Nº 140 - ABCD Maior

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ABCD MAIOR - Edição N o 140 - 11 a 14 de setembro de 2009 - Pág. 06 Dinheiro vivo Luís Nassif A volta do pêndulo na economia Ontem, o PSDB mudou sua posição em relação ao pré-sal. Decidiu não mais fazer oposição sistemática ao projeto do governo. Antes, havia desistido da oposição sistemática ao Bolsa Família. Nos dois momentos, a radicalização foi pautada pelo noticiário, ainda bastante apegado a slogans do período fernandista. O ajuste de rumos foi motivado pelo reconhecimento de que esses dois temas se incorporaram defi nitivamente na agenda política brasileira. Antes disso, o PT havia aberto mão de bandeiras históricas para abraçar temas como responsabilidade fi scal, mercado de capitais, respeito aos contratos, manutenção da privatização. Essas duas posturas ajudam a entender um pouco o panorama político brasileiro. O primeiro ponto é que não existem partidos programáticos, e sim pragmáticos (no plano político), que vão se amoldando aos ventos políticos. O segundo ponto é a extrema difi culdade do discurso político racional, não ideológico. Nos anos 1970, o surgimento de grandes estatais foi importante para completar o ciclo de industrialização brasileiro. Com a estatização ganhando vida própria, seguiuse um período de exageros que paralisou a economia. No começo dos anos 1990, foi necessário um furacão para romper um conjunto de dogmas que vicejavam na economia. Segue-se um período inicial de guerra ideológica, enaltecendo o novo modelo, da prevalência do mercado. Em um primeiro momento, provoca um arejamento no modelo econômico. Depois, interesses se estratifi cam e a ideologia passa a se sobrepor à busca das melhores práticas para o País. Em vez de ferramenta de modernização, o livre mercado torna-se um mantra que paralisa qualquer pro-atividade das políticas públicas. Foi uma dura luta a introdução, pelo governo Lula, de novos elementos na discussão econômica. Primeiro, consolidaramse os conceitos de políticas sociais (com o Bolsa Família e o salário mínimo). Mas só com a crise global o modelo anterior recebeu seu golpe de misericórdia, com a comprovação, na prática, da importância dos grandes bancos públicos como fator de regulação do mercado e da Petrobras como elemento central da política industrial a ser implementada em torno do pré-sal. O risco, agora, será a radicalização na volta do pêndulo. Por exemplo, atribuem-se todos problemas da telefonia ao modelo de privatização de FHC. Embora a privatização pudesse ter sido bem melhor estruturada, os problemas atuais decorrem da falta de fi scalização da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). E ai a razão não são falhas do modelo mas da falta de pressão social e política sobre o órgão – que está há oito anos na órbita do governo Lula. Em algumas áreas, haverá a necessidade de estatais fortes; não em todas. Será necessário aumentar a estrutura de serviços do Estado, mas sem preconceitos contra os métodos de gestão. Será necessário fortalecer tanto a Petrobras quanto o mercado de capitais para a nova etapa de desenvolvimento. Infelizmente, não existe um partido programático que possa passar ao largo da ideologização barata. EUA VOLTAM A IMPORTAR Os Estados Unidos estão voltando a gastar com importados. Dados do Departamento de Comércio revelam que o défi cit comercial do país aumentou US$ 32 bilhões em julho, para US$ 159,6 bilhões, o maior resultado desde janeiro. Os EUA foram responsáveis por 13,2% do total mundial de importações em 2008, segundo a Organização Mundial do Comércio. No período, as importações da China somaram US$ 20,4 bilhões, chegando a US$ 123,5 bilhões de dólares. Economia A partir desta segunda-feira (14/09), cerca de 100 mil metalúrgicos do ABCD podem entrar em greve caso não haja acordo na negociação salarial com as empresas. O anúncio foi feito durante manifestação realizada nesta quinta-feira (10/09) na avenida 31 de Março, no Bairro Pauliceia, em São Bernardo. Os atos realizados na cidade reuniram cerca de 12 mil trabalhadores. A decisão sobre a greve será tomada em assembleia da categoria, marcada para sábado (12/09). O ato faz parte da campanha salarial dos metalúrgicos do Estado e que reúne aproximadamente 180 mil trabalhadores de várias cidades de São Paulo. Na Região, além do sindicato dos Metalúrgicos do ABC, ligado à CUT, participa também da campanha o sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, ligado à Força Sindical. Nesta quinta-feira, houve duas manifestações em São