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Nomes de estabelecimentos comerciais em Belo ... - Fale - UFMG

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Organizadora<br />

Maria Cândida Trinda<strong>de</strong> Costa <strong>de</strong> Seabra<br />

<strong>Nomes</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>estabelecimentos</strong><br />

<strong>comerciais</strong> <strong>em</strong><br />

<strong>Belo</strong> Horizonte<br />

V.2<br />

<strong>Belo</strong> Horizonte<br />

FALE/<strong>UFMG</strong><br />

2009


Diretor da Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Letras<br />

Jacyntho José Lins Brandão<br />

Vice-Diretor<br />

Wan<strong>de</strong>r Emediato <strong>de</strong> Souza<br />

Comissão editorial<br />

Eliana Lourenço <strong>de</strong> Lima Reis<br />

Elisa Amorim Vieira<br />

Lúcia Castello Branco<br />

Maria Cândida Trinda<strong>de</strong> Costa <strong>de</strong> Seabra<br />

Maria Inês <strong>de</strong> Almeida<br />

Sônia Queiroz<br />

Capa e projeto gráfico<br />

Glória Campos<br />

Mangá – Ilustração e Design Gráfico<br />

Preparação <strong>de</strong> originais<br />

Nelson Sá Fortes<br />

Formatação<br />

Eduardo <strong>de</strong> Lima Soares<br />

Revisão <strong>de</strong> provas<br />

Flávia Gomes Xavier<br />

Tatiana Alvarenga<br />

En<strong>de</strong>reço para correspondência<br />

FALE/<strong>UFMG</strong> – Setor <strong>de</strong> Publicações<br />

Av. Antônio Carlos, 6627 – sala 2015A<br />

31270-901 – <strong>Belo</strong> Horizonte/MG<br />

Telefax: (31) 3409-6007<br />

e-mail: vivavozufmg@yahoo.com.br<br />

Sumário<br />

Apresentação . 5<br />

Maria Cândida Trinda<strong>de</strong> Costa <strong>de</strong> Seabra<br />

Análise morfológica <strong>de</strong> nomes <strong>de</strong> livrarias<br />

do município <strong>de</strong> <strong>Belo</strong> Horizonte . 7<br />

Bárbara Marques Barbosa <strong>de</strong> Carvalho<br />

Cassandra Cláudia Lima<br />

Haydée Cristina da Silva<br />

Tiago Quintela Chaves<br />

Análise morfológica dos nomes <strong>de</strong><br />

lanchonetes <strong>de</strong> <strong>Belo</strong> Horizonte . 31<br />

Felipe Lopes Porto Pereira<br />

Gabriela Freitas <strong>de</strong> Paula<br />

Gar<strong>de</strong>nia Barbosa Neubaner Nascimento<br />

Izabela Tolentino Vignoli Fe<strong>de</strong>rman<br />

<strong>Nomes</strong> próprios <strong>de</strong> oficinas mecânicas <strong>de</strong><br />

<strong>Belo</strong> Horizonte . 53<br />

Bianca Cruz Gomes<br />

Jessica Rejane Silva Albergaria<br />

Stephanie Paes Rodrigues


Apresentação<br />

Maria Cândida Trinda<strong>de</strong> Costa <strong>de</strong> Seabra<br />

Reunimos aqui, <strong>em</strong> dois volumes, pesquisas <strong>de</strong>senvolvidas<br />

pelos alunos da disciplina Morfologia, ministrada por mim, no<br />

primeiro s<strong>em</strong>estre <strong>de</strong> 2008, na Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Letras da <strong>UFMG</strong>.<br />

São trabalhos que resultam <strong>de</strong> uma reflexão sobre a morfologia<br />

lexical, mais especificamente sobre os processos <strong>de</strong> criação<br />

lexical – análise morfológica e motivação <strong>em</strong> nomes <strong>de</strong> <strong>estabelecimentos</strong><br />

<strong>comerciais</strong> <strong>de</strong> <strong>Belo</strong> Horizonte.<br />

No primeiro volume, encontram-se quatro textos: o pri-<br />

meiro <strong>de</strong>les versa sobre os nomes <strong>de</strong> padarias; o segundo é<br />

fruto <strong>de</strong> uma observação sobre os nomes <strong>de</strong> supermercados,<br />

“análise <strong>de</strong> nomes <strong>de</strong> pré-escolas da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Belo</strong> Horizonte”<br />

é o título do terceiro texto e o quarto artigo analisa os nomes<br />

<strong>de</strong> pizzarias da capital mineira.<br />

O segundo volume apresenta outros três textos: nomes<br />

<strong>de</strong> livrarias são abordados no primeiro artigo, os outros dois<br />

artigos <strong>de</strong>sse volume tratam dos nomes <strong>de</strong> lanchonetes e<br />

“nomes próprios <strong>de</strong> oficinas mecânicas <strong>de</strong> <strong>Belo</strong> Horizonte”.<br />

Todos esses trabalhos constitu<strong>em</strong> uma primeira reflexão<br />

sobre um t<strong>em</strong>a instigante no mundo cont<strong>em</strong>porâneo – os nomes<br />

<strong>comerciais</strong> –, e nos fornec<strong>em</strong> um gran<strong>de</strong> e complexo material<br />

que v<strong>em</strong> enriquecer os estudos sobre a palavra.<br />

5


Análise morfológica <strong>de</strong> nomes <strong>de</strong><br />

livrarias do município <strong>de</strong> <strong>Belo</strong> Horizonte<br />

Introdução<br />

Apresentação<br />

Bárbara Marques Barbosa <strong>de</strong> Carvalho<br />

Cassandra Cláudia Lima<br />

Haydée Cristina da Silva<br />

Tiago Quintela Chaves<br />

A escassez <strong>de</strong> estudos voltados para a análise do processo<br />

<strong>de</strong> formação dos nomes <strong>de</strong> <strong>estabelecimentos</strong> <strong>comerciais</strong> nos<br />

motivou a pesquisar esse t<strong>em</strong>a especificamente no segmento<br />

<strong>de</strong> livrarias.<br />

A pesquisa contou com a seleção e a análise <strong>de</strong> nomes<br />

<strong>de</strong> livrarias do município <strong>de</strong> <strong>Belo</strong> Horizonte, com foco na<br />

i<strong>de</strong>ntificação do processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> palavras, baseada<br />

na abordag<strong>em</strong> das gramáticas tradicionais <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> da<br />

relevância <strong>de</strong>ssa abordag<strong>em</strong> – a mais usual nos sist<strong>em</strong>as <strong>de</strong><br />

ensino fundamental e médio do país – para o ensino superior,<br />

e na motivação dos nomes, com base na inferência dos autorespesquisadores.<br />

Objetivos<br />

O presente trabalho t<strong>em</strong> por objetivos os seguintes procedi-<br />

mentos:<br />

• selecionar e analisar nomes <strong>de</strong> livrarias do município<br />

<strong>de</strong> <strong>Belo</strong> Horizonte, com foco no processo <strong>de</strong> formação<br />

das palavras que compõ<strong>em</strong> os respectivos nomes;<br />

• <strong>de</strong>terminar qual processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> palavras é<br />

predominante no corpus <strong>em</strong> estudo;<br />

• verificar a frequência <strong>de</strong> termos latinos, termos estrangeiros,<br />

<strong>em</strong>préstimos linguísticos, hibridismos, substituição<br />

<strong>de</strong> letra por s<strong>em</strong>elhança fonética e vocábulos<br />

portugueses, nos nomes <strong>em</strong>pregados;<br />

7


• inferir a intenção <strong>de</strong>sses nomes, sob o ponto <strong>de</strong> vista<br />

do consumidor;<br />

• verificar a associação entre o nome do estabelecimento<br />

comercial e o segmento no qual ele atua.<br />

Justificativa<br />

Esta pesquisa justifica-se <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> da nossa necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

estudar os processos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> palavras. A escassez <strong>de</strong><br />

estudos morfológicos sobre nomes <strong>de</strong> <strong>estabelecimentos</strong> <strong>comerciais</strong><br />

motivou-nos a escolher nomes <strong>de</strong> livrarias como nosso<br />

corpus <strong>de</strong> análise. Desta maneira, esperamos po<strong>de</strong>r oferecer<br />

uma contribuição aos estudos morfológicos relacionados a<br />

esse t<strong>em</strong>a.<br />

Metodologia<br />

Descrição do corpus<br />

O corpus do presente estudo foi composto por 70 nomes <strong>de</strong><br />

<strong>estabelecimentos</strong> <strong>comerciais</strong> do segmento <strong>de</strong> livrarias (<strong>em</strong> um<br />

universo <strong>de</strong> 209 <strong>estabelecimentos</strong>).<br />

Os nomes foram obtidos na Lista telefônica <strong>de</strong> en<strong>de</strong>reços<br />

<strong>de</strong> <strong>Belo</strong> Horizonte (2007), especificamente na seção “Lista Classificada”,<br />

sob o título “Livrarias”.<br />

Critérios <strong>de</strong> seleção<br />

a) Critérios <strong>de</strong> inclusão<br />

Para compor o corpus <strong>de</strong> análise do presente trabalho, os<br />

nomes <strong>de</strong> livrarias <strong>de</strong>veriam satisfazer os seguintes critérios:<br />

• Constar na seção “Lista Classificada”, sob o título <strong>de</strong><br />

“Livrarias”, da Lista telefônica <strong>de</strong> en<strong>de</strong>reços <strong>de</strong> <strong>Belo</strong><br />

Horizonte (2007).<br />

• Não conter nenhuma das características apresentadas<br />

nos critérios <strong>de</strong> exclusão.<br />

b) Critérios <strong>de</strong> exclusão<br />

Foram excluídos os nomes cujos <strong>estabelecimentos</strong><br />

continham uma ou mais das seguintes características:<br />

• ser bazar, cafeteria ou sebo;<br />

• ser distribuidora ou editora <strong>de</strong> livros;<br />

• ser <strong>de</strong>signado, exclusivamente, como papelaria ou<br />

como revistaria;<br />

• atuar <strong>em</strong> áreas específicas: religião, técnica, concur-<br />

sos, cursos;<br />

• ter o nome composto por nomes próprios <strong>de</strong> santos,<br />

<strong>de</strong> personagens literárias e/ou mitológicas, <strong>de</strong> pessoas<br />

ou ainda pelas letras iniciais <strong>de</strong> nomes próprios<br />

(exceto aqueles que nomeiam localida<strong>de</strong>s – edificações,<br />

bairros, regiões – <strong>de</strong> <strong>Belo</strong> Horizonte);<br />

• ter o nome formado por sigla;<br />

• conter algum termo que <strong>de</strong>scaracterize o estabelecimento<br />

comercial como sendo do segmento <strong>de</strong> livraria<br />

(por ex<strong>em</strong>plo, enca<strong>de</strong>rnadora, fundação).<br />

Critérios <strong>de</strong> análise<br />

A abordag<strong>em</strong> adotada na análise dos processos <strong>de</strong> formação<br />

das palavras que compõ<strong>em</strong> o corpus <strong>em</strong> estudo baseou-se nos<br />

conceitos apresentados <strong>em</strong> gramáticas tradicionais.<br />

Os nomes <strong>de</strong> livrarias do estudo <strong>em</strong> apreço não foram<br />

consi<strong>de</strong>rados como uma expressão, mas foram analisados<br />

termo a termo, avaliando o processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> cada<br />

palavra – salvo os nomes cuja proximida<strong>de</strong> formava uma<br />

expressão já consagrada, por ex<strong>em</strong>plo, entre amigos. Tal expressão,<br />

segundo Cunha e Cintra (2001), po<strong>de</strong> ser classificada<br />

como uma composição por justaposição, na qual os termos<br />

não são hifenizados. Já Bechara (1999) apresenta as <strong>de</strong>signações<br />

lexia complexa, <strong>de</strong> Bernardo Pottier, e sinapsia, <strong>de</strong><br />

Emílio Benveniste (esta última é originária do grego e significa<br />

junção, conexão, coleção <strong>de</strong> coisas juntas), para nomear os<br />

sintagmas complexos que po<strong>de</strong>m ser constituídos <strong>de</strong> mais <strong>de</strong><br />

dois el<strong>em</strong>entos (por ex<strong>em</strong>plo, negócio da China).<br />

Para efeito <strong>de</strong> análise do processo <strong>de</strong> formação das pala-<br />

vras, foram <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rados os termos que <strong>de</strong>limitavam e/ou<br />

<strong>de</strong>screviam o tipo <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong> referente ao estabelecimento<br />

8 9


(por ex<strong>em</strong>plo, <strong>em</strong> Agência Leitura Livros e Revistas Ltda. e<br />

Siciliano SA, os termos Ltda e SA não foram analisados).<br />

I<strong>de</strong>ntificação do processo <strong>de</strong> formação das palavras<br />

A formação das palavras contidas nos nomes selecionados foi<br />

analisada <strong>de</strong> acordo com as categorias apresentadas por Cunha<br />

e Cintra (2001), a saber:<br />

• palavras simples/palavras compostas (composição:<br />

justaposição, aglutinação, compostos eruditos, recom-<br />

posição);<br />

• palavras simples primitivas/palavras simples <strong>de</strong>rivadas<br />

(<strong>de</strong>rivação: prefixal, sufixal, parassintética,<br />

regressiva, imprópria);<br />

• hibridismo;<br />

• onomatopeia;<br />

• abreviação vocabular.<br />

A categoria <strong>em</strong>préstimo linguístico, não cont<strong>em</strong>plada<br />

por Cunha e Cintra (2001), foi acrescentada às classificações<br />

do presente trabalho e teve como referência o conceito<br />

apresentado por Cipro Neto e Infante (2007). Essa categoria<br />

abarca as palavras <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> estrangeira, aportuguesas ou<br />

não, que estão incorporadas à nossa língua (ex.: status).<br />

Os termos <strong>em</strong> língua estrangeira cont<strong>em</strong>porânea, não incorporados<br />

à língua portuguesa, não foram tratados como <strong>em</strong>préstimos,<br />

e sim como “termos estrangeiros” (ex.: book). Já os<br />

termos proce<strong>de</strong>ntes do grego antigo ou do latim foram especificados<br />

como tais.<br />

Os nomes formados por siglas, cont<strong>em</strong>plados <strong>em</strong> Cunha<br />

e Cintra (2001) e <strong>em</strong> outras gramáticas tradicionais, não foram<br />

consi<strong>de</strong>rados neste estudo.<br />

A consulta acerca dos afixos encontrados no corpus <strong>em</strong><br />

questão foi realizada nas gramáticas <strong>de</strong> Cegalla (1981), Cunha<br />

e Cintra (2001), Cipro Neto e Infante (2007) e Bechara (1999),<br />

b<strong>em</strong> como no dicionário <strong>de</strong> Houaiss (2004).<br />

Motivação<br />

A motivação dos nomes <strong>de</strong> livrarias selecionados foi<br />

consi<strong>de</strong>rada como sendo o efeito que o nome do estabelecimento<br />

provocaria no consumidor e se seria possível o consumidor<br />

associar o nome do estabelecimento ao segmento no qual<br />

este atua. Em caso afirmativo, explicitamos essa associação.<br />

Em caso negativo, informamos a falta <strong>de</strong> associação.<br />

O corpus<br />

1) A Nossa Livraria <strong>de</strong> <strong>Belo</strong> Horizonte Ltda.<br />

2) Acta Livraria e Papelaria Ltda.<br />

3) Agência Leitura Livros e Revistas Ltda.<br />

4) Agência Opus Ltda.<br />

5) Agência Status Ltda.<br />

6) Alameda Livraria e Papelaria<br />

7) Armazém do Livro<br />

8) Bookeria Livros e Papéis Ltda.<br />

9) Brasil Livros<br />

10) Brook Store<br />

11) Canto do Livro<br />

12) Comércio <strong>de</strong> Livros Ouvidor Ltda.<br />

13) Conhecer Livraria e Papelaria Ltda.<br />

14) Cultural News<br />

15) Entre Amigos Livraria<br />

16) Etiketa Sion Papelaria e Livraria Ltda.<br />

17) Feirão dos Livros<br />

18) Imaginário Livros – Re<strong>de</strong> Copas<br />

19) Império dos Livros<br />

20) Leitura<br />

21) Livraria Acaiaca<br />

22) Livraria Alfarrábio Ltda.<br />

23) Livraria Ao Macaco Que Lê<br />

24) Livraria Atual Ltda.<br />

25) Livraria Brasil<br />

26) Livraria Cultura Brasileira Ltda.<br />

27) Livraria Educação e Cultura<br />

10 11


28) Livraria Etiqueta<br />

29) Livraria Granito Ltda.<br />

30) Livraria Interlivros Ltda.<br />

31) Livraria Interminas Ltda.<br />

32) Livraria Juruá Ltda.<br />

33) Livraria Lagoa Center<br />

34) Livraria Livre Arbítrio<br />

35) Livraria Maria Papel<br />

36) Livraria Materlivros Ltda.<br />

37) Livraria Mente Sana<br />

38) Livraria Opus<br />

39) Livraria Ouvidor<br />

40) Livraria e Papelaria Bika<br />

41) Livraria e Papelaria Can<strong>de</strong>ia Ltda.<br />

42) Livraria e Papelaria Copas Ltda.<br />

43) Livraria e Papelaria Del Ltda.<br />

44) Livraria e Papelaria Educar Ltda.<br />

45) Livraria e Papelaria Gutierrez Ltda.<br />

46) Livraria e Papelaria Lápis <strong>de</strong> Cera<br />

47) Livraria e Papelaria Leitores Ltda.<br />

48) Livraria e Papelaria Rex<br />

49) Livraria Prazer <strong>de</strong> Ler Ltda.<br />

50) Livraria São José<br />

51) Livraria Seara<br />

52) Livraria Só Livros<br />

53) Livraria Telebook<br />

54) Livraria Terminal JK Ltda.<br />

55) Livraria Travessa<br />

56) Livraria Universitária Ltda.<br />

57) Livraria do Usina<br />

58) Livraria Verso e Prosa Ltda.<br />

59) Mercado <strong>de</strong> Livros<br />

60) Multbooks Ltda.<br />

61) Opção Cultural<br />

62) Ouvidor Livros e Papéis Ltda.<br />

63) Papelaria e Livraria Brasília<br />

64) Portal do Livro<br />

65) Santo Agostinho Livraria e Papelaria Ltda.<br />

66) Scriptum Livraria e Papelaria Ltda.<br />

67) Siciliano SA.<br />

68) Soba Livros e CDs Ltda.<br />

69) Star Livraria e Papelaria Ltda.<br />

70) Trivium Livraria e Papelaria<br />

Resultados e discussão<br />

Formação das palavras<br />

Os resultados das análises foram submetidos a quatro etapas:<br />

1) foram categorizados os calcos linguísticos e as expressões;<br />

2) criou-se um inventário com as palavras que ocorreram nos<br />

nomes <strong>em</strong> estudo, s<strong>em</strong> consi<strong>de</strong>rar as repetições e as flexões;<br />

3) as palavras elencadas foram agrupadas <strong>em</strong> uma das seguintes<br />

categorias: termo latino, termo estrangeiro, <strong>em</strong>préstimo linguístico,<br />

hibridismo, substituição <strong>de</strong> letra por s<strong>em</strong>elhança fonética<br />

e vocábulos portugueses;<br />

4) os vocábulos portugueses – categoria criada pelos autorespesquisadores,<br />

para efeito <strong>de</strong> síntese dos resultados, e que<br />

representa as palavras registradas <strong>em</strong> dicionário do léxico da<br />

língua portuguesa do Brasil – foram classificados <strong>em</strong> simples<br />

ou compostos, b<strong>em</strong> como <strong>em</strong> primitivos ou <strong>de</strong>rivados.<br />

Foram encontradas 13 expressões e um calco linguístico.<br />

No inventário das palavras que compõ<strong>em</strong> os nomes <strong>de</strong> livrarias,<br />

houve 7 termos latinos, 7 termos estrangeiros, 6 <strong>em</strong>préstimos<br />

linguísticos, 3 hibridismos, 2 substituições <strong>de</strong> letra por<br />

s<strong>em</strong>elhança fonética e 45 vocábulos portugueses.<br />

Entre os chamados “vocábulos portugueses”, encontrouse<br />

maior número <strong>de</strong> palavras simples (43) <strong>em</strong> <strong>de</strong>trimento <strong>de</strong><br />

palavras compostas (2). Dessa maneira, é possível afirmar que<br />

houve uma preferência pela simplicida<strong>de</strong> dos termos.<br />

Houve uma pequena diferença entre a ocorrência <strong>de</strong><br />

palavra primitiva (25) e a <strong>de</strong> palavra <strong>de</strong>rivada (18). As palavras<br />

