Proposta no estilo Fuvest - Integral
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<strong>Proposta</strong><br />
1<br />
<strong>Proposta</strong> extra de redação para a 3ª série EM – 2º bimestre<br />
Redação<br />
<strong>Proposta</strong> <strong>no</strong><br />
<strong>estilo</strong> <strong>Fuvest</strong><br />
Você sabe que a compreensão de um texto está relacionada a vários fatores. Por exemplo:<br />
quem escreveu, onde publicou, com qual intenção, em quais circunstâncias, quando<br />
etc. Por isso, fala-se na apreensão de um dos sentidos do texto e não em sentido do texto,<br />
pois o nível de leitura está relacionado à construção e inter-relação desses fatores por parte<br />
do leitor.<br />
Ao ler o texto a seguir, procure relacionar esses fatores para conseguir chegar a um nível<br />
profundo de compreensão.<br />
Vivemos em uma sociedade dominada pela<br />
imagem. Gastamos muito tempo assistindo, passivamente,<br />
a imagens que “criam” um outro mundo.<br />
Quem não conhece a “Família Doriana”?<br />
A questão é que temos identificado tais imagens<br />
com a realidade. Substituímos a aprendizagem<br />
da vida como ela é pelas narrativas que as imagens<br />
oferecidas pela mídia constroem. Uma pergunta faz<br />
sentido: quais imagens do mundo público são acessíveis<br />
às crianças?<br />
Vamos considerar que os filhos da classe média<br />
não transitam mais pelos espaços públicos: as ruas<br />
são só trajetos que separam a casa da escola, do clube,<br />
do shopping etc. É do carro que as crianças veem<br />
as imagens do espaço que é – ou deveria ser – de<br />
todos.<br />
Isso significa que os limites da visão que elas<br />
têm são determinados pelas janelas do carro – limites,<br />
O mundo pela janela<br />
aliás, semelhantes à tela de um aparelho televisor.<br />
Deve ser assim que as crianças veem o mundo: como<br />
espectadores que, à moda da TV interativa, de vez em<br />
quando interferem na programação pressionando um<br />
botão ou como personagens de tramas e enredos.<br />
Com a <strong>no</strong>va lei que cria regras para o uso de<br />
insulfilm <strong>no</strong>s carros, a visibilidade permitida para os<br />
vidros traseiros passou a ser de 28%. Ou seja: a partir<br />
de agora, a visão de mundo que as crianças terão será,<br />
além de retangular, sombria.<br />
Não parece cena de filme? De modo parecido<br />
ao uso dos efeitos especiais, um mundo escuro e<br />
cheio de sombras se ilumina quando essas crianças<br />
entram em cena. É verdade: é apenas <strong>no</strong>s locais que<br />
frequentam que elas enxergam o mundo diretamente,<br />
sem uma película que modifique sua lumi<strong>no</strong>sidade.<br />
Isso permite que elas criem a ilusão de que só seus<br />
ambientes são seguros e acolhedores.<br />
1
2<br />
A visão do mundo público que essas crianças<br />
podem produzir é bem compatível com a de uma<br />
imagem ameaçadora. Assim, o outro, o estranho que<br />
transita por esse espaço e que nunca está <strong>no</strong> mesmo<br />
local que elas, transforma-se em um personagem<br />
do outro lado da trama. O mundo bom é o que elas<br />
vivem. O mundo ruim é o que elas vêem.<br />
Ao mesmo tempo, ver o mundo pela janela do<br />
carro permite que a criança o associe à ideia de videogame.<br />
A mãe de um garoto com me<strong>no</strong>s de seis a<strong>no</strong>s<br />
contou um fato que ilustra bem essa possibilidade. Ao<br />
buscar o filho na escola, junto a outros colegas, teve<br />
de frear bruscamente para não atropelar uma senhora<br />
idosa que atravessou a rua sem perceber o carro.<br />
PROPOSTA<br />
<strong>Proposta</strong> extra de redação para a 3ª série EM – 2º bimestre<br />
A reação das crianças deixou essa mãe perplexa:<br />
disseram como seria legal se a velhinha fosse<br />
atropelada. Por quê? Provavelmente porque, para as<br />
crianças, o fato teve mais relação com desenhos animados<br />
– em que os personagens passam por pequenas<br />
tragédias e continuam vivos – e com videogames<br />
– em que a atenção é focada na ação de destruir os<br />
obstáculos para ganhar o jogo – do que com a vida<br />
pública.<br />
Imagens que permitem a construção de uma<br />
visão distorcida do outro, do mundo público e da<br />
realidade é o que temos ofertado aos mais <strong>no</strong>vos. O<br />
que resultará disso?<br />
(Rosely Sayão, “Equilíbrio”, Folha de S. Paulo,<br />
29 de <strong>no</strong>vembro de 2007.)<br />
Levando em consideração o texto proposto e as considerações sobre leitura, escreva<br />
um texto dissertativo-argumentativo, relacionando o ditado popular (“Diga-me com quem<br />
tu andas, que eu te direi quem tu és.”) com o tema:<br />
Diga-me como as crianças veem, hoje, o mundo, que eu te direi como elas serão.