Bernardo. O ato da avenida 31 de Março reuniu trabalhadores das empresas Rassini, Ford, Mercedes e Mahle. Outra manifestação aconteceu na avenida José Odorizzi, no Bairro Assunção, com trabalhadores da Scania e da Karmman Ghia. De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Sérgio Nobre, as montadoras e o setor de autopeças apresentaram proposta de correção da inflação de 4,4%. Para Nobre, é importante ter um reajuste acima da inflação por conta da crise financeira mundial. Para os empresários, a crise é o argumento para não au- ABCD MAIOR Metalúrgicos: greve pode começar na 2ª neste sábado categoria realizará assembleia para decidir se aceita proposta CInthIA IsABEl cinthia@abcdmaior.com.br Antonio ledes Manifestação realizada nesta quinta-feira (10/09): atos em São Bernardo reuniram 12 mil trabalhadores Makita tinha produção recorde vInICIus MoREnDE vinicius@abcdmaior.com.br A Makita mantinha produção alta em São Bernardo antes de encerrar as atividades na última sexta-feira (04/09), de acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Após bater recorde de unidades produzidas no ano mentar a proposta salarial. O presidente do sindicato disse esperar sensibilidade por parte dos empresários e, em especial, do setor automobilístico, porque para amenizar a crise a sociedade se mobilizou e o governo incentivou o setor. O sindicalista avalia que o “passaporte” para a saída da crise é investir no salário. Para Sérgio Nobre, com ou sem crise é sempre difícil negociar um ajuste salarial. O presidente do sindicato disse que está na hora de os empresários verem o salário não como custo, mas como investimento que faz a roda da economia girar. “Gostaríamos de bater o recorde de produção como nos últimos anos, mas chamamos a atenção dos empresários para dizer que a recuperação do salário é importante. Os analistas dizem que a economia vai crescer 5% em 2010 e estamos apostando no futuro”, afirmou. O presidente estadual da CUT (Central Única dos Trabalhadores) e trabalhador da Mercedes, Adi dos Santos, também esteve presente ao passado, a expectativa dos trabalhadores era que a fábrica alcançasse novo resultado inédito neste ano. De acordo com o coordenador da comissão de fábrica da Makita e diretor do sindicato, Cláudio Miranda, só no mês de julho deste ano a unidade negociou 126 mil ato. Adi avaliou que é preciso pressionar empresários e o governo do Estado. “Como sempre fizemos, vamos chamar novamente a atenção da opinião pública, porque se tivermos de entrar em greve a partir de segunda-feira queremos o apoio dos trabalhadores de outras categorias”, afirmou o presidente da CUT paulista. Carlos Grana, que além de diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC é presidente da CNM-CUT (Confederação Nacional dos Metalúrgicos), explicou que as negociações ainda estão em curso e uma primeira proposta (reajuste simples de 4,4%) foi rejeitada. “A melhor forma de enfrentar a crise é fortalecer o poder aquisitivo. Quando a pessoa ganha mais, também gasta mais e, consequentemente, a indústria produz mais e o emprego aumenta”, disse Grana. No sábado, a assembleia dos metalúrgicos para decidir sobre a greve será realizada na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, na rua João Basso, 231, a partir das 10h. máquinas. Para setembro, a expectativa dos trabalhadores era de 140 mil unidades. “A empresa cresceu 33% em 2008 e vendeu quase um milhão de máquinas. Bateu todos os recordes”, afirmou. O sindicalista aponta ainda que o pior período de vendas da empresa neste ano foi re- O peso da crise no mercado O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Sérgio Nobre, esteve recentemente em um congresso da Federação Internacional dos Metalúrgicos - que reúne mais de 120 países – e ressaltou que a crise se mostrou forte no exterior, com fechamento de empresas, além da redução da jornada de trabalho e do salário. No Brasil, no entanto, o dirigente sindical explica que a crise não afetou da mesma maneira todos os setores da economia. “Os setores do mercado interno vão bem, mas os voltados para exportação estão em dificuldades”, explicou Nobre. De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), em julho deste ano o emprego industrial variou 0,4% em relação ao mês anterior. (CI). gistrado em janeiro. Mesmo assim, o lucro da planta de São Bernardo no mês foi de R$ 12,5 milhões. “Os diretores da fábrica não podem dizer que é por causa da crise que a Makita fechou, pois o setor de construção civil, para qual ela vende as máquinas, não está sofrendo.”