<strong>de</strong>rivadas eram formadas, <strong>em</strong> sua gran<strong>de</strong> maioria, por sufixação<br />

12 13


(16), tendo sido <strong>em</strong>pregados 14 sufixos distintos. Apenas duas<br />

palavras eram formadas por prefixação e ambas usaram o<br />

mesmo prefixo inter.<br />

Motivação<br />

Do total <strong>de</strong> 70 nomes que compuseram o corpus, dois nomes<br />

eram formados por apenas um termo (“Leitura” e “Siciliano”)<br />

e os <strong>de</strong>mais (68) eram formados por dois ou mais termos.<br />

Dos 70 nomes, 49 apresentaram o termo livraria (sendo que<br />

<strong>em</strong> três <strong>de</strong>sses nomes havia também o termo livro), dois<br />

apresentaram o termo leitura (sendo que um <strong>de</strong>sses também<br />

possuía o termo livro), 12 apresentaram o termo livro (s<strong>em</strong> os<br />

termos livraria ou leitura) e 7 não apresentaram nenhum dos<br />

termos citados. Assim, é possível afirmar que apenas 7 nomes<br />

<strong>de</strong> livrarias não permitiram uma associação, <strong>em</strong> nenhum nível,<br />

com o segmento ao qual se refer<strong>em</strong>. O termo leitura sugere<br />

a existência <strong>de</strong> um local on<strong>de</strong> é possível praticar a ação <strong>de</strong> ler<br />

– não necessariamente apenas livros. Já o nome que possui<br />

os termos leitura e livros direciona o objeto-alvo, mas não<br />

esclarece o tipo <strong>de</strong> segmento (comércio <strong>de</strong> livros). Os 12 nomes<br />

que apresentaram o termo livro faz<strong>em</strong> uma associação com o<br />

objeto-alvo do estabelecimento, sendo que 8 permit<strong>em</strong> uma<br />

associação implícita com o segmento <strong>de</strong> comércio, enquanto 4<br />

explicitam o segmento no qual atuam <strong>em</strong> virtu<strong>de</strong> da presença<br />

dos termos armazém, comércio, feirão, mercado (<strong>em</strong> substituição<br />

ao termo livraria). A gran<strong>de</strong> maioria dos nomes (49)<br />

permite uma associação direta entre o nome do estabelecimento<br />

e o segmento <strong>de</strong> comércio <strong>de</strong> livros pelo fato <strong>de</strong> apresentar<strong>em</strong><br />

o termo livraria.<br />

Conclusão<br />

Os resultados obtidos nos permit<strong>em</strong> afirmar que os nomes <strong>de</strong><br />

livrarias integrantes do corpus <strong>em</strong> questão apresentaram, <strong>em</strong><br />

sua maior parte, as seguintes características:<br />

• possu<strong>em</strong> mais <strong>de</strong> um termo;<br />

• <strong>em</strong>pregam termos da língua portuguesa utilizada no<br />

Brasil;<br />

• são formados por palavras simples, com uma pequena<br />

tendência para as primitivas (nos casos <strong>em</strong> que há<br />

<strong>de</strong>rivação, a gran<strong>de</strong> maioria ocorre por sufixação).<br />

É possível afirmar ainda que a principal motivação dos<br />

nomes <strong>de</strong> livrarias <strong>de</strong>ste estudo seria evi<strong>de</strong>nciar que o estabelecimento<br />

comercializa livros.<br />

A realização <strong>de</strong>sta pesquisa tornou evi<strong>de</strong>nte a dificulda<strong>de</strong><br />

<strong>em</strong> estudar a morfologia das palavras. A primeira dificulda<strong>de</strong><br />

surgiu com a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolher uma linha <strong>de</strong> estudo<br />

(tradicional, funcional, gerativa). Ao optarmos pela linha tradi-<br />

cional, outra dificulda<strong>de</strong> foi a falta <strong>de</strong> consenso entre os gramáticos.<br />

Por esse motivo, foi necessário buscar os conceitos utilizados<br />

neste trabalho <strong>em</strong> mais <strong>de</strong> uma gramática. No que<br />

concerne à i<strong>de</strong>ntificação dos afixos, os gramáticos não classificam<br />

tais el<strong>em</strong>entos <strong>de</strong> maneira homogênea, exigindo tomada<br />

<strong>de</strong> posição por parte dos autores-pesquisadores e, até mesmo,<br />

o estabelecimento <strong>de</strong> alguns conceitos (por ex<strong>em</strong>plo, “substituição<br />

<strong>de</strong> letra por s<strong>em</strong>elhança fonética”).<br />

A princípio, o critério adotado para sintetizar os dados,<br />

apesar <strong>de</strong> parecer prolixo e fragmentado, foi o único que<br />

se mostrou viável. Posteriormente, esse critério satisfez os<br />

objetivos do estudo.<br />

Tendo <strong>em</strong> vista a importância das discussões geradas<br />

durante todas as etapas <strong>de</strong>ste estudo, b<strong>em</strong> como a aquisição <strong>de</strong><br />

conhecimento teórico e prático alcançada pelos autores-pesquisadores,<br />

esperamos que esta pesquisa possa contribuir com os<br />

estudos morfológicos referentes a nomes <strong>de</strong> <strong>estabelecimentos</strong><br />

<strong>comerciais</strong>. Para efeito <strong>de</strong> comparação ou acréscimo, consi<strong>de</strong>ramos<br />

importante que este mesmo corpus seja analisado sob a<br />

luz <strong>de</strong> outras abordagens teóricas, permanecendo com foco na<br />

morfologia das palavras.<br />

14 15


Referências<br />

BECHARA, Evanildo. Mo<strong>de</strong>rna gramática portuguesa. 37. ed. rev. e ampl.<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro: Lucerna, 1999.<br />

CEGALLA, Domingos Paschoal. Novíssima gramática da língua portuguesa. 22. ed.<br />

São Paulo: Nacional, 1981.<br />

CIPRO NETO, Pasquale; INFANTE, Ulisses. Gramática da língua portuguesa. 2. ed.<br />

São Paulo: Scipione, 2007.<br />

CUNHA, Celso; CINTRA, Luís F. Lindley. Nova gramática do português cont<strong>em</strong>porâneo.<br />

3. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Nova Fronteira, 2001.<br />

HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio <strong>de</strong> Janeiro:<br />

Objetiva, 2004.<br />

LISTA telefônica <strong>de</strong> en<strong>de</strong>reços <strong>de</strong> <strong>Belo</strong> Horizonte. <strong>Belo</strong> Horizonte: Guiatel, 2007.<br />

16 17<br />

Anexo<br />

QUADRO 1<br />

Universo da pesquisa<br />

Bazar 2 (0,9%)<br />

Cafeteria 3 (1,4%)<br />

Distribuidora 9 (4,3%)<br />

Editora 13 (6,3%)<br />

Nome Próprio 35 (16,8%)<br />

Papelaria 3 (1,4%)<br />

Religioso 20 (9,6%)<br />

Revistaria 1 (0,45%)<br />

Sebo 7 (3,4%)<br />

Sigla 8 (3,8%)<br />

Técnico/concurso/curso 8 (3,8%)<br />

Outros (Enca<strong>de</strong>rnadora, Fundação) 2 (0,9%)<br />

Repetições 28 (13,4%)<br />

Excluídos do corpus 139 (66,5%)<br />

Corpus 70 (33,5%)<br />

Universo (excluídos + corpus) 209 (100%)<br />

Bazar<br />

1) Comercial D Tudo Ltda.<br />

2) Crescer Livraria e Bazar Ltda.<br />

Cafeteria<br />

1) Libreria Café<br />

2) Livraria Café<br />

3) Socieda<strong>de</strong> do Café Ltda.


Distribuidora<br />

1) Alpha Distribuidora <strong>de</strong> Livros Ltda.<br />

2) Distribuidora Evangélica Ômega<br />

3) Justitia Livraria e Distribuidora Ltda.<br />

4) Livraria Distribuidora Asteca<br />

5) Livraria e Distribuidora Ebenézer<br />

6) Livraria Eldorado Distribuidora Ltda.<br />

7) Livraria Letra Viva Import. e Distrib. <strong>de</strong> Livros Ltda.<br />

8) Pimpol Comércio e Distribuição Ltda.<br />

9) Tr<strong>em</strong> Azul Agência Distribuidora Ltda.<br />

Editora<br />

1) Crisálida Livraria e Editora<br />

2) Editora Atlas SA.<br />

3) Editora do Brasil <strong>em</strong> Minas Gerais SA.<br />

4) Editora Comunicação Ltda.<br />

5) Editora Cross Ltda.<br />

6) Editora Ibep Nacional<br />

7) Editora Itatiaia Ltda.<br />

8) Editora Revista dos Tribunais BH<br />

9) Editora Vozes Ltda.<br />

10) Livraria Del Rey Editora Ltda.<br />

11) Livraria e Editora Or<strong>de</strong>m Ltda.<br />

12) Livraria Editora Renovação Batista Nacional<br />

13) Livraria Mandamento Editora Ltda.<br />

Nome próprio<br />

1) Agência Fênix Ltda.<br />

2) Comercial Santos & Silva Livros e CDs Ltda.<br />

3) Ferreira Livros<br />

4) Fischer Comercial Ltda.<br />

5) João Paulo II Livros Novos e Usados Ltda.<br />

6) Lipy Livraria e Papelaria Yunes<br />

7) Livraria Ama<strong>de</strong>u<br />

8) Livraria Ama<strong>de</strong>u Ltda. Livros Novos e Usados<br />

9) Livraria Ângelo<br />

10) Livraria Dal<strong>de</strong>gan Ltda.<br />

11) Livraria João Paulo Dois Ltda.<br />

12) Livraria Oliveira<br />

13) Livraria e Papelaria Dohier Ltda.<br />

14) Livraria e Papelaria Nobel<br />

15) Livraria e Papelaria Yunes Ltda.<br />

16) Livraria São Miguel Ltda.<br />

17) Livraria Van Damme<br />

18) Livraria Wiliam<br />

19) Lucimar M. Carvalho<br />

20) Márcio P. Melo<br />

21) Maria H. Souza<br />

22) Marilene S. Cunha<br />

23) Mazza Livraria<br />

24) Morato Fantini Comércio Ltda.<br />

25) Oliv Livraria Ltda.<br />

26) Paulus Livraria<br />

27) Pedro P. Moreira<br />

28) Quixote Livraria e Café Ltda.<br />

29) Regina P. Cruz<br />

30) Rui B. Mansur<br />

31) Santana Comércio e Representações Ltda.<br />

32) Saramago Livraria e Papelaria Ltda.<br />

33) Suzana D. K. Góes<br />

34) Tavares Livraria e Café<br />

35) Wiliam Livros Ltda.<br />

Papelaria (exclusivamente)<br />

1) Papelaria Múltipla Escolha<br />

2) Papelaria Orion Ltda.<br />

3) Papelaria Ribamar Ltda.<br />

Religioso<br />

1) Adonai Livraria Evangélica<br />

2) Aliança Pró Evangelização das Crianças<br />

3) Atacadão Gospel<br />

18 19


4) Congregação Claretiana<br />

5) Diala Produtos Esotéricos Ltda.<br />

6) Livraria Árvore da Vida<br />

7) Livraria Dharma Ltda.<br />

8) Livraria da Divina Misericórdia<br />

9) Livraria Espírita Christopher Smith<br />

10) Livraria Espírita Emmanoel<br />

11) Livraria Evangélica Cristo Reina<br />

12) Livraria Evangélica Estrela da Manhã Ltda.<br />

13) Livraria Evangélica Graça e Paz<br />

14) Livraria Evangélica S<strong>em</strong>ear<br />

15) Livraria Luz e Vida<br />

16) Livraria e Papelaria Coração <strong>de</strong> Jesus Ltda.<br />

17) Livraria e Papelaria Restauração<br />

18) Manah Livraria Evangélica Ltda.<br />

19) Mek Livraria Evangélica<br />

20) Paulinas Livrarias<br />

Revistaria (exclusivamente)<br />

1) Sapiens Revistaria<br />

Sebo (ou livros novos e usados)<br />

1) A Central Livros Novos e Usados<br />

2) A Savassi Livros Novos e Usados Ltda.<br />

3) Buquinar Livros Novos e Usados<br />

4) Livraria Sebo Novo Horizonte<br />

5) Livraria e Sebo Opção<br />

6) Livraria Sebo Planeta<br />

7) Livraria Sebo União<br />

Sigla/iniciais<br />

1) Cedic – Centro Difusor <strong>de</strong> Cultura Ltda.<br />

2) Copec BH Livraria Ltda.<br />

3) Dumec Livraria e Papelaria<br />

4) EAJ Cultural<br />

5) EDEBEM – Editora e Distribuidora Espírita Bezerra <strong>de</strong> Menezes<br />

6) JM Gomes Livraria Jomago<br />

7) Livraria Shazam Ltda.<br />

8) T&B Livraria e Papelaria Ltda.<br />

Técnico/concursos/cursos<br />

1) Câmara Mineira do Livro<br />

2) Casa dos Concursos<br />

3) Científica Livros<br />

4) Didática dos Concursos<br />

5) Horizon Comércio <strong>de</strong> Livros e Cursos<br />

6) Livraria do Psicólogo e Educador<br />

7) Max Books Livros Científicos<br />

8) Ponto dos Concursos Livraria Ltda.<br />

20 21<br />

Outros<br />

1) Enca<strong>de</strong>rnadora JC. Ltda.<br />

2) Fundação Guimarães Rosa<br />

Repetições<br />

1) A Central Livros Novos e Usados Ltda.<br />

2) João Paulo II Livros Usados<br />

3) Leitura BH Shopping<br />

4) Leitura Shopping Cida<strong>de</strong><br />

5) Leitura Superstore Minas Shopping<br />

6) Libreria Comércio <strong>de</strong> Livros Ltda.<br />

7) Livraria Angelo's Ltda.<br />

8) Livraria Científica<br />

9) Livraria Crisálida Ltda.<br />

10) Livraria Eldorado<br />

11) Livraria João Paulo II<br />

12) Livraria João Paulo II Livros Novos e Usados<br />

13) Livraria Leitura Ltda.<br />

14) Livraria Letra Viva<br />

15) Livraria Livre Arbítrio Departamento Web<br />

16) Livraria Livro Arbítrio<br />

17) Livraria Ouvidor Floresta


18) Livraria Ouvidor Ltda.<br />

19) Livraria Ouvidor Santo Agostinho<br />

20) Livraria Ouvidor Savassi<br />

21) Livraria do Psicólogo e Educador Ltda.<br />

22) Livraria & Sebo Novo Horizonte<br />

23) Nossa Livraria <strong>de</strong> <strong>Belo</strong> Horizonte Ltda.<br />

24) Opus Cida<strong>de</strong> Jardim<br />

25) Opus Livraria e Papelaria Matriz<br />

26) Scriptum Livrarias Ltda.<br />

27) Verso e Prosa<br />

28) William Livros Ltda.<br />

QUADRO 2<br />

Síntese dos Dados<br />

Calco linguístico 1<br />

Expressões 13<br />

Termos latinos 7<br />

Empréstimos linguísticos 6<br />

Termos estrangeiros 7<br />

Hibridismos 3<br />

Substituições <strong>de</strong> letra por s<strong>em</strong>elhança fonética 2<br />

Vocábulos portugueses 45<br />

Calco linguístico<br />

1) “Ao macaco que lê”<br />

Expressões<br />

2) “Entre amigos”<br />

3) “Lagoa Center”<br />

4) “Livre Arbítrio”<br />

5) “Maria Papel”<br />

6) “Mente Sana”<br />

7) “Lápis <strong>de</strong> Cera”<br />

8) “Só Livros”<br />

9) “Terminal JK”<br />

10) “do Usina”<br />

11) “Verso e Prosa”<br />

12) “São José”<br />

13) “Santo Agostinho”<br />

14) “<strong>Belo</strong> Horizonte”<br />

Termos latinos<br />

1) acta<br />

2) opus<br />

3) status<br />

4) rex<br />

5) scriptum<br />

6) trivium<br />

7) mater<br />

Empréstimos linguísticos<br />

1) acaiaca<br />

2) alfarrábio<br />

3) etiqueta<br />

4) juruá<br />

5) gutierrez<br />

6) sion<br />

Termos estrangeiros<br />

1) book(eria)<br />

2) brook<br />

3) store<br />

4) cultural<br />

5) news<br />

6) <strong>de</strong>l<br />

7) star<br />

Hibridismos<br />

1) telebook<br />

2) multbook<br />

3) granito<br />

22 23


Substituição <strong>de</strong> letra (por s<strong>em</strong>elhança fonética)<br />

1) etiketa<br />

2) bika<br />

QUADRO 3<br />

Vocábulos portugueses<br />

Vocábulos Simples Composto Primitivo Derivado<br />

1) a X X<br />

2) livro(s) X X<br />

3) armazém X X<br />

4) papéis X X<br />

5) canto X X<br />

6) comércio X X<br />

7) conhecer X X<br />

8) império X X<br />

9) cultura X X<br />

10) can<strong>de</strong>ia X X<br />

11) copas X X<br />

12) educar X X<br />

13) prazer X X<br />

14) ler X X<br />

15) seara X X<br />

16) travessa X X<br />

17) mercado X X<br />

18) opção X X<br />

19) soba X X<br />

20) <strong>de</strong> X X<br />

21) atual X X<br />

22) revistas X X<br />

23) e X X<br />

Vocábulos portugueses<br />

Vocábulos Simples Composto Primitivo Derivado<br />

24) nossa X X<br />

25) brasil X X<br />

26) educação X X<br />

27) livraria X X<br />

28) papelaria X X<br />

29) agência X X<br />

30) leitura X X<br />

31) alameda X X<br />

32) ouvidor X X<br />

33) feirão X X<br />

34) imaginário X X<br />

35) brasileira X X<br />

36) leitores X X<br />

37) universitária X X<br />

38) cultural X X<br />

39) brasília X X<br />

40) portal X X<br />

41) siciliano X X<br />

42) interlivros X X (Pref)<br />

43) interminas X X (Pref)<br />

44) materlivros X (Just)<br />

45) do(s) X (Aglu)<br />

24 25


Primitivo<br />

25 (58%)<br />

QUADRO 4<br />

Vocábulos portugueses<br />

45 (100%)<br />

Simples<br />

43 (96%)<br />

Simples 100%<br />

Derivado<br />

18 (42%)<br />

Derivado 100%<br />

Prefixação<br />

2 (11%)<br />

Sufixação<br />

16 (89%)<br />

(14 sufixos<br />

distintos)<br />

Processos <strong>de</strong> formação das palavras<br />

Derivação<br />

Composto<br />

2 (4%)<br />

Sufixos:<br />

1) -aria (livraria, papelaria) – sufixo que <strong>de</strong>signa causa produtora,<br />

lugar on<strong>de</strong> se encontra ou se faz a coisa <strong>de</strong>notada pela<br />

palavra primitiva, e ainda sufixo que significa lugar, meio,<br />

instrumento.<br />

2) -ência (agência) – sufixo nominal que indica formação <strong>de</strong><br />

substantivo <strong>de</strong> ação, resultado <strong>de</strong> ação, qualida<strong>de</strong>, estado.<br />

3) -ura (leitura) – sufixo nominal que forma substantivo<br />

indicativo <strong>de</strong> ação, resultado <strong>de</strong> ação, qualida<strong>de</strong>, estado.<br />

4) -eda (alameda) – sufixo nominal que indica agrupamento,<br />

coleção.<br />

5) -dor (ouvidor) – sufixo que <strong>de</strong>nota profissão, ofício, agente.<br />

6) -al (cultural, portal) – sufixo nominal que forma adjetivo,<br />

o qual expressa “relação com”, “pertença”.<br />

7) -ão (feirão) – sufixo nominal que <strong>de</strong>signa aumentativo.<br />

8) -ário (imaginário) – sufixo que indica lugar on<strong>de</strong> se pratica<br />

a ação.<br />

9) -eira (brasileira) – sufixo que forma nomes <strong>de</strong> naturalida<strong>de</strong>.<br />

10) -ção (educação) – sufixo que forma nomes <strong>de</strong>rivados<br />

<strong>de</strong> verbos e exprim<strong>em</strong> ação ou resultado <strong>de</strong> ação, estado,<br />

qualida<strong>de</strong>, s<strong>em</strong>elhança, composição, instrumento, lugar.<br />

