Nº 140 - ABCD Maior
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BCD MAIOR - Edição N o <strong>140</strong> - 11 a 14 de setembro de 2009 - Pág. 02<br />
Opinião<br />
Poucos atores econômicos<br />
têm dado tanta<br />
ênfase no apelo ao diálogo<br />
que os trabalhadores<br />
metalúrgicos. Por<br />
sso, a manchete desta edição<br />
ando conta de que a Região<br />
ode viver nova greve de mealúrgicos,<br />
a partir da próxima<br />
egunda feira (14/09), provoa<br />
estranhamento e reflexão.<br />
Nos últimos meses, todos<br />
s números do setor são de<br />
etomada da produção e de<br />
ovos recordes de consumo<br />
e automóveis no País. Nas<br />
ábricas as políticas são de<br />
etomada de contratações e<br />
pelo às horas extras para dar<br />
onta da produção. A única exeção<br />
tem sido em torno das<br />
ndústrias de caminhões, duas<br />
elas, a Mercedes e a Scania,<br />
ambém posicionadas em São<br />
ernardo.<br />
O estranhamento de quem<br />
nalisa este quadro advém<br />
inda da cultura de negociaão<br />
que o <strong>ABCD</strong> desenvolveu<br />
Alegria - Encontrar motivos para se divertir é a coisa mais fácil quando se é criança. É o<br />
que aconteceu na Vila Sacadura Cabral, em Santo André, com espuma de sabão.<br />
utro cenário de guerra no <strong>ABCD</strong><br />
A cena é comum<br />
nas ruas próximas de<br />
delegacias no <strong>ABCD</strong> há<br />
anos: um cemitério a<br />
céu aberto de veículos<br />
cidentados e apodrecendo.<br />
alegação é a de sempre:<br />
s pátios estão lotados de<br />
arros apreendidos e batidos.<br />
O assunto é tema<br />
ecorrente de reportagens de<br />
ornais locais e da Capital, em<br />
ituações que são vexatórias<br />
ara todos – moradores,<br />
oliciais, delegados, prefeitos<br />
autoridades estaduais.<br />
Quem passa hoje na<br />
venida Armando Italo Setti,<br />
m São Bernardo, vê um<br />
erdadeiro cenário de guerra<br />
as imediações do 1º Distrito<br />
olicial, que tem ao lado a<br />
8ª Ciretran (Circunscrição<br />
egional de Trânsito).<br />
ão carros destruídos, e<br />
utros apreendidos, mas<br />
á em estado avançado<br />
e “esfarelamento”,<br />
enferrujamento” e<br />
depenação”.<br />
Artigo arcelo Moreira*<br />
ao longo das últimas décadas.<br />
Além de gerar uma nova história<br />
política para o País, esta<br />
cultura também produziu instituições<br />
de debate e elaboração<br />
de políticas públicas regionais.<br />
A informação do recuo da<br />
Administração Municipal de<br />
Santo André em relação a ausentar-se<br />
do GT do Pólo Tecnológico<br />
no Consórcio Intermunicipal,<br />
anunciada nesta semana,<br />
é sinal de que a Região<br />
vive clima de construção e não<br />
de rupturas. Afinal, depois das<br />
calamidades provocadas pelas<br />
chuvas nos últimos dias,<br />
não se poderia esperar outra<br />
posição das lideranças políticas<br />
regionais.<br />
O jogo de interesses econômicos,<br />
no entanto, pode colocar<br />
todo este equilíbrio em<br />
risco. Daí a necessidade de<br />
apelar mais uma vez ao bom<br />
senso dos principais atores<br />
envolvidos na campanha salarial<br />
em jogo. Os trabalhadores<br />
Editorial agar para ver<br />
É impossível estacionar<br />
ao longo de pelo menos<br />
300 metros da avenida. E<br />
a situação não é exclusiva<br />
de São Bernardo. Quase<br />
todas as cidades da<br />
Grande São Paulo passam<br />
pelo mesmo flagelo.<br />
A principal desculpa<br />
para o caso é a de sempre:<br />
a legislação obriga que<br />
as autoridades façam um<br />
