13.07.2013 Views

Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

Universidade Estadual Paulista UNESP Instituto de Artes UMA ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Uma História Íntima do Desenho<br />

Sobre se o professor <strong>de</strong>ve trabalhar ou não com cópias em sala <strong>de</strong> aula,<br />

remeto-me novamente a Descartes (2005) que, em certo momento do texto, afirma<br />

preten<strong>de</strong>r somente <strong>de</strong>monstrar como <strong>de</strong>senvolveu seu método - para que alguns o<br />

possam “imitar”; e outros não.<br />

Interlúdio – um paralelo inusitado com a música: o estudo <strong>de</strong> jazz<br />

Outra razão que me fez pensar sobre o papel da cópia no aprendizado foi<br />

outro tipo <strong>de</strong> trabalho que realizo em paralelo com a docência em artes e a pesquisa<br />

<strong>de</strong> mestrado: o ensino/estudo <strong>de</strong> música. Tendo dado aula <strong>de</strong> violão por cerca <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>z anos, no período <strong>de</strong> 1996 a 2007, sempre foi comum em minhas reflexões traçar<br />

paralelos entre o aprendizado <strong>de</strong> artes visuais e o aprendizado musical. O<br />

aprendizado <strong>de</strong> improvisação jazzística se dá <strong>de</strong> diferentes maneiras pedagógicas<br />

algumas, entre as quais <strong>de</strong>staco aqui uma que consi<strong>de</strong>ro ser interessante para esta<br />

discussão.<br />

Uma das formas comuns no estudo <strong>de</strong> improvisação no violão e na guitarra é<br />

através dos chamados Licks, que são frases musicais inteiras <strong>de</strong>coradas pelos<br />

alunos – extraídas <strong>de</strong> trechos <strong>de</strong> músicas ou mesmo como linhas já previamente<br />

escritas para facilitar o ensino. Nesse estudo, busca-se aumentar o repertório <strong>de</strong><br />

Licks – que não são nada além <strong>de</strong> cópias <strong>de</strong> “<strong>de</strong>senhos melódicos” criados <strong>de</strong><br />

outros músicos – para o aluno adquirir técnica e, sobretudo memória <strong>de</strong> frases<br />

melódicas a ser <strong>de</strong>pois incorporada à sua maneira individual <strong>de</strong> tocar.<br />

Percebi que o processo <strong>de</strong> cópia <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhos passava por um processo<br />

bastante semelhante a esse <strong>de</strong> estudo <strong>de</strong> Licks. Interessante ressaltar que, ao<br />

assimilar os fraseados, os alunos normalmente acabam por incorporá-los à sua<br />

maneira pessoal, assim como o gesto individual que existe no <strong>de</strong>senho e na<br />

caligrafia <strong>de</strong> cada um. Guardadas as proporções, não consi<strong>de</strong>ro imprópria a<br />

comparação da improvisação musical da tradição do jazz com o chamado <strong>de</strong>senho<br />

<strong>de</strong> memória.<br />

É fato que alguns professores <strong>de</strong> música se opõem ao trabalho <strong>de</strong> licks com<br />

seus alunos, e isto se dá a meu ver pela mesma razão que alguns professores <strong>de</strong><br />

arte são igualmente contrários ao trabalho <strong>de</strong> cópias <strong>de</strong> outros <strong>de</strong>senhos: por<br />

92

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!