11) -or; -tor (leitor(es)) – sufixo que forma “nomes <strong>de</strong> agente”,<br />

e ainda “instrumento”, “lugar”.<br />

12) -ária (universitária) – sufixo que forma “nomes <strong>de</strong> agente”,<br />

e ainda “instrumento”, “lugar”.<br />

13) -ia (Brasília) – sufixo grego toponímico, que dá i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong><br />

“lugar”.<br />

14) -ano (siciliano) – sufixo que forma “nomes <strong>de</strong> naturalida<strong>de</strong>”.<br />

Obs.: -eria (bookeria) – sufixo nominal que exprime a<br />

i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> estabelecimento comercial.<br />

15) -il (Brasil) – sufixo nominal que indica referência, s<strong>em</strong>elhança.<br />

16) -ito (granito) – sufixo que significa rocha (pedra).<br />

Prefixo:<br />

1) Inter (interlivros, interminas) – prefixo que significa “entre”<br />

(“posição no meio”, “reciprocida<strong>de</strong>”).<br />

Composição<br />

Justaposição: materlivros (mater = mãe + livro(s))<br />

Aglutinação: do (d(e)+o)<br />

QUADRO 5<br />

Associação entre o nome do estabelecimento<br />

e o segmento comercial<br />

Tipo Termo Presente Ocorrência<br />

Direta livraria 49 (70%)<br />

Explícita<br />

armazém<br />

comércio<br />

feirão + livro<br />

mercado<br />

4 (5,7%)<br />

Implícita (objeto-alvo) livro 8 (11,4%)<br />

Fraca (ação) leitura 2 (2,9%)<br />

Ausente 7 (10%)<br />

Total 70 (100%)<br />

26 27


Livraria<br />

1) A Nossa Livraria <strong>de</strong> <strong>Belo</strong> Horizonte Ltda.<br />

2) Acta Livraria e Papelaria Ltda.<br />

3) Alameda Livraria e Papelaria<br />

4) Conhecer Livraria e Papelaria Ltda.<br />

5) Entre Amigos Livraria<br />

6) Etiketa Sion Papelaria e Livraria Ltda.<br />

7) Livraria Acaiaca<br />

8) Livraria Alfarrábio Ltda.<br />

9) Livraria ao Macaco Que Lê<br />

10) Livraria Atual Ltda.<br />

11) Livraria Brasil<br />

12) Livraria Cultura Brasileira Ltda.<br />

13) Livraria Educação e Cultura<br />

14) Livraria Etiqueta<br />

15) Livraria Granito Ltda.<br />

16) Livraria Interlivros Ltda.<br />

17) Livraria Interminas Ltda.<br />

18) Livraria Juruá Ltda.<br />

19) Livraria Lagoa Center<br />

20) Livraria Livre Arbítrio<br />

21) Livraria Maria Papel<br />

22) Livraria Materlivros Ltda.<br />

23) Livraria Mente Sana<br />

24) Livraria Opus<br />

25) Livraria Ouvidor<br />

26) Livraria e Papelaria Bika<br />

27) Livraria e Papelaria Can<strong>de</strong>ia Ltda.<br />

28) Livraria e Papelaria Copas Ltda.<br />

29) Livraria e Papelaria Del Ltda.<br />

30) Livraria e Papelaria Educar Ltda.<br />

31) Livraria e Papelaria Gutierrez Ltda.<br />

32) Livraria e Papelaria Lápis <strong>de</strong> Cera<br />

33) Livraria e Papelaria Leitores Ltda.<br />

34) Livraria e Papelaria Rex<br />

35) Livraria Prazer <strong>de</strong> Ler Ltda.<br />

36) Livraria São José<br />

37) Livraria Seara<br />

38) Livraria Só Livros<br />

39) Livraria Telebook<br />

40) Livraria Terminal JK Ltda.<br />

41) Livraria Travessa<br />

42) Livraria Universitária Ltda.<br />

43) Livraria do Usina<br />

44) Livraria Verso e Prosa Ltda.<br />

45) Papelaria e Livraria Brasília<br />

46) Santo Agostinho Livraria e Papelaria Ltda.<br />

47) Scriptum Livraria e Papelaria Ltda.<br />

48) Star Livraria e Papelaria Ltda.<br />

49) Trivium Livraria e Papelaria<br />

Livro(s)<br />

1) Armazém do Livro<br />

2) Bookeria Livros e Papéis Ltda.<br />

3) Brasil Livros<br />

4) Canto do Livro<br />

5) Comércio <strong>de</strong> Livros Ouvidor Ltda.<br />

6) Feirão dos Livros<br />

7) Imaginário Livros – Re<strong>de</strong> Copas<br />

8) Império dos Livros<br />

9) Mercado <strong>de</strong> Livros<br />

10) Ouvidor Livros e Papéis Ltda.<br />

11) Portal do Livro<br />

12) Soba Livros e CDs Ltda.<br />

28 29<br />

Leitura<br />

1) Agência Leitura Livros e Revistas Ltda.<br />

2) Leitura<br />

Nenhum dos termos anteriores (livraria, livro, leitura)<br />

1) Agência Opus Ltda.<br />

2) Agência Status Ltda.


3) Brook Store<br />

4) Cultural News<br />

5) Multbooks Ltda.<br />

6) Opção Cultural<br />

7) Siciliano SA.<br />

Análise morfológica dos nomes<br />

<strong>de</strong> lanchonetes <strong>de</strong> <strong>Belo</strong> Horizonte<br />

Felipe Lopes Porto Pereira<br />

Gabriela Freitas <strong>de</strong> Paula<br />

Gar<strong>de</strong>nia Barbosa Neubaner Nascimento<br />

Izabela Tolentino Vignoli Fe<strong>de</strong>rman<br />

Introdução<br />

O presente trabalho t<strong>em</strong> o objetivo <strong>de</strong> analisar a morfologia<br />

<strong>de</strong> nomes <strong>de</strong> lanchonetes da região central <strong>de</strong> <strong>Belo</strong> Horizonte<br />

a fim <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminar quais são os processos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong><br />

palavras utilizados na criação <strong>de</strong>sses nomes, b<strong>em</strong> como propor<br />

uma análise quantitativa da ocorrência <strong>de</strong> tais processos.<br />

Auxiliaram nesta análise os pressupostos teóricos expostos<br />

por Kehdi (1992) e por Rocha (1998). Também contribuiu a<br />

tese <strong>de</strong> doutorado <strong>Nomes</strong> próprios <strong>comerciais</strong> e industriais<br />

no português: um aspecto da nomenclatura do comércio e<br />

da indústria <strong>em</strong> <strong>Belo</strong> Horizonte (1971), <strong>de</strong> Norma Lúcia Horta<br />

Neves.<br />

Sobre o corpus<br />

A i<strong>de</strong>ia inicial <strong>de</strong> nosso grupo foi coletar nomes <strong>de</strong> lanchonetes<br />

nas cinco principais regiões <strong>de</strong> <strong>Belo</strong> Horizonte: norte, sul,<br />

leste, oeste e centro. Essa tarefa, no entanto, mostrou-se mais<br />

complexa do que parecia <strong>de</strong> início. Isso porque <strong>em</strong> todas as<br />

regiões, exceto no centro, a maioria dos <strong>estabelecimentos</strong> que<br />

apresentavam características <strong>de</strong> lanchonete estavam vinculados<br />

a uma outra ativida<strong>de</strong> comercial. Encontramos lanchonetes<br />

que eram também padarias, bares ou restaurantes.<br />

Essa constatação revelou-se um obstáculo para a coleta do<br />

corpus, haja vista que não po<strong>de</strong>ríamos fugir ao t<strong>em</strong>a escolhido.<br />

Portanto, a fim <strong>de</strong> uniformizar a busca dos dados, tentamos<br />

estabelecer um critério para distinguir o que <strong>de</strong> fato seria<br />

lanchonete e aquilo que não o era. Ao recorrermos à <strong>de</strong>finição<br />

dicionarizada, vimos que lanchonetes são <strong>estabelecimentos</strong><br />

30 31


que oferec<strong>em</strong> “comidas rápidas”, <strong>de</strong> forma geral servidas no<br />

próprio balcão do lugar. Logo, por ser<strong>em</strong> ágeis tais refeições, os<br />

clientes não permanec<strong>em</strong> ali durante muito t<strong>em</strong>po, se compararmos<br />

com a duração <strong>de</strong> uma refeição <strong>em</strong> um restaurante<br />

ou <strong>em</strong> um bar. Por outro lado, o t<strong>em</strong>po que alguém gasta <strong>em</strong><br />

uma lanchonete é superior àquele <strong>de</strong> uma compra <strong>em</strong> uma<br />

padaria.<br />

Norma Lúcia Horta Neves, <strong>em</strong> sua tese <strong>de</strong> doutorado,<br />

compl<strong>em</strong>enta-nos o sentido do termo lanchonete e confirma o<br />

que foi discutido no parágrafo anterior:<br />

Lanchonete – esse neologismo anglo-francês <strong>de</strong>signa um tipo mo<strong>de</strong>rno<br />

<strong>de</strong> casa <strong>de</strong> refeições, geralmente b<strong>em</strong> frequentado e <strong>de</strong>corado conforme<br />

os <strong>estabelecimentos</strong> congêneres na Europa e nos Estados Unidos.<br />

Especializada <strong>em</strong> refeições ligeiras, a “lanchonete” ven<strong>de</strong> sanduíches,<br />

sorvetes e bebidas não alcoólicas. 1<br />

Devido ao que foi exposto, perceb<strong>em</strong>os que os <strong>estabelecimentos</strong><br />

que mais se a<strong>de</strong>quavam a essas <strong>de</strong>finições se concentravam<br />

especialmente na região central. Assim, <strong>de</strong>cidimos<br />

redirecionar a coleta do corpus apenas para aquela região, <strong>de</strong><br />

forma a não comprometer o resultado da presente pesquisa.<br />

Tomamos também o cuidado <strong>de</strong> excluir da coleta nomes<br />

<strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s re<strong>de</strong>s, como McDonald's, Bob's e Habib's. Por não<br />

ser<strong>em</strong> <strong>estabelecimentos</strong> oriundos <strong>de</strong> <strong>Belo</strong> Horizonte, e muitas<br />

vezes n<strong>em</strong> mesmo do Brasil, seus nomes também prejudicariam<br />

o objetivo <strong>de</strong>ste trabalho.<br />

Realização da coleta<br />

Procuramos os nomes das lanchonetes na Lista telefônica<br />

Assinantes <strong>de</strong> <strong>Belo</strong> Horizonte: Negócios – Volume 1, da Guiatel.<br />

Também procuramos, na medida do possível, ir até os locais<br />

para constatar se <strong>de</strong> fato eles se encaixavam na <strong>de</strong>finição <strong>de</strong><br />

lanchonete trabalhada pelo grupo. Uma vez nas ruas, aproveitamos<br />

para colher outros nomes que não estavam na lista e,<br />

assim, inseri-los no corpus.<br />

1 NEVES. <strong>Nomes</strong> próprios <strong>comerciais</strong> e industriais no português: um aspecto da nomenclatura do comércio<br />

e da indústria <strong>em</strong> <strong>Belo</strong> Horizonte.<br />

Número <strong>de</strong> dados<br />

Ao todo, foram escolhidos 30 nomes <strong>de</strong> lanchonetes para ser<strong>em</strong><br />

analisados. Selecionamos aqueles que seriam mais interessantes<br />

para um estudo morfológico, respeitando s<strong>em</strong>pre a<br />

proporção <strong>de</strong> formações encontradas. Por ex<strong>em</strong>plo: se colh<strong>em</strong>os<br />

40 nomes formados por composição e 20 por <strong>de</strong>rivação sufixal,<br />

respeitamos essa proporção <strong>de</strong> 2:1 no momento da seleção<br />

dos nomes que fariam parte do corpus. Logo, ao selecionar<br />

14 nomes formados por composição, <strong>de</strong>veríamos automaticamente<br />

escolher 7 nomes <strong>de</strong>ntre aqueles formados por <strong>de</strong>rivação<br />

sufixal. Essa preocupação foi tomada para não alterar a análise<br />

quantitativa do corpus.<br />

Região estudada<br />

Conforme já foi dito, optamos por estudar a região central <strong>de</strong><br />

<strong>Belo</strong> Horizonte. Com o intuito <strong>de</strong> abranger toda essa região,<br />

preferimos trabalhar com as principais ruas e avenidas da capital<br />

mineira. São elas: avenidas Afonso Pena, Amazonas, Augusto<br />

<strong>de</strong> Lima e Paraná; e as ruas da Bahia, dos Carijós, Curitiba,<br />

dos Guajajaras, Rio <strong>de</strong> Janeiro, São Paulo, dos Timbiras, dos<br />

Tupinambás e dos Tupis. A relação completa dos nomes das<br />

lanchonetes e <strong>de</strong> suas respectivas localizações encontra-se <strong>em</strong><br />

anexo no final <strong>de</strong>ste trabalho.<br />

Sobre a motivação dos nomes<br />

Procuramos ligar para as lanchonetes a fim <strong>de</strong> saber qual seria,<br />

<strong>de</strong> fato, a motivação <strong>de</strong> seus nomes. Ocorreu, contudo, que os<br />

funcionários <strong>de</strong> muitos dos <strong>estabelecimentos</strong> não souberam nos<br />

informar isso. A<strong>de</strong>mais, encontramos muitos locais que foram<br />

vendidos a outra pessoa, e o novo proprietário simplesmente<br />

<strong>de</strong>cidiu manter o nome antigo. Assim, <strong>em</strong> muitas <strong>de</strong> nossas<br />

análises, tiv<strong>em</strong>os que nos basear apenas <strong>em</strong> conjecturas.<br />

Classificação<br />

Os nomes colhidos foram classificados <strong>em</strong> seis categorias: composição,<br />

<strong>de</strong>rivação sufixal, estrangeirismo, hibridismo, siglag<strong>em</strong>,<br />

32 33


aquiss<strong>em</strong>ia e redobro. A composição, por sua vez, possui<br />

duas subdivisões: por justaposição e por aglutinação.<br />

Decidimos enquadrar cada nome naquela categoria <strong>em</strong><br />

que se percebe mais claramente algum processo <strong>de</strong> formação<br />

<strong>de</strong> palavras utilizado pelo falante do português. Assim, <strong>em</strong>bora<br />

a análise <strong>em</strong> constituintes imediatos (CI) apresentada <strong>em</strong><br />

Kehdi (1992) aponte, por ex<strong>em</strong>plo, que o nome da lanchonete<br />

A Mineirinha seja mais b<strong>em</strong> classificado como composição por<br />

justaposição (artigo + substantivo), optamos por inseri-lo na<br />

categoria <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivação sufixal, haja vista que a palavra mineirinha,<br />

núcleo daquele nome, é on<strong>de</strong> se encontra a utilização das<br />

regras morfológicas <strong>de</strong>scritas por Rocha (1998). Escolh<strong>em</strong>os<br />

seguir tal método já que este é um trabalho que analisa principalmente<br />

a formação <strong>de</strong> palavras – e não apenas a união <strong>de</strong><br />

termos para formar um CI (o qual, neste caso, seria o nome<br />

das lanchonetes).<br />

É claro que a classificação aqui proposta não t<strong>em</strong> o<br />

objetivo <strong>de</strong> ser estanque. Também não preten<strong>de</strong>mos com<br />

ela encerrar as discussões acerca do assunto, uma vez que<br />

qualquer método classificatório é merecedor <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates.<br />

Essa classificação foi feita principalmente como meio didático<br />

para auxiliar o grupo na conclusão do trabalho.<br />

Segu<strong>em</strong>-se alguns esclarecimentos a respeito <strong>de</strong> cada uma<br />

das categorias citadas aqui. L<strong>em</strong>bramos que todos os nomes<br />

que serv<strong>em</strong> <strong>de</strong> ex<strong>em</strong>plo neste it<strong>em</strong> faz<strong>em</strong> parte do corpus.<br />

Composição<br />

É o processo <strong>de</strong> formação lexical que combina duas ou mais<br />

bases já existentes na língua. Po<strong>de</strong> ser dividida <strong>em</strong>:<br />

• Composição por justaposição: quando não há perda<br />

<strong>de</strong> el<strong>em</strong>entos, como <strong>em</strong> Pingo <strong>de</strong> Ouro.<br />

• Composição por aglutinação: quando há perda <strong>de</strong><br />

um ou mais el<strong>em</strong>entos, como <strong>em</strong> Pastelícia (pastel +<br />

<strong>de</strong>lícia).<br />

Dev<strong>em</strong>os aqui fazer uma consi<strong>de</strong>ração: a palavra lanchonete<br />

só foi introduzida como el<strong>em</strong>ento da composição quando<br />

não se podia r<strong>em</strong>ovê-la do nome, assim como <strong>em</strong> Lanchonete<br />

da Vovó. Fora isso, quando ela po<strong>de</strong>ria ser facilmente omitida,<br />

não foi consi<strong>de</strong>rada parte da composição, como <strong>em</strong> (Lanchonete)<br />

Pingo <strong>de</strong> Ouro.<br />

Consi<strong>de</strong>ração s<strong>em</strong>elhante merece também o termo<br />

lanches. Este vocábulo nunca foi omitido, mas não o consi<strong>de</strong>ramos<br />

como agente <strong>de</strong> importância na classificação dos nomes<br />

como composição. Assim, <strong>em</strong> nomes como JM Lanches, consi<strong>de</strong>ramos<br />

que a formação mais importante seja a siglag<strong>em</strong>,<br />

e assim o classificamos. Se a análise <strong>de</strong> CI fosse levada <strong>em</strong><br />

conta, novamente teríamos outro ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong> composição.<br />

Derivação sufixal<br />

Ocorre quando um sufixo é atrelado a um radical. Percebe-se<br />

isso facilmente no já referido A Mineirinha, <strong>em</strong> que o vocábulo<br />

mineirinha é formado pela base mineir- acrescida do sufixo<br />

-inha.<br />

Estrangeirismo<br />

Nesta categoria estão os nomes que, <strong>em</strong> companhia ou não <strong>de</strong><br />

palavras do português, apresentam termos que não pertenc<strong>em</strong><br />

à nossa língua. Para ex<strong>em</strong>plificar, t<strong>em</strong>os o nome Mix Lanches,<br />

<strong>em</strong> que a palavra mix (mistura) provém do inglês e ainda não<br />

foi cristalizada na língua portuguesa – se é que assim o será.<br />

Hibridismo<br />

Designação dada aos vocábulos cujos el<strong>em</strong>entos provêm <strong>de</strong><br />

línguas distintas. É o processo <strong>de</strong> Gigabyte, <strong>em</strong> que o prefixo<br />

grego giga uniu-se à construção do inglês byte.<br />

Siglag<strong>em</strong><br />

É a redução <strong>de</strong> um termo nas suas letras inicias. É o processo<br />

<strong>de</strong> JM Lanches, cuja sigla JM se refere às duas primeiras letras<br />

dos nomes José e Márcio.<br />

34 35


Braquiss<strong>em</strong>ia<br />

Ocorre quando se con<strong>de</strong>nsa uma palavra, substituindo a<br />

palavra inteira por parte <strong>de</strong>la. É o que acontece no nome Chris<br />

Lanches, <strong>em</strong> que Chris po<strong>de</strong> vir <strong>de</strong> Cristiane ou Cristina, por<br />

ex<strong>em</strong>plo.<br />

Redobro (ou reduplicação)<br />

É a repetição da sílaba <strong>de</strong> um vocábulo. Ocorre <strong>em</strong> Dudu<br />

Lanches, <strong>em</strong> que Dudu provém <strong>de</strong> Eduardo, cuja sílaba du foi<br />

duplicada.<br />

<strong>Nomes</strong> formados por composição<br />

Composição por justaposição<br />

Boca do Forno<br />

Composição formada pelo substantivo boca + a locução<br />

adjetiva do forno (constituída, por sua vez, da contração do +<br />

o substantivo forno). Essa expressão parece ter sido escolhida<br />

para nomear a lanchonete pois lhe confere um ar caseiro:<br />

os produtos servidos ali seriam feitos na hora e sairiam<br />

quentinhos.<br />

Capital do Pastel<br />

Composição formada pelo substantivo capital + a locução<br />

adjetiva do pastel (constituída, por sua vez, da contração do<br />

+ o substantivo pastel). Interessante é que, nesse nome, a<br />

palavra capital passa a ter um sentido ambíguo: tanto se refere<br />

à cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Belo</strong> Horizonte, que é a capital mineira, como indica<br />

que naquele estabelecimento a especialida<strong>de</strong> é o pastel.<br />

Come Quieto<br />

Interessante composição formada pela forma verbal come + o<br />

adjetivo quieto. Ao ser conjugado no imperativo, o verbo comer<br />

adquire um sentido <strong>de</strong> or<strong>de</strong>nação. A nosso ver, não parece<br />

que o nome tenha sido criado com o intuito <strong>de</strong> repreen<strong>de</strong>r os<br />

clientes, dizendo-os para lanchar<strong>em</strong> s<strong>em</strong> provocar <strong>de</strong>sor<strong>de</strong>m.<br />