Cidades AulA CRIstInA aula@abcdmaior.com.br ABCD MAIOR ABCD MAIOR - Edição N o 140 - 11 a 14 de setembro de 2009 - Pág. 07 amílias aguardam entrega e casas há mais de um ano Parte de moradias populares em Mauá está concluída, mas beneficiados não receberam as chaves Com nove meses de atraso e vários desenendimentos entre Prefeitua de Mauá e cooperativas e trabalho, parte das casas o Prismma (Projeto de Inlusão Social de Moradia e Mauá) foram finalizadas, as ainda não foram entreues aos moradores. “A minha casa já ficou ronta e eu não recebi as haves para entrar”, reclaou o trabalhador autôomo Edson Garcia, que guarda a casa para a faília. “Fomos verificar os otes e as casas estão pronas, mas trancadas. Não há orque não liberarem nossa udança”, disse. De acordo com Garcia, os uturos proprietários das 12 asas que ficaram prontas a última semana de agosto oram convidados a particiarem de uma reunião com Prefeitura na sexta-feia (04/09). “Nos disseram ue o governo federal não iberou as casas”, disse. A nformação foi negada pela Casas do Prismma, em Mauá: Prefeitura alega que empreendimento não tem infraestrutura e por isso ainda não foi entregue às famílias União. De acordo com informações da Prefeitura, as casas ainda não foram entregues porque a infraestrutura do empreendimento ainda não foi concluída. Em nota, a assessoria de imprensa informou que não há previsão de entrega das unidades, pois a infraestrutura das vias locais ainda está em obra, intervenção que compete à construtora. A Prefeitura afirmou ainda já ter solicitado as ligações de água e luz, ações necessárias para a entrega das chaves. O chefe dos 15 funcionários da J3D, empresa encarregada da obra em Mauá, Vladmir Souza, afirmou que, além das 12 casas concluídas há mais de duas semanas, outras 12 foram finalizadas na última quinta-feira (03/09). “Desde que começamos a obra, não paramos mais. Concluímos boa parte das casas e agora a responsabilidade de entregar é da Prefeitura”, afirmou. O programa de habitação, ersa entrega equipamentos ARol sCoRCE arol@abcdmaior.com.br A Dersa, empresa responável pela construção do Rooanel Mário Covas, entreou nesta quinta-feira (10/09) ma série de equipamentos ara a Prefeitura de Santo ndré como parte das comensações ambientais pela bra. O município recebeu inco computadores, uma âmera digital, ferramentas e auxílio a conservação e ois Jipes Agrale Marruá AM 00, que serão destinados a istorias da Gerência de Conrole Ambiental, atual gestora o Parque do Pedroso. Para a entrega, foi realizaa uma cerimônia no Paço unicipal de Santo André, ue contou com as presenas do prefeito Aidan Ravin PTB), do superintendente o Semasa, Ângelo Pavin, e o Coordenador de Relações nstitucionais da Dersa, Eres da Silva. De acordo com informaões da Dersa, a compensaão ambiental é necessária orque há obras do Rodoanel m áreas próximas à Unidade e Conservação do Parque atural do Pedroso. A comensação tem como finalidae preservar o patrimônio forado por recursos naturais, m especial os mananciais tilizados para abastecimeno, e contribuir como barreira ara a expansão da ocupação obre a área de mananciais e ambém oferecer lazer à poulação da Região. Como o trecho Sul do Ro- Parque do Pedroso: Pefeitura receberá R$ 10 milhões para aplicação em projetos na área verde doanel cortará o município, foi definida entre as ações de compensação ambiental