas hum grande fexe de lenha para se quentar<strong>em</strong><br />
os pobres, e doentes do hospital. Sobretudo continuava o confessio<strong>na</strong>rio, da<br />
primeira luz até a noite, onde era buscado de muitas pessoas devotas, que se<br />
vinham aliviar, e consolar com elle, pela fama de sua virtude, e penitencia...».<br />
J. Cardoso, Agiologio Lusitano, I, 33, 41 70 .<br />
< 1584 – O primeiro falso D. Sebastião, conhecido por «Rei de<br />
Pe<strong>na</strong>macor», tendo sido noviço carmelita – prova que não levou até ao cabo –<br />
terá sido, depois, autorizado a andar <strong>em</strong> hábito de er<strong>em</strong>ita e como tal percorria<br />
as terras, fixando-se seguidamente <strong>em</strong> uma ermida abando<strong>na</strong>da <strong>em</strong><br />
Albuquerque, junto à fonteira portuguesa 71 . «Tangia e cantava, e tinha b<strong>em</strong><br />
concertada a ermida, por cujo respeito acudião varias pessoas...». Conde<strong>na</strong>do às<br />
galés (1584), veio depois a <strong>em</strong>barcar <strong>na</strong> «Invencível» «donde escapou <strong>na</strong> costa<br />
de França».<br />
J. P. Bayão, <strong>Portugal</strong> cuidadoso., 730-732 72 .<br />
< 1585 – Mateus (ou Gonçalo?) Álvares, o outro falso D. Sebastião,<br />
<strong>na</strong>tural da Terceira, «sahindo-se do noviciado dos Frades Arrabidos do Mosteiro<br />
de S. Miguel, junto à Villa de Obidos, se fez tamb<strong>em</strong> Hermitão <strong>em</strong> huma<br />
hermida de S. Julião, junto à Villa da Ericeira. Aqui fazia huma vida ao parecer<br />
muy penitente, e se introduzio a ser Rey antes que ningu<strong>em</strong> o imagi<strong>na</strong>sse,<br />
discipli<strong>na</strong>va-se fort<strong>em</strong>ente, onde pudesse ser ouvido, e dizia com triste<br />
lamentação: <strong>Portugal</strong>, <strong>Portugal</strong>, que he feito de ti... (etc.)». Talvez tenha andado<br />
ainda por algum convento recoleto, franciscano, seguramente, <strong>em</strong> Sintra...<br />
† 1585<br />
J. P. Bayão, <strong>Portugal</strong> cuidadoso, 732 73<br />
70<br />
É um curioso caso de er<strong>em</strong>ita que se fez ermitão...<br />
71<br />
Manuel de MONFORTE, Chronica da provincia da Piedade, primeira capucha de toda a ord<strong>em</strong>,<br />
e regular observancia de nosso Padre S. Francisco, Lisboa, Miguel Manescal da Costa, 1751, I, 23,<br />
76 refere-se ao oratório que os capuchos de Fr. Pedro de Melgar aí tiveram. Haverá alguma relação<br />
de factos?<br />
72<br />
Miguel D’ANTAS, Les faux Don Sébastien. Étude sur l’histoire du <strong>Portugal</strong>, Paris, 1866, 95-<br />
104.<br />
73<br />
Miguel D’ANTAS, Les faux Don Sébastien..., ed. cit., 106.