Isso seria absurdo, pois soaria até mesmo como um insulto.<br />

O nome da lanchonete parece mais fazer referência a um<br />

dito muito utilizado pelos habitantes <strong>de</strong> Minas Gerais, o qual<br />

diz que “o mineiro come quieto”, indicando com isso que o<br />

povo <strong>de</strong> Minas faz o que <strong>de</strong>ve fazer preservando o silêncio.<br />

Assim, esse nome, Come Quieto, teria sido escolhido para dar<br />

um ar <strong>de</strong> cumplicida<strong>de</strong> com os habitantes da capital mineira.<br />

Empada Caipira<br />

Trata-se aqui <strong>de</strong> uma composição formada pelo substantivo<br />

<strong>em</strong>pada + o adjetivo caipira. O criador do nome quis, provavelmente,<br />

conferir à lanchonete a impressão <strong>de</strong> que seus produtos<br />

são feitos <strong>de</strong> forma caseira e que, por isso, são mais gostosos<br />

que os <strong>de</strong> outros lugares. Pensamos isso <strong>de</strong>vido à impressão<br />

popular <strong>de</strong> que os quitutes produzidos no campo são mais<br />

saborosos que os das gran<strong>de</strong>s cida<strong>de</strong>s, uma vez que, diferente<br />

<strong>de</strong>stes, aqueles não são industrializados. Um funcionário do<br />

local nos informou que a lanchonete é uma franquia <strong>de</strong> Juiz<br />

<strong>de</strong> Fora, fato pelo qual não sabia a verda<strong>de</strong>ira motivação do<br />

nome.<br />

Lanche Mais<br />

O nome é uma composição da forma verbal lanche + o advérbio<br />

mais”. O verbo lanchar conjugado no imperativo, juntamente<br />

com o advérbio <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong> sugerir duas coisas:<br />

1) que naquele estabelecimento o ato <strong>de</strong> lanchar é mais<br />

agradável ao <strong>de</strong> outros <strong>de</strong>vido, por ex<strong>em</strong>plo, à excelência dos<br />

produtos e à qualida<strong>de</strong> do atendimento; e 2) que o cliente <strong>de</strong>ve<br />

saborear um número maior <strong>de</strong> produtos.<br />

Lanches Cida<strong>de</strong><br />

É composição formada pelo substantivo lanches + o substantivo<br />

cida<strong>de</strong>. Com este último vocábulo, o criador do nome provavelmente<br />

quis indicar que essa lanchonete seja a principal da<br />

cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Belo</strong> Horizonte ou do centro <strong>de</strong>ssa mesma capital<br />

36 37


(haja vista que o centro é comumente chamado <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>).<br />

O termo cida<strong>de</strong>, do modo como está disposto, ganha ainda<br />

uma aparência <strong>de</strong> adjetivo.<br />

Lanches da Vovó<br />

Composição formada pelo substantivo lanches + a locução<br />

adjetiva da vovó (constituída, por sua vez, da contração da +<br />

o substantivo vovó). Faz-se presente ainda outro processo <strong>de</strong><br />

formação, que é o redobro na palavra vovó: este vocábulo v<strong>em</strong><br />

<strong>de</strong> avó, com aférese da vogal a e redobramento da sílaba final<br />

vó, linguag<strong>em</strong> infantil e afetiva. No entanto, como julgamos<br />

que a locução adjetiva é o termo que mais confere significado<br />

ao nome, indicando posse com relação aos lanches, classificamos<br />

o nome Lanches da Vovó como composição e não como<br />

redobro.<br />

Esse nome provavelmente foi motivado pela fama <strong>de</strong> as<br />

avós possuír<strong>em</strong> maior habilida<strong>de</strong> na cozinha; assim, procurou-se<br />

insinuar que os lanches ali vendidos foss<strong>em</strong> mais<br />

saborosos do que os <strong>de</strong> outros lugares, além <strong>de</strong> tentar criar<br />

um ambiente familiar para o cliente. Ligamos para o local, mas<br />

a proprietária disse que já o havia comprado com esse nome<br />

e que, como a lanchonete já existe há mais <strong>de</strong> trinta anos, ela<br />

não pretendia mudá-lo.<br />

Pão <strong>de</strong> Queijo Lanches<br />

Observa-se a composição do termo pão <strong>de</strong> queijo com o<br />

substantivo lanches. No entanto, foi o primeiro termo que nos<br />

levou a classificar esse nome nesta categoria: pão <strong>de</strong> queijo,<br />

por si só, já é composição do substantivo pão + a locução<br />

adjetiva <strong>de</strong> queijo (constituída, por sua vez, pela preposição <strong>de</strong><br />

+ o substantivo queijo).<br />

A intenção do nome, talvez, seja a <strong>de</strong> indicar a especialida<strong>de</strong><br />

da lanchonete: o pão <strong>de</strong> queijo. Outra hipótese é a <strong>de</strong><br />

que a lanchonete tenha recebido essa <strong>de</strong>nominação para se<br />

i<strong>de</strong>ntificar com o povo mineiro, haja vista que o pão <strong>de</strong> queijo<br />

é um produto típico das mesas <strong>de</strong> Minas Gerais.<br />

Pingo <strong>de</strong> Ouro<br />

Mais uma composição <strong>de</strong> substantivo + locução adjetiva.<br />

A locução <strong>de</strong> ouro muitas vezes <strong>de</strong>signa algo com qualida<strong>de</strong><br />

excelente (como se observa na expressão menino <strong>de</strong> ouro).<br />

Ao caracterizar o substantivo pingo, o nome do estabelecimento<br />

parece indicar que aquele lugar é ponto <strong>de</strong> excelência<br />

no quesito <strong>de</strong> lanchonetes do centro da capital.<br />

Ponto da Empada<br />

Outra composição <strong>de</strong> substantivo + locução adjetiva. O epíteto<br />

ponto transfere ao termo a que se associa uma <strong>de</strong>signação <strong>de</strong><br />

particularida<strong>de</strong>. A locução da <strong>em</strong>pada, por outro lado, qualifica o<br />

substantivo ponto. O nome, assim, salienta o principal produto<br />

vendido no estabelecimento.<br />

Sabor e Gosto<br />

É uma composição formada pelos substantivos sabor e gosto<br />

interligados pela conjunção e. Cogitamos duas possibilida<strong>de</strong>s<br />

para essa criação: 1) os vocábulos sinônimos foram escolhidos<br />

para enfatizar que os produtos da lanchonete são saborosos;<br />

e 2) relação causa (sabor) X efeito (gosto): o cliente teria a<br />

satisfação <strong>de</strong> <strong>de</strong>gustar um bom produto.<br />

Sol Girassol<br />

Composição do substantivo sol + o substantivo girassol (constituído,<br />

por sua vez, da justaposição da forma verbal gira +<br />

o substantivo sol; para que houvesse uma coerência com o<br />

sist<strong>em</strong>a ortográfico da língua, a consoante s foi dobrada por se<br />

encontrar entre vogais). Esta interessante composição parece<br />

ter sido criada com o intuito <strong>de</strong> explorar a sonorida<strong>de</strong> das<br />

palavras, b<strong>em</strong> como a rima formada por elas. O criador do<br />

nome <strong>de</strong>ve ter pretendido inventar algo diferente do convencional,<br />

haja vista que essa composição não faz referência a<br />

nenhuma característica <strong>de</strong> uma lanchonete. Visitamos o local,<br />

mas lá nos disseram que a lanchonete já fora comprada com<br />

esse nome.<br />

38 39


Composição por aglutinação<br />

A Pastelândia<br />

Clara composição por aglutinação do substantivo pastel + o<br />

radical -lândia, havendo eliminação <strong>de</strong> uma letra l. Esse radical<br />

-lândia t<strong>em</strong> sua orig<strong>em</strong> <strong>em</strong> Disneyland, o nome <strong>em</strong> inglês do<br />

gran<strong>de</strong> parque t<strong>em</strong>ático da Disney; traduzindo o termo para o<br />

português, encontraríamos “Terra da Disney”. Como o parque<br />

ficou muito conhecido mundialmente, foi gran<strong>de</strong> o <strong>em</strong>prego<br />

do substantivo land (terra) junto a outros termos, como se<br />

observa <strong>em</strong> Neverland (“Terra do Nunca”). No português, o<br />

substantivo land parece ter se transformado no radical -lândia.<br />

Vera Lúcia Horta Neves (1971) refere-se a ele como “radicalsufixo”.<br />

Acreditamos, no entanto, tratar-se <strong>de</strong> um radical<br />

porque é um termo que encerra <strong>em</strong> si um significado próprio.<br />

Enfim, o nome da lanchonete, se traduzido do inglês, seria algo<br />

aproximado a “Terra dos pastéis”.<br />

O nome, assim, parece seguir a tendência do estrangeirismo<br />

no português, que t<strong>em</strong> o objetivo <strong>de</strong> indicar, segundo<br />

a própria mentalida<strong>de</strong> do brasileiro, a superiorida<strong>de</strong> do internacional<br />

quando comparado ao nacional. Além disso, o nome<br />

dá uma i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>za, don<strong>de</strong> po<strong>de</strong>mos crer que há uma<br />

gran<strong>de</strong> especialida<strong>de</strong> na fabricação do produto a ser vendido<br />

ali: o pastel.<br />

Pastelícia<br />

Observa-se aqui a composição por aglutinação do substantivo<br />

pastel + o substantivo <strong>de</strong>lícia. Repare que a última sílaba da<br />

palavra pastel só se difere do início do vocábulo <strong>de</strong>lícia por<br />

possuir uma consoante <strong>de</strong>svozeada: <strong>em</strong> tel, a consoante t é<br />

oclusiva linguo<strong>de</strong>ntal <strong>de</strong>svozeada, enquanto <strong>em</strong> <strong>de</strong>l a consoante<br />

d é oclusiva linguo<strong>de</strong>ntal vozeada. Essas duas partículas se<br />

agregam <strong>de</strong> modo tão espontâneo que não se po<strong>de</strong> perceber<br />

qual foi eliminada: se apenas a letra d <strong>em</strong> <strong>de</strong>lícia ou se toda a<br />

partícula <strong>de</strong>l daquela mesma palavra.<br />

Essa junção dos vocábulos pastel e <strong>de</strong>lícia foi feita talvez<br />

para insinuar que os pastéis oferecidos pela lanchonete são<br />

<strong>de</strong>liciosos. Não pu<strong>de</strong>mos ter a confirmação disso porque<br />

o proprietário não soube informar o motivo da escolha do<br />

nome, uma vez que já comprara o estabelecimento com tal<br />

<strong>de</strong>nominação.<br />

<strong>Nomes</strong> formados por <strong>de</strong>rivação sufixal<br />

A Gorduchinha Lanches<br />

A <strong>de</strong>rivação sufixal encontra-se <strong>em</strong> gorduchinha. Ao adjetivo<br />

gorducha, diminutivo carinhoso <strong>de</strong> gorda, foi acrescido o sufixo<br />

-inha também com o objetivo <strong>de</strong> lhe conferir um significado<br />

terno, duplicando, assim, a carga <strong>de</strong> afetuosida<strong>de</strong> do adjetivo<br />

gorda. O artigo junto a gorduchinha transforma tal adjetivo<br />

<strong>em</strong> substantivo. Assim, acreditamos que o nome tenha sido<br />

criado para <strong>de</strong>signar a dona do local, que po<strong>de</strong>ria ser um pouco<br />

corpulenta. Mas o proprietário nos informou que esse nome foi<br />

dado <strong>em</strong> homenag<strong>em</strong> a uma cliente gordinha que ia s<strong>em</strong>pre ao<br />

estabelecimento.<br />

A Mineirinha<br />

Observa-se a <strong>de</strong>rivação sufixal <strong>em</strong> mineirinha, <strong>em</strong> que ao<br />

adjetivo mineira se agregou o sufixo -inha, dando-lhe uma<br />

significação carinhosa. O artigo junto a mineirinha transforma<br />

esse adjetivo <strong>em</strong> substantivo. Talvez essa construção<br />

tenha sido <strong>em</strong>pregada para transmitir a mensag<strong>em</strong> <strong>de</strong> que a<br />

lanchonete seja tipicamente mineira e, assim, aproximá-la dos<br />

clientes da capital.<br />

Lanches Caçulinha<br />

Neste ex<strong>em</strong>plo, encontramos a <strong>de</strong>rivação sufixal <strong>em</strong> caçulinha.<br />

De acordo com Cunha e Mello Sobrinho (1986), caçula v<strong>em</strong><br />

do quimbundo ka'zuli, o mais novo dos filhos ou dos irmãos,<br />

palavra à qual foi agregado o sufixo -inha, formando assim o<br />

40 41


diminutivo. Acreditamos que o nome se refira ao proprietário<br />

do local, que po<strong>de</strong>ria ser o filho caçula <strong>de</strong> sua família.<br />

Lanches Vovó Mariquinha<br />

Perceb<strong>em</strong>-se aqui três processos <strong>de</strong> formação: composição<br />

por justaposição <strong>de</strong> três substantivos, redobro na palavra vovó<br />

(ver Lanches da Vovó, <strong>em</strong> Composição por justaposição) e<br />

<strong>de</strong>rivação sufixal <strong>em</strong> Mariquinha; este nome próprio, segundo<br />

Azevedo (1993), é diminutivo <strong>de</strong> Marica, que, por sua vez,<br />

provém do latim Marica, e é também hipocorístico <strong>de</strong> Maria.<br />

Por ser Mariquinha, na opinião do grupo, o termo que mais se<br />

sobressai ao nome da lanchonete, <strong>de</strong>cidimos classificar esse<br />

nome como <strong>de</strong>rivação e não como composição ou redobro.<br />

Imaginamos, <strong>de</strong> início, que o nome tenha sido criado<br />

pela própria dona do lugar, que po<strong>de</strong>ria ser avó e se chamar<br />

Mariquinha. A proprietária nos informou algo que não foge muito<br />

a esse pensamento: o nome foi escolhido para homenagear a<br />

mãe <strong>de</strong> seu sogro, Dona Mariquinha, que ficou viúva e criou<br />

seus filhos com a venda <strong>de</strong> quitutes e salgados.<br />

Pastelinho<br />

Clara <strong>de</strong>rivação do substantivo pastel com o sufixo -inho.<br />

Formulamos duas hipóteses para essa construção: 1) o dimi-<br />

nutivo po<strong>de</strong>ria indicar que os produtos ali vendidos são<br />

pequenos, exatamente para ser<strong>em</strong> consumidos rapidamente,<br />

como é o objetivo <strong>de</strong> alguém ao se alimentar numa lanchonete;<br />

e 2) o diminutivo po<strong>de</strong>ria criar certa intimida<strong>de</strong> com o cliente.<br />

Pastel Quentinho<br />

Além da <strong>de</strong>rivação sufixal <strong>em</strong> quentinho, existe aqui um<br />

caso <strong>de</strong> composição, formada pelo substantivo pastel + o<br />

adjetivo quentinho. No entanto, como o adjetivo flexionado no<br />

diminutivo é o termo do nome que mais lhe transmite significado,<br />

<strong>de</strong>cidimos classificá-lo como <strong>de</strong>rivação sufixal. O termo<br />

quentinho é <strong>de</strong>rivado do adjetivo quente, ao qual se juntou<br />

o sufixo -inho. Tendo <strong>em</strong> vista que esse hábito <strong>de</strong> colocar<br />

muitas palavras no diminutivo é típico do falante mineiro, o<br />

nome talvez tenha sido criado para aproximar a lanchonete do<br />

público <strong>de</strong> Minas.<br />

Seu Pãozinho<br />

Há neste nome a presença <strong>de</strong> composição do pronome <strong>de</strong><br />

tratamento seu (no lugar <strong>de</strong> senhor) + o substantivo pãozinho.<br />

Como julgamos ser esta última a palavra que mais confere<br />

significado ao nome, optamos por classificá-lo como <strong>de</strong>rivação<br />

sufixal. Agrega-se ao substantivo pão o sufixo -inho, com<br />

adaptação fonética representada pela consoante z.<br />

O nome, ao colocar no diminutivo um produto da loja,<br />

talvez tenha sido dado para construir um ar <strong>de</strong> cumplicida<strong>de</strong><br />

com o cliente.<br />

<strong>Nomes</strong> formados por estrangeirismo<br />

Tout <strong>de</strong> Bon<br />

Nítido <strong>em</strong>prego <strong>de</strong> estrangeirismo. A exclamação usual <strong>em</strong><br />

português tudo <strong>de</strong> bom, que <strong>de</strong>nota alguém ou alguma coisa<br />

com qualida<strong>de</strong>s excepcionais, foi traduzida literalmente para<br />

o francês. Pensamos que o propósito <strong>de</strong>ssa tradução fosse<br />

aproximar a citada expressão do português ao falar do mineiro,<br />

conhecido pelo hábito <strong>de</strong> não pronunciar algumas letras e até<br />

mesmo sílabas inteiras. O mineiro, pois, estaria acostumado a<br />

dizer simplesmente tudibõ, realização que se aproxima ao da<br />

pronúncia <strong>em</strong> francês <strong>de</strong> tout <strong>de</strong> bon (tu<strong>de</strong>bõ, s<strong>em</strong> a transcrição<br />

fonética). No entanto, quando foi questionada sobre a<br />

motivação do nome, a dona do estabelecimento respon<strong>de</strong>u-nos<br />

apenas com uma série <strong>de</strong> clichês. Disse simplesmente que a<br />

exclamação tudo <strong>de</strong> bom dá a sensação <strong>de</strong> que todo produto ali<br />

vendido seja <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong> e procedência, e que o cliente,<br />

achando os lanches saborosos, voltaria para consumir mais.<br />

42 43


Fox Lanches<br />

O estrangeirismo aqui está no vocábulo fox, que v<strong>em</strong> do inglês<br />

e significa raposa. Imaginamos que o dono <strong>de</strong>ssa lanchonete,<br />

ao nomear seu estabelecimento, tenha gostado da sonorida<strong>de</strong><br />

da palavra inglesa e <strong>de</strong> sua i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> rapi<strong>de</strong>z – observe que a<br />

pronúncia <strong>de</strong>sse termo é rápida e que seu significado r<strong>em</strong>ete a<br />

um animal também ligeiro. Com essa i<strong>de</strong>ia, o nome se referiria<br />

às refeições ágeis típicas das lanchonetes. Todavia, quando<br />

perguntamos ao proprietário o motivo do nome <strong>de</strong> seu estabelecimento,<br />

ele disse apenas que ainda não havia se <strong>de</strong>cidido<br />

quanto a isso até o momento <strong>em</strong> que foi registrar sua <strong>em</strong>presa;<br />

no cartório, então, o escrivão lhe sugeriu que colocasse fox, e<br />

o nome lhe agradou.<br />

Mix Pastel<br />

O vocábulo mix v<strong>em</strong> do inglês e quer dizer mistura. Nossa<br />

hipótese <strong>de</strong> que o nome preten<strong>de</strong>sse sugerir a diversida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> pastéis vendidos no local foi confirmada pela proprietária.<br />