a melhoria da infraestrutura de segurança, para que os limites do parque sejam cercados. Atualmente, o Pedroso recebe pressão de loteamentos vizinhos, e também para a educação ambiental. De acordo com informações do Semasa, a Dersa destinou R$ 10 milhões que serão aplicados diretamente em projetos no Parque do Pedroso. De acordo com o superintendente da autarquia municipal, Ângelo Pavin, entre as novas benfeitorias está inclusa a construção de uma ciclovia externa ao Parque, uma estação de tratamento de esgoto compacta, de um viveiro de plantas e do Cras (Centro de Reabilitação de Animais Amanda Perobelli Silvestres), além da implementação de videomonitoramento e do cercamento do perímetro do parque. O coordenador de Relações Institucionais da Dersa afirmou que ainda não há previsão para assinatura do contrato de compensação em São Bernardo. “Com a mudança na Administração, tivemos de reiniciar a negocição”, explicou Ermes. Antonio ledes realizado numa parceria entre os governos federal e municipal, custou R$ 9 milhões e ofereceria 800 casas a moradores de áreas de risco da cidade. Foi paralisado no início deste ano porque a Prefeitura não pagou a cooperativa responsável pela obra. O Prismma também tem PAulA CRIstInA paula@abcdmaior.com.br O 1º Seminário de Direito Humanos do Fórum Social do ABC será realizado neste sábado (12/09). O evento conta com a parceria inédita da Comissão de Cidades, Direitos Humanos e Assistência da Câmara Municipal de Santo André, presidida pelo vereador Cláudio Malatesta. Neste primeiro encontro, que começa às 8h30 e término previsto para as 12h15, haverá mesas de debates, exibição de vídeos sobre Direitos Humanos e informes sobre a 3ª Jornada Cidadã, que será no dia 14/11. Entre os temas em debate estão Poder Público, que terá cota para famílias de deficientes, com casas adaptadas. Foi esse detalhe que chamou a atenção da família de Edson Garcia, que tem um filho deficiente. Atualmente, os dois e mais quatro pessoas vivem amontoados em uma casa de dois cômodos. O espaço também é dividido com móveis desmontados, que foram comprados depois que a Prefeitura, em dezembro passado, prometeu que as famílias passariam as festas de fim de ano na casa nova. “É um descaso com a pessoa que pagou, que se apertou para honrar a prestação. Agora as casas estão prontas e continuamos morando apertados”, desabafou a dona de casa Cristina Garcia, 44 anos, mulher de Edson. De acordo com Cristina, a justificativa da Prefeitura de que falta infraestutura não é verdadeira. “Na casa em frente à que será minha, já tem gente morando desde o ano passado. Como alegam que não há saneamento?” Debates abordam direitos humanos e saúde no ABCD mesa ministrada pelo militante do movimento operário sindical Luiz Soares Cruz; e Sociedade Civil, defendido por Jazomiro Ferreira de Sousa, morador de Mauá e membro da Associação Mauaense de deficientes visuais. O debate será mediado por Márcia Leal, representante do Fórum Social do ABC. Saúde Nesta sexta-feira (11/09) será realizada reunião do GT (Grupo de Trabalho) da Saúde. O objetivo é discutir o fechamento, articulação e mobilização da cartilha da saúde, que explicará a legislação que regulamenta o SUS (Sistema Único de Saúde) e organizará os serviços de saúde no ABCD. O encontro terá inicio às 18h no auditório do Sindicato dos Metalúrgicos do ABCD, em São Bernardo.