Coletânea<br />
<strong>Proposta</strong><br />
2<br />
Já não se faz uma família como antigamente.<br />
A julgar pela etimologia, nunca se fez. Ao me<strong>no</strong>s<br />
desde que prevaleceram os padrões de família que<br />
a Igreja Católica e o ideal burguês, dominantes até<br />
a reformulação de valores e papéis sociais dos a<strong>no</strong>s<br />
60. Na Antiguidade Romana, a pegada que marcou o<br />
vocábulo “família” era outro. O latim famulus era um<br />
dos vocábulos para escravo. Famulia era o grupo de<br />
escravos. Os roma<strong>no</strong>s enfatizavam antes a distinção<br />
econômica dos parentes que os seus laços sanguíneos.<br />
A sociedade romana classificava seus habitantes com<br />
A família brasileira da virada do milênio está<br />
cada vez mais distante do modelo clássico pai<br />
todo-poderoso, mãe dona-de-casa e muitos filhos.<br />
Organizações consideradas até pouco tempo “incomuns”<br />
envolvem hoje milhões de brasileiros. São 3,2<br />
milhões de mães solteiras: 1,7 milhão cria seus filhos<br />
sozinhas e 1,5 milhão, na casa dos pais. Separados<br />
ou viúvos com filhos são 6,1 milhões; 2,1 milhões de<br />
solteiros com mais de 40 a<strong>no</strong>s ainda moram com os<br />
pais. O casamento é cada vez me<strong>no</strong>s o elo fundamen-<br />
<strong>Proposta</strong> extra de redação para a 3ª série EM – 2º bimestre<br />
<strong>Proposta</strong> <strong>no</strong><br />
<strong>estilo</strong> Unesp<br />
Redação<br />
Texto 1<br />
Texto 2<br />
base na riqueza de cada um. Não por outra razão que<br />
herdamos proletarius – termo dileto para a tradição<br />
marxista –, indivíduo que, sem riqueza alguma, era<br />
classificado pelas autoridades apenas pelo número<br />
de filhos (prolis) que tinha. A etimologia dá uma<br />
ideia das possíveis motivações que uniam parentes<br />
na Antiguidade, que não parecem me<strong>no</strong>s econômicas<br />
e mesquinhas que as dadas pelo ocidente <strong>no</strong>s séculos<br />
seguintes. Basta lembrar como parte dos casamentos<br />
europeus medievais eram contratos de compra e<br />
venda, com dotes e acertos.<br />
(LCPJ, Álbum de família, revista Língua, editora Segmento.)<br />
tal da família. Em escala de importância, os brasileiros<br />
colocam a família em primeiro lugar (61%) e o<br />
casamento, em sexto, com 31%. Nesse cenário, a mãe<br />
emerge como a figura mais importante da casa. Além<br />
de cumprir as tarefas de antigamente, tor<strong>no</strong>u-se uma<br />
das principais fontes de renda e ganhou autoridade. É<br />
um faz-tudo doméstico: educação, disciplina e afeto<br />
são quase mo<strong>no</strong>pólio femini<strong>no</strong>. De dona-de-casa,<br />
passou a dona da casa.<br />
(Pesquisa Datafolha, 20 de setembro de 1998.)<br />
3
4<br />
As mudanças da família <strong>no</strong> Ocidente seguem<br />
duas ordens distintas, embora relacionadas: ideológicas<br />
(segundo o ideal democrático e igualitário de relações,<br />
em que os filhos têm mais espaço para expressar<br />
opiniões) e estruturais (relativas a aparecimento ou<br />
saída da clandestinidade de uma variedade de arranjos.<br />
Os relacionamentos – e sua transicionalidade<br />
– estão conectados às mudanças macroeconômicas e<br />
O matrimônio é a mãe de todas as instituições<br />
humanas, pois conduz diretamente à fundação e à<br />
manutenção do lar, que é a base estrutural da sociedade.<br />
A família está vitalmente ligada ao mecanismo da<br />
autopreservação; é a única esperança de perpetuação<br />
da raça sob os costumes da civilização e ao mesmo<br />
tempo provê, de modo muito eficaz, algumas formas<br />
de autogratificação bastante satisfatórias. A família<br />
é a mais elevada realização puramente humana,<br />
combinando, como o faz, a evolução das relações<br />
biológicas do macho e da fêmea nas relações sociais<br />
entre o marido e a esposa. (...) A associação sexual é<br />
natural, mas o matrimônio é social, e tem sido sempre<br />
regulado pelos costumes. Os costumes (religiosos,<br />
<strong>Proposta</strong> extra de redação para a 3ª série EM – 2º bimestre<br />
Texto 3<br />
Texto 4<br />
políticas do século XX. É preciso considerar vários<br />
fatores: a ampliação dos serviços e do consumo, que<br />
favoreceu o trabalho femini<strong>no</strong>; a competição global;<br />
a escalada do desenvolvimento científico (...); o<br />
clima político que deu destaque ao fortalecimento das<br />
demandas de igualdade de direitos civis; e, <strong>no</strong> que se<br />
refere a condições de subjetivação, a maior ênfase à<br />
realização pessoal.<br />
(Rosane M. de Souza, Mente&Cérebro, dezembro de 2006.)<br />
morais e éticos), junto com a propriedade, o orgulho<br />
e o cavalheirismo, estabilizam as instituições do<br />
matrimônio e da família. Sempre que os costumes<br />
flutuam, há uma flutuação na estabilidade da instituição<br />
do lar-matrimônio. O matrimônio está atualmente<br />
passando da era da propriedade para a era pessoal.<br />
Anteriormente, o homem protegia a mulher porque<br />
ela era uma posse sua, e ela lhe obedecia pela mesma<br />
razão. Independentemente dos seus méritos, esse sistema<br />
trouxe a estabilidade. Agora, a mulher não mais<br />
é encarada como uma propriedade, e estão emergindo<br />
<strong>no</strong>vos costumes, destinados a estabilizar a instituição<br />
do matrimônio-lar.<br />
(http://www.urantia.org/portuguese/o_livro/02por084.htm)<br />
Com base nas informações apresentadas e em outras de seu conhecimento, analise<br />
criticamente – em um texto dissertativo em prosa – o papel das relações familiares numa<br />
realidade social em transformação.