Segundo ela, o nome foi escolhido primeiramente para sugerir<br />

que a lanchonete oferecia uma gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> pastéis;<br />

posteriormente, quando o estabelecimento começou a oferecer<br />

outros tipos <strong>de</strong> salgados, o nome foi mantido porque os clientes<br />

já se i<strong>de</strong>ntificavam com ele.<br />

<strong>Nomes</strong> formados por hibridismo<br />

Gigabyte<br />

Esta palavra se trata <strong>de</strong> um hibridismo <strong>em</strong> que foram unidas<br />

as línguas grega e inglesa. O prefixo grego gígos, anteposto<br />

ao nome <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> medida, forma o nome <strong>de</strong> uma<br />

unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>rivada que é 10 9 vezes maior que a primeira. Byte,<br />

por sua vez, provém do inglês e é constituído por letras formadoras<br />

da expressão b(inar)y te(rm), ou termo binário, sequência<br />

constituída <strong>de</strong> um número fixo <strong>de</strong> bits adjacentes (consi<strong>de</strong>rada<br />

a unida<strong>de</strong> básica <strong>de</strong> informação).<br />

Já que não se trata <strong>de</strong> um estabelecimento ligado à re<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> informática ou a <strong>de</strong> outras tecnologias, mas sim a uma<br />

lanchonete, o termo gigabyte segue a tendência do <strong>em</strong>prego<br />

<strong>de</strong> palavras estrangeiras <strong>em</strong> nomes <strong>de</strong> <strong>estabelecimentos</strong> com o<br />

intuito <strong>de</strong> chamar atenção dos clientes. O nome da lanchonete<br />

po<strong>de</strong>ria ter sido inspirado também pela novela Malhação<br />

(exibida pela Re<strong>de</strong> Globo), na qual existe uma lanchonete<br />

também chamada Gigabyte. Visitamos o local, mas o dono<br />

nos disse que já havia comprado a estabelecimento com esse<br />

nome.<br />

Quibilândia<br />

Interessante hibridismo que mescla a língua árabe com a<br />

inglesa. Conforme Cunha e Mello Sobrinho (1986), quibe<br />

provém do árabe kubbah. À palavra quibe juntou-se o radical<br />

-lândia, <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> inglesa (ver A Pastelândia <strong>em</strong> “Composição<br />

por aglutinação”). Para aproximar o nome ao ato da fala, a<br />

vogal e <strong>de</strong> quibe foi substituída pela vogal i.<br />

Esse tipo <strong>de</strong> construção é bastante utilizado por <strong>estabelecimentos</strong><br />

comercias. Como já foi dito, land <strong>em</strong> inglês significa<br />

terra. Quibilândia seria, portanto, a “Terra do quibe”, atribuindo<br />

uma i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> e <strong>de</strong> magnitu<strong>de</strong> ao que, imaginamos,<br />

seja o principal produto vendido.<br />

<strong>Nomes</strong> formados por siglag<strong>em</strong><br />

JM Lanches<br />

Apresenta-se aqui a utilização <strong>de</strong> uma sigla: JM. Segundo o<br />

proprietário, o nome <strong>de</strong> sua lanchonete foi dado <strong>em</strong> homenag<strong>em</strong><br />

a seus dois irmãos: José e Márcio.<br />

PH Lanches<br />

Observa-se aqui o uso da sigla PH. Segundo a proprietária da<br />

lanchonete, a letra P se refere ao nome <strong>de</strong> seu ex-sócio Pietro,<br />

enquanto a letra H provém do próprio nome <strong>de</strong>la, Helena.<br />

44 45


Mesmo não havendo mais socieda<strong>de</strong> entre os dois, o nome do<br />

estabelecimento continuou o mesmo.<br />

Nome formado por braquiss<strong>em</strong>ia<br />

Chris Lanches<br />

O vocábulo que julgamos mais importante neste nome foi<br />

Chris. Provavelmente esta palavra venha do nome do proprietário<br />

do estabelecimento. Várias são as nossas hipóteses com<br />

relação ao termo Chris: po<strong>de</strong>ria vir <strong>de</strong> Cristiane, <strong>de</strong> Cristina, <strong>de</strong><br />

Cristian ou <strong>de</strong> Cristiano, por ex<strong>em</strong>plo. Em todas essas palavras<br />

conservar-se-ia apenas a primeira sílaba e as <strong>de</strong>mais seriam<br />

suprimidas. A letra h na braquiss<strong>em</strong>ia Chris ou po<strong>de</strong> ser do<br />

próprio nome da pessoa ou po<strong>de</strong> ter sido colocada para dar um<br />

tom exótico ao nome.<br />

Nome formado por redobro<br />

Dudu Lanches<br />

Encontramos neste ex<strong>em</strong>plo o redobro <strong>em</strong> Dudu, hipocorístico<br />

<strong>de</strong> Eduardo, o proprietário da lanchonete. A sílaba pretônica du<br />

foi dobrada para formar o apelido carinhoso.<br />

Discussão dos resultados<br />

Como já foi dito, escolh<strong>em</strong>os 30 nomes <strong>de</strong> lanchonetes para<br />

fazer a análise morfológica. Tendo por base todo o estudo feito<br />

até aqui, po<strong>de</strong>mos elaborar a seguinte lista a respeito dos<br />

processos <strong>de</strong> formação dos nomes <strong>de</strong> lanchonetes analisados<br />

neste trabalho:<br />

12 foram formados por composição por justaposição;<br />

2 foram formados por composição por aglutinação;<br />

7 foram formados por <strong>de</strong>rivação sufixal;<br />

3 foram formados por estrangeirismo;<br />

2 foram formados por hibridismo;<br />

2 foram formados por siglag<strong>em</strong>;<br />

1 foi formado por braquiss<strong>em</strong>ia;<br />

e um foi formado por redobro.<br />

Conforme esclarecido na Introdução, foi mantida a pro-<br />

porção entre o total <strong>de</strong> nomes colhidos e o total <strong>de</strong> nomes<br />

selecionados para fazer parte do corpus. Com isso, po<strong>de</strong>mos<br />

perceber que o processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> nomes <strong>de</strong> lanchonetes<br />

mais produtivo foi o <strong>de</strong> composição por justaposição,<br />

que formou 40% dos nomes colhidos pelo grupo. Visto que a<br />

justaposição <strong>de</strong> palavras é o processo mais simples para se dar<br />

nome a um estabelecimento, este alto número <strong>de</strong> composições<br />

já era esperado. Confirmando o que é dito <strong>em</strong> Rocha (1998)<br />

sobre a <strong>de</strong>rivação sufixal – que ela é o processo mais produtivo<br />

na formação <strong>de</strong> palavras no português –, a segunda forma<br />

mais escolhida para nomear lanchonetes foi justamente tal<br />

<strong>de</strong>rivação, somando 23,3%. Interessante foi o gran<strong>de</strong> número<br />

<strong>de</strong> siglas e <strong>de</strong> hibridismos encontrado pelo grupo, pois esperávamos<br />

encontrá-los apenas como exceções. No entanto, como<br />

se vê no gráfico, esses processos representam 6,7% do corpus<br />

cada um.<br />

Com o intuito <strong>de</strong> também analisarmos quantitativamente<br />

as motivações que levaram os proprietários a nomear suas<br />

lanchonetes, <strong>de</strong>cidimos criar algumas categorias para enquadrar<br />

tais motivações. Importante ressaltar que nos baseamos nas<br />

nossas hipóteses para classificar aqueles nomes dos quais não<br />

conseguimos encontrar a verda<strong>de</strong>ira motivação. As categorias<br />

criadas foram:<br />

• Referência aos produtos comercializados: enquadram-<br />

se nesta categoria os nomes que possu<strong>em</strong> algum<br />

el<strong>em</strong>ento que nos r<strong>em</strong>eta àquilo que é vendido <strong>em</strong><br />

uma lanchonete. Estão nesta classificação os nomes:<br />

A Pastelândia, Capital do Pastel, Empada Caipira, Mix<br />

Pastel, Pão <strong>de</strong> Queijo Lanches, Pastelícia, Pastelinho,<br />

Pastel Quentinho, Ponto da Empada, Quibilândia e<br />

Seu Pãozinho.<br />

• <strong>Nomes</strong> <strong>de</strong> proprietário(s): a motivação foi o nome do(s)<br />

dono(s) do estabelecimento. São eles: Chris Lanches,<br />

Dudu Lanches e PH Lanches.<br />

46 47


• Homenag<strong>em</strong>: o intuito foi homenagear alguém. Enqua-<br />

dram-se nesta categoria: A Gorduchinha, Lanches<br />

Vovó Mariquinha e JM Lanches.<br />

• Referência a expressões populares: a intenção foi<br />

mencionar <strong>de</strong> alguma forma certos dizeres populares<br />

(ver análises dos nomes), como acontece <strong>em</strong> Come<br />

Quieto e Tout <strong>de</strong> Bon.<br />

• Referência a pensamentos populares: o propósito foi<br />

lidar com o inconsciente do cliente através <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ias<br />

arraigadas na mentalida<strong>de</strong> geral, como a <strong>de</strong> que a<br />

comida caseira e a comida da vovó são mais saborosas<br />

que as outras. É o caso, respectivamente, dos nomes<br />

Boca do Forno e Lanches da Vovó.<br />

• Apelo ao cliente: estabelece um diálogo com o próprio<br />

cliente, or<strong>de</strong>nando-o, incentivando-o. É o ex<strong>em</strong>plo <strong>de</strong><br />

Lanche Mais.<br />

• Outros: são os nomes difíceis <strong>de</strong> classificar <strong>em</strong><br />

qualquer grupo; parec<strong>em</strong> ou ter<strong>em</strong> surgido ao acaso<br />

ou ser<strong>em</strong> expressões do meio particular <strong>de</strong> qu<strong>em</strong> as<br />

criou. São eles: A Mineirinha, Fox Lanches, Gigabyte,<br />

Lanches Caçulinha, Lanches Cida<strong>de</strong>, Pingo <strong>de</strong> Ouro,<br />

Sabor e Gosto e Sol Girassol.<br />

Pela a análise, o que mais estimulou a formação dos<br />

nomes <strong>de</strong> lanchonetes foram os produtos por elas vendidos,<br />

que somaram 36,7% do total. Isso também foi algo imaginado<br />

pelo grupo, haja vista que o comerciante <strong>de</strong> uma lanchonete<br />

procura ser prático ao anunciar para o cliente o que t<strong>em</strong><br />

para lhe oferecer. Todas as outras motivações, à exceção da<br />

categoria “Outros”, ficaram praticamente responsáveis pelo<br />

mesmo número <strong>de</strong> criação dos nomes. Os processos classificados<br />

como outros, aliás, que somaram nada menos que<br />

26,6% do total, foram motivo <strong>de</strong> surpresa para o grupo, que<br />

não esperava nomes muito elaborados na criação <strong>de</strong> lanchonetes,<br />

como o belo ex<strong>em</strong>plo da composição Sol Girassol.<br />

Conclusão<br />

De acordo com os métodos escolhidos neste trabalho para<br />

classificar o processo <strong>de</strong> formação dos nomes <strong>de</strong> lanchonetes,<br />

pu<strong>de</strong>mos perceber que o processo mais produtivo foi o<br />

<strong>de</strong> composição por justaposição. Neologismos foram constatados<br />

apenas <strong>em</strong> quatro nomes do corpus, nenhum dos quais<br />

formados por justaposição: Pastelândia, Pastelícia, Pastelinho<br />

(no lugar <strong>de</strong> pastelzinho) e Quibilândia, sendo os dois primeiros<br />

formados por composição por aglutinação e os dois últimos por<br />

<strong>de</strong>rivação sufixal. A justaposição, assim, apresenta-se muitas<br />

vezes como um método simplista <strong>de</strong> se nomear um estabelecimento,<br />

s<strong>em</strong> se ocupar da formação <strong>de</strong> novos itens lexicais.<br />

Quanto à motivação, concluímos que o maior incentivo à<br />

nomeação das lanchonetes foram os produtos por elas comercializados.<br />

Portanto, nomes <strong>de</strong> salgados como <strong>em</strong>pada, pão<br />

<strong>de</strong> queijo, pastel e quibe foram escolhidos para fazer parte do<br />

nome do estabelecimento, uma vez que <strong>de</strong>signam produtos<br />

rapidamente consumidos (l<strong>em</strong>brando que o objetivo das lanchonetes<br />

é oferecer “lanches rápidos”). Dentre esses termos, o <strong>de</strong><br />

maior ocorrência foi pastel, que apareceu <strong>em</strong> seis dos trinta<br />

nomes do corpus, talvez por representar um produto barato e<br />

<strong>de</strong> rápido consumo.<br />

48 49


Referências<br />

AZEVEDO, Sebastião Laércio <strong>de</strong>. Dicionário <strong>de</strong> nomes <strong>de</strong> pessoas. Rio <strong>de</strong> Janeiro:<br />

Civilização Brasileira, 1993.<br />

CUNHA, Antônio Geraldo da; MELLO SOBRINHO, Cláudio. Dicionário etimológico<br />

Nova Fronteira da língua portuguesa. 2. ed. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Nova Fronteira,<br />

1986.<br />

FERREIRA, Aurélio Buarque <strong>de</strong> Holanda. Miniaurélio: o minidicionário da língua<br />

portuguesa. 6ª ed. rev. e atualiz. Curitiba: Positivo, 2004.<br />

KEHDI, Valter. Formação <strong>de</strong> palavras <strong>em</strong> português. São Paulo: Ática, 1992.<br />

64 p. (Coleção Princípios).<br />

LISTA telefônica assinantes <strong>de</strong> <strong>Belo</strong> Horizonte: Negócios – Volume 1. <strong>Belo</strong><br />

Horizonte: Guiatel, 2008.<br />

NEVES, Vera Lúcia Horta. <strong>Nomes</strong> próprios <strong>comerciais</strong> e industriais no<br />

português: um aspecto da nomenclatura do comércio e da indústria <strong>em</strong> <strong>Belo</strong><br />

Horizonte. 1971, 201 f. (Tese <strong>de</strong> doutorado <strong>em</strong> Linguística) – Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Letras, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais, <strong>Belo</strong> Horizonte, 1971.<br />

SEIXAS, Carlos Genésio <strong>de</strong> Oliveira; SILVA, Francisco Eduardo Vieira da. Processos<br />

<strong>de</strong> formação <strong>de</strong> palavras nos nomes <strong>de</strong> fantasia. Ao Pé da Letra. Pernambuco,<br />

v.1, p.23-29, 1999. Disponível <strong>em</strong>: . Acesso <strong>em</strong>: 12 abr. 2008.<br />

SILVA, Alyne Varejão Teodosio da; SILVA, Amanda Jôse Dantas. O processo <strong>de</strong><br />

formação <strong>de</strong> palavras dos hipocorísticos <strong>de</strong>rivados <strong>de</strong> antropônimos. Ao Pé da<br />

Letra. Pernambuco, v.2, p.1-7, 2000. Disponível <strong>em</strong>: . Acesso <strong>em</strong>:<br />

12 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2008.<br />

ROCHA, Luiz Carlos <strong>de</strong> Assis. Estruturas morfológicas do português. <strong>Belo</strong><br />

Horizonte: Ed. <strong>UFMG</strong>, 1998. (Coleção Apren<strong>de</strong>r, 18).<br />

50 51<br />

Anexo<br />

QUADRO 1<br />

Listag<strong>em</strong> dos nomes das lanchonetes<br />

e seus respectivos en<strong>de</strong>reços:<br />

A Gorduchinha Lanches. Rua Curitiba, nº. 529 – Centro<br />

A Mineirinha. Avenida Amazonas, nº. 491, lj. 15 – Centro<br />

A Pastelândia. Rua Rio <strong>de</strong> Janeiro, nº. 438 – Centro<br />

Capital do Pastel. Rua da Bahia, nº. 1156, lj. 2 – Lour<strong>de</strong>s<br />

Boca do Forno. Avenida Augusto <strong>de</strong> Lima, nº. 1600 – Centro<br />

Chris Lanches. Rua dos Tupis, nº. 337, lj. 16T – Centro<br />

Come Quieto. Rua Curitiba, nº. 715 lj. 11 – Centro<br />

Dudu Lanches. Avenida Augusto <strong>de</strong> Lima, nº. 744, lj. 23713 – Centro<br />

Empada Caipira. Rua da Bahia, nº. 1271 – Centro<br />

Fox Lanches. Rua Curitiba, nº. 339 – Centro<br />

Gigabyte. Rua Curitiba, nº. 1800, lj. A – Lour<strong>de</strong>s<br />

JM Lanches. Avenida Afonso Pena, nº. 723 – Centro<br />

Lanche Mais. Rua São Paulo, nº. 672 – Centro<br />

Lanches Cida<strong>de</strong>. Rua Rio <strong>de</strong> Janeiro, nº. 858 – Centro<br />

Lanches Da Vovó. Avenida Augusto <strong>de</strong> Lima, nº. 1138, lj. 2 – Barro Preto<br />

Lanches Caçulinha. Rua Curitiba, nº. 1231 – Centro<br />

Lanches Vovó Mariquinha. Avenida Afonso Pena, nº. 2382 – Centro<br />

Mix Pastel. Rua dos Carijós, nº. 577, sl. 5 – Centro<br />

Pão <strong>de</strong> Queijo Lanches. Avenida Augusto <strong>de</strong> Lima, nº. 681 – Centro<br />

Pastelícia. Avenida Paraná, nº. 38 – Centro<br />

Pastelinho. Rua Curitiba, nº. 856, lj. 856 – Centro<br />

Pastel Quentinho. Rua Curitiba, nº. 775 – Centro<br />

PH Lanches. Rua dos Tupinambás, nº. 908 – Centro<br />

Pingo <strong>de</strong> Ouro. Avenida Amazonas, nº. 669, lj. 102 – Centro<br />

Ponto da Empada. Avenida Augusto <strong>de</strong> Lima, nº. 744, lj. 186 – Centro


Listag<strong>em</strong> dos nomes das lanchonetes<br />

e seus respectivos en<strong>de</strong>reços:<br />

Quibilândia. Rua São Paulo, nº. 777 – Centro<br />

Sabor e Gosto. Rua dos Guajajaras, nº. 1022, lj. D2 – Centro<br />

Seu Pãozinho. Avenida Amazonas, nº. 491, lj. 15 – Centro<br />

Sol Girassol. Rua dos Timbiras, nº. 2165 – Lour<strong>de</strong>s<br />

Tout <strong>de</strong> Bon. Rua São Paulo, nº. 1439 – Lour<strong>de</strong>s<br />

<strong>Nomes</strong> próprios <strong>de</strong><br />

oficinas mecânicas <strong>de</strong> <strong>Belo</strong> Horizonte<br />

Bianca Cruz Gomes<br />

Jessica Rejane Silva Albergaria<br />

Stephanie Paes Rodrigues<br />

Introdução<br />

Escolh<strong>em</strong>os como t<strong>em</strong>a para este trabalho o estudo da produtivida<strong>de</strong><br />

e motivações para a formação <strong>de</strong> nomes próprios <strong>de</strong><br />

oficinas mecânicas na cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Belo</strong> Horizonte e os processos<br />

que nele estão envolvidos.<br />

Primeiramente foi preciso <strong>de</strong>limitar nosso objeto principal<br />

<strong>de</strong> estudo, aquilo que consi<strong>de</strong>raríamos como nomes próprios.<br />

Utilizar<strong>em</strong>os aqui o conceito <strong>de</strong> Ullmann (1933), utilizado por<br />

Horta Neves (1971) <strong>em</strong> sua tese <strong>de</strong> doutorado sobre nomes<br />

próprios industriais e <strong>comerciais</strong> no português, “o nome<br />

próprio i<strong>de</strong>ntifica uma pessoa ou objeto singularizando-o entre<br />

as <strong>de</strong>mais entida<strong>de</strong>s”. 1 Contudo aplicar<strong>em</strong>os ao conceito <strong>de</strong>le<br />

nomes <strong>de</strong> <strong>estabelecimentos</strong> <strong>comerciais</strong>, pois este é o objeto<br />

<strong>de</strong> estudo <strong>de</strong>ste trabalho. A <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> Ullmann nos ajudou a<br />

separar os substantivos encontrados nos nomes dos comércios<br />

<strong>em</strong> comuns e próprios. Formamos, então, dois grupos: no<br />

primeiro estão os que chamamos substantivos <strong>de</strong>notativos,<br />

que foram consi<strong>de</strong>rados por nós como comuns, pois apenas<br />

i<strong>de</strong>ntificam o ramo do comércio transparecendo-o para seus<br />

possíveis clientes, pois acreditamos que eles estejam presentes<br />

na gran<strong>de</strong> maioria das ocorrências, mas que estão s<strong>em</strong>pre<br />

acompanhados <strong>de</strong> um outro substantivo. No segundo grupo<br />

estão os que chamamos <strong>de</strong> substantivos próprios, pois são<br />

eles que verda<strong>de</strong>iramente caracterizam o nome dando a esses<br />

uma particularida<strong>de</strong> diferenciando <strong>de</strong> tantos outros <strong>estabelecimentos</strong><br />

no mesmo ramo.<br />

Os substantivos <strong>de</strong>notativos, apesar <strong>de</strong> apresentar<strong>em</strong><br />

alta produtivida<strong>de</strong>, não apresentaram uma gra<strong>de</strong> flutuação,<br />

eles aparec<strong>em</strong> quase s<strong>em</strong>pre <strong>em</strong> sua forma canônica não<br />