<strong>ABCD</strong> MAIOR - Edição N o <strong>140</strong> - 11 a 14 de setembro de 2009 - Pág. 06<br />

Dinheiro vivo<br />

Luís Nassif<br />

A volta do pêndulo<br />

na economia<br />

Ontem, o PSDB mudou sua posição<br />

em relação ao pré-sal. Decidiu não mais<br />

fazer oposição sistemática ao projeto<br />

do governo. Antes, havia desistido da<br />

oposição sistemática ao Bolsa Família.<br />

Nos dois momentos, a radicalização foi<br />

pautada pelo noticiário, ainda bastante apegado<br />

a slogans do período fernandista. O ajuste<br />

de rumos foi motivado pelo reconhecimento<br />

de que esses dois temas se incorporaram<br />

defi nitivamente na agenda política brasileira.<br />

Antes disso, o PT havia aberto mão de<br />

bandeiras históricas para abraçar temas<br />

como responsabilidade fi scal, mercado<br />

de capitais, respeito aos contratos,<br />

manutenção da privatização.<br />

Essas duas posturas ajudam a entender<br />

um pouco o panorama político brasileiro.<br />

O primeiro ponto é que não existem partidos<br />

programáticos, e sim pragmáticos (no plano<br />

político), que vão se amoldando aos ventos<br />

políticos. O segundo ponto é a extrema difi culdade<br />

do discurso político racional, não ideológico.<br />

Nos anos 1970, o surgimento de grandes<br />

estatais foi importante para completar o<br />

ciclo de industrialização brasileiro. Com a<br />

estatização ganhando vida própria, seguiuse<br />

um período de exageros que paralisou<br />

a economia. No começo dos anos 1990, foi<br />

necessário um furacão para romper um conjunto<br />

de dogmas que vicejavam na economia.<br />

Segue-se um período inicial de guerra<br />

ideológica, enaltecendo o novo modelo, da<br />

prevalência do mercado. Em um primeiro<br />

momento, provoca um arejamento no modelo<br />

econômico. Depois, interesses se estratifi cam<br />

e a ideologia passa a se sobrepor à busca<br />

das melhores práticas para o País. Em vez de<br />

ferramenta de modernização, o livre mercado<br />

torna-se um mantra que paralisa qualquer<br />

pro-atividade das políticas públicas.<br />

Foi uma dura luta a introdução, pelo<br />

governo Lula, de novos elementos na<br />

discussão econômica. Primeiro, consolidaramse<br />

os conceitos de políticas sociais (com<br />

o Bolsa Família e o salário mínimo).<br />

Mas só com a crise global o modelo anterior<br />

recebeu seu golpe de misericórdia, com a<br />

comprovação, na prática, da importância<br />

dos grandes bancos públicos como fator<br />

de regulação do mercado e da Petrobras<br />

como elemento central da política industrial<br />

a ser implementada em torno do pré-sal.<br />

O risco, agora, será a radicalização<br />

na volta do pêndulo.<br />

Por exemplo, atribuem-se todos problemas<br />

da telefonia ao modelo de privatização de<br />

FHC. Embora a privatização pudesse ter sido<br />

bem melhor estruturada, os problemas atuais<br />

decorrem da falta de fi scalização da Anatel<br />

(Agência Nacional de Telecomunicações). E ai<br />

a razão não são falhas do modelo mas da falta<br />

de pressão social e política sobre o órgão – que<br />