procedimento moroso<br />
e burocrático, para que<br />
os proprietários tenham<br />
a chance de recuperar<br />
seus veículos – mas<br />
também a chance de pagar<br />
pelas multas e taxas de<br />
retenção do veículo.<br />
Só que, na maioria dos<br />
casos, ninguém vai buscar<br />
o carro velho endividado ou<br />
a carcaça podre dos carros<br />
batidos. Então vemos cenas<br />
deprimentes de carros<br />
destroçados em uma das<br />
ruas mais importantes do<br />
centro de uma cidade grande<br />
como São Bernardo.<br />
Expediente – MP Editora Ltda. Endereço: Trav. Monteiro<br />
Lobato, 95, Centro, SBC – CEP 09721-<strong>140</strong> – Fone: 4128-<br />
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Os artigos são de responsabilidade dos autores e não expressam<br />
necessariamente a opinião deste jornal. Publicação bissemanal. Circulação em Santo André,<br />
São Bernardo, São Caetano, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.<br />
<strong>ABCD</strong><br />
MAIOR<br />
metalúrgicos querem ganhos<br />
reais de salários e os empregadores<br />
querem convencê-los<br />
de que a crise os obriga a limitar<br />
reajustes.<br />
A incoerência parece estar<br />
do lado patronal. As montadoras<br />
“esquecem”, com uma<br />
rapidez inédita, os benefícios<br />
fiscais que permitiram reduzir<br />
os preços dos carros ao longo<br />
do período de redução do<br />
IPI. Elas também “esquecem”<br />
que, na outra ponta, quem garantiu<br />
a recuperação do setor<br />
foi uma política pública de estimular<br />
o consumo através do<br />
crédito.<br />
Não há mágica: para o setor<br />
automotivo, qualquer possibilidade<br />
de estabilidade significa<br />
aquecer a demanda. E<br />
nada melhor que aumento real<br />
de salário, em especial neste<br />
segmento. A história mostra o<br />
forte poder de propagação dos<br />
ganhos salariais dos metalúrgicos<br />
sobre toda a economia<br />
nacional. É pagar para ver.<br />
Amanda Perobelli<br />
Há casos constrangedores<br />
para o delegado de trânsito<br />
da cidade, como o Gol<br />
cinza ano 1984, com uma<br />
propaganda política de um<br />
candidato do PMDB, que<br />
ficou estacionado ao lado<br />
do condomínio Flórida<br />
Gardens por três anos.<br />
Situação semelhante a<br />
de um Escort ano 1987<br />
azul, que ficou na frente<br />
do citado Gol cinza por<br />
mais de dois anos. Batido<br />
e retorcido, virou ninho<br />
de pombas e abrigo para<br />
cães em dias de chuva..<br />
Não basta mudar a lei para<br />
resolver casos escabrosos<br />
como esses. É preciso<br />
também ação e boa vontade.<br />
É preciso mais trabalho<br />
para remover o entulho<br />
automotivo que infesta as<br />
imediações das delegacias de<br />
polícia da Grande São Paulo.<br />
*Marcelo Moreira<br />
é jornalista<br />
Tiragem desta edição:<br />
35 mil exemplares.<br />
Certificado pela<br />
Fone: 3224-7712.<br />
Terceirização no Brasil<br />
Jefferson José da Conceição*<br />
Acaba de ser lançado<br />
o livro “Tercerização no<br />
Brasil: do discurso da<br />
inovação à precarização do<br />
trabalho”. Em parceria com<br />
Iram Jacome Rodrigues<br />
e Denise Motta Dau,<br />
organizei esta obra, que<br />
reúne textos de 29 autores,<br />
com vistas a atualizar<br />
o debate e apresentar<br />
alternativas nos campos da<br />
legislação brasileira e da<br />
negociação entre patrões e<br />
empregados, em torno de<br />
tema dos mais relevantes<br />
na área das relações<br />
trabalho nos dias de hoje.<br />
De fato, o mundo do<br />