1 NEVES. <strong>Nomes</strong> próprios <strong>comerciais</strong> e industriais no português: um aspecto da nomenclatura do comércio<br />

e da indústria <strong>em</strong> <strong>Belo</strong> Horizonte, p. 53.<br />

52 53


servindo como fator <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> neologismos. Por este motivo,<br />

tec<strong>em</strong>os uma análise mais superficial sobre eles após constatarmos<br />

seu baixo grau <strong>de</strong> flutuação na língua. Como cerca <strong>de</strong><br />

60% dos nomes próprios <strong>de</strong> oficinas mecânicas levam <strong>em</strong> si<br />

os substantivos <strong>de</strong>notativos acompanhados <strong>de</strong> um substantivo<br />

próprio, <strong>de</strong>cidimos ignorá-los durante a coleta <strong>de</strong> dados e<br />

fazermos uma análise profunda nos substantivos próprios que<br />

os acompanham <strong>em</strong> conjunto com os nomes que não levam os<br />

substantivos <strong>de</strong>notativos <strong>em</strong> sua construção.<br />

Os dados para a pesquisa foram coletados da telelista,<br />

on<strong>de</strong> obtiv<strong>em</strong>os um total <strong>de</strong> 886 nomes <strong>de</strong> oficinas mecânicas<br />

<strong>em</strong> <strong>Belo</strong> Horizonte. Após uma primeira análise perceb<strong>em</strong>os que<br />

alguns <strong>de</strong>les se repetiam, então eliminamos as repetições e<br />

ficamos com um corpus <strong>de</strong> 826 nomes.<br />

Além das análises sobre os substantivos, tec<strong>em</strong>os<br />

também hipóteses sobre a ocorrência <strong>de</strong> estrangeirismos,<br />

e se tais ocorrências estão relacionadas à classe econômica<br />

on<strong>de</strong> o estabelecimento se encontra. Outra hipótese sobre a<br />

qual far<strong>em</strong>os uma análise é a <strong>de</strong> que o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivação<br />

apresenta uma produtivida<strong>de</strong> maior do que o <strong>de</strong> composição<br />

conforme afirma Fiorin (1970).<br />

Far<strong>em</strong>os também análises sobre os prefixos e bases que<br />

permit<strong>em</strong> uma maior flutuação e a criação <strong>de</strong> neologismos,<br />

alguns recursos s<strong>em</strong>ânticos utilizados pelos proprietários e<br />

sua recorrência, os processos <strong>de</strong> redução e composição envolvidos<br />

na criação <strong>de</strong> neologismos, a utilização <strong>de</strong> <strong>em</strong>préstimos<br />

linguísticos, as formações mais recorrentes, como a utilização<br />

<strong>de</strong> nomes próprios ou <strong>de</strong> lugares, entre outros que acharmos<br />

pertinentes. Para assim mostrar que as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> criação<br />

na língua são infinitas e algumas vezes até insondáveis.<br />

Substantivos <strong>de</strong>notativos mais frequentes<br />

Optamos por ressaltar os substantivos <strong>de</strong>notativos fazendo<br />

uma análise <strong>de</strong>stes termos <strong>em</strong> nosso trabalho, pois eles são<br />

importantes para i<strong>de</strong>ntificar as oficinas <strong>de</strong>ntro do vasto ramo <strong>de</strong><br />

prestação <strong>de</strong> serviços. Apesar <strong>de</strong> sua escolha parecer arbitrária,<br />

ela po<strong>de</strong> estar ligada a vários fatores que po<strong>de</strong>m influenciar,<br />

mesmo inconscient<strong>em</strong>ente, nesta escolha. Como Neves já<br />

observou: “(...) a <strong>de</strong>nominação a ele [estabelecimento] atri-<br />

buída muitas vezes irá refletir a sua natureza: se é tradicional<br />

ou mo<strong>de</strong>rno, se sua clientela é <strong>de</strong> classe A ou B etc.” 2<br />

Ela ainda afirma que esta relação s<strong>em</strong>ântica gera uma<br />

hierarquia <strong>em</strong> relação à escolha e ao uso <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sses termos,<br />

<strong>de</strong> acordo com os fatores já mencionados.<br />

É esta hierarquia que tentamos mostrar aqui <strong>em</strong> termos<br />

gerais. Para tanto, escolh<strong>em</strong>os os cinco mais recorrentes,<br />

sendo eles: centro automotivo, auto mecânica e automecânica,<br />

oficina mecânica, oficina e mecânica, que estão presentes <strong>em</strong><br />

60% das oficinas analisadas. Nos outros 40% aparec<strong>em</strong> termos<br />

menos comuns, apenas indicação do tipo <strong>de</strong> serviço prestado<br />

ou consta apenas o nome próprio, s<strong>em</strong> i<strong>de</strong>ntificar o tipo <strong>de</strong><br />

estabelecimento ou serviço prestado.<br />

Analisando os resultados separados por tipo <strong>de</strong> substantivo<br />

<strong>de</strong>notativo, observamos primeiramente que os proprietários<br />

<strong>de</strong> oficinas que adotam esses termos têm preferência por<br />

colocá-los prepostos aos nomes próprios <strong>de</strong> seus <strong>estabelecimentos</strong>,<br />

da parte do nome que os individualiza, e da indicação<br />

do tipo <strong>de</strong> serviço prestado, <strong>em</strong> uma or<strong>de</strong>m mais ou menos<br />

assim:<br />

Indicador <strong>de</strong> tipo <strong>de</strong> <strong>em</strong>presa + nome próprio + serviço prestado<br />

(facultativo) número <strong>de</strong> ocorrências termos prepostos:<br />

• Centro Automotivo: 51 (54%)<br />

• Auto Mecânica: 139 (87%)<br />

• Oficina Mecânica: 14 (66%)<br />

• Oficina: 60 (95%)<br />

• Mecânica: 79 (72%)<br />

Já <strong>em</strong> relação ao número <strong>de</strong> ocorrências <strong>de</strong> cada um<br />

<strong>de</strong>les, observando e analisando a preferência pelos substantivos<br />

<strong>de</strong>notativos auto mecânica, mecânica e centro automotivo,<br />

acreditamos que a preferência pelo termo auto mecânica<br />

2 NEVES. <strong>Nomes</strong> próprios <strong>comerciais</strong> e industriais no português: um aspecto da nomenclatura do comércio<br />

e da indústria <strong>em</strong> <strong>Belo</strong> Horizonte, p. 47.<br />

54 55


automecânica se justifique pelo fato <strong>de</strong> tornar mo<strong>de</strong>rno e b<strong>em</strong><br />

específico o ramo <strong>de</strong> atuação do centro comercial (quando<br />

l<strong>em</strong>os t<strong>em</strong>os certeza <strong>de</strong> que se trata <strong>de</strong> um estabelecimento<br />

on<strong>de</strong> se faz<strong>em</strong> reparos <strong>em</strong> carros). A gran<strong>de</strong> frequência do<br />

termo centro automotivo também é facilmente justificável,<br />

pelo fato <strong>de</strong> ser um nome mais mo<strong>de</strong>rno, que aumenta o status<br />

do estabelecimento e chama a atenção do cliente. Talvez este<br />

termo não seja mais frequente do que o mecânica por ser mais<br />

recente.<br />

Contudo essas justificativas não explicam a maior<br />

ocorrência do termo mecânica e muito menos do termo oficina<br />

<strong>em</strong> relação ao termo auto mecânica, uma vez que este é<br />

formado da junção dos dois, se caracterizando <strong>em</strong> um termo<br />

mais específico que os dois primeiros. Este fato po<strong>de</strong> provar<br />

que, realmente, estes termos são, <strong>de</strong> certa forma, arbitrários,<br />

ou po<strong>de</strong>m ter uma razão que não conseguimos inferir.<br />

Quanto à relação entre os substantivos <strong>de</strong>notativos analisados<br />

e o restante do nome das oficinas, observamos que os<br />

três termos mais frequentes são também aqueles que faz<strong>em</strong><br />

parte dos nomes mais criativos <strong>de</strong> oficinas, explorando mais as<br />

composições com vocábulos simples ou não, estrangeirismos<br />

e <strong>em</strong>préstimos, além <strong>de</strong> utilizar estes dois últimos recursos<br />

também <strong>de</strong> forma in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. Já os termos oficina mecânica<br />

e oficina são associados a nomes constituídos <strong>de</strong> composições<br />

com topônimos, antropônimos e vocábulos simples, além da<br />

ocorrência dos mesmos <strong>de</strong> forma in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte.<br />

É interessante ressaltarmos que, como ver<strong>em</strong>os mais<br />

adiante, as oficinas cujos nomes foram formados por antropônimos<br />

estão localizadas <strong>em</strong> bairros resi<strong>de</strong>nciais, o que aponta<br />

para o fato da maior ocorrência dos termos oficina e oficina<br />

mecânica <strong>em</strong> bairros afastados do centro. Por outro lado, como<br />

também será explicado a seguir, os estrangeirismos confer<strong>em</strong><br />

maior status às <strong>em</strong>presas, o que reforça a crença <strong>de</strong> que<br />

os termos auto mecânica e centro automotivo representam<br />

termos <strong>de</strong> maior status, uma vez que a maior parte dos estrangeirismos<br />

vêm associados a estes substantivos <strong>de</strong>notativos.<br />

Além disso, como será mostrado na parte <strong>de</strong>ste trabalho<br />

<strong>de</strong>dicada aos estrangeirismos, quase todas os ocorrências <strong>de</strong><br />

estrangeirismos estão presentes <strong>em</strong> bairros <strong>de</strong> classe A, B e C,<br />

consi<strong>de</strong>rando-se que a maior parte dos estrangeirismos aparece<br />

nos termos auto mecânica e centro automotivo, confirmando<br />

também a maior presença <strong>de</strong>stes termos nas classes mencionadas<br />

e reafirmando o maior status <strong>de</strong>stes termos.<br />

Derivação e composição nas oficinas <strong>de</strong> <strong>Belo</strong> Horizonte<br />

Acreditamos que seja unanimida<strong>de</strong> entre os linguistas que<br />

estudam morfologia julgar os processos <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivação e composição<br />

como os dois processos mais produtivos na formação <strong>de</strong><br />

novas palavras <strong>em</strong> uma língua. Levando <strong>em</strong> conta esta constatação,<br />

<strong>de</strong>cidimos analisar as ocorrências <strong>de</strong>sses dois tipos <strong>de</strong><br />

processos na formação dos nomes <strong>de</strong> oficinas mecânicas na<br />

Gran<strong>de</strong> BH.<br />

Segundo Fiorin, 3 “o processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivação é o mais<br />

utilizado para formar novos itens lexicais”, mas segundo os<br />

dados levantados na formação <strong>de</strong> nomes <strong>de</strong> oficinas mecânicas<br />

a realida<strong>de</strong> é b<strong>em</strong> diferente. Pelo estudo, fica visível a maior<br />

produtivida<strong>de</strong> dos processos <strong>de</strong> composição na formação <strong>de</strong>sse<br />

tipo <strong>de</strong> neologismo.<br />

É ainda importante observar que todos os processos<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>rivação registrados nos dados coletados, os termos que<br />

sofreram <strong>de</strong>rivação já vieram <strong>de</strong>rivados da língua, e foram<br />

simplesmente adorados nos nomes dos <strong>estabelecimentos</strong>,<br />

e não criados especificamente para este fim. Os afixos mais<br />

recorrentes foram os aumentativos e diminutivos (23 e 20<br />

ocorrências respectivamente), além <strong>de</strong> plurais, gran<strong>de</strong> parte<br />

<strong>de</strong>les <strong>de</strong>rivando antropônimos, configurando-se <strong>em</strong> um pro-<br />

cesso não muito criativo.<br />

Ex<strong>em</strong>plos:<br />

– Aumentativos:<br />

Auto Mecânica Carlão<br />

Oficina Domingão<br />

Oficina do Pezão<br />

3 FIORIN. Introdução à Lingüística II: princípios <strong>de</strong> análise, p. 70.<br />

56 57


– Diminutivos:<br />

Auto Mecânica Chiquinho<br />

Auto Mecânica Jezinho<br />

Centro Automotivo Coroinha<br />

– Plurais:<br />

Auto Mecânica Irmãos Siqueira<br />

Mecânica Duas Rodas<br />

Oficina Unidos<br />

Os nomes que consi<strong>de</strong>ramos mais criativos foram:<br />

Martelinho <strong>de</strong> Ouro Vip Car<br />

Oficina Jaguarão<br />

Tira Arranhões<br />

Obs.: Só houve um registro <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivação por prefixação:<br />

“Repintar Oficina–Pinturas Automotiva”.<br />

Essa pouca produtivida<strong>de</strong> dos processos <strong>de</strong>rivacionais<br />

po<strong>de</strong> ser explicada pelo fato <strong>de</strong> os afixos ser<strong>em</strong> el<strong>em</strong>entos<br />

presos às suas posições (o afixo -ão, por ex<strong>em</strong>plo, só po<strong>de</strong><br />

aparecer no fim no vocábulo), o que impe<strong>de</strong> a sua mobilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ntro da construção, reduzindo o número <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

formação com estes morf<strong>em</strong>as.<br />

O fato dos afixos ser<strong>em</strong> irredutíveis, também reduz suas<br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> variação: enquanto usando-se a base auto<br />

é possível criar os neologismos autotec e autec, usando-se o<br />

sufixo -ão só se po<strong>de</strong> gerar rodão (s<strong>em</strong> acréscimo <strong>de</strong> novos<br />

el<strong>em</strong>entos). Além disso, os afixos atuam dando novo significado<br />

a um vocábulo, mas não possu<strong>em</strong> caráter tão ambíguo<br />

quanto as bases po<strong>de</strong>m assumir (a base auto, como logo será<br />

mostrado aqui, po<strong>de</strong> significar “<strong>de</strong> si mesmo”, “por si mesmo”<br />

ou po<strong>de</strong> ser uma redução do vocábulo automóvel, <strong>de</strong>notando<br />

qualquer tipo <strong>de</strong> veículo. Já o afixo -inho só po<strong>de</strong> assumir o<br />

sentido <strong>de</strong> diminutivo). Esse caráter preso do sufixo, dificulta a<br />

sua utilização na criação <strong>de</strong> neologismos <strong>comerciais</strong>, explicando<br />

a sua pouca ocorrência nos nomes estudados neste trabalho.<br />

As composições, por outro lado, configuram-se como<br />

um processo b<strong>em</strong> mais criativo na formação dos nomes das<br />

oficinas. O fato <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> formadas por combinação <strong>de</strong> bases,<br />

permite uma liberda<strong>de</strong> criativa muito maior, uma vez que as<br />

bases plenas ou reduzidas, po<strong>de</strong>m assumir diversas posições no<br />

vocábulo, permitindo uma gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> novos termos,<br />

como se po<strong>de</strong> notar abaixo:<br />

Solutec Centro <strong>de</strong> Soluções <strong>em</strong> Direção Hidráulica<br />

Tecnicar<br />

RCM Cartech<br />

Auto Mecânica Tec Car Vantecar<br />

Verificamos nos ex<strong>em</strong>plos dados acima que a redução da<br />

lexia técnica e a lexia estrangeira, ou redução da lexia carro<br />

(car), aparec<strong>em</strong> no princípio ou no fim do vocábulo e ainda<br />

in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes ou aglutinados. Essa possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> redução e<br />

<strong>de</strong>slocamento das bases permite, ao combiná-las, modificá-las<br />

e alterná-las, produzindo uma enorme gama <strong>de</strong> vocábulos<br />

inéditos, o que explica a maior produtivida<strong>de</strong> léxica <strong>de</strong>sse tipo<br />

<strong>de</strong> construção.<br />

Um dos fatores que também colabora com a produtivida<strong>de</strong><br />

das composições é o fato <strong>de</strong> nomes <strong>comerciais</strong> não ter<strong>em</strong><br />

um compromisso com a transparência <strong>de</strong> seus significados.<br />

Isso permite, com a combinação <strong>de</strong> diversas bases, a criação<br />

<strong>de</strong> neologismos <strong>de</strong> sentido obscuro à primeira vista, mas, ainda<br />

assim, criativos. Ex<strong>em</strong>plos:<br />

Autocaixa Eliop<br />

Auto Mecânica Jomec Ltda<br />

Auto Mecânica Pulicar Ltda<br />

Brasmarvi<br />

Carburama Ltda<br />

Fuskateck Ltda<br />

Por fim, apesar da gran<strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong> criadora que<br />

esses dois tipos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> palavras oferec<strong>em</strong>, é importante<br />

l<strong>em</strong>brar que eles não são os únicos e n<strong>em</strong> os mais<br />

presentes nos dados colhidos para este trabalho, no qual, <strong>em</strong><br />

786 oficinas, esse tipo <strong>de</strong> formação ocorreu apenas <strong>em</strong> 263<br />

<strong>de</strong>las (34%). O restante das oficinas apresenta outros tipos<br />

<strong>de</strong> formação como <strong>em</strong>préstimos, estrangeirismos, toponímia,<br />

58 59


antroponímia, siglação e etc. Alguns <strong>de</strong>sses processos serão<br />

ainda analisados neste trabalho.<br />

A base auto<br />

Segundo o Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, o<br />

el<strong>em</strong>ento auto apresenta dois sentidos:<br />

paut(o)-. [Do gr. autós, é, ó. gen. autoû. ês, oû.]<br />

El. comp. = “por si próprio”, “<strong>de</strong> si mesmo”: autismo, autocrítica,<br />

auto-estrada.<br />

pauto-. [De automóvel] El. comp. = automóvel: autódromo,<br />

auto-estrada. 4<br />

Diacronicamente, a segunda <strong>de</strong>finição do termo também<br />

significaria “por si mesmo”, uma vez que <strong>de</strong>ntro do vocábulo<br />

automóvel, é a realização do morf<strong>em</strong>a aut(o)- na formação<br />

daquela palavra.<br />

Automóvel. [De aut(o)- + móvel] Adj. 1. Que se locomove<br />

por seus próprios meios. 2. Diz-se <strong>de</strong> veículo que se move<br />

mecanicamente, especialmente a motor <strong>de</strong> explosão [q. v.]<br />

● S.m. 3. Veículo automóvel <strong>de</strong>stinado ao transporte <strong>de</strong> passageiros<br />

ou carga. [Sin.: carro e (bras., inf.) bibi. F. red.: auto.] 5<br />

Mas, <strong>em</strong> termos <strong>de</strong> análise sincrônica, que é a pertinente<br />

para o escopo <strong>de</strong>ste trabalho, como mesmo consta na<br />

<strong>de</strong>finição <strong>de</strong> automóvel do dicionário, o el<strong>em</strong>ento auto atua<br />

como abreviação <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> meio <strong>de</strong> transporte, tornando-se<br />

muito produtivo na formação <strong>de</strong> nomes próprios <strong>de</strong> oficinas<br />

mecânicas, pois, como constatou Norma Lúcia Horta Neves <strong>em</strong><br />

sua tese <strong>de</strong> doutoramento, “(...) o nome comercial com AUTO<br />

liga-se pela forma a automóvel e s<strong>em</strong>anticamente a qualquer<br />

veículo, inclusive automóveis, caminhões, lambretas etc.” 6<br />

Essa generalida<strong>de</strong> tornou propícia e, por que não, apropriado<br />

o uso do termo nos nomes das oficinas <strong>de</strong> toda a Gran<strong>de</strong><br />

BH, não só como indicador do tipo <strong>de</strong> <strong>em</strong>presa ou <strong>de</strong> serviço<br />

prestado por ela, mas também como parte do nome próprio do<br />

4 FERREIRA. Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, p. 176.<br />

5 FERREIRA. Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, p. 163.<br />

6 NEVES. <strong>Nomes</strong> próprios <strong>comerciais</strong> e industriais no português: um aspecto da nomenclatura do comércio<br />

e da indústria <strong>em</strong> <strong>Belo</strong> Horizonte, p. 130.<br />

estabelecimento, da parte que o individualiza, aparecendo <strong>em</strong><br />

aproximadamente 46% das oficinas analisadas.<br />

Apesar da <strong>de</strong>finição do dicionário constar auto como<br />

redução <strong>de</strong> automóvel com a função <strong>de</strong> “termo antece<strong>de</strong>nte<br />

<strong>de</strong> composição”, 7 na prática não é somente isto que ocorre.<br />