está há oito anos na órbita do governo Lula.<br />

Em algumas áreas, haverá a necessidade de<br />

estatais fortes; não em todas. Será necessário<br />

aumentar a estrutura de serviços do Estado,<br />

mas sem preconceitos contra os métodos<br />

de gestão. Será necessário fortalecer tanto<br />

a Petrobras quanto o mercado de capitais<br />

para a nova etapa de desenvolvimento.<br />

Infelizmente, não existe um partido<br />

programático que possa passar ao<br />

largo da ideologização barata.<br />

EUA VOLTAM A IMPORTAR<br />

Os Estados Unidos estão voltando a gastar<br />

com importados. Dados do Departamento de<br />

Comércio revelam que o défi cit comercial do país<br />

aumentou US$ 32 bilhões em julho, para US$<br />

159,6 bilhões, o maior resultado desde janeiro.<br />

Os EUA foram responsáveis por 13,2% do total<br />

mundial de importações em 2008, segundo a<br />

Organização Mundial do Comércio. No período, as<br />

importações da China somaram US$ 20,4 bilhões,<br />

chegando a US$ 123,5 bilhões de dólares.<br />

Economia<br />

A partir desta segunda-feira<br />

(14/09), cerca<br />

de 100 mil metalúrgicos<br />

do <strong>ABCD</strong> podem entrar em<br />

greve caso não haja acordo<br />

na negociação salarial com<br />

as empresas. O anúncio foi<br />

feito durante manifestação<br />

realizada nesta quinta-feira<br />

(10/09) na avenida 31 de<br />

Março, no Bairro Pauliceia,<br />

em São Bernardo. Os atos<br />

realizados na cidade reuniram<br />

cerca de 12 mil trabalhadores.<br />

A decisão sobre a<br />

greve será tomada em assembleia<br />

da categoria, marcada<br />

para sábado (12/09).<br />

O ato faz parte da campanha<br />

salarial dos metalúrgicos<br />

do Estado e que reúne<br />

aproximadamente 180 mil<br />

trabalhadores de várias cidades<br />

de São Paulo. Na Região,<br />

além do sindicato dos<br />

Metalúrgicos do ABC, ligado<br />

à CUT, participa também da<br />

campanha o sindicato dos<br />

Metalúrgicos de São Caetano,<br />

ligado à Força Sindical.<br />

Nesta quinta-feira, houve<br />

duas manifestações em São<br />

Bernardo. O ato da avenida<br />

31 de Março reuniu trabalhadores<br />

das empresas Rassini,<br />

Ford, Mercedes e Mahle. Outra<br />

manifestação aconteceu<br />

na avenida José Odorizzi, no<br />

Bairro Assunção, com trabalhadores<br />

da Scania e da<br />

Karmman Ghia.<br />

De acordo com o presidente<br />

do Sindicato dos Metalúrgicos,<br />

Sérgio Nobre,<br />

as montadoras e o setor de<br />

autopeças apresentaram<br />

proposta de correção da inflação<br />

de 4,4%. Para Nobre,<br />

é importante ter um reajuste<br />

acima da inflação por conta<br />

da crise financeira mundial.<br />

Para os empresários, a crise<br />

é o argumento para não au-<br />

<strong>ABCD</strong><br />

MAIOR<br />

Metalúrgicos: greve<br />

pode começar na 2ª<br />

neste sábado categoria realizará assembleia para decidir se aceita proposta<br />

CInthIA IsABEl<br />

cinthia@abcdmaior.com.br<br />

Antonio ledes<br />

Manifestação realizada nesta quinta-feira (10/09): atos em São Bernardo reuniram 12 mil trabalhadores<br />