trabalho tem passado por<br />
mudanças significativas<br />
nas últimas décadas. Os<br />
avanços na microeletrônica<br />
e nos sistemas de<br />
comunicação e de<br />
transporte, a automação,<br />
a globalização, a<br />
implementação de conceitos<br />
distintos do modelo fordista<br />
de organização da produção<br />
(sintetizados na chamada<br />
reestruturação produtiva)<br />
e as “novas” formas de<br />
contratação e regulação<br />
do trabalho – todas<br />
essas transformações<br />
contribuíram para alterar, de<br />
um lado, as relações entre<br />
as empresas e, de outro, as<br />
relações entre as empresas<br />
e os trabalhadores.<br />
A reestruturação do<br />
trabalho, implementada<br />
pelas organizações públicas<br />
e privadas, embora envolta<br />
em um discurso que<br />
fazia propaganda de um<br />
caráter inovador, resultou<br />
na prática em uma busca<br />
desenfreada pela redução<br />
de custos, na precarização<br />
das relações de trabalho e<br />
na destruição de milhões de<br />
empregos. Em suma, neste<br />
novo modelo de produção,<br />
à superexploração<br />
do trabalho soma-se<br />
agora a insegurança<br />
no emprego e a perda<br />
gradativa das conquistas<br />
sindicais e sociais.<br />
Esta obra trata deste<br />
furacão de mudanças, que<br />
alcançou o Brasil a partir<br />
dos anos 1980, trazendo,<br />
por sua vez, obstáculos<br />
significativos à ação<br />
sindical, principalmente no<br />
decorrer da década de 1990,<br />
no contexto de políticas de<br />
cunho neoliberal, baseadas<br />
na desregulamentação,<br />
privatização e tercerização.<br />
Uma das especificidades<br />
deste trabalho é que o<br />
conjunto de reflexões não<br />
se esgota em elaborar um<br />
diagnóstico atualizado sobre<br />
o tema no Brasil. O livro<br />
vai além, apresentando<br />
alternativas concretas<br />
de ação, nos campos<br />
da organização sindical,<br />
negociação coletiva e<br />
legislação, capazes de<br />
fazer frente à erosão dos<br />
direitos dos trabalhadores.<br />
Afinal, é possível<br />
um acordo mínimo<br />
entre empresários e<br />
trabalhadores em torno<br />
da regulamentação<br />
da tercerização?<br />
Tanto os empresários<br />
quanto as representações<br />
sindicais avançaram,<br />
nos últimos anos, em<br />
explicitar o conteúdo<br />
da regulamentação que<br />
desejariam ser aprovada<br />
no Congresso Nacional.<br />
Contudo, o que se verifica<br />
no presente momento é<br />
que nenhuma das partes<br />
tem força suficiente para<br />
aprovar o projeto de lei<br />
perfeitamente de acordo<br />
com seus interesses.<br />
Diante do exposto, é<br />
preciso avançar neste<br />
diálogo, posto que a<br />
ausência de regulamentação,<br />
se já não interessa ao<br />
empresariado, também é<br />
bem menos interessante<br />
para os trabalhadores,<br />
maiores vítimas deste<br />
vácuo de regulamentação.<br />
Um eventual avanço<br />
no diálogo entre capital e<br />
trabalho pode significar a<br />
construção de um Projeto<br />
de Lei negociado entre as<br />
partes, com uma chance<br />
maior de aprovação no<br />
Congresso Nacional.<br />
*Jefferson José da<br />
Conceição é secretário<br />
de Desenvolvimento<br />
Econômico e Turismo de<br />
São Bernardo e professor<br />
da USCS (Universidade<br />
Municipal de São Caetano)<br />
Aqui tem <strong>ABCD</strong> MAIOR<br />
ClInICA AnA ROsA<br />
Av. Andrade Neves, 751 - Santo André<br />
pADARIA kenneDy<br />
Av. Kennedy, 535 - São Bernardo<br />
Ver lista completa no www.abcdmaior.com.br