O vocábulo auto, por ser uma base com gran<strong>de</strong> autonomia,<br />

possui bastante mobilida<strong>de</strong>, aparecendo nos dados como forma<br />

plena inicial e final, forma plena in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte (não justaposta<br />

à outra base), ou mesmo como forma abreviada inicial aut-,<br />

como po<strong>de</strong> ser observado no organograma.<br />

7 Definição do símbolo (p): Sinal convencional usado no Dicionário Aurélio.<br />

60 61


A base -auto- por sua<br />

posição nos nomes <strong>de</strong> oficinas da Gran<strong>de</strong> BH<br />

Número <strong>de</strong> ocorrências do termo: 370<br />

Pela análise, observa-se facilmente a gran<strong>de</strong> predomi-<br />

nância das ocorrências do el<strong>em</strong>ento auto como forma inicial e<br />

isolada. Essa discrepância <strong>em</strong> relação às outras formas <strong>de</strong>ve-se<br />

principalmente pelo seu <strong>em</strong>prego nos termos caracterizadores<br />

do tipo <strong>de</strong> <strong>em</strong>presa “centro automotivo” e “auto mecânica” que,<br />

por ser<strong>em</strong> muito frequentes, causam esta visível diferença.<br />

Forma plena isolada<br />

Auto Giro Centro Automotivo<br />

• Formação: composição sintagmática [abreviação <strong>de</strong><br />

automóvel + <strong>de</strong>rivação regressiva <strong>de</strong> girar.] + composição<br />

sintagmática cristalizada centro automotivo.<br />

• Hipótese <strong>de</strong> significado/motivação: 1) Inspiração vin-<br />

da do vocábulo autogiro, que é um tipo <strong>de</strong> avião;<br />

2) auto como adjetivo, no sentido <strong>de</strong> autônomo e giro<br />

como substantivo, resultado <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivação regressiva<br />

<strong>de</strong> girar.<br />

• Significado/motivação real: segundo o proprietário, o<br />

termo giro é sinônimo <strong>de</strong> potência, velocida<strong>de</strong>. Auto<br />

giro, então, representaria um carro veloz, potente.<br />

Ainda segundo ele, o composto sintagmático centro<br />

automotivo significaria que o carro sai <strong>de</strong> sua oficina<br />

b<strong>em</strong> equipado. Relação com autogiro não confirmada.<br />

Auto Nasa<br />

• Formação: abreviação <strong>de</strong> automóvel + antropônimo.<br />

• Hipótese <strong>de</strong> significado/motivação: relação com<br />

a agência espacial Nasa, uma vez que esta é uma<br />

famosa agência que produz e faz reparos <strong>em</strong> naves<br />

espaciais, entre outras ativida<strong>de</strong>s, o que também<br />

é um trabalho mecânico. Nesse sentido, Auto Nasa<br />

seria uma “Nasa dos automóveis”, dando maior status<br />

para a oficina.<br />

Significado/motivação real: segundo um funcionário da<br />

oficina, o termo Nasa foi escolhido por ser a forma como o seu<br />

proprietário, chamado Nazareno, é popularmente conhecido.<br />

O fato do el<strong>em</strong>ento ser grafado com s, ao invés <strong>de</strong> z, não foi<br />

explicado.<br />

Auto Cenil<br />

Formação: abreviação <strong>de</strong> automóvel + redução sintagmática<br />

[antropônimo abreviado + antropônimo (apelido)].<br />

Hipótese <strong>de</strong> significado/motivação: Abreviação obscura à<br />

primeira vista.<br />

Significado/motivação real: Segundo uma funcionária,<br />

Cenil é formado pelo nome dos sócios do estabelecimento.<br />

Ce- = Celso; -nil = Nil (apelido do segundo sócio, que se chama<br />

Irineu).<br />

Auto Mecânica Sumpani<br />

Formação: composição sintagmática cristalizada auto<br />

mecânica + antropônimo.<br />

Hipótese <strong>de</strong> significado/motivação: redução sintagmática<br />

obscura à primeira vista.<br />

Significado/motivação real: O proprietário explicou que<br />

Sumpani é o sobrenome <strong>de</strong> sua família, <strong>de</strong> orig<strong>em</strong> italiana.<br />

É uma questão <strong>de</strong> tradição.<br />

Forma plena inicial<br />

Autolima Manutenção Automotiva<br />

Formação: composição por justaposição [abreviação <strong>de</strong><br />

automóvel + antropônimo Lima] + composição sintagmática<br />

[substantivo + adjetivo].<br />

Hipótese <strong>de</strong> significado/motivação: Abreviação <strong>de</strong> automóvel<br />

+ Sobrenome do proprietário.<br />

Significado/motivação real: o proprietário revelou que,<br />

na verda<strong>de</strong>, o nome da oficina é Amil Manutenção Automotiva,<br />

on<strong>de</strong> Amil po<strong>de</strong> ter dois sentidos: 1) Lima – sobrenome da<br />

família – ao contrário; ou 2) Sigla <strong>de</strong> Auto Mecânica Irmãos<br />

Lima, que era o nome do estabelecimento na década <strong>de</strong> 80.<br />

62 63


Autologia<br />

Formação: Composição por aglutinação [abreviação <strong>de</strong><br />

automóvel + morf<strong>em</strong>a que <strong>de</strong>nota ciência, estudo (-logia)].<br />

Hipótese <strong>de</strong> significado/motivação: neologismo que significaria<br />

“ciência dos automóveis”, o que <strong>de</strong>notaria uma oficina<br />

on<strong>de</strong> os funcionários teriam gran<strong>de</strong> conhecimento do seu<br />

instrumento <strong>de</strong> trabalho.<br />

Significado/motivação real: para o dono, autologia significa<br />

“ensino dos carros”. Ele diz: “para se manter atualizado, t<strong>em</strong><br />

que estudar. Nessa oficina não existe probl<strong>em</strong>a s<strong>em</strong> solução.<br />

Às vezes, carros vêm pra cá com probl<strong>em</strong>as que nenhuma<br />

oficina resolveu e a gente resolveu. Aqui é assim: ou o probl<strong>em</strong>a<br />

é resolvido ou o cliente não paga”.<br />

Forma plena final<br />

Koreauto LTDA<br />

Formação: Composição por justaposição [estrangeirismo<br />

do ingl. korea + abreviação <strong>de</strong> automóvel] + Redução sintagmática<br />

<strong>de</strong> limitada (siglação).<br />

Hipótese <strong>de</strong> significado/motivação: Composição com o<br />

termo korea, <strong>em</strong> inglês, s<strong>em</strong> motivo aparente. Talvez pelo fato<br />

<strong>de</strong> termos estrangeiros chamar<strong>em</strong> mais atenção do que termos<br />

<strong>em</strong> português.<br />

Significado/motivação real: o proprietário disse que no<br />

início eles só trabalhavam com vans coreanas, então o nome<br />

ficou assim. Não foi explicado o porquê do uso do termo <strong>em</strong><br />

inglês e não <strong>em</strong> português.<br />

Mundial Mundiauto Auto Mecânica<br />

Formação: substantivo + composição por aglutinação<br />

[substantivo + abreviação <strong>de</strong> automóvel] + composto sintagmático<br />

cristalizado.<br />

Hipótese <strong>de</strong> significado/motivação: o proprietário po<strong>de</strong> ter<br />

pensado <strong>em</strong> “Mundial Auto Mecânica”, mas por algum motivo,<br />

resolveu aglutinar os dois primeiros termos e criar um novo<br />

vocábulo para ficar entre eles.<br />

Significado/motivação real: o genro do proprietário<br />

informou que o sogro <strong>de</strong>le é conhecido como “Mundinho”.<br />

Então, há 30 anos, quando foram registrar a oficina, eles pen-<br />

saram <strong>em</strong> vários nomes e optaram por mundial por começar<br />

com as mesmas letras <strong>de</strong> Mundinho. O neologismo Mundiauto,<br />

apesar <strong>de</strong> sugerir ter sido formado por aglutinação <strong>de</strong> mundial<br />

e auto, foi, na realida<strong>de</strong>, resultado da aglutinação <strong>de</strong> Mundinho<br />

com auto.<br />

Forma abreviada aut inicial<br />

Autec:<br />

Formação: composição por aglutinação [redução da base -auto-<br />

+ abreviação do vocábulo técnico(a)].<br />

Autforte:<br />

Formação: composição por aglutinação [redução da base -auto-<br />

+ adjetivo forte].<br />

Ambiguida<strong>de</strong>s com a base auto<br />

Como já foi dito no início <strong>de</strong>sta análise, o termo auto aparece<br />

nos nomes <strong>de</strong> oficinas mecânicas como abreviação <strong>de</strong><br />

automóvel, mas ele também po<strong>de</strong> significar “por si mesmo”,<br />

“<strong>de</strong> si mesmo”. A existência <strong>de</strong>stes dois sentidos para o termo<br />

permitiu a ocorrência <strong>de</strong> dois trocadilhos com o seu uso, nos<br />

dados colhidos.<br />

Auto-análise, segundo o Dicionário Aurélio da Língua<br />

Portuguesa (2004), é uma “investigação sist<strong>em</strong>ática <strong>de</strong> si<br />

mesmo, mediante certos processos do método psicanalístico”. 8<br />

Devido à ambiguida<strong>de</strong> do el<strong>em</strong>ento -auto-, um composto sintagmático<br />

formado pelos mesmos el<strong>em</strong>entos daquele vocábulo foi<br />

usado para dar nome à oficina mecânica Auto Análise LTDA, no<br />

sentido <strong>de</strong> “análise <strong>de</strong> veículos”.<br />

8 FERREIRA. Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, p. 162<br />

*Não foi possível entrar <strong>em</strong> contato com as oficinas da categoria “Forma abreviada aut inicial”. Seus<br />

nomes foram acrescentados aqui apenas com a <strong>de</strong>scrição <strong>de</strong> sua formação como ex<strong>em</strong>plos <strong>de</strong>ssa categoria.<br />

**Não conseguimos entrar <strong>em</strong> contato com os proprietários das oficinas Auto Análise Ltda e Auto Confiança<br />

Centro Automotivo para perguntar se os trocadilhos foram propositais, ou mesmo para saber sua<br />

motivação.<br />

64 65


A mesma ambiguida<strong>de</strong> foi usada na oficina Auto Confiança<br />

Centro Automotivo, on<strong>de</strong> o composto sintagmático que significa<br />

“confiança <strong>em</strong> si mesmo”, per<strong>de</strong> o caráter <strong>de</strong> composição e se<br />

apresenta como dois vocábulos in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes: auto significando<br />

automóvel, veículo; e confiança, como substantivo que<br />

po<strong>de</strong> estar <strong>de</strong>notando várias coisas como, por ex<strong>em</strong>plo, que a<br />

oficina é confiável. Ou ainda mantendo-se a composição, mas<br />

<strong>de</strong>notando que os veículos sa<strong>em</strong> <strong>de</strong> lá confiáveis.<br />

Apesar da pequena ocorrência, esse tipo <strong>de</strong> formação,<br />

explorando a ambiguida<strong>de</strong> da base auto, é um método criativo<br />

<strong>de</strong> criação <strong>de</strong> neologismos para dar nome às oficinas, e po<strong>de</strong><br />

ser ainda bastante explorado. Essa base, <strong>em</strong> seu sentido usual<br />

<strong>em</strong> nomes <strong>de</strong> oficinas, permite a formação <strong>de</strong> uma vasta série<br />

<strong>de</strong> neologismos interessantes por sua fácil a<strong>de</strong>são a outras<br />

bases e afixos. Por isso houve a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se analisar<br />

separadamente esse el<strong>em</strong>ento tão produtivo <strong>de</strong> composição.<br />

<strong>Nomes</strong> próprios<br />

Verificamos que a escolha <strong>de</strong> nomes próprios dos proprietários<br />

é muito produtiva para a escolha do nome do estabelecimento.<br />

Acreditamos que este recurso seja tão frequente no ramo <strong>de</strong><br />

oficinas mecânicas <strong>de</strong>vido ao grau <strong>de</strong> familiarização do cliente<br />

com o estabelecimento comercial. Uma vez que no ramo <strong>de</strong><br />

oficina mecânica é importante para o proprietário que o cliente<br />

crie um certo vínculo <strong>de</strong> confiança com o local. Outro ponto<br />

motivador para a escolha <strong>de</strong> nomes próprios para o estabelecimento<br />

é quando o proprietário já é uma pessoa b<strong>em</strong> conhecida<br />

no local on<strong>de</strong> montou seu estabelecimento, <strong>de</strong>sta forma ele<br />

usa seu nome como uma espécie <strong>de</strong> marca a fim <strong>de</strong> transmitir<br />

credibilida<strong>de</strong> e confiabilida<strong>de</strong>.<br />

A transferência do nome próprio do proprietário para<br />

o nome do estabelecimento, entretanto, só é produtiva para<br />

oficinas que estão longe do gran<strong>de</strong> centro da capital, <strong>em</strong><br />

regiões resi<strong>de</strong>nciais afastadas dos gran<strong>de</strong>s centros urbanos.<br />

Em todas as 227 ocorrências <strong>de</strong> nomes próprios <strong>de</strong> proprietário<br />

verificadas no corpus essas lojas estão <strong>em</strong> bairros residências,<br />

ou seja, não houve nenhum caso encontrado no centro da<br />

capital. Possivelmente isto se <strong>de</strong>ve ao fato <strong>de</strong> que a clientela<br />

das oficinas do centro <strong>de</strong> <strong>Belo</strong> Horizonte ser mais variada, o<br />

que reforça nossa hipótese <strong>de</strong> que essa escolha esteja fort<strong>em</strong>ente<br />

ligada à familiarização do cliente com o comércio.<br />

Análise dos dados<br />

Apesar da alta produtivida<strong>de</strong> da transferência do nome do<br />

proprietário para o nome do estabelecimento, constatamos que<br />

o nome sozinho é pouco funcional para transparecer o ramo do<br />

comércio. Desta forma os proprietários geralmente <strong>em</strong>pregam<br />

também ao nome um substantivo que o especifique. A partir<br />

daí encontramos diferentes formas <strong>de</strong> uso do substantivo.<br />

Em 175 casos, ou seja, na gran<strong>de</strong> maioria, ele é anteposto<br />

ao substantivo que correspon<strong>de</strong> ao nome do proprietário.<br />

Ex.: Oficina do Chiquinho, Auto Mecânica Dílson, Centro<br />

Automotivo Gil.<br />

Na posição posposta registramos 34 ocorrências, nestes<br />

casos o nome do proprietário v<strong>em</strong> antes do substantivo que<br />

<strong>de</strong>nota a ativida<strong>de</strong> comercial exercida no local.<br />

Ex.: Léo Car, Marcelo Auto Mecânica, Netinho Centro<br />

Automotivo.<br />

Em 14 casos observamos a formação <strong>de</strong> uma nova<br />

palavra através do processo <strong>de</strong> redução, composição, <strong>de</strong>rivação<br />

ou, <strong>em</strong> alguns casos, dois processos ocorrendo juntos.<br />

Em ambos, o nome do proprietário sofre a redução, tornando<br />

se uma espécie <strong>de</strong> base, e recebe algum afixo ou liga-se a<br />

outra base, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que esses <strong>de</strong>not<strong>em</strong> o ramo da ativida<strong>de</strong><br />

comercial.<br />

Ex.: Mecânica Vinicar (substantivo + redução + composição).<br />

Oficina Marcocar (substantivo + redução + composição);<br />

Ex.: Cleocar (redução + composição).<br />

Segundo o proprietário, a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>sse nome surgiu da<br />

tentativa <strong>de</strong> <strong>em</strong>pregar seu nome mais uma palavra que contivesse<br />

o sentido <strong>de</strong> carro e formar “uma coisa só”. Então ele,<br />

que se chama Cleandro, achou que ficaria melhor se usasse seu<br />

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apelido, Cleo, que é uma redução <strong>de</strong> seu nome. Dessa forma<br />

ele juntou Cleo à palavra car, carro <strong>em</strong> inglês, formando uma<br />

só palavra que contivesse os dois sentidos por ele <strong>de</strong>sejado.<br />

Ainda segundo ele esse nome além <strong>de</strong> ter uma boa sonorida<strong>de</strong><br />

ainda marca seu nome, uma vez que é b<strong>em</strong> conhecido no<br />

bairro.<br />

A utilização do nome do proprietário sozinho, s<strong>em</strong> estar<br />

acompanhado <strong>de</strong> um substantivo que transpareça o ramo da<br />

ativida<strong>de</strong> comercial ou sofrer nenhum tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>rivação ou<br />

composição, foi encontrada <strong>em</strong> apenas 4 casos. Acreditamos<br />

que a pouca utilização <strong>de</strong>sta opção se <strong>de</strong>ve a sua baixa<br />

transparência.<br />

Ex.: Ferreira & Ferreira, Pedro e Filhos, Lécio <strong>de</strong> Sena<br />

Gonçalves.<br />

Recursos s<strong>em</strong>ânticos<br />

Os recursos s<strong>em</strong>ânticos, apesar <strong>de</strong> ser<strong>em</strong> comumente encontrados<br />

na língua, são pouco produtivos para a criação <strong>de</strong> nomes<br />

<strong>de</strong> oficinas mecânicas, do corpus <strong>de</strong> 886 oficinas encontramos<br />

apenas 25 registros, que ocorr<strong>em</strong> mais no processo metonímico<br />

do que metafórico.<br />

Análise <strong>de</strong> dados<br />

No processo metonímico, também conhecido como <strong>de</strong>rivação<br />

imprópria, encontramos 19 casos. Na maioria das vezes, o<br />

<strong>em</strong>prego do nome <strong>de</strong> algum mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> automóvel ou marca<br />

do fabricante migra <strong>de</strong> sua posição <strong>de</strong> substantivo próprio<br />

para substantivo comum, encapsulando o significado do ramo<br />

comercial <strong>em</strong> si. Com os substantivos comuns, por sua vez,<br />

eles abrang<strong>em</strong> seu significado, <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> significar um objeto<br />

para <strong>de</strong>notar um conjunto <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s.<br />

Ex.: Auto Mecânica Lamborghini, Auto Mecânica Lamborghine,<br />

Auto Mecânica Lamborghinni, Centro Automotivo Rodão,<br />

Mecânica Parafuso.<br />

O processo metonímico também po<strong>de</strong> aparecer como<br />

um fator motivador para a criação <strong>de</strong> um neologismo através<br />

do processo <strong>de</strong> composição ou <strong>de</strong>rivação. Geralmente nesses<br />

casos o nome do mo<strong>de</strong>lo ou marca receb<strong>em</strong> um afixo ou uma<br />

outra base que aju<strong>de</strong> a transparecer a ativida<strong>de</strong> exercida pelo<br />

comércio.<br />

Ex.: Fuskatec (base + redução + composição), Mecânica<br />

AlFiat (substantivo + <strong>de</strong>rivação por prefixação).<br />

Para o processo metafórico foram encontradas apenas<br />

quatro ocorrências. Acreditamos que tal constatação se <strong>de</strong>ve<br />

ao fato <strong>de</strong> haver na língua poucas expressões que possam ser<br />

produtivas para o tipo <strong>de</strong> comércio pesquisado.<br />

Ex.: Mão Dupla Peças & Serviços, Mão na Roda.<br />

Estrangeirismos<br />

O <strong>em</strong>préstimo <strong>de</strong> termos e/ou expressões <strong>de</strong> línguas estrangeiras,<br />

estrangeirismos, t<strong>em</strong> uma frequência regular na<br />

produção <strong>de</strong> nomes <strong>de</strong> oficinas mecânicas. Ressalto que não<br />

consi<strong>de</strong>ramos, aqui, nomes <strong>de</strong> marcas e mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> veículos<br />

importados como termos provenientes <strong>de</strong> estrangeirismo.<br />

O <strong>em</strong>préstimo <strong>de</strong> termos relacionados a esportes automobilísticos<br />

também não estão incluídos nesta análise por<br />

apresentarmos adiante uma parte <strong>de</strong>dicada a este tipo <strong>de</strong><br />