Makita tinha produção recorde<br />

vInICIus MoREnDE<br />

vinicius@abcdmaior.com.br<br />

A Makita mantinha produção<br />

alta em São Bernardo antes<br />

de encerrar as atividades<br />

na última sexta-feira (04/09),<br />

de acordo com o Sindicato<br />

dos Metalúrgicos do ABC.<br />

Após bater recorde de unidades<br />

produzidas no ano<br />

mentar a proposta salarial.<br />

O presidente do sindicato<br />

disse esperar sensibilidade<br />

por parte dos empresários<br />

e, em especial, do setor automobilístico,<br />

porque para<br />

amenizar a crise a sociedade<br />

se mobilizou e o governo incentivou<br />

o setor. O sindicalista<br />

avalia que o “passaporte”<br />

para a saída da crise é investir<br />

no salário.<br />

Para Sérgio Nobre, com<br />

ou sem crise é sempre difícil<br />

negociar um ajuste salarial.<br />

O presidente do sindicato<br />

disse que está na hora de os<br />

empresários verem o salário<br />

não como custo, mas como<br />

investimento que faz a roda<br />

da economia girar. “Gostaríamos<br />

de bater o recorde de<br />

produção como nos últimos<br />

anos, mas chamamos a atenção<br />

dos empresários para<br />

dizer que a recuperação do<br />

salário é importante. Os analistas<br />

dizem que a economia<br />

vai crescer 5% em 2010 e estamos<br />

apostando no futuro”,<br />

afirmou.<br />

O presidente estadual da<br />

CUT (Central Única dos Trabalhadores)<br />

e trabalhador da<br />

Mercedes, Adi dos Santos,<br />

também esteve presente ao<br />

passado, a expectativa dos<br />

trabalhadores era que a fábrica<br />

alcançasse novo resultado<br />

inédito neste ano.<br />

De acordo com o coordenador<br />

da comissão de fábrica<br />

da Makita e diretor do sindicato,<br />

Cláudio Miranda, só<br />

no mês de julho deste ano a<br />

unidade negociou 126 mil<br />

ato. Adi avaliou que é preciso<br />

pressionar empresários e<br />

o governo do Estado. “Como<br />

sempre fizemos, vamos chamar<br />

novamente a atenção da<br />

opinião pública, porque se<br />

tivermos de entrar em greve<br />

a partir de segunda-feira queremos<br />

o apoio dos trabalhadores<br />

de outras categorias”,<br />

afirmou o presidente da CUT<br />

paulista.<br />

Carlos Grana, que além de<br />

diretor do Sindicato dos Metalúrgicos<br />

do ABC é presidente<br />

da CNM-CUT (Confederação<br />

Nacional dos Metalúrgicos),<br />

explicou que as negociações<br />

ainda estão em curso e uma<br />

primeira proposta (reajuste<br />

simples de 4,4%) foi rejeitada.<br />

“A melhor forma de enfrentar<br />

a crise é fortalecer o<br />

poder aquisitivo. Quando a<br />

pessoa ganha mais, também<br />

gasta mais e, consequentemente,<br />

a indústria produz<br />

mais e o emprego aumenta”,<br />

disse Grana.<br />

No sábado, a assembleia<br />

dos metalúrgicos para decidir<br />

sobre a greve será realizada<br />

na sede do Sindicato<br />

dos Metalúrgicos do ABC, na<br />

rua João Basso, 231, a partir<br />

das 10h.<br />

máquinas. Para setembro, a<br />

expectativa dos trabalhadores<br />

era de <strong>140</strong> mil unidades.<br />

“A empresa cresceu 33% em<br />

2008 e vendeu quase um milhão<br />

de máquinas. Bateu todos<br />

os recordes”, afirmou.<br />

O sindicalista aponta ainda<br />

que o pior período de vendas<br />

da empresa neste ano foi re-<br />

O peso da<br />

crise no<br />

mercado<br />

O presidente do Sindicato<br />

dos Metalúrgicos do<br />

ABC, Sérgio Nobre, esteve<br />

recentemente em um congresso<br />

da Federação Internacional<br />

dos Metalúrgicos<br />

- que reúne mais de 120<br />

países – e ressaltou que a<br />

crise se mostrou forte no<br />

exterior, com fechamento<br />

de empresas, além da redução<br />

da jornada de trabalho<br />

e do salário.<br />

No Brasil, no entanto, o<br />

dirigente sindical explica<br />

que a crise não afetou da<br />

mesma maneira todos os<br />

setores da economia. “Os<br />

setores do mercado interno<br />

vão bem, mas os voltados<br />

para exportação estão<br />

em dificuldades”, explicou<br />

Nobre.<br />

De acordo com dados<br />

do IBGE (Instituto Brasileiro<br />

de Geografia e Estatística),<br />

em julho deste ano o<br />

emprego industrial variou<br />

0,4% em relação ao mês<br />

anterior. (CI).<br />

gistrado em janeiro. Mesmo<br />

assim, o lucro da planta de<br />

São Bernardo no mês foi de<br />

R$ 12,5 milhões. “Os diretores<br />

da fábrica não podem<br />

dizer que é por causa da crise<br />

que a Makita fechou, pois<br />

o setor de construção civil,<br />

para qual ela vende as máquinas,<br />

não está sofrendo.”

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