<strong>em</strong>préstimo específico. Consi<strong>de</strong>ramos apenas o uso <strong>de</strong> palavras<br />

ou expressões estrangeiras que foram usadas pelo proprietário<br />

na tentativa <strong>de</strong> transparecer <strong>de</strong> alguma forma o ramo<br />

comercial analisado.<br />

A partícula car foi <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rada como resultado <strong>de</strong><br />

estrangeirismo nesta análise, uma vez que consi<strong>de</strong>ramos a<br />

mesma como parte integrante do processo <strong>de</strong> redução.<br />

Observamos no corpus pesquisado que o uso <strong>de</strong> estrangeirismos<br />

está diretamente ligado à classe social atendida pela<br />

oficina, e que sua produtivida<strong>de</strong> varia <strong>de</strong> acordo com ela. É fato<br />

que está implícito <strong>em</strong> nossa cultura acrescentarmos a palavras<br />

estrangeiras uma valorização. Desta forma o proprietário que<br />

se utiliza <strong>de</strong>ste recurso, muito provavelmente, acredita que o<br />

mesmo irá conferir um maior status a seu estabelecimento.<br />

Segundo o proprietário da Avantgar<strong>de</strong> Motors, ele escolheu<br />

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este nome porque ele significa a expressão “à frente <strong>de</strong> todos”<br />

<strong>em</strong> inglês. Quando o questionei do motivo <strong>de</strong> ele ter optado<br />

por um nome <strong>em</strong> inglês, já que esta expressão existe <strong>em</strong> sua<br />

língua materna, ele me respon<strong>de</strong>u que o motivo da escolha<br />

“foi o fato <strong>de</strong> um nome <strong>em</strong> inglês t<strong>em</strong> um valor estilístico maior,<br />

o que agregaria mais requinte a sua loja”.<br />

Apesar da gran<strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> termos e expressões<br />

estrangeiras nos bairros economicamente mais favorecidos,<br />

os proprietários parec<strong>em</strong> não estar seguros da transparência<br />

<strong>de</strong> tais termos para seus clientes. Eles raramente aparec<strong>em</strong><br />

isolados, na gran<strong>de</strong> maioria das ocorrências estão s<strong>em</strong>pre<br />

acompanhados <strong>de</strong> um substantivo que <strong>de</strong>note o ramo da<br />

ativida<strong>de</strong> exercida pelo estabelecimento.<br />

Análise dos dados<br />

Dos 58 registros <strong>de</strong> estrangeirismos encontrados, apenas dois<br />

encontram-se <strong>em</strong> bairros economicamente classificados como<br />

D ou E. Nesses dois casos foram utilizados termos pequenos<br />

e já cristalizados na língua portuguesa, como no caso <strong>de</strong> Stop<br />

Car. Nos bairros economicamente classificados como A, B e C<br />

a produtivida<strong>de</strong> foi muito maior, os proprietários utilizam-se <strong>de</strong><br />

expressões longas ou criam neologismos transformando palavras<br />

estrangeiras <strong>em</strong> bases. Acreditamos que essa flexibilida<strong>de</strong> dos<br />

termos estrangeiros se <strong>de</strong>ve ao fato <strong>de</strong> as palavras e expressões<br />

estrangeiras ser<strong>em</strong> mais transparentes para esse público.<br />

Analisando as ocorrências pela produtivida<strong>de</strong> da língua<br />

escolhida verificamos que o inglês é <strong>de</strong> longe o preferido dos<br />

proprietários. Ele aparece <strong>em</strong> 47 dos 58 registros, sendo que<br />

<strong>em</strong> quatro <strong>de</strong>stes ele está integrado no processo <strong>de</strong> criação<br />

<strong>de</strong> neologismos. Deixando os outros 11 casos divididos entre<br />

o francês, latim, italiano e grego. Para este ultimo vale a pena<br />

ressaltar que os encontramos o uso dos termos alfa e ômega,<br />

que sobre uma outra perspectiva po<strong>de</strong>m ser consi<strong>de</strong>rados como<br />

<strong>de</strong>rivação imprópria, pois esses termos também são nomes<br />

próprios <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> automóveis.<br />

Ex.: Centro Automotivo Le Mans (francês), Alfa Car<br />

Regulagens (grego), Campione Automotivi (italiano), Pr<strong>em</strong>ium<br />

Imports (latim + inglês), Avantgar<strong>de</strong> Motors Comercial<br />

(inglês), Centro Automotivo Mad (inglês), Easy Parking Centro<br />

Automotivo (inglês), Oficina Sofisty Car Comércio (inglês),<br />

Touring Club do Brasil (inglês).<br />

Neologismos<br />

Ex.: Autoway Centro Automotivo: [base auto (português) +<br />

base way (inglês) = composição];<br />

Masterauto: [base master (inglês) + base auto (português)<br />

= composição].<br />

Empréstimos linguísticos<br />

É comum encontrarmos expressões ou palavras provenientes<br />

<strong>de</strong> esportes automobilísticos <strong>em</strong>pregados aos nomes próprios<br />

<strong>de</strong> oficinas mecânicas. Acreditamos que o que causa essa<br />

motivação é a admiração <strong>de</strong>sses esportes entre os clientes<br />

e proprietários <strong>de</strong> oficinas, uma vez que tratam do mesmo<br />

produto: carros. Outra hipótese para o uso <strong>de</strong> tais termos é o<br />

fato <strong>de</strong> que são <strong>de</strong> domínio geral da população, mesmo entre<br />

aqueles que não apreciam tais esportes, uma vez que eles<br />

estão difusos na mídia. Esses vocábulos, porém, raramente<br />

aparec<strong>em</strong> sozinhos nos casos registrados; eles estão s<strong>em</strong>pre<br />

acompanhados dos substantivos <strong>de</strong>notativos e aparec<strong>em</strong> tanto<br />

<strong>em</strong> língua estrangeira, inglês, quanto na língua portuguesa.<br />

Constatamos ainda que este recurso também é utilizado na<br />

formação <strong>de</strong> neologismos.<br />

Ex.: Grand Prix: (<strong>em</strong>préstimo linguístico);<br />

Fórmula Fiat: (<strong>em</strong>préstimo linguístico + <strong>de</strong>rivação imprópria);<br />

Auto Mecânica Cockpit Mec: (substantivo <strong>de</strong>notativo +<br />

<strong>em</strong>préstimo linguístico + redução);<br />

Fórmula 1 Car: (<strong>em</strong>préstimo linguístico + redução);<br />

Indycar Oficina Multimarcas: (composição: base <strong>de</strong><br />

<strong>em</strong>préstimo linguístico + base).<br />

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<strong>Nomes</strong> <strong>de</strong> lugar<br />

A escolha <strong>de</strong> nomes próprios <strong>de</strong> lugares: cida<strong>de</strong>s, ruas ou<br />

estados, para compor nomes próprios <strong>de</strong> <strong>estabelecimentos</strong><br />

<strong>comerciais</strong>, no caso <strong>de</strong> nossa pesquisa oficinas mecânicas, é<br />

muito comum. Acreditamos que o <strong>em</strong>prego <strong>de</strong>sse recurso, assim<br />

como o do nome próprio do proprietário, t<strong>em</strong> como finalida<strong>de</strong><br />

familiarizar o cliente com a loja na tentativa <strong>de</strong> torná-lo fiel<br />

àquele estabelecimento.<br />

Análise <strong>de</strong> dados<br />

Separamos os casos <strong>em</strong> que as ocorrências <strong>de</strong> nomes próprios<br />

<strong>de</strong> lugar são motivadores para nomes próprios <strong>de</strong> oficinas<br />

mecânicas por grupos.<br />

No primeiro grupo separamos os nomes que funcionam<br />

como referência local do estabelecimento, fazendo uma ligação<br />

entre a loja e o local on<strong>de</strong> ela está situada. Dentre os 32 casos<br />

encontrados <strong>de</strong>stacamos uma ocorrência do processo <strong>de</strong><br />

neologismo.<br />

Ex.: Auto Mecânica Caiçara, Oficina Praça 7, Planalcar<br />

[composição: base planalt (nome do bairro) + base car].<br />

No segundo grupo <strong>em</strong> que se encontram os nomes<br />

próprios que levam o termo Brasil encontramos apenas dois<br />

casos.<br />

Ex.: Mecânica Brasil, Auto Brasil Centro Automotivo Oficina.<br />

Neste último ex<strong>em</strong>plo, po<strong>de</strong>mos observar que o termo<br />

Brasil aparece posposto à base auto, formando uma espécie <strong>de</strong><br />

neologismo por composição.<br />

No terceiro grupo separamos os <strong>em</strong>pregos do nome do<br />

estado <strong>de</strong> Minas Gerais, que ocorre mais frequent<strong>em</strong>ente na<br />

forma reduzida Minas.<br />

Ex.: Auto Mecânica Minas Gerais: (substantivo <strong>de</strong>notativo<br />

+ forma plena);<br />

Minas Auto Motors: (redução +base + estrangeirismo);<br />

Minas Mecânica: (redução + substantivo <strong>de</strong>notativo);<br />

Karminas: (composição: base car + redução).<br />

O grupo <strong>de</strong> utilização do nome da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>Belo</strong> Horizonte,<br />

por sua vez é o que apresenta uma maior variação <strong>em</strong> seu<br />

<strong>em</strong>prego. O nome <strong>Belo</strong> Horizonte <strong>em</strong> sua forma plena não foi<br />

encontrado no corpus pesquisado, contudo, sua forma abreviada<br />

BH é o mais utilizado pelos proprietários que <strong>de</strong>sejam marcar<br />

o nome da cida<strong>de</strong> <strong>em</strong> seu estabelecimento. Foram encontradas<br />

também as formas reduzidas belo, bel- e horizont-, essas<br />

últimas <strong>de</strong>correntes da formação <strong>de</strong> neologismos.<br />

Ex.: BH Escape: (abreviação);<br />

<strong>Belo</strong> Oriente Auto Mecânica: (redução);<br />

Horizontec: (composição: base horizont- + redução tec).<br />

O último grupo é também aquele que apresenta maior<br />

número <strong>de</strong> ocorrências. Nele estão os nomes <strong>de</strong> <strong>estabelecimentos</strong><br />

<strong>em</strong> que os proprietários se utilizaram <strong>de</strong> nomes <strong>de</strong><br />

outras cida<strong>de</strong>s, estados ou paises <strong>em</strong> seu comércio. Eles ainda<br />

se divi<strong>de</strong>m <strong>em</strong> dois subgrupos. O grupo dos proprietários que<br />

utilizaram nomes próprios <strong>de</strong> cida<strong>de</strong>s e estados brasileiros. Para<br />

estes encontramos como explicação mais frequente o fato do<br />

proprietário ter uma ligação pessoal direta com o local escolhido<br />

para nomear seu estabelecimento. No outro grupo estão os<br />

<strong>estabelecimentos</strong> nomeados com o nome <strong>de</strong> locais famosos.<br />

Acreditamos que nestes casos os proprietários queiram estabelecer<br />

uma ligação, transportando a fama do local para sua loja.<br />

Po<strong>de</strong>mos inferir também que estes casos são motivados pela<br />

nossa cultura <strong>de</strong> valorização do que é estrangeiro.<br />

Ex.: Auto Mecânica Fortaleza, Centro Automotivo Ceará.<br />

Ex.: Aspen Regulagens, Auto Mecânica Verssalles, Detroit<br />

Motorsport.<br />

Conclusão<br />

Como afirmou Horta Neves (1978) <strong>em</strong> sua tese, “(...) é <strong>de</strong><br />

extr<strong>em</strong>a mobilida<strong>de</strong> o léxico da propaganda comercial, pois,<br />

além <strong>de</strong> refletir a agitada vida do comércio, ele <strong>de</strong>ve acompanhar<br />

o progresso da ciência e da técnica”. 9<br />

9 NEVES. <strong>Nomes</strong> próprios <strong>comerciais</strong> e industriais no português: um aspecto da nomenclatura do comércio<br />

e da indústria <strong>em</strong> <strong>Belo</strong> Horizonte, p. 135.<br />

72 73


Diferent<strong>em</strong>ente do que ocorre no vocábulo da língua, <strong>em</strong><br />

que um novo el<strong>em</strong>ento <strong>de</strong>ve ter significado inteligível para que<br />

possa ser utilizado, na formação <strong>de</strong> neologismos <strong>comerciais</strong>,<br />

não há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produzir um vocábulo que possua um<br />

sentido claro, o que permite maior produtivida<strong>de</strong> criativa neste<br />

campo da formação <strong>de</strong> palavras.<br />

Nos nomes das oficinas mecânicas analisadas aqui,<br />

o gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> nomes próprios <strong>de</strong> sentido “obscuro”<br />

<strong>de</strong>monstrou essa não-necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> relação com um significado<br />

automaticamente compreensível e acabou dificultando<br />

a seleção <strong>de</strong> compostos, uma vez que <strong>em</strong> alguns casos não foi<br />

possível i<strong>de</strong>ntificar quais eram as bases envolvidas no processo<br />

<strong>de</strong> criação dos neologismos. Por isso fiz<strong>em</strong>os uma análise mais<br />

geral e comparativa entre composição e <strong>de</strong>rivação, usando<br />

apenas os dados seguros, s<strong>em</strong> subdividir as composições <strong>em</strong><br />

classes menores.<br />

Nessa análise comparativa entre <strong>de</strong>rivação e composição,<br />

<strong>de</strong>scobrimos que a afirmação <strong>de</strong> Fiorin (1970) sobre<br />

a preferência pela <strong>de</strong>rivação nos processos <strong>de</strong> ampliação do<br />

léxico não proce<strong>de</strong> no caso das oficinas mecânicas, on<strong>de</strong> o<br />

número <strong>de</strong> composições foi visivelmente maior. Foi a partir<br />

<strong>de</strong>sta análise que constatamos que o que permite a gran<strong>de</strong><br />

ampliação do léxico comercial é esse não compromisso com a<br />

transparência <strong>de</strong> seus termos, além <strong>de</strong> ser facilitada pela maior<br />

mobilida<strong>de</strong> das bases <strong>de</strong>ntro dos processos <strong>de</strong> composição.<br />

O que não ocorre na <strong>de</strong>rivação com tanta frequência, uma<br />

vez que este tipo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> palavras <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do uso<br />

<strong>de</strong> afixos, que são formas presas e irredutíveis, o que reduz,<br />

e muito, a sua mobilida<strong>de</strong> e produtivida<strong>de</strong>. Também pu<strong>de</strong>mos<br />

observar nessa comparação que a multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sentidos<br />

das bases favorece novas composições, enquanto a fixi<strong>de</strong>z <strong>de</strong><br />

significado dos afixos dificulta sua utilização.<br />

Essa questão da ambiguida<strong>de</strong> das bases também ficou<br />

clara no estudo da base auto que, por possuir dois sentidos<br />

etimológicos, permitiu a ocorrência <strong>de</strong> trocadilhos. Essa base<br />

se mostrou muito importante na criação <strong>de</strong> nomes <strong>de</strong> oficinas,<br />

uma vez que <strong>de</strong>nota qualquer tipo <strong>de</strong> carro e po<strong>de</strong> aparecer<br />

ao longo <strong>de</strong> todo o nome, além <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r aparecer isolada ou<br />

abreviada.<br />

Os estrangeirismos e <strong>em</strong>préstimos também se mostraram<br />

b<strong>em</strong> recorrentes nos dados coletados e apresentam uma função<br />

muito gran<strong>de</strong> na relação entre oficina e cliente, uma vez que<br />

fornec<strong>em</strong> maior status para os <strong>estabelecimentos</strong>. Estes tipos<br />

<strong>de</strong> processos também foram responsáveis pela formação <strong>de</strong><br />

alguns dos nomes mais criativos.<br />

Os topônimos e antropônimos não permit<strong>em</strong> a produção<br />

<strong>de</strong> nomes tão criativos como os estrangeirismos, <strong>em</strong>préstimos<br />

e outros tipos <strong>de</strong> formação, ainda que estejam <strong>em</strong> composição,<br />

mas eles também possu<strong>em</strong> um gran<strong>de</strong> valor na relação entre<br />

<strong>em</strong>presa e cliente, uma vez que suger<strong>em</strong> familiarida<strong>de</strong>, confiabilida<strong>de</strong><br />

e i<strong>de</strong>ntificação instantânea com o proprietário ou com<br />

o lugar on<strong>de</strong> se localiza a oficina. Perceb<strong>em</strong>os que esse tipo <strong>de</strong><br />

nome é muito importante <strong>em</strong> oficinas <strong>de</strong> bairros resi<strong>de</strong>nciais,<br />

on<strong>de</strong> a maioria dos clientes é local, fazendo com que a familiarida<strong>de</strong><br />

com a <strong>em</strong>presa seja importante.<br />

A preocupação do proprietário com essa relação entre<br />

estabelecimento e cliente explica tanto a distribuição dos tipos<br />

<strong>de</strong> nomes por classes e por regiões, quanto justifica o uso<br />

dos substantivos <strong>de</strong>notativos, uma vez que eles confirmam<br />

o estabelecimento como um lugar on<strong>de</strong> se consertam carros.<br />

Essa afirmação é relevante principalmente nos casos on<strong>de</strong> as<br />

oficinas possu<strong>em</strong> nomes obscuros.<br />

Os nomes <strong>de</strong> oficinas mecânicas fornec<strong>em</strong> material para<br />

pesquisas muito mais amplas e <strong>de</strong>talhadas. O que foi mostrado<br />

aqui é apenas uma pequena parcela <strong>de</strong> tudo o que po<strong>de</strong> ser<br />

dito a respeito <strong>de</strong>les. Este é um campo muito rico <strong>de</strong> formação<br />

<strong>de</strong> neologismos no português e por isso se configura <strong>em</strong> fonte<br />

inesgotável <strong>de</strong> análise.<br />

74 75


Referências<br />

FIORIN, José Luis (org.). Introdução à Lingüística II: princípios <strong>de</strong> análise.<br />

São Paulo: Contexto, 2003.<br />

LAROCA, Maria Nazaré <strong>de</strong> Carvalho. Manual <strong>de</strong> Morfologia do Português. Juiz <strong>de</strong><br />

Fora: Pontes, 2003.<br />

CEGALLA, Domingos Pascoal. Novíssima Gramática da Língua Portuguesa.<br />

São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2007.<br />

NEVES, Vera Lúcia Horta. <strong>Nomes</strong> próprios <strong>comerciais</strong> e industriais no<br />

português: um aspecto da nomenclatura do comércio e da indústria <strong>em</strong> <strong>Belo</strong><br />

Horizonte. 1971, 201 f. (Tese <strong>de</strong> doutorado <strong>em</strong> Linguística) – Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Letras, Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Minas Gerais, <strong>Belo</strong> Horizonte, 1971.<br />

FERREIRA, Aurélio Buarque <strong>de</strong> Holanda. Dicionário Aurélio da língua portuguesa.<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro: Nova Fronteira, 2004.<br />

76 77<br />

Anexo<br />

<strong>Nomes</strong> mais curiosos:<br />

Auto Brasil Centro Automotivo Oficina (redundância)<br />

Auto Mecânica Quântica<br />

Auto Motivo (trocadilho)<br />

Cabeçote & Cia<br />

Carburacar (redundância)<br />

Check Car Centro Automotivo (trocadilho)<br />

Doutor Garag<strong>em</strong> Mecânica Preventiva<br />

Flabel<br />

Fuskatec<br />

Germany Oficina<br />

Marchalenta Auto Serviços<br />

Oficina Sofisty Car (trocadilho)<br />

Plaster Car<br />

Picinin & Cia<br />

Republica Off Road<br />

Scaner Mecânica<br />

Serviços Fiat Pereira Santos<br />

Spancen car<br />

Tsumaa<br />

Juba Mecânica


Publicações Viva Voz <strong>de</strong> interesse<br />

para a área <strong>de</strong> estudos do léxico:<br />

De primeiro era assim: revelações do<br />

vocabulário <strong>de</strong> Águas Vermelhas – MG<br />

Van<strong>de</strong>r Lúcio <strong>de</strong> Souza<br />

Estudos do léxico<br />

Maria Cândida Trinda<strong>de</strong> Costa <strong>de</strong> Seabra (Org.)<br />

Glossário <strong>de</strong> termos <strong>de</strong> edição<br />

Sônia Queiroz (Org.)<br />

Glossário <strong>de</strong> termos <strong>de</strong> edição e tradução<br />

Sônia Queiroz (Org.)<br />

<strong>Nomes</strong> <strong>de</strong> <strong>estabelecimentos</strong> <strong>comerciais</strong><br />

<strong>em</strong> <strong>Belo</strong> Horizonte v.1<br />

Maria Cândida Trinda<strong>de</strong> Costa <strong>de</strong> Seabra (Org.)<br />

As Publicações Viva Voz estão disponíveis<br />

também <strong>em</strong> versão eletrônica no site:<br />

www.letras.ufmg.br/site/publicacoes/publicacoes